terça-feira, 7 de abril de 2015

Páscoa

Dom Aldo di Cillo PagottoArcebispo da Paraíba (PB)


Talvez muitos cristãos não saibam explicar o sentido da Páscoa da Ressurreição porquanto, ainda que batizados, sequer são evangelizados. Se faltar o acompanhamento na fé, as mil atrações da sociedade de consumo encampam os nossos interesses, em busca de realização e felicidade. Por outro lado, muita gente procura pelas mensagens evangélicas, hoje veiculadas por rádio e redes sociais. Muitos são impulsionados a cultivar valores espirituais em seu interior, ainda que não se identifiquem com esta ou com aquela instituição religiosa. A espiritualidade do amor e da esperança é divulgada em formas diversas, por pastores, padres e lideranças. A partir da Palavra de Deus muitos tentam dar um sentido a sua vida e à vida da família, do trabalho e da sociedade.
É fato que o povo procura o sentido da vida, além da procura pela própria sobrevivência, diante do mundo violento e inseguro, com a sensação indefinida de se caminhar pelo incerto. O Evangelho mostra Jesus realizando gestos de ressurreição em favor dos doentes, deficientes físicos, discriminados e rejeitados. Os Evangelhos referem-se à Ressurreição de Cristo em forma breve. Entanto, os gestos e as pregações de Cristo são uma permanente participação de sua ressurreição aberta a todos, no caminho da conversão e do compromisso de transformação interior e exterior. A purificação interior faz-se necessária, pois nos leva a buscar a iluminação vinda do Senhor. À luz da sua morte e ressurreição, conseguimos assumir uma atitude construtiva ao nosso redor, diante das situações adversas e das circunstâncias desafiantes.
Na mensagem da morte de cruz e da Ressurreição de Cristo, cada um de nós poderá defrontar-se com a oportunidade de crescer na fé e na atitude propositiva, ao nos voltar aos semelhantes, tendo sempre em vista o bem da coletividade humana. Há muita gente que, por falta de orientação e testemunho dos cristãos de verdade, desconhece a espiritualidade, seu valor e sua atualidade. Ao se encontrar com Cristo crucificado e Ressuscitado, passamos do egoísmo ao amor. Se deixarmos que o Senhor nos ame, percebemos que também é mais fácil amar e servir do que culpar os outros pela sorte, julgar mal, vomitar impropérios, desferir fel e ódio.
A mensagem da morte e Ressurreição de Cristo nos leva à co-responsabilidade de anunciar e testemunhar a fé e os gestos construtivos que brotam da fé ao nosso redor. A páscoa cristã celebra a presença viva do Ressuscitado, ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, memorial de sua morte e Ressurreição, conforme Ele pediu: fazer presente a sua memória, testemunhando a sua presença viva, até o final dos tempos (Lc. 24,48).
Artigo publicado no Jornal da Paraíba. Edição do dia 4 de abril de 2015.
Fonte: CNBB

Colocar o dedo

Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)

A curiosidade bem focalizada pode trazer resultados bons para a pessoa, a ciência e a comunidade. Depende do como realizá-la e utilizá-la. Há meios antiéticos para se saber o que se passa na vida dos outros, de instituições e governos. Os paparazzi muitas vezes querem descobrir a todo custo o que se passa na vida alheia. A liberdade de imprensa não raro pode ferir a intimidade de pessoas com desrespeito às mesmas. Por outro lado, o trabalho científico bem encaminhado dentro dos parâmetros morais pode trazer descobertas de antídotos e boa promoção da saúde e da vida. As descobertas tecnológicas ajudam o progresso quando usadas para auxiliar a boa comunicação, o transporte, a agropecuária e outros.

