quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Comunicação digital e a Igreja

Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald – Redentorista
O fenômeno da midiatização do sagrado está cada vez mais presente nos meios de comunicação. Hoje existe uma coisa chamada “ciber-religião” que se resume a experiências religiosas que ocorrem no ciberespaço e na cibercultura. Acredito que a Igreja Católica precisa melhorar muito neste campo. A sociedade contemporânea vive em um mundo que é multiplataforma (equipamentos) e digital. A cultura das pessoas e, especificamente, a dos jovens, modificou-se profundamente. Hoje, o jovem está no Facebook, Youtube, Twitter, Orkut, Blogs, iPhones etc. As informações são obtidas muito mais de modo digital do que nos meios convencionais. Tudo isso apresenta um enorme desafio para a Igreja Católica, que deve comunicar com os técnicos e linguagem da mídia, a mensagem evangélica de uma maneira rápida, contemporânea e adequada.
Quando Jesus falou sobre o Reino de Deus, Ele usou elementos da cultura e ambiente daquela época: o rebanho, a figueira, o banquete, as sementes, a festa do casamento, o joio e o trigo etc. Nós não podemos falar hoje como falávamos trinta ou até vinte anos atrás. Hoje a cabeça do jovem e sua percepção é outra. O Beato João Paulo ll definiu os mass media como “o primeiro areópago dos tempos modernos” declarando que “não é suficiente, portanto, usá-los para difundir a mensagem cristã, mas é necessário integrar a mensagem nesta ‘nova cultura’ criada pelas modernas técnicas de comunicação”. No ano passado, no Dia Mundial das Comunicações, o Papa Bento XVl afirmou “que a web (rede) não é mais instrumento, mas um ambiente de vida” e convidou as pessoas “não a usar bem a rede, mas a viver bem no tempo da rede”. Precisamos, portanto, transmitir profissionalmente a mensagem cristã por todas as plataformas.
No site, o público pode acessar uma rádio online, participar de fóruns e chats, ler artigos, adquirir produtos na loja virtual e até fazer cursos à distância. Há igrejas não católicas que perceberam logo a importância do ciberespaço e da cibercultura para comunicar e difundir suas mensagens religiosas. Houve enorme sucesso neste investimento por eles. A Igreja Católica precisa entrar nestes espaços com seus programas de evangelização. O depósito da verdade cristã precisa ser transmitido por todas as plataformas disponíveis. Estes programas, levando em consideração a lógica da rede e suas potentes metáforas que trabalham sobre o imaginário, devem incluir: leituras e explicações Bíblicas; o modo de compreender a Igreja e a comunhão eclesial; eventos litúrgicos; orientações sobre os sacramentos e os temas clássicos da teologia moral católica. A Igreja precisa enfrentar com coragem os novos desafios que o ciberespaço e a cibercultura nos trouxeram para compreender e usar as várias plataformas na comunicação digital por fins de evangelização.
Pe.Brendan Coleman Mc Donald, redentorista e assessor da CNBB Reg. NE1

