domingo, 30 de novembro de 2014

1º Domingo do Advento - B

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Por: Padre Wagner Augusto Portugal

A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera". (Cf. Sl 23,1ss.)

Irmãos e Irmãs,

Iniciamos o Tempo do Advento. Depois de refletirmos o tempo comum, coroado com a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, é chegado o doce momento da reflexão acerca deste tempo que é a antecipação do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Advento, tempo de espera e de esperança, de atenção e de vigilância, de alegre chegada e amorosa acolhida do Deus Conosco, o Emanuel.

As santas comemorações natalinas são preparadas pelo tempo do Advento, o qual se reveste de dupla característica: tempo de preparação para as solenidades do Natal, nas quais se recorda a primeira vinda do Filho de Deus ao meio dos homens e das mulheres; e concomitantemente, tempo em que, com esta recordação, os espíritos se dirigem para a expectativa da Segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Nesta dupla perspectiva, o tempo do Advento apresenta-se como tempo de devota e jubilosa espera. 

Advento é um tempo forte de esperança pelo nascimento do Messias que já veio há dois mil anos, que vem vindo historicamente e que virá no final dos tempos.  A tônica de aguardar pelo Redentor e a mudança de vida geram um sentimento muito caro na nossa vida: a esperança cristã. Este Advento é enriquecido com duas opções muito fortes na vida da Igreja no Brasil: a Novena de Natal e a coleta para a Campanha da Evangelização que financia a vida pastoral das nossas Igrejas irmãs pobres e sofredoras do Norte, do Nordeste e da Amazônia, e das periferias existenciais de nossos grandes centros urbanos, e auxilia a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e as Dioceses e Arquidioceses nas suas ações pastorais específicas. Estes irmãos aguardam o nosso gesto concreto para que o Evangelho do Deus Menino seja proclamado e difundido naquelas regiões de missão e de miséria deste país continente.

O Advento é composto de quatro semanas: nas duas primeiras semanas, todos somos convidados a ficar vigilantes e alertas, esperando com grande entusiasmo e alegria a chegada gloriosa do Cristo Salvador. Já nas duas últimas semanas, lembrando o que falavam os profetas a respeito da Bem Aventurada Virgem Maria, preparemos, mais de perto o nascimento do Redentor na cidade de Belém.

O Advento nos faz relembrar de uma realidade muito presente em nossas vidas: a permanente espera da vinda do Senhor Jesus. É o Cristo que vem ao nosso encontro no presente e no futuro, como veio no dia de ontem, que é o passado. É uma peregrinação em direção ao Absoluto. Por isso, com o novo ano litúrgico, vamos estudar o Evangelho de São Marcos. São Marcos nos apresenta Jesus como Messias, o Filho de Deus e também como o Filho do Homem, o enviado de Deus no fim dos tempos, convidando a todos para a vigilância e para a vida digna.

“Cristo é nossa paz” é o lema da CE 2014, apropriado para o tempo litúrgico do Advento. Neste período de preparação ao Natal, entre pessoas, famílias e na sociedade em geral, existe um clima de confraternização na busca pela paz. A Campanha da Evangelização foi criada em 1998 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a iniciativa busca mobilizar os católicos a assumir a responsabilidade de participar na sustentação das atividades pastorais da Igreja.  A Campanha para a Evangelização (CE) tem o slogan “Evangeli.Já”, que faz referência à palavra evangelizar e mostra a urgência da evangelização e da cooperação de todos. A distribuição dos recursos é feita da seguinte forma: 45% permanecem na própria diocese; 20% são encaminhados para os regionais da CNBB; e os demais 35% para a CNBB Nacional. 

Todos esperamos, todos vivemos adventos, aguardando a manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus, em que Justiça e paz se abracem e todos os povos e culturas desabrochem felizes e reconciliados contemplando o Deus que vem conosco, EMANUEL, NUMA TERRA SEM MALES, que a todos acolha, especialmente aqueles que precisam de paz para viver na fraternidade de irmãos.

