domingo, 15 de março de 2015

Ano Santo: "Sede misericordiosos como o Pai"

2015-03-15 Rádio Vaticana
Testo di lancio: Ano Santo da Misericórdia é a grande notícia destes últimos dias na Igreja. Uma oportunidade de reconciliação para todos os fiéis no 50º aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II

“Decidi convocar um Jubileu Extraordinário que tenha o seu centro na Misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. (…) Este Ano Santo iniciar-se-á na próxima solenidade da Imaculada Conceição e concluir-se-á a 20 de novembro de 2016.”
Foi com estas palavras que o Papa Francisco anunciou o Ano Santo da Misericórdia que é a grande notícia deste fim-de-semana no Vaticano e em toda a Igreja.
“Sede misericordiosos como o Pai”, versículo retirado do Evangelho de S. Lucas, que será o lema deste Jubileu Extraordinário que se inicia no dia 8 de dezembro próximo e conclui-se a 20 de novembro de 2016. A iniciativa convida os fiéis do mundo inteiro a celebrarem o sacramento da Reconciliação.
A abertura do próximo jubileu vai acontecer no 50.º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II e, segundo explica a Santa Sé, em comunicado de imprensa, “adquire um significado particular, impelindo a Igreja a continuar a obra começada com o Vaticano II”.
O Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, responsável pela organização das celebrações deste jubileu, recorda em nota oficial que o Papa tinha afirmado no início de 2015 que se vivia “o tempo da misericórdia”. Foi no Angelus do domingo 11 de janeiro.
D. Rino Fisichella é o Presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização e falou à Rádio Vaticano sobre o significado deste Jubileu:
“É um significado que se confirma na simbologia que o Papa Francisco quis utilizar. Antes de mais, fez o anúncio a 13 de março, ou seja, o ingresso no terceiro ano do seu pontificado; fê-lo durante uma celebração penitencial, recordando aos confessores o dever que têm de exprimir a misericórdia; fê-lo confessando-se ele próprio e tornando-se depois confessor. Portanto, penitente e confessor, o testemunho do grande mistério da misericórdia que nos envolve… e não esqueçamos que será aberta a Porta Santa precisamente no dia do quinquagésimo aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II. Todos estes elementos, no meu entender, indicam o percurso e dão significado a este Jubileu Extraordinário.”
Em nota de imprensa o Conselho Pontifício para a Nova Evangelização realça que o tema da misericórdia está muito presente no atual pontificado e que já como bispo Jorge Mario Bergoglio tinha escolhido como lema ‘miserando atque eligendo’, que evoca uma passagem do Evangelho segundo S. Mateus: “olhou-o com misericórdia e escolheu-o”.
Recordemos que no primeiro Angelus após a sua eleição, há dois anos, o Papa Francisco falou da misericórdia como a palavra que “muda o mundo”.
Em novembro de 2013, o Papa surpreendeu dezenas de milhares de pessoas reunidas no Vaticano com a sugestão de um ‘medicamento espiritual’ para as suas vidas, distribuindo numa caixa própria, a ‘Misericordina’.
Já na sua mensagem para esta Quaresma de 2015, o Papa Francisco deixou votos de que as paróquias e comunidades católicas se tornem “ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença”.
Finalmente, a palavra ‘misericórdia’ aparece mais de 30 vezes na primeira exortação apostólica do pontificado, ‘Evangelii gaudium’, ‘A alegria do Evangelho’. (RS)
Fonte:News.VA

​Durante a celebração penitencial na basílica de São Pedro Francisco anunciou o Ano santo da misericórdia - O grande perdão