Concílio e Ano da Fé


O dia 11 de outubro, data comemorativa da abertura do Concílio, foi também escolhido como data de abertura do Ano da Fé. Assim, o Ano da Fé se apresenta como vinculado ao Concílio Vaticano II.
Existe uma insistência proposital em torno desta data de onze de outubro. Tudo para enfatizar a importância eclesial do Concílio.
A Carta Apostólica de convocação do Ano da Fé é datada no dia 11 de outubro de 2011. A publicação do Catecismo da Igreja Católica, também ocorreu num dia 11 de outubro, em 1992. E agora, o Ano da Fé tem o seu início oficial neste dia 11 de outubro de 2012, jubileu do Concílio.
Tanta insistência não deixa de ter um significado especial. É o próprio Papa Bento XVI que a vincula com os objetivos do Ano da Fé, dizendo em sua Carla Apostólica “Porta Fídei”:
“Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, não perdem o seu valor nem a sua beleza”.
Portanto, o Ano da Fé foi colocado em conexão direta com o Concílio. Foi a maneira de vincular a fé da Igreja com a proposta de renovação eclesial apresentada pelo Concílio.
É também um convite a valorizar mais os documentos do Concílio, que permanecem como bússola segura a iluminar os passos da Igreja no início deste novo milênio, como afirmou João Paulo II na Exortação Apostólica Tertio Millenio Ineunte.
Se recordamos que o Concílio levou quatro anos para se concluir, e que, portanto faltam ainda quatro anos para celebrarmos o seu encerramento, nos damos conta que este Ano da Fé se insere no contexto mais amplo, de uma sequência que poderá continuar. Nada obsta que tenhamos um “Ano da Esperança”, e se acontecer este, todo mundo vai ficar aguardando o “Ano da Caridade”.
Em todo o caso, o fato consistente é a insistência de evocar o Concílio como referência para a Igreja discernir os passos que precisa dar em nosso tempo, marcado por tantas transformações, que afetaram inclusive a própria vida da Igreja. Retomar sua identidade, e assumir sua missão, permanece como o desafio maior da Igreja em nosso tempo.
Esta vinculação profunda entre Concílio e Fé foi simbolizada na imponente cerimônia da abertura oficial do Concílio, em 11 de outubro de 1962. Um dos primeiros atos da celebração foi a solene profissão de fé, feita pelo Papa João XXIII, ajoelhado diante de todos os bispos, expressando a fé da Igreja, de forma solene, de acordo com o “Credo niceno constantinopolitano”, como para dizer que o Concílio não iria contradizer o “tesouro da fé”, recebido dos apóstolos.
A primeira tranquilidade que brota de dentro de nós, quando empreendemos qualquer iniciativa, é a certeza de contar com a bênção de Deus. Foi o que procurou fazer João XXIII, ao professar solenemente sua fé católica no momento de abrir o Concílio Ecumênico.
Tendo assumido o complexo tema referente à Igreja de Cristo, a partir do Concílio é possível recuperar todos os grandes artigos de nossa fé. A começar pela constatação de que a Igreja é chamada a ser o reflexo da comunhão trinitária, da qual passamos a fazer parte pelo dom da fé, que nos envolve em comunhão fraterna.
Com este Ano da Fé fica fortalecido o significado do Concílio, incentivando-nos a acolher os seus autênticos ensinamentos, e sobretudo, deixando-nos imbuir do seu espírito de renovação eclesial.
Por Dom Demétrio Valentini - Bispo de Jales (SP)

“Catecismo da Igreja Católica – 20 anos”