Irmãos e Irmãs,

Primeiro domingo do Advento, tempo em que exclama a Antífona de Entrada da Sagrada Eucaristia: “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera”. (Cf. Sl 23,1ss.)

Vivemos um momento de clímax neste tempo de Advento. Neste domingo, o primeiro de quatro, temos uma convocação para uma preparação geral para o encontro com o Senhor no último dia. Este é o domingo da confiança na Misericórdia de Deus. A vinda do Senhor Jesus não é para o cristão motivo de medo ou de angústia. Muito pelo contrário, a vinda de Jesus deve ser esperada com doce esperança cristã. Nesse sentido a primeira leitura(cf. Is 63,16b-17.19b;64-2b-7) nos alerta sobre este desejo clamando que, se necessário, iremos rasgar os céus, para o encontro do Senhor com o seu povo que humilhado, povo que peregrina, povo que está na terra de Judá, desarticulado nos anos imediatamente subseqüentes ao exílio, esperando a restauração de sua Nação. Todos estão cansados do castigo, e digo mais, todos estão cansados de injustiça, clamando por paz e por esperança. O encontro definitivo com o Senhor está próximo. Isso tem uma conexão com o ensinamento da Segunda Leitura(cf. 1Cor 1,3-9), da carta dirigida por Paulo aos Coríntios: a tudo devemos dar graças a Deus e nos mantermos firmes na fidelidade ao projeto de Deus e à sua obra redentora.

Irmãos e Irmãs,

Cristo veio inaugurar a presença do Reino de Deus, e seus discípulos, iluminados pelo Espírito de Pentecostes, entenderam que, depois de sua elevação na glória, ficava para eles a missão de continuar o que ele fundara. Todos nós ao sermos convidados a ficar vigilantes, pelo Evangelho de hoje(Mc 13,33-37), somos convidados, a sermos co-responsáveis com a realização e o acontecimento entre nós do Reino de Deus. Cristo veio pela primeira vez, para nos revelar o sentido verdadeiro do esperado Reino de Deus: revelou que a causa do Reino de Deus é a causa dos homens e das mulheres deste mundo, e que o Reino de Deus se realiza entre nós pela prática do amor fraterno e da caridade benfazeja, repartindo tudo, mesmo que seja um simples sorriso e um aperto de mão ao irmão excluído ou ao favelado. 

Por isso, com a ausência de Cristo todos nós, sem distinção, devemos assumir como nossa a causa de Deus: trata-se de uma vigilância escatológica, ou seja, estarmos ocupados, com diligência, com o Reino que Cristo mostrou presente, enquanto vivemos preparando-nos para o encontro com Ele, com a glória, advinda das boas obras de caridade e da misericórdia.

O trecho do Evangelho de hoje faz um forte apelo para a vigilância. O que significa vigiar? Esta história de que temos que esperar uma solução miraculosa para os problemas do mundo não é mais admissível. O homem e a mulher devem estar engajados na realização dos projetos e do Reino de Deus na vida concreta do dia a dia. Jesus está vivo em nosso meio, até o fim dos tempos, por isso devemos interpretar a “volta de Cristo” como sendo um fato isolado que acontecerá num dia e numa hora específicos do calendário que a Ele caberá dentro do tempo de Deus.

O importante hoje é a responsabilidade que Deus nos deixou: fazer acontecer o seu Reino no dia a dia de nossa vida pessoal, paroquial, comunitária, em todas as nossas relações, pessoais e profissionais, praticando a paz e a justiça. Cristo resolverá nossos problemas na medida em que nós deixarmos o Cristo que está em cada um, pelo Batismo, agir na comunicação das bem-aventuranças da vida cristã. Tudo isso para ajudar a edificar, aqui e agora, um novo tempo, tempo de graça e de paz.

Caros amigos,

Estar “vigilante” significa não viver de braços cruzados, fechado num mundo de alienação e de egoísmo, deixando que sejam os outros a tomar as decisões e a escolher os valores que devem governar a humanidade; significa não me demitir das minhas responsabilidades e da missão que Deus me confiou quando me chamou à existência… Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e questionante no meio dos homens, levando-os a confrontarem-se com os valores do Evangelho; é lutar de forma decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo que rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao meu lado. 