Uma curiosidade bem conduzida para o autoconhecimento, bem como o conhecimento do outro, pode ajudar a boa autoafirmação, a afetividade e as relações humanas. É de suma importância cada um descobrir seus próprios valores e limites, o sentido da vida com seu ideal realizador, com os parâmetros naturais e sobrenaturais.
Após a ressurreição de Jesus houve suas aparições aos discípulos, como os de Emaús, a Madalena, aos Apóstolos... Uma vez estes receberam a visita de surpresa de Jesus, com a ausência de Tomé, que ficou sabendo desse fato. Mas ele não quis acreditar e só aceitaria a verdade da ressurreição do Senhor se colocasse o dedo nas cicatrizes de suas chagas. Jesus não se eximiu de mostrá-las ao discípulo incrédulo numa próxima visita em que este também estava presente. Não foi preciso colocar o dedo nos sinais das chagas do que fora crucificado. A presença do Senhor bastou para Tomé acreditar com a proclamação da fé: “Meu Senhor e meu Deus!” (João 220,28).
A experiência da aproximação da pessoa com Jesus exime-a de precisar de colocar o dedo nele. A fé já é manifestação da certeza de que o crucificado não está mais no sepulcro. Está vivo. Não é um simples fundador de religião humano a mais. É quem tem poder sobre a vida e a morte. Podemos segui-lo porque é o Filho de Deus. Acompanhando-o realizamos o que Ele mesmo fez entre nós. Ensinou-nos a imitá-lo e também anunciá-lo aos outros. A certeza da ressurreição do Divino Mestre nos entusiasma a segui-lo e apresentá-lo aos outros com entusiasmo, encantamento, doação e audácia. Os discípulos deram a vida por sua causa. Em conseqüência disso nos legaram a vida em fraternidade, na promoção da justiça, da vida digna e de sentido, com os parâmetros da ética, da moral e do trabalho pelo bem comum, com inclusão humana e social para todos. Cada ser humano, então, é tratado como imagem e semelhança de Deus. A família é fonte de vida, com a formação do caráter que ajude a promoção da cidadania para todos.
Nossa fé em Jesus ressuscitado deve ser esclarecida e madura. As dúvidas, os questionamentos e a vontade de colocar o dedo nas cicatrizes do mistério de Deus podem nos ajudar a nos aproximar do Senhor para fazermos nossa própria experiência de fé amadurecida, superando o simples racionalismo e o puro emocionalismo. Estaremos prontos para mostrar a todos as razões de nossa própria opção em seguir o Mestre, realizando e ensinandoo o que Ele fez e nos ensina para a promoção da vida digna e plena para todos! Teremos um mundo mais justo e solidário. Superaremos os egoísmos, os ódios, a corrupção e o mau exercício de cargos para termos mais justiça e promoção do bem comum!
Fonte: CNBB

O sentido do domingo da Páscoa e da oitava a partir dos Padres da Igreja

Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

Introdução
A Páscoa é a festa das festas, na expressão de Gregório de Nazianzo e em outros padres da Igreja, na qual Jesus Cristo saiu vitorioso da morte. Aludindo também a nossa páscoa, aqueles e aquelas que acreditarem na ressurreição da carne para a vida eterna, essa é a palavra final do Deus Uno e Trino para todas as pessoas que amaram a Deus, ao próximo como a si mesmo. Deus Pai ressuscitou o seu Filho, não deixando-o na morte. Como esta festa é grandiosa, é celebrada não só no dia pascal mas também em outros dias, como a oitava e durante todo o período da Páscoa. Os padres da Igreja colocam-nos ensinamentos sobre a ressurreição de Jesus, na qual esta verdade de fé nos concedeu a alegria de uma nova criação, de um novo êxodo para assim viver a superação da morte eterna. Como diz Agostinho é preciso ter fé nele, porque Aquele que morreu, ressuscitou dos mortos, de modo que agora o Ressuscitado não é visto, mas Ele está conosco. A seguir nós temos considerações dos primeiros teólogos cristãos, os padres da Igreja sobre o domingo da Páscoa e da oitava que segue a grande a festa.