Iniciamos o Ano da Fé no dia 11 deste mês de outubro por convocação do Santo Padre Bento XVI. Ele se realiza na comemoração dos 50 anos do Concílio Vaticano II e sua abertura coincide com o Sínodo dos Bispos para a Nova Evangelização.
O mesmo Papa na sua carta Porta Fidei, com a qual estabeleceu o Ano da Fé, destaca a importância do Catecismo das Igreja Católica, que ora completa seus 20 anos, como instrumento fundamental para que os fiéis tenham a orientação segura sobre os conteúdos da fé: “Esta obra, verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985 como instrumento ao serviço da catequese[4] e foi realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de Outubro de 2012, tendo por tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’. Será uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé.”
E o mesmo Catecismo deverá ser redescoberto no contexto das comemorações do Ano da Fé e da Nova Evangelização como baliza segura de: em quem se crê e o que se crê.
Continua o Santo Padre em sua convocação: “Como atesta o Catecismo da Igreja Católica, «“Eu creio”: é a fé da Igreja, professada pessoalmente por quem crê, principalmente por ocasião do Batismo. “Nós cremos”: é a fé da Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral, pela assembleia litúrgica dos crentes. “Eu creio”: é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: “Eu creio”, “Nós cremos”».[17]
Como se pode notar, o conhecimento dos conteúdos de fé é essencial para se dar o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto é proposto pela Igreja. O conhecimento da fé introduz na totalidade do mistério salvífico revelado por Deus. Por isso, o assentimento prestado implica que, quando se acredita, se aceita livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o próprio Deus, que Se revela e permite conhecer o seu mistério de amor.[18]
A Fé não existe sem conteúdo. Ela mesma é dom de Deus como é dom Sua própria revelação. Crer em Deus é crer em Sua Vontade revelada. Crer em Deus é acolher Sua Palavra revelada, é acolher o Seu Filho encarnado – Verbo de Deus totalmente entregue à humanidade.
“Assim, no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante no nosso contexto cultural. De fato, em nossos dias mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que, hoje de uma forma particular, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. Mas, a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para a verdade.[22]” (PF 12)
E o Bemaventurado Papa João Paulo II, ao aprovar o Catecismo da Igreja Católica, (25/06/1992), em virtude da autoridade apostólica, como uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica, testemunhadas ou iluminadas pela Sagrada Escritura, pela Tradição apostólica e pelo Magistério da Igreja, o apresenta como um instrumento válido e legítimo a serviço da comunhão eclesial e como uma norma segura para o ensino da fé. Deseja que o mesmo sirva para a renovação, à qual o Espírito Santo chama incessantemente a Igreja de Deus, Corpo de Cristo, peregrina rumo à luz sem sombras do Reino de Deus. O Catecismo da Igreja Católica constitue um serviço que o Sucessor do apóstolo Pedro, o Papa, quer prestar à Igreja Católica, a todas as Igrejas particulares em paz e em comunhão com a Sé Apostólica de Roma: o serviço de sustentar e confirmar a fé de todos os discípulos de Cristo (cf. Lc 22,32), como também de reforçar os laços da unidade na mesma fé apostólica.
Nesta mesma oportunidade, dirigindo-se aos Pastores da Igreja e aos fiéis, exorta a que acolham este Catecismo em espírito de comunhão e que o usem continuamente ao cumprir sua missão de anunciar a fé e de convocar para a vida evangélica. O Catecismo é dado a fim de que sirva de texto de referência, seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica e, de modo muito particular, para a elaboração dos catecismos locais. É também oferecido a todos os fiéis que desejam aprofundar o conhecimento das riquezas inexauríveis da salvação (cf. Jo 8,32). Pretende dar um apoio aos esforços ecumênicos animados pelo santo desejo da unidade de todos os cristãos, mostrando com exatidão o conteúdo e a harmoniosa coerência da fé católica. O Catecismo da Igreja Católica, por fim, é oferecido a todo o homem que nos pergunte a razão de nossa esperança (cf. l Pd 3,15) e queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê.
Estamos iniciando o Ano da Fé, a partir da solene abertura no dia 11 deste mês. A todos convidamos a vivê-lo em sua programação em nossa Arquidiocese de Fortaleza, em nossas paróquias, comunidades e movimentos eclesiais. Nesta união de toda a Igreja, que procura fundar-se cada vez mais nas raízes de sua Fé, dom teologal no Espírito Santo derramado nos corações por Jesus e alma da Igreja.
Finalmente estejamos prontos, diante dos desafios e clamores de nosso tempo, a dar as razões de nossa Fé e, pelo seu testemunho vivo, fazer dela um dom misericordioso e luminoso para todo o nosso mundo.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

Homilia do Papa Bento XVI na Santa Missa de abertura do Sínodo dos bispos

SANTA MISSA PARA A ABERTURA DO SÍNODO DOS BISPOS
papa sínodoE PROCLAMAÇÃO COMO “DOUTOR DA IGREJA”
DE SÃO JOÃO DE ÁVILA E DE SANTA HILDEGARD DE BINGEN
HOMILIA DO PAPA BENTO XVI                