Meus irmãos,

Este domingo nos deixa uma reflexão importante sobre a presença permanente de Deus como sentido último de nossa existência e atuação em cada momento, principalmente no testemunho público e social de nossa fé perante o mundo cada dia mais secularizado e mais longe da santidade que é pedida pelo Menino encarnado no Seio Virginal e concebido em Belém. Presença que é alegria e esperança, da presença deste Deus que se alegra com nosso compromisso evangelizador e nosso engajamento no encontro com o Senhor que vem, carregando as sementes da Esperança cristã.

Advento é isso, tempo de espera, mas tempo de revisão de vida, em que as coisas velhas vão dando espaço para as coisas novas para acontecer aqui e agora o Reino de Deus. Todos somos convidados a enxergar a situação que nos rodeia e acreditar que é possível resolver nossos problemas sempre contando com a graça e o auxílio de Deus Menino, o Divino Infante.

Que a liturgia inaugural do tempo do Advento contamine nossos corações com o “gram finale” da Liturgia Eucarística: “amar desde agora as coisas do céu, e caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”. Tudo passa, só Cristo permanece, pelos séculos dos séculos, Amém!
Fonte: Catequese Católica

Primeiro Domingo do Advento


Deus da Esperança no tempo da espera,Deus da Coragem nas dificuldades,Deus da Serenidade no meio do medo,Deus da Paz no mundo em guerra,Deus da Luz no coração da noite:

Vem e acende em nós a esperança, a coragem, a serenidade, a paz e a luz com a tua graça. Amém!
(Acender a vela)
Senhor Jesus, ensina-nos a caminhar para este Natal Preparando, cada dia, a encontro definitivo contigo. Amém.
A luz de Cristo, que esperamos neste Advento, enxugue todas as lágrimas, acabe com todas as trevas, consolem quem está triste e encha nossos corações da alegria de preparar sua vinda neste novo ano de graça!

Ano da Paz tem início hoje em todo o país

O Ano da Paz começa neste primeiro domingo do Advento, 30, e será um momento para ajudar na superação da violência e despertar para a convivência mais respeitosa e fraterna entre as pessoas. Aprovado por unanimidade durante a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorrida de 30 de abril a 9 de maio de 2014, o período de reflexões, orações e ações sociais se estenderá até o Natal de 2015.
O arcebispo de São Luís (MA) e vice-presidente da CNBB, dom José Belisário da Silva, afirma que o Ano da Paz é um convite para reflexão sobre os motivos de tantos acontecimentos violentos. “Está na hora da sociedade brasileira dar passos no sentido de buscar uma harmonia maior no relacionamento humano. Os nossos relacionamentos estão muito degastados”, ressalta.
Dom Belisário manifestou a preocupação da entidade com o nível de violência da sociedade brasileira. Para ele, é uma questão complexa que envolve herança histórica, injustiça estrutura, tráfico de drogas e exclusão “de uma camada grande da sociedade”. “Isso tudo tem colaborado para termos essa sociedade tão violenta que a gente está”, disse.
De acordo com os últimos dados do Mapa da Violência, mais de 56 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em 2012. Os jovens são os principais afetados neste contexto, somando mais de 27 mil vítimas naquele ano.
O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, afirmou que as relações mais próximas, na atualidade, encontram dificuldade de manterem-se vivas e que há uma violência generalizada. “Violência que se manifesta na forma da morte de pessoas, na falta de ética na gestão da coisa pública, na impunidade. A violência, a falta de paz, provém do desprezo aos valores da família, da escola na formação do cidadão, do desprezo da vida simples”, explicou.
Para celebração do Ano da Paz, serão aproveitados os meses temáticos do Ano Litúrgico, como os meses vocacional, da Bíblia e da missão. “Vamos refletir durante o ano sobre o porquê da violência e sobre a necessidade de uma convivência fecunda e frutuosa. O Ano Litúrgico nos oferece oportunidades para pensar sobre a paz e a realidade da violência”, lembrou dom Leonardo.
O vice-presidente da CNBB considera que as comunidades devem ser criativas e propor as iniciativas conforme a realidade de cada uma. “A gente quer no Ano da Paz que rezemos, reflitamos, peçamos a paz... Um momento forte de evangelização, de reflexão, de pergunta ‘por que está acontecendo tanta violência?’”, sugeriu.
Confira abaixo a entrevista com dom Leonardo Steiner, na íntegra:

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) irá promover o Ano da Paz. A inciativa foi aprovada por unanimidade pelo episcopado brasileiro na 52ª Assembleia Geral da entidade, ocorrida de 30 de abril a 9 de maio de 2014. A proposta chegou no momento em que há uma realidade de violência. Como caracterizar este contexto?
Dom Leonardo - Percebemos uma violência assustadora em quase todos os níveis; generalizada. Violência que se manifesta na forma da morte de pessoas, na falta de ética na gestão da coisa pública, na impunidade. A violência, a falta de paz, provém do desprezo aos valores da família, da escola na formação do cidadão, do desprezo da vida simples. As relações mais próximas, hoje, encontram dificuldade de se manterem vivas, fortes, acolhedoras, fontais.
Como, então, pode ser definida a Paz?Dom Leonardo - A paz é conviver! Harmonia em tensão. Tensão benfazeja que busca integrar todas as pessoas na comunidade. Integrar é abrir espaços. Abrir espaços para outro às vezes causa tensão, mas em seguida enriquece a vida da comunidade. A violência é a decadência do conviver; fruto da exclusão, da rejeição. Falta de amor nas relações. A paz é fruto da participação de todos na construção de uma sociedade em que todas as pessoas, famílias podem viver, educar os filhos e ter oportunidade de futuro. Paz significa a possibilidade de realização, de maturação, de plenificacão dos membros de uma comunidade.
Qual o principal objetivo do Ano da Paz?Dom Leonardo - O Ano da Paz deverá nos ajudar na superação da violência em todos os níveis. Despertar para a convivência cortês, fraterna. Para termos mais urbanidade, despertemos para a irmandade, conforme nos ensinou Jesus.
Quando se iniciará o Ano da paz?Dom Leonardo - O início acontecerá com o Advento deste ano. Neste período porque, como comunidades de fé, estaremos na expectativa de um tempo novo, da vida nova. Estaremos à espera do Príncipe da Paz, a Criança de Belém! Partindo do Advento de Deus, estaremos iluminando as nossas relações e anunciando com os anjos: Paz na terra aos homens amados por Deus! O encerramento do Ano da paz será no Natal de 2015.
Poderia indicar algumas iniciativas?Dom Leonardo - Vamos refletir durante o ano sobre o porquê da violência e sobre a necessidade de uma convivência fecunda e frutuosa. O Ano Litúrgico nos oferece oportunidades para refletir sobre a paz e a realidade da violência: os meses temáticos como agosto, mês das vocações, setembro, mês da Palavra de Deus, outubro o mês das missões. Mas desejamos ter um dia para manifestar nas ruas de nossas cidades que acreditamos na paz, na fraternidade.
 Fonte: CNBB

Ano da Paz tem início hoje em todo o país

Ano da Paz tem início hoje em todo o país
O Ano da Paz começa neste primeiro domingo do Advento, 30, e será um momento para ajudar na superação da violência e despertar para a convivência mais respeitosa e fraterna entre as pessoas. Aprovado por unanimidade durante a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)ocorrida de 30 de abril a 9 de maio de 2014, o período de reflexões, orações e ações sociais se estenderá até o Natal de 2015.

