sexta-feira, 29 de junho de 2012

O sangue que fecundou a Igreja


Por padre Geovane Saraiva *
Pedro e Paulo, duas pessoas profundamente marcadas pela a graça de Deus, que no decorrer dos séculos, foram imprescindíveis, ao marcar e personificar à Igreja, de um modo ininterrupto, em toda sua história. De imediato, compreenderam que o Reino de Deus, anunciado por Jesus de Nazaré, tem uma característica bem definida e própria: o serviço da justiça e a caridade para com os irmãos. A ilusão de um poder messiânico, de um Messias triunfalista, conquistador e guerreiro, que logo iria restaurar o poder temporal em Israel, com certeza, não foram as maiores as preocupações deles.
São Pedro e São Paulo, homens que fundaram a Igreja primitiva, tendo por base o resto, a herança do povo Israel. O martírio destes dois grandes Apóstolos e amigos de Nosso Senhor Jesus Cristo se deu em Roma, mais ou menos, pelo ano de 67. Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, julgando-se indigno de morrer, assemelhando a seu Mestre e Senhor. Já Paulo que “combateu o bom combate terminou sua corrida e guardou a fé” (2Tm 4), foi preso e depois decapitado. Portanto, um morreu pela cruz e o outro pela a espada, fecundando e tronando a Igreja cheia de graças.
Pedro foi escolhido por Cristo como fundamento do edifício eclesial, como portador das chaves do Reino dos céus (Mt 16, 19), pastor do rebanho santo, com a missão de confirmar os irmãos na fé, e também, de ser sinal visível de unidade, na comunhão, na fé e na caridade. Conviveu com o Mestre e fez parte do colégio dos apóstolos, testemunhando com os próprios olhos a vida, a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, e confessando: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!”. Recebendo, da parte de Jesus, um grande elogio: “Feliz és tu, Simão, porque não foi à carne nem o sangue que te revelou isso, mas o meu Pai que está nos céus” (Mt 16, 16-17).
Pedro nos recorda a Igreja Instituição, com o poder de Deus que ele recebeu, de ficar à frente da exigente e fascinante missão de continuar, com dignidade e responsabilidade, o trabalho de santificar, ensinar e governar o rebanho do Senhor.
Paulo, missionário por excelência, não conviveu pessoalmente com o Mestre. No início, de perseguidor ferrenho da Igreja e dos cristãos, abraçou a fé na viagem de Damasco e se transformou totalmente, testemunhando a partir de então, que Jesus Cristo é o enviado do Pai. A sua missão, doravante, é ser instrumento para levar o nome de Deus a todos os povos da terra (cf. At 9, 15). A evangelização e a pregação não se separam da vida do mestre e doutor das nações, o maior missionário de todos os tempos; tornando-se advogado dos pagãos e apóstolo dos gentios.
O seu encontro com o Filho de Deus foi algo maravilhoso! Mudou por completo a sua vida, a ponto de suportar tudo por causa do Reino, agradando e sendo sempre fiel ao seu Mestre e Senhor, vivendo o que anunciava, dizendo com humildade e coração aberto: “Pela graça de Deus, sou o que sou (…)”.
Paulo nos lembra o anúncio do Evangelho, os carismas e a missão das comunidades que abraçam a fé. Anunciar a boa nova do Senhor Jesus Cristo, foi para ele um exigência. Por isso mesmo está disposto a tudo, até a sua própria vida por causa do Evangelho. “Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da libertação se aproxima” (2Tm 4, 6).
Pedro e Paulo receberam do próprio do Filho de Deus a fascinante missão de fazer acontecer a Igreja no seu início, fecundado-a e regando-a com o próprio sangue. Eles beberam do mesmo cálice e tornaram-se assim grandes amigos de Deus. A exigente missão de beber o mesmo cálice e de confirmar os irmãos na fé, hoje, é confiada ao Papa Bento XVI. Que a nossa oração suba aos céus na intenção do Papa e de toda a Igreja, espalhada por toda extensão da terra, que nos nossos dias, têm missão construir e edificar o Reino de Deus.
*Pe. Geovane Saraiva, sacerdote da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza.
Autor dos livros: “O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara), “A Ternura de um Pastor” (homenagem ao Cardeal Lorscheide), “A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso), “Dom Helder – Sonhos e Utopias”.

Primeira leitura (2º Reis 25,1-12


Sexta-Feira, 29 de Junho de 2012
12ª Semana Comum


Leitura do Segundo Livro dos Reis.