Praça de São Pedro
Domingo, 7 de Outubro de 2012
Veneráveis Irmãos,
Queridos irmãos e irmãs,
Com esta solene concelebração inauguramos a XIII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem como tema: A Nova Evangelização para a transmissão da fé cristã. Esta temática responde a uma orientação programática para a vida da Igreja, de todos os seus membros, das famílias, comunidades, e das suas instituições. Tal perspectiva se reforça pela coincidência com o início do Ano da Fé, que terá lugar na próxima quinta-feira, dia 11 de outubro, no 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. Dirijo a minha cordial saudação de boas-vindas, cheia de gratidão, a vós que viestes formar parte nesta Assembléia sinodal, em especial, ao Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos e aos seus colaboradores. Estendo a minha saudação aos delegados fraternos de outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, e a todos os presentes, convidando-os a acompanhar com a sua oração diária, os trabalhos que realizaremos nas próximas três semanas.
As leituras bíblicas, que compõem a Liturgia da Palavra deste domingo, nos oferecem dois pontos principais de reflexão: o primeiro sobre o matrimônio, que tratarei adiante; e o segundo sobre Jesus Cristo, que abordarei em seguida. Não temos tempo para comentar esta passagem da Carta aos Hebreus, mas devemos, no início desta Assembléia sinodal, aceitar o convite para fixar o olhar no Senhor Jesus, «coroado de glória e honra, por ter sofrido a morte» (Hb 2,9). A Palavra de Deus nos coloca diante do crucificado glorioso, de modo que toda a nossa vida e, em particular, o compromisso desta assembléia sinodal, se desenrole presença d’Ele e à luz do seu mistério. A evangelização, em todo tempo e lugar, teve sempre como ponto central e último Jesus, o Cristo, o Filho de Deus (cf. Mc 1,1); e o Crucificado é por excelência o sinal distintivo de quem anuncia o Evangelho: sinal de amor e de paz, chamada à conversão e à reconciliação. Sejamos nós, Venerados Irmãos, os primeiros a ter o olhar do coração dirigido a Ele, deixando-nos purificar pela sua graça.
Queria agora refletir, brevemente, sobre a «nova evangelização», relacionando-a com a evangelização ordinária e com a missão ad gentes. A Igreja existe para evangelizar. Fiéis ao mandamento do Senhor Jesus Cristo, seus discípulos partiram pelo mundo inteiro para anunciar a Boa Nova, fundando, por toda a parte, comunidades cristãs. Com o passar do tempo, essas comunidades tornaram-se Igrejas bem organizadas, com numerosos fiéis. Em determinados períodos da história, a Divina Providência suscitou um renovado dinamismo na ação evangelizadora na Igreja. Basta pensar na evangelização dos povos anglo-saxões e eslavos, ou na transmissão do Evangelho no continente americano, e, em seguida, nos distintos períodos missionários junto dos povos da África, Ásia e Oceania. Sobre este pano de fundo dinâmico, apraz-me também dirigir o olhar para as duas figuras luminosas que acabo de proclamar Doutores da Igreja: São João de Ávila e Santa Hildegarda de Bingen. Também nos nossos tempos, o Espírito Santo suscitou na Igreja um novo impulso para proclamar a Boa Nova, um dinamismo espiritual e pastoral que encontrou a sua expressão mais universal e o seu impulso mais autorizado no Concílio Ecumênico Vaticano II. Este renovado dinamismo de evangelização produz uma influência benéfica sobre os dois “ramos” concretos que desenvolvem a partir dela, ou seja, por um lado, a missio ad gentes, isto é, a proclamação do Evangelho para aqueles que ainda não conhecem a Jesus Cristo e a Sua mensagem de salvação; e, por outro lado, a nova evangelização, destinada principalmente às pessoas que, embora batizadas, se distanciaram da Igreja e vivem sem levar em conta prática cristã. A Assembléia sinodal que se abre hoje é dedicada a essa nova evangelização, para ajudar essas pessoas a terem um novo encontro com o Senhor, o único que dá sentido profundo e paz para a nossa existência; para favorecer a redescoberta da fé, a fonte de graça que traz alegria e esperança na vida pessoal, familiar e social. Obviamente, esta orientação particular não deve diminuir nem o impulso missionário, em sentido próprio, nem as atividades ordinárias de evangelização nas nossas comunidades cristãs. Na verdade, os três aspectos da única realidade de evangelização e completam e se fecundam mutuamente.