Domingo da Páscoa
A obra "Odes de Salomão", escrito cristão do final do segundo e início do terceiro século, tem presente a Páscoa da ressurreição do qual afirma que o sol da justiça manifestou-se não proveniente dos céus, mas dos infernos, da mansão dos mortos. De fato algo de extraordinário ocorreu: os infernos tornaram-se imagens do Oriente e o sol da justiça se levantou daquela parte(cf. Ml 3,20) porque Cristo Jesus desceu para iluminar aqueles que estavam em baixo, por meio da sua morte, e saiu para iluminar aqueles e aquelas que estavam no alto por meio da sua ressurreição. Ele alegrou aqueles e aquelas que estavam nos infernos(mansão dos mortos), iluminou aqueles e aquelas que habitavam sobre a terra, deu alegria para aqueles e aquelas que estavam nos céus. Ele ao descer na mansão dos mortos, ressuscitou os mortos para dessa forma sair para os céus e anunciar a felicidade aos seres espirituais. A obra Odes de Salomão tem presente a ação de Jesus Cristo como Ressuscitado dos mortos. O Criador de Adão visitou Adão nos infernos: desceu e o chamou na região inferior, ele que o colocou entre as árvores do paraíso. Aquela mesma voz que o chamou entre as árvores, desceu para chamá-lo entre os mortos. Se a chamada entre as árvores Adão respondeu com angústia, porque tinha pecado, agora entre os que dormiam, respondeu ao Cristo com alegria. Na região das trevas, o Senhor Jesus o chamou e esse foi logo ao encontro do Senhor, porque o débito por ele realizado foi pago pelo seu Senhor e a sua debilidade fora reparada. Então ele levantou a sua cabeça com confiança e o fez sair da região dos prisioneiros. Dessa forma, o Senhor Jesus deu uma nova condição de vida para o gênero humano, homem e mulher. Assim, a morte que fez morrer a todos, morreu pela morte de um só e pelo poder que tudo submeteu foi destruído pela ressurreição de um só: Jesus Cristo.
Segunda Feira na oitava da Páscoa
São Jerônimo coloca-nos reflexões bonitas a respeito da segunda-feira da Páscoa. Ele diz que todo o saltério canta Nosso Senhor Jesus na qual possui a chave de Davi, que abre e ninguém fecha, é Ele que fecha e ninguém abre(cf. Ap 3,7). No entanto anuncia-se de uma forma evidente pelo Salmo 117(118) o mistério da ressurreição. É Ele que na sua subida vitoriosa ao Pai dá a ordem aos anjos de abrir as portas da justiça para entrar e confessar o Senhor(cf. 117, 118,19). Ou também pelo saltério encontramos a referência que diz que as portas antigas deveriam se elevar para que entrasse o rei da glória(cf. Sl 23,4, 7-9). É coisa linda que se mande as portas levantarem-se pelo desígnio de salvação, do mistério da encarnação e da vitória sobre a cruz, na retornou o Senhor ao céu, maior de quando veio sobre a terra. Esta é a porta do Senhor e os justos nela entrarão(Sl 117(118), 20). Através desta porta entrou Pedro, Paulo, os apóstolos, os mártires e cada dia entram os santos e as santas. Tenham confiança e esperem que seja assim também para vocês. O salmo fala não só em uma categoria de pessoas, mas dos justos e das justas que nela entrarão. Quem age na justiça e mereça ser enumerado entre os justos e as justas do Senhor entrará através da porta, que é o Senhor Jesus Ressuscitado.
Terça feira na oitava da Páscoa
O papa Leão Magno(440-461) falou a respeito da terça feira da oitava da Páscoa como participantes da ressurreição neste corpo. A observância dos quarenta dias em preparação à Páscoa do Senhor possibilitou a experiência da cruz no tempo da paixão do Senhor para que assim participássemos da ressurreição de Cristo, passando da morte à vida(cf. Jo 5, 24), enquanto vivamos neste corpo. O povo de Deus reconheça ser uma nova criatura(cf. 2 Cor 5,17) e com ânimo vivo compreenda por quem esta criatura foi assumida e o que tenha acolhido nela, de modo que não se torne criatura velha. Ninguém recaia nesta situação também se a fragilidade do corpo é ainda enfraquecida, mas deseje ardentemente ser curada e de poder elevar-se até às alturas. De fato é esse o caminho da salvação e a imitação da ressurreição iniciada por Cristo Jesus que transferiu os nossos passos do terreno escorregadio àquele sólido, pela sua vida nova dada a nós. Leão convida os féis para ressurgir de toda a caída no pecado ou limitação para assim alcançar a ressurreição da carne que será glorificada em Jesus Cristo, Nosso Senhor, que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos.
Quarta feira na oitava da Páscoa