1No nono ano do reinado de Sedecias, no dia dez do décimo mês, Nabucodonosor, rei da Ba­bilônia, veio atacar Jerusalém com todo o seu exército. Puseram-lhe o cerco e construíram torres de assalto ao seu redor. 2A cidade ficou sitiada e rodeada de valas até o décimo primeiro ano do reinado de Sedecias. 3No dia nove do quarto mês, quando a fome se agravava na cidade e a população não tinha mais o que comer, 4abriram uma brecha na muralha da cidade. Então o rei fugiu de noite, com todos os guerreiros, pela porta entre os dois muros, perto do jardim real, se bem que os caldeus cercavam a cidade, e seguiram pela estrada que conduz a Arabá.
5
Mas o exército dos caldeus perseguiu o rei e alcançou-o na planície de Jericó, enquanto todo o seu exército se dispersou e o abandonou. 6Os caldeus prenderam o rei e levaram-no a Rebla, à presença do rei da Babilônia, que pronunciou sentença contra ele. 7Matou os filhos de Sedecias, na sua presença, vazou-lhe os olhos e, preso com uma corrente de bronze, levou-o para Babilônia. 8No dia sete do quinto mês, data que corresponde ao ano de­zenove do reinado de Na­bu­co­do­nosor, rei da Babilônia, Nabuzardã, comandante da guarda e oficial do rei da Babilônia, fez a sua entrada em Jerusalém.
9
Ele incendiou o templo do Senhor e o palácio do rei e entregou às chamas todas as casas e os edifícios de Jerusalém. 10Todo o exército dos caldeus, que acompanhava o comandante da guarda, destruiu as muralhas que rodeavam Jerusalém. 11Nabuzardã, comandante da guarda, exilou o resto da população que tinha ficado na cidade, os desertores que se tinham passado ao rei da Babilônia e o resto do povo. 12E, dos pobres do país, o comandante da guarda deixou uma parte, como vinhateiros e agricultores.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo (Salmos 136)



— Que se prenda a minha língua ao céu da boca, se de ti Jerusalém, eu me esquecer!
— Que se prenda a minha língua ao céu da boca, se de ti Jerusalém, eu me esquecer!


— Junto aos rios da Babilônia nos sentávamos chorando, com saudades de Sião. Nos salgueiros por ali penduramos nossas harpas.

— Pois foi lá que os opressores nos pediram nossos cânticos; nossos guardas exigiam alegria na tristeza: “Can­tai hoje para nós algum canto de Sião!”
— Como havemos de cantar os cantares do Senhor numa terra estrangeira? Se de ti, Jerusalém, algum dia eu me esquecer, que resseque a minha mão!
— Que se cole a minha língua e se prenda ao céu da boca, se de ti não me lembrar! Se não for Jerusalém minha grande alegria!

Evangelho (Mateus 8,1-4)



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.


1
Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. 2Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. 3Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica limpo”. No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. 4Então Jesus lhe disse: “Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho para eles”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Um pouco de Reflexão!

O leproso era um marginalizado da vida social. No texto de hoje, o homem se aproxima em vez de se afastar, pois a pureza de Jesus é tão profunda que não pode ser atingida pelo contato exterior. O leproso, num ato de humildade e abandono, confiante e em sinal de adoração, suplicando se ajoelha: “Senhor, eu sei que pode me curar se quiser”.
Jesus, estendendo a mão, toca-o e lhe diz: “Sim, eu quero. Você está curado”. As palavras do Senhor marcam a iniciativa de se passar por cima da interdição da lei, a qual proibia qualquer contato com um leproso.
Ele não hesita em tocá-lo, ciente de que, longe de ser contaminado pelo leproso, é Ele quem purificará o impuro por Seu simples contato. Não é, aliás, do exterior que vem a impureza, mas sim do interior do coração. Não se trata de uma simples cura, mas de compaixão.Através da cura, Jesus reintegra aquele homem na comunidade,pois o verdadeiro cumprimento da Lei não é declarar quem é puro ou impuro,mas fazer com que a pessoa fique purificada.Mais do que a própria doença, o leproso também sofria a exclusão social, porque era considerado religiosamente impuro e pecador. Quem o tocasse se tornaria também impuro. A reintegração dele, após sua cura, era feita diante do sacerdote, mediante ofertas, de maneira semelhante a outros ritos de sacrifício por faltas contra a Lei, que eram qualificadas de pecado.
 Reflitamos:A quem entregamos todas nossas perturbações? Buscamos o Senhor com fé e total confiança como este leproso do Evangelho? Onde você pode apresentar as suas feridas ou à Quem pode entregar a sua difícil situação? Assim como ele encontrou a cura pela fé, você também será alvo da misericórdia de Deus. Não diga que tudo está perdido, porque o Senhor já não o escuta, não o ouve nem o atende.Confie,busque,pois o Senhor é a cura e a libertação de tudo que nos aliena e oprime. Louvor e Glória ao Senhor!