Neste sentido, o tema do matrimônio, que nos ofereceu o Evangelho e a primeira leitura, merece uma atenção especial. A mensagem da Palavra de Deus pode ser resumida na expressão contida no livro do Gênesis e retomada pelo próprio Jesus: «Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne» (Gn 2,24, Mc 10,7-8). O que significa hoje para nós essa palavra? Parece-me que nos convida a nos tornarmos mais conscientes de uma realidade já conhecida, mas talvez não totalmente apreciada, ou seja, que o matrimônio se constitui, em si mesmo, um Evangelho, uma Boa Nova para o mundo de hoje, em particular para o mundo descristianizado. A união do homem e da mulher, o ser «uma só carne» na caridade, no amor fecundo e indissolúvel, é um sinal que fala de Deus com força, com uma eloqüência que hoje se torna ainda maior porque, infelizmente, por diversas razões, o matrimônio, justamente nas regiões de antiga tradição cristã, está passando por uma profunda crise. Não é uma coincidência. O matrimônio está ligado à fé, não num sentido genérico. O matrimônio se fundamenta, enquanto união do amor fiel e indissolúvel, na graça que vem do Deus Uno e Trino, que em Cristo nos amou com um amor fiel até a Cruz. Hoje, somos capazes de compreender toda a verdade desta afirmação, em contraste com a dolorosa realidade de muitos matrimônios que, infelizmente, acabam mal. Há uma clara correspondência entre a crise da fé e a crise do matrimônio. E, como a Igreja afirma e testemunha há muito tempo, o matrimônio é chamado a ser não apenas objeto, mas o sujeito da nova evangelização. Isso já se vê em muitas experiências ligadas a comunidades e movimentos, mas também se observa, cada vez mais, no tecido das dioceses e paróquias, como demonstrou o recente Encontro Mundial das Famílias.
A chamada universal à santidade é uma das idéias chave do renovado impulso que o Concílio Vaticano II deu à evangelização que, como tal, aplica-se a todos os cristãos (cf. Lumen gentium, 39-42). Os santos são os verdadeiros protagonistas da evangelização em todas as suas expressões. Eles são, em particular, também os pioneiros e os impulsionadores da nova evangelização: pela sua intercessão e exemplo de vida, atentos à criatividade que vem do Espírito Santo, eles mostram às pessoas, indiferentes ou mesmo hostis, a beleza do Evangelho e da comunhão em Cristo; e convidam os fiéis, por assim dizer, tíbios, a viverem a alegria da fé, da esperança e da caridade; a redescobrirem o «gosto» da Palavra de Deus e dos Sacramentos, especialmente do Pão da Vida, a Eucaristia. Santos e santas florescem entre os missionários generosos que anunciam a Boa Nova aos não-cristãos, tradicionalmente nos países de missão e atualmente em todos os lugares onde vivem pessoas não cristãs. A santidade não conhece barreiras culturais, sociais, políticas ou religiosas. Sua linguagem – a do amor e da verdade – é entendida por todos os homens de boa vontade e lhes aproxima de Jesus Cristo, fonte inesgotável de vida nova.
Neste ponto, detenhamo-nos por um momento para admirar os dois santos que hoje foram agregados ao grupo seleto dos Doutores da Igreja. São João de Ávila viveu no século XVI. Profundo conhecedor das Sagradas Escrituras, era dotado de um ardente espírito missionário. Soube adentrar, com uma profundidade particular, nos mistérios da Redenção operada por Cristo para a humanidade. Homem de Deus, unia a oração constante à atividade apostólica. Dedicou-se à pregação e ao aumento da prática dos sacramentos, concentrando seus esforços para melhorar a formação dos futuros candidatos ao sacerdócio, dos religiosos, religiosas e dos leigos, em vista de uma fecunda reforma da Igreja.
Santa Hildegarda de Bingen, importante figura feminina do século XII, ofereceu a sua valiosa contribuição para o crescimento da Igreja do seu tempo, valorizando os dons recebidos de Deus e mostrando-se uma mulher de grande inteligência, sensibilidade profunda e de reconhecida autoridade espiritual. O Senhor dotou-a com um espírito profético e de fervorosa capacidade de discernir os sinais dos tempos. Hildegard nutria um grande amor pela a criação, cultivou a medicina, a poesia e a música. Acima de tudo, sempre manteve um amor grande e fiel a Cristo e à sua Igreja.
O olhar sobre o ideal da vida cristã, expressado na chamada à santidade, nos encoraja a ver com humildade a fragilidade de muitos cristãos, antes, o seu pecado, pessoal e comunitário, que se apresenta como um grande obstáculo para a evangelização; e nos encoraja a reconhecer a força de Deus que, na fé, vem ao encontro da fraqueza humana. Portanto, não se pode falar da nova evangelização sem uma disposição sincera de conversão. Deixar-se reconciliar com Deus e com o próximo (cf. 2 Cor 5,20) é a via mestra da nova evangelização. Só purificados, os cristãos podem encontrar o legítimo orgulho da sua dignidade de filhos de Deus, criados à Sua imagem e redimidos pelo sangue precioso de Jesus Cristo, e podem experimentar a sua alegria, para compartilhá-la com todos, com os de perto e os de longe.
Queridos irmãos e irmãs, confiamos a Deus o trabalho da Assembléia sinodal com o sentimento vivo da comunhão dos santos invocando, em particular, a intercessão dos grandes evangelizadores, dentre os quais queremos incluir com grande afeto, o Beato Papa João Paulo II, cujo longo pontificado foi também um exemplo da nova evangelização. Colocamo-nos sob a proteção da Virgem Maria, Estrela da nova evangelização. Com ela, invocamos uma especial efusão do Espírito Santo, que ilumine do alto a Assembléia sinodal e torne-a fecunda para o caminho da Igreja, hoje no nosso tempo.
© Copyright 2012 – Libreria Editrice Vaticana