Cipriano de Cartago teve presentes considerações a respeito da quarta feira depois da Páscoa. Ele observa as considerações de Paulo para que ninguém se desespere na morte de seus caros, familiares para não cair na tristeza como se não tivesse mais esperança, mas pelo fato de que se acredita em Jesus que morreu e ressuscitou, cremos que Deus por meio de Jesus, conduzirá os mortos à ressurreição(cfr. 1 Ts 4,13-14). Nós que vivamos de esperança, temos fé em Deus, acreditamos que Cristo sofreu por nós e ressuscitou dos mortos, permaneçamos em Cristo para ressurgir por meio dele e nele. Quando Jesus diz que é a ressurreição e aquele que acredita nele, também se morre viverá e aqueles que vivem e crêem nele não morrerão para sempre(cf. Jo 11,25-26), devem possibilitar fé em Cristo nas suas palavras e nas suas promessas para assim jamais morrer, com confiança alegre de andar com Cristo, com o qual viveremos e reinaremos para sempre. A morte não é um fim, mas uma passagem à vida eterna ao final do caminho neste mundo. Quem não desejaria receber o quanto antes a forma de Cristo e a dignidade da graça celeste? O Cristo Jesus promete-nos a transformação para que nós possamos nos alegrar com Ele nas demoras eternas e no reino dos céus.
Quinta feira na oitava da Páscoa
Nós queremos trazer para o povo de Deus as considerações de Agostinho de Hipona. Quem passou da morte à vida, ressuscitou. Ele interpreta desta forma as palavras de João(cf. Jo 5,24) que quem acredita nas palavras de Jesus tem a vida eterna, passando da morte à vida. Agostinho afirma que ninguém passaria da morte à vida se antes não fosse morto, privado da vida, mas uma vez ressuscitado será vivo e não mais morto. A ressurreição se realiza quando as pessoas passam da morte à vida. O Senhor Jesus fez-nos conhecer uma primeira ressurreição dos mortos que precede à ressurreição dos mortos, a segunda ressurreição, a final dos tempos. Não se trata de uma ressurreição como aquela de Lázaro, ou do filho da viúva de Naim e outros relatos nas quais Jesus ressuscitou as pessoas de sua morte porque elas ressuscitaram para depois morrerem de novo, mas se trata daquela que tem a vida eterna porque a pessoa passa da morte à vida eterna. Os mortos que ressurgirão no fim do mundo passarão à vida eterna. Dessa forma para Agostinho é claro o ponto de que se nós acreditarmos em Jesus e fizermos o bem, pela morte, somos já ressuscitados através da primeira ressurreição, de modo que esperamos a outra ressurreição ao fim do mundo.
Sexta feira na oitava da Páscoa
Basílio de Silêucia compreende que o lenho da cruz trouxe o triunfo. É inexprimível o amor de Cristo para todas as pessoas no mundo de modo que enriqueceu a sua Igreja. Aquele que é grande nos pensamentos e potente nas obras(cf. Jr 3,19) nos resgatou da maldição da Lei(cf. Gl 3,13), libertou-nos do antigo documento escrito pelo nosso débito(cf. Cl 2,14). Sobre a cruz triunfou Jesus sobre aquele que o enganara (Adão) por meio de um lenho, de uma árvore. Pelo túmulo que o acolheu por três dias, fez a porta da ressurreição. A todos quantos estranharam os sofrimentos da promessa, concedeu-lhes os mistérios celestes. A quantos eram sem Deus neste mundo, deu-lhes a graça de serem templos da Trindade pela graça de sua ressurreição.
Sábado na oitava da Páscoa
Agostinho de Hipona fala para os seus féis para terem fé, porque Aquele que não se vê, está com a pessoa. Ele fala dessa forma ao interpretar o encontro do Senhor Jesus ressuscitado dos mortos com os dois discípulos que falam das coisas ocorridas na cidade santa de Jerusalém. Tendo Jesus aparecido no meio deles, viam-no, mas não o reconheceram. O Mestre caminhava com eles no caminho, sendo Ele mesmo o caminho, mas eles não caminhavam no caminho verdadeiro. Ele tinha dito antes da paixão que sofreria, morreria e ressurgiria no terceiro dia. Jesus tinha predito toda coisa, mas a sua morte foi para eles uma perda de memória. Cristo vive e a esperança neles é morta. O Cristo vivente encontra mortos os corações dos discípulos. Ele era visível e também escondido para eles. Ainda que caminhasse com eles no caminho como um companheiro, era Jesus ressuscitado quem os conduzia. Eles eram incapazes não de vê-lo, mas de reconhecê-lo. Porém na fração do pão quis Ele ser reconhecido. Temos a certeza de que ao repartir o pão, reconhecemos o Senhor. Ele quis esse reconhecimento por causa nossa, que nós não o tínhamos visto na carne, porém o comamos na sua carne, pelo pão eucarístico. A fração do pão é a nossa consolação porque manifesta a sua ressurreição. Deste modo é preciso ter fé porque aquele que não se vê, está conosco.
Conclusão
O sentido da Páscoa e da Oitava tiveram considerações lindas a partir dos padres da Igreja. Eles viveram o mistério da ressurreição em unidade com Cristo Jesus e com a comunidade. Para eles, a Páscoa é a alegria da vida sobre a morte a partir de Jesus Cristo. È a passagem de sua morte para a vida. Cristo sofreu pelo ser humano, homem e mulher, morreu na cruz e ressuscitou dos mortos por Deus Pai pelo seu Espírito. Nós afirmamos que o mistério da morte de cada pessoa humana é bem lembrado pelos padres por uma doutrina sobre a ressurreição dos corpos a partir da ressurreição de Jesus. Hoje fazemos Páscoa todos os dias quando superamos o egoísmo, o individualismo, para se dar na generosidade e no serviço aos outros. Nós ressurgimos com Cristo quando amamos a vida familiar, comunitária, social dando testemunho da verdade e do amor em Deus para um dia ressurgir para sempre com Jesus Cristo no Espírito Santo na unidade com o Pai para sempre.
Fonte: CNBB