O Papa Francisco e a fome no mundo

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Por Padre Geovane Saraiva*

Quanta alegria, graças, louvores e bênçãos, nas palavras vindas da boca do Santo Padre, o Papa Francisco, ao proclamar Jesus Cristo, o Cordeiro imolado que tira o pecado do mundo, aquele que veio para estabelecer a paz e a concórdia entre os povos da terra, em um mundo marcado por paradoxos, antagonismos e conflitos. O Filho de Deus, na sua missão de caminhar para Jerusalém, que deve ser também a mesma dos cristãos batizados, quando se aproximou e avistou a cidade de Jerusalém, começou a chorar (cf. Lc 19, 41). O Romano Pontífice, em sua missa matutina de 20.11.2014, ao comentar este Evangelho do dia, explicou que o Senhor chora pelo fechamento do coração da cidade eleita, do povo eleito. Não havia tempo para abrir-lhe a porta! Estava ocupada demais, satisfeita de si mesma. Por outro lado encoraja-nos: “Não tenhamos medo da felicidade que o Senhor nos traz!”
Jesus chora quando o coração da criatura se fecha às suas surpresas, disse o Papa Francisco. Daí o esforço e a disposição constante para perceber os sinais, a hora e momento de Deus, compreendidos à luz da palavra de Deus, quer dizer que temos que viver e conviver com o momento presente, mas olhando para frente, de acordo com a vontade de Deus, na busca do projeto da feliz esperança, missão oferecida a cada pessoa como algo próprio e intransferível, tendo como certo os acontecimentos futuros e a vitória final.  Observou o Bispo de Roma, na conferência feita no organismo da ONU (Fao), que “embora as nações estejam entrelaçadas entre si, tais relações acabam danificadas pela suspeita recíproca, que se converte em agressão bélica e econômica, uma realidade bem conhecida por quem passa fome e não tem trabalho”, contrariando o projeto do Pai, instaurado por seu Filho Jesus.
“Quando encontramos uma pessoa verdadeiramente necessitada, reconhecemos nela o rosto de Deus?” Temos resposta no Papa Francisco, ao discursar sobre a realidade da fome no mundo, na conferência promovida pelo Organismo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), realizada na cidade de Roma. Mais ainda, criticou a ganância que dificulta o combate a fome.  Expressou-se deste modo: “Dói constatar que a luta contra a fome e a desnutrição é dificultada pela ‘prioridade do mercado’ e pela ‘preeminência da ganância’, que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita à especulação, inclusive financeira. E enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede um documento de identidade, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Pede-nos dignidade, não esmola”.
Nosso Senhor Jesus Cristo quer das pessoas de boa vontade, que se encontrem em volta da generosa mesa da partilha e solidariedade, dizendo não ao interesse próprio que se opõe ao dom precioso do bem comum. Pelas palavras de Francisco a seguir, fica claro que a renúncia e a doação são caminhos de vida e salvação, ao morrer para gerar a vida. “Jesus, então, continua batendo às portas, como bateu à porta do coração de Jerusalém: às portas de seus irmãos, de suas irmãs, às portas de nosso coração, às portas de sua Igreja. Jerusalém se sentia contente, tranquila com a sua vida e não precisava do Senhor: não havia percebido que necessitava da salvação. E por isso, fechou o seu coração ao Senhor. O pranto de Jesus sobre Jerusalém é o pranto sobre a sua Igreja, hoje, sobre nós”.
No meu entendimento, o desejo do Papa é o mesmo do Filho amado do Pai, quando afirma: “Se conhecesses o que te pode trazer a paz!… Mas não, isso está oculto aos teus olhos”. Jerusalém tinha medo de ser visitada pelo Senhor; tinha medo da gratuidade de sua visita. Estava segura nas coisas que podia administrar. Nós somos seguros nas coisas que podemos governar, mas a visita do Senhor, suas surpresas… nós não podemos controlar”. Ainda na Conferência da ONU, acentuou também que a falta de solidariedade é desafio no combate à fome, lembrando também que todos têm direitos garantidos de amor, justiça e paz, que todo Estado tem o dever de estar atento ao bem-estar de seus cidadãos. Nesse sentido, ele também destacou o papel da Igreja católica, que procura dar a sua contribuição manifestando solicitude, em especial, aos marginalizados e excluídos. Francisco concluiu sua intervenção no evento com um pedido: “Peço também para que a comunidade internacional saiba escutar o chamado desta conferência e o considere uma expressão da comum consciência da humanidade: dar de comer aos famintos para salvar a vida no planeta”.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com