Santa Missa na Catedral Metropolitana de Fortaleza abre o Ano da Fé na Arquidiocese de Fortaleza

A abertura do Ano da Fé na Arquidiocese de Fortaleza se dará com uma Santa Missa no próximo dia 11 de outubro de 2012, quinta-feira, às 19h00min, na Catedral Metropolitana de Fortaleza.
O Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, dom José Aparecido Tosi Marques, enviou uma Carta Circular sobre Ano da Fé – leia aqui, onde convida todos os fieis católicos a participarem do Ano da Fé. “Como expressão de plena comunhão eclesial com o Santo Padre Bento XVI, estaremos entrando no ANO DA FÉ, que ocorrerá de 11 de outubro de 2012 – aniversário da abertura do Concílio Vaticano II até o dia 24 de novembro de 2013 – Solenidade de Cristo Rei” – trechos da Carta.
“Convocamos a todos os sacerdotes diocesanos e religiosos em nossa Arquidiocese, com os fiéis religiosos e leigos representantes das comunidades, para participar deste momento tão significativo em que nos uniremos como Igreja Particular a todas as Igrejas na comunhão com o Papa nas comemorações do Jubileu de 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II”, diz o Arcebispo na carta.
Dom José Antonio, solicita as paróquias e todas as comunidades da Arquidiocese de Fortaleza que também façam a abertura do ANO DA FÉ, em comunhão com o Santo Padre e com toda a Igreja, no dia 12 de outubro, sexta-feira – SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA APARECIDA – Rainha e Padroeira do Brasil.
Na Carta o Arcebispo também recomenda a todos a leitura e meditação da Carta Apostólica Porta Fidei, com a qual o Santo Padre propõe as comemorações jubilares com o Ano da Fé.

Começa a Novena Missionária na sede das Pontifícias Obras Missionárias, em Brasília

Por Fúlvio Costa   
09 / Out / 2012 09:24
Nesta terça-feira, 9, as Pontifícias Obras Missionárias (POM) deram início, em sua sede nacional, em Brasília, à Novena Missionária 2012. A reflexão de hoje, primeiro dia, foi “Brasil missionário partilha a tua fé”, tema da Campanha deste ano.
Dirigido pelo secretário nacional da Infância e Adolescência Missionária (IAM), padre André Luiz de Negreiros, este primeiro encontro apresentou o material da Campanha: cartaz, DVD com testemunhos, envelopes, folhetos dominicais. “Foram enviados mais de 50 toneladas de materiais, frutos de muito trabalho, dedicação de várias pessoas e custo financeiro que precisam ser valorizados pelas comunidades”, orientou o secretário quanto ao uso do material na Igreja no Brasil.
Ainda de acordo com padre André, o objetivo da Novena Missionária é “criar comunhão com a Igreja no Brasil e com a Igreja e missionários espalhados em todo o mundo”. Foram apresentados também o número de missionários brasileiros além-fronteiras, cerca de 2 mil; o resultado da Coleta do Dia Mundial das Missões 2011, no Brasil, e o destino do dinheiro a projetos missionários em todo o mundo. O testemunho do primeiro dia deu destaque ao Dia Mundial das Missões.
Cada dia da Novena será passado um vídeo (testemunho) do DVD Missionário. Hoje, o diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Camilo Pauletti, apresenta a Campanha Missionária 2012 e seu testemunho missionário em Moçambique, África, onde morou por seis anos. “Escolhemos o tema ‘Brasil missionário partilha a tua fé’ porque está ligado ao 3º Congresso Missionário Nacional, que aconteceu em julho, em Palmas (TO) e ao Congresso Americano Missionário 4 e Congresso Missionário Latino-Americano 9, que tem como tema ‘América Missionária partilha a tua fé’ que acontecerão em 2013, em Maracaibo, na Venezuela”.
A reflexão de amanhã será sobre o “Brasil missionário, partilha a tua fé com a África”.
Dia Mundial das Missões
Neste ano, o Dia Mundial das Missões é celebrado no sábado e domingo, 20 e 21 de outubro, quando acontece a Coleta Nacional feita em todas as comunidades e instituições católicas. O valor arrecadado deve ser integralmente enviado ao Fundo Universal de Solidariedade, através das Pontifícias Obras Missionárias. Essa contribuição econômica é destinada a projetos missionários em todo o mundo, por meio da Pontifícia Obra da Propagação da Fé.
Acesse o material da Campanha Missionária 2012. Clique aqui