A Igreja vive da e na Eucaristia

Cardeal Orani João TempestaArcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ) 

O Concílio Ecumênico Vaticano II reafirmou o conceito de Eucaristia como sendo a fonte e o ápice da vida cristã. Uma expressão muito rica de significados. Dando assim à Eucaristia seu valor dinâmico e cósmico. Podemos dizer que dela tudo nos vem e nela tudo ganha consistência. É o canto do livro do Apocalipse, pois a Eucaristia é a própria presença consumada e resumida de todo o mistério cristão. Dom supremo que alimentou e continua a alimentar tantas vidas e a vida de tantos santos, sobretudo os mais ativos em nosso tempo e também nos tempos passados. Com esta afirmação do Concílio Vaticano II, podemos até dizer que toda a vida cristã, quando vivida em autenticidade e plenitude é profundamente eucarística, pois, como bem nos lembrou o Papa São João Paulo II, “a Igreja vive na Eucaristia e através da Eucaristia”.
A Eucaristia é o cume e a fonte da Igreja, seu centro fundamental. Tudo veio do Pai, tudo a Ele retorna como um cântico espiritual. Tudo Nele ganha consistência. E este laço de amor trinitário se mostrou visível na vida do Filho amado de Deus, a Verdadeira e Única Eucaristia do Pai.
O padre De Lubac percebe que é válido ainda hoje o adágio da Igreja antiga: “Lex orandi instituit Lex credendi” (A lei da oração constitui a lei do crer), em palavras simples, a Igreja crê naquilo que ela reza e como ela reza. Neste sentido, o padre De Lubac observa que quase todas as orações eucarísticas antigas trazem sempre o sentido de uma dinâmica ao seu interno, que pede que tanto o pão quanto o vinho transubstanciados sejam a causa de nossa real transformação no Corpo de Cristo, que é a Igreja. Esta intuição permitiu ao padre De Lubac distinguir e aprofundar a própria noção de Eucaristia e de Igreja. A Eucaristia, na compreensão da Igreja antiga era mais mística e espiritual. O termo místico, que, naquela época não possuía o mesmo significado que hoje lhe atribuímos, fazia ver a Eucaristia como um dom autêntico de Deus, capaz de nos colocar em relação profunda com Deus.
Estes termos e conceitos do primeiro milênio tornavam possível perceber o claro sentido e a função da Eucaristia, que era a de nos conduzir para a nossa transformação, a transformação de nossa humanidade no corpo de Cristo.
Ao vivermos mais uma quinta feira santa quando celebrarmos a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio é uma ocasião para aprofundarmos ainda mais em nossa vida a comunhão com Cristo e com os irmãos.
Fonte: CNBB

A Páscoa e o sacerdócio

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora (MG)

Na abertura do Tríduo Pascal, na Quinta Feira Santa, dá se a celebração da instituição do sacerdócio cristão. Tal ato de Cristo está intimamente ligado à instituição da Eucaristia, o memorial da ceia e do sacrifício do Senhor. O Senhor realizou isto às vésperas de sua morte, à mesa, incluindo a lição do serviço humilde aos irmãos, lavando os pés aos discípulos e proclamando o resumo de sua mensagem: “Meu mandamento é este: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34).