O conteúdo do novo livro do Papa


É verdade o que foi dito? E se refere precisamente a mim? E se diz respeito a mim, de que modo?: são as questões com as quais Bento XVI convida o leitor a ler o seu novo livro “Infância de Jesus”, terceiro volume da Trilogia sobre Jesus de Nazaré, uma análise dos textos dos Evangelhos que na Itália será publicado antes do Natal, em co-edição com a Livraria Editora Vaticana.
O editor, Rizzoli, destacou alguns conteúdos por ocasião da apresentação do livro do Papa na Buchmesse de Frankfurt, enquanto estão em andamento negociações com editoras de 32 países para as traduções do original em alemão em 20 línguas.
Uma “porta de entrada” aos dois precedentes livros sobre a figura e sobre a mensagem de Jesus. Assim o Papa define no prólogo o seu livro. Bento XVI explica ter desejado interpretar o que Mateus e Lucas contam sobre a infância de Jesus no início dos seus Evangelhos. Uma interpretação que parte de duas perguntas: a primeira sobre o significado da mensagem dos dois autores no momento histórico, a componente histórica da exegese.
Em seguida, destaca o Papa, a segunda pergunta, do “verdadeiro exegeta”: “é verdade o que foi dito? E se refere precisamente a mim? E se diz respeito a mim, de que modo? Diante do texto bíblico, cujo último e profundo autor é Deus mesmo, explica Bento XVI, a pergunta sobre a relação do passado com o presente faz parte da nossa interpretação.
Nas páginas fornecidas em antecipação, o Papa escreve que “Jesus nasceu em uma época determinável com precisão, não nasceu e apareceu em público no imprecisado ‘era uma vez’ do mito. Ele pertence a um tempo exatamente datável e a um ambiente geográfico exatamente indicados: o universal e o concreto se tocam reciprocamente”.
Sucessivamente, se lê que “Maria envolveu o menino em faixas”: esta imagem, afirma Bento XVI, é “uma referência antecipada à hora da sua morte. Ele é desde o início o Imolado”.
O Papa, partindo depois da interpretação de Santo Agostinho da manjedoura, escreve que ela “é o lugar onde os animais encontram o seu alimento”, mas é também onde se encontra “Aquele que indicou si mesmo como o verdadeiro pão descido do céu, o verdadeiro alimento do qual o homem tem necessidade para o seu ser pessoa humana”.
Eis então que “a manjedoura torna-se uma referência à mesa de Deus, à qual o homem é convidado, para receber o pão de Deus. Na pobreza do nascimento de Jesus se delineia a grande realidade, na qual se atua de modo misterioso a redenção dos homens”.
POR: RÁDIO VATICANO

Primeira leitura (Gálatas 2,1-2.7-14)




Leitura da Carta de São Paulo aos Gálatas.
Irmãos,
1catorze anos mais tarde, subi, de novo, a Jerusalém, com Barnabé, levando também Tito comigo. 2Fui lá, por causa de uma revelação. Expus-lhe o evangelho que tenho pregado entre os pagãos, o que fiz em particular aos líderes da Igreja, para não acontecer estivesse eu correndo em vão ou tivesse corrido em vão. 7Pelo contrário, viram que a evangelização dos pagãos foi confiada a mim, como a Pedro foi confiada a evangelização dos judeus. 8De fato, aquele que preparou Pedro para o apostolado entre os judeus preparou-me também a mim para o apostolado entre os pagãos. 9Reconhecendo a graça que me foi dada, Tiago, Cefas e João, considerados as colunas da Igreja, deram-nos a mão, a mim e a Barnabé, como sinal de nossa comunhão recíproca. Assim ficou confirmado que nós iríamos aos pagãos e eles iriam aos judeus. 10O que nos recomendaram foi somente que nos lembrássemos dos pobres. E isso procurei fazer sempre, com toda a solicitude. 11Mas, quando Cefas chegou a Antioquia, opus-me a ele abertamente, pois ele merecia censura. 12Com efeito, antes que chegassem alguns da Comunidade de Tiago, ele tomava refeição com os gentios. Mas, depois que eles chegaram, Cefas começou a esquivar-se e a afastar-se, por medo dos circuncidados. 13E os demais judeus acompanharam-no nessa dissimulação, a ponto de até Barnabé se deixar arrastar pela hipocrisia deles. 14Quando vi que não estavam procedendo direito, de acordo com a verdade do Evangelho, disse a Cefas, diante de todos: “Se tu, que és judeu, vives como pagão e não como judeu, como podes obrigar os pagãos a viverem como judeus?”

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.

Salmo (Salmos 116)

— Ide por todo o mundo, e a todos pregai o Evangelho!
  R-Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho!

— Cantai louvores ao Senhor, todas as gentes, povos todos, festejai-o!
R
— Pois comprovado é seu amor para conosco, para sempre ele é fiel! R

Um Pouco de Reflexão!

Hoje ousamos fazer para Jesus o mesmo pedido: “Senhor, nos ensine a orar, como João ensinou os discípulos dele!” E ficamos à espera de que Ele sussurre aos ouvidos do nosso coração as mesmas palavras daquele dia: “Quando rezardes dizei: Pai nosso”.
“Pai nosso que estais nos céus”. Nas religiões antigas não era muito habitual dirigir-se a Deus como Pai. Mas, no Antigo Testamento, Deus era invocado com esse título, dada a Sua relação especial com Israel, salvo da escravidão e protegido com evidentes sinais de intervenções divinas. Jesus é o Filho de Deus. Aqueles que O seguem participam dessa filiação divina. Por isso, O podem chamar Pai, “abbá”, ou seja, papá, paizinho, pai querido.
“Santificado seja o vosso nome”. Na linguagem bíblica, o nome é a pessoa. Invocar o nome de Deus é invocar a Deus. Se Deus é o Santo por excelência, que significa pedir que seja santificado? Significa pedir que se manifeste, se dê a conhecer e cumpra as Suas promessas. Significa também pedir que a nossa vida cristã coerente leve outros à fé. Uma vida cristã incoerente pode levar à blasfêmia do nome de Deus.
“Venha a nós o vosso Reino”. O Reino ou reinado de Deus significa a nova ordem ou estado das coisas, na qual a Sua soberania é reconhecida e aceita. Este Reino é atualidade e presença, a partir da presença de Jesus. Mas pede-se o seu reconhecimento no presente, e a sua plena revelação no futuro.
“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Pede-se a Deus poder para satisfazer as necessidades de cada dia e, provavelmente, o pão que é o próprio Cristo assimilado pela fé, o Pão da Eucaristia.
“Perdoai-nos as nossas faltas”. Todos temos faltas para com Deus, isto é, culpas ou pecados. Uma que vivemos sob a Sua graça e não lhe somos sempre fiéis. Mas o perdão que pedimos é condicionado pelo perdão que concedemos, ou não, aos nossos devedores.
“Não nos deixeis cair em tentação”. Aqui, “tentação” significa provação. Seremos julgados tendo em conta as nossas reações às provações da nossa vida.
“Livrai-nos do mal”. Há duas formas de traduzir esta petição: livrai-nos do mal ou livrai-nos do Maligno. Nos tempos de Jesus, considerava-se que o Maligno, o demônio, estava por detrás de qualquer mal. Hoje não se pensa assim. Mas o confronto com o demônio é algo que faz parte da nossa experiência.
O ensinamento de Jesus é de rezar bem e sempre. A Bíblia nos diz: “Quem pede com persistência recebe; quem bate com insistência, abrir-se-lhe-á a porta; rezai para não cairdes em tentação; buscai em primeiro lugar o Reino dos Céus e a sua justiça e o resto vos será dado por acréscimo”.
O “Pai Nosso” é a oração de Jesus. Rezá-lo é comungar na oração do nosso Salvador. A oração do Filho tornou-se a oração dos filhos. Há que reaprender a rezá-lo com a emoção com que o rezam os recém-batizados nos primeiros tempos da Igreja. Há que rezá-lo, quanto isso é possível, com a emoção e o afeto com que o rezava o Filho de Deus feito homem.
Jesus nos ensina que – no nosso diálogo com o Pai – podemos enfrentar muitas tentações e que o silêncio de Deus pode nos parecer distante até o ponto de levantar os olhos e gritar: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” ou “Se for possível afasta de mim este cálice!” Mas não podemos desfalecer. Em tudo devemos gritar: “Pai nosso que estais nos céus!”
Padre Bantu Mendonça- Canção Nova

Evangelho (Lucas 11,1-4)



27ª Semana Comum  

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.


1
Um dia, Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”. 2Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, 4e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação’”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.