Como antecipação, os sacerdotes na manhã deste dia se reúnem nas catedrais de todo o mundo para, unidos com seus bispos, e perante eles, renovarem prazerosamente suas promessas sacerdotais. Celebram a misericordiosa instituição do Sacramento da Ordem, feita por Cristo em favor de sua Igreja, o Povo de Deus em marcha.
Neste dia, os presbíteros param um pouco de seus numerosos afazeres, de seus intensos trabalhos nas paróquias, sobretudo do grande movimento de confissões sacramentais próprios da quaresma e mais ainda da Semana Santa, e reservam o período da manhã desta Quinta Feira, somente para si e para a Igreja local, para estarem, em comunidade, perante Deus, celebrando sua unidade e harmonia com seus bispos, “como as cordas de uma cítara” , como expressou Santo Inácio de Antioquia. Reúnem-se como verdadeiros irmãos, abraçam fraternalmente os diáconos e leigos, reunidos ao redor do Pastor diocesano, da forma que ensina e pede a Igreja.
Como pessoas consagradas e como corpo ministerial, são chamados a renovarem, mais uma vez, seus compromissos para com Deus e a Igreja, na sublime vocação que lhes foi dada: a de serem sacerdotes com Cristo, em Cristo e por Cristo.
Ali vão acompanhados dos fiéis de suas paróquias para alevantar ações de graças pelo que puderam realizar no Reino de Deus durante o ano que passou; para oferecer os momentos difíceis vividos, unindo aos sacrifícios de Cristo celebrados na Sexta Feira Santa, e ainda para pedir graças ao único e Eterno Sacerdote que os auxilie no tempo vindouro. Nesta Missa tão especial, chamada Missa do Santo Crisma, dizem de todo o coração mais uma vez a Cristo: “Aqui estou, feliz e disposto, para continuar a fazer a vossa vontade. Enviai-me mais uma vez para a missão, pois minha alegria é servir-vos. Como vós, também eu vim para servir e não para ser servido” (cf Mc 10,45).
Neste momento, ao se preparem para a grande celebração pascal, recordam, com toda a Igreja, que seu sacerdócio não é propriamente seu, mas participação no sacerdócio de Cristo, único e verdadeiro sacerdote, como ensina a Carta aos Hebreus, sobretudo nos capítulos 4 e 5. Agradecem a vocação que Deus lhes deu, sabendo que “ninguém se apropria desta honra, a não ser aquele que foi chamado por Deus, como Aarão”(Hb 5,4).
O Sacerdócio de Cristo, por ser pascal, inclui o sacrifício da cruz, onde ele é sacerdote, é vitima e é altar. Por isso os sacerdotes da Igreja sabem que contarão sempre com desafios e às vezes fortes obstáculos no exercício de seu ministério. Diante de tantos contrastes do mundo de hoje, é justo perguntar: seria fácil ser sacerdote de Cristo hoje em dia? Os desafios sociais continuam gritantes, de ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres, como se tem repetido em tantos discursos e homilias dos últimos anos, Cristãos são trucidados no oriente médio, crucificados, como Cristo e como Pedro, degolados como Paulo, vilipendiados como mártires e confessores. Em nosso país, os atuais desatinos na política e em setores dos que nos governam, quando a corrupção tornou-se um câncer social que atingiu até mesmo grupos que antes mereciam alguma confiança da população. Registremos ainda os abusos de certos setores da mídia lançando dentro dos lares programas televisivos que pretendem destruir a moral cristã, a demolir nossas famílias, a desvirtuarem a educação moral que os pais cristãos desejam dar aos seus filhos.
Tais desafios, contudo, não são apenas dos líderes, mas se estendem por toda a comunidade de fé. Constata-se que ser cristão hoje é uma exigência que se impõe. É um ato de coragem.
Porém, os ministros sagrados e toda a comunidade não são um povo desiludido, nem triste nem desesperado. A própria instituição do Sacerdócio, da Eucaristia, a lição do lava-pés e a proclamação do Mandamento Novo, único de Cristo, os tranqüilizam, pois sabem em quem puseram sua esperança (cf I Tim 4, 10), no dizer de Paulo, e sabem que nunca terão um campo livre para atuarem, uma vez que o Senhor também padeceu, morreu, mas não permaneceu na morte, e vive entre nós, de forma invisível, mas real e forte. O momento pascal é a celebração da vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal. Cristo vive e é nossa vitória! Continua a dizer: coragem, eu venci o mundo! (Jo 16,33)
Ele é a doação divina que permanece!
Feliz Páscoa!
Fonte: CNBB

FEIJOADA BENEFICENTE + SAMBA

Feijoada nº 1
       Convidamos todo povo de Deus a se fazer presente na FEIJOADA que acontecerá no próximo DOMINGO, dia 12/04/ 2015 às 12:00 em prol da COBERTA da  CAPELA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA.
       * LOCAL: Quadra do Colégio Conquista Diária - Rua 10, Nº 301 ( Em frente a praça do Jardim Castelão )
        *VENHA E TRAGA SUA FAMÍLIA!  PREÇO: R$ 10,00
       
                Grupo Samba Blay