2015-03-14 L’Osservatore Romano
«Pensei muitas vezes no modo como a Igreja pode tornar mais evidente a sua missão de ser testemunha da misericórdia. É um caminho que começa com uma conversão espiritual; e devemos fazer este caminho. Por isso decidi proclamar um jubileu extraordinário que tenha no seu centro a misericórdia de Deus. Será um Ano santo da misericórdia». Anunciou o Papa Francisco na tarde de sexta-feira 13 de Março, segundo aniversário da sua eleição ao Pontificado, durante a celebração da penitência presidida na basílica vaticana.
Também este ano, na vigília do quarto Domingo de Quaresma, nos reunimos para celebrar a liturgia penitencial. Estamos unidos a tantos cristãos que, hoje, em todas as partes do mundo, aceitaram o convite para viver este momento como sinal da bondade do Senhor. Com efeito, o Sacramento da Reconciliação permite que nos aproximemos com confiança do Pai para ter a certeza do seu perdão. Ele é deveras «rico em misericórdia» e difunde-a em abundância sobre quantos a Ele recorrem com coração sincero.
Contudo, estar aqui para experimentar o seu amor é em primeiro lugar fruto da sua graça. Como nos recordou o apóstolo Paulo, Deus nunca deixa de mostrar a riqueza da sua misericórdia no decorrer dos séculos. A transformação do coração que nos leva a confessar os nossos pecados é «dom de Deus». Sozinhos não somos capazes. Poder confessar os nossos pecados é um dom de Deus, é uma dádiva, é, «obra sua» (cf. Ef 2, 8-10). Por conseguinte, ser tocados com ternura pela sua mão e plasmados pela sua graça permite que nos aproximemos do sacerdote sem recear pelas nossas culpas, mas com a certeza de sermos por ele acolhidos no nome de Deus, e compreendidos não obstante as nossas misérias; e também que nos aproximemos sem um advogado defensor: temos um só, que que deu a sua vida pelos nossos pecados! É Ele que, com o Pai, nos defende sempre. Ao sair do confessionário, sentiremos a sua força que volta a dar vida e restitui o entusiasmo da fé. Depois da confissão renascemos.
O Evangelho que ouvimos (cf. Lc 7, 36-50) abre-nos um caminho de esperança e de conforto. É bom sentir sobre nós o mesmo olhar compassivo de Jesus, assim como o sentiu a mulher pecadora na casa do fariseu. Neste trecho repetem-se com frequência duas palavras: amor e juízo.
Há o amor da mulher pecadora que se humilha diante do Senhor; mas ainda antes há o amor misericordioso de Jesus por ela, que a estimula a aproximar-se. O seu choro de arrependimento e de alegria lava os pés do Mestre, e os seus cabelos enxugam-nos com gratidão; os beijos são expressão do seu afecto puro; e o perfuma que deitou com abundância confirma quanto Ele é precioso aos seus olhos. Cada gesto desta mulher fala de amor e exprime o seu desejo de ter uma certeza inabalável na sua vida: ser perdoada. Esta certeza é uma boa certeza! E Jesus dá-lhe esta certeza: acolhendo-a demonstra-lhe o amor de Deus por ela, precisamente por ela, uma pecadora pública! O amor e o perdão são simultâneos: Deus perdoa-lhe muito, perdoa-lhe tudo, porque «amou muito» (Lc 7, 47); e ela adora Jesus porque sente que n'Ele há misericórdia e não condenação. Sente que Jesus a compreende com amor, a ela, que é uma pecadora. Graças a Jesus, Deus esquece os seus muitos pecados, não os recorda mais (cf. Is 43, 25). Porque também isto é verdade: quando Deus perdoa, esquece. É grande o perdão de Deus! Agora para ela começa uma nova fase; renasceu no amor e numa vida nova.
Esta mulher encontrou deveras o Senhor. No silêncio, abriu-lhe o seu coração; na dor, mostrou-lhe o arrependimento pelos seus pecados; com o seu choro, apelou-se à sua bondade divina para receber o perdão. Para ela não haverá juízo algum a não ser o que vem de Deus, e este é o juízo da misericórdia. O protagonista deste encontro é certamente o amor que vai além da justiça.
Ao contrário Simão, o dono de casa, o fariseu, não consegue encontrar o caminho do amor. Tudo é calculado, reflectido... Permanece firme no limiar da formalidade. Isto é mau, o amor formal, não se compreende. Não é capaz de dar o passo seguinte para ir ao encontro de Jesus que o leva à salvação. Simão limitou-se a convidar Jesus para almoçar, mas não o recebeu deveras. Nos seus pensamentos invoca apenas a justiça e fazendo assim erra. O seu juízo sobre a mulher afasta-o da verdade e nem sequer lhe permite compreender quem é o seu hóspede. Deteve-se à tona - na formalidade - não foi capaz de ver no coração. Diante da parábola de Jesus e da pergunta sobre qual foi o servo que mais amou, o fariseu responde correctamente: «Aquele a quem perdoou mais». E Jesus não deixa de lhe fazer observar: «Julgaste bem» (Lc 7, 43). Só quando o juízo de Simão se orienta para o amor, ele é justo.
A chamada de Jesus leva cada um de nós a nunca se deter na superfície das coisas, sobretudo quando estamos diante de uma pessoa. Somos chamados a olhar para além, afixar o coração para ver de quanta generosidade cada um é capaz. Ninguém pode ser excluído da misericórdia de Deus; todos conhecem o caminho para aceder a ela e a Igreja é a casa que acolhe todos e não rejeita ninguém. As suas portas permanecem abertas, para que quantos são tocados pela graça possam encontrar a certeza do perdão. Quanto maior for o pecado maior deve ser o amor que a Igreja manifesta em relação àqueles que se convertem. Com quanto amor Jesus olha para nós! Com quanto amor cura o nosso coração pecador! Nunca se assusta com os nossos pecados. Pensemos no filho pródigo que, quando decide voltar para o pai, pensa no que lhe deve dizer, mas o pai não o deixa falar, abraça-o (cf. Lc15, 17-24). Assim faz Jesus connosco. «Pai, cometi tantos pecados...» - «Mas Ele ficará contente se tu fores: abraça-te com tanto amor! Não tenhas receio».
Queridos irmãos e irmãs, pensei muitas vezes no modo como a Igreja pode tornar mais evidente a sua missão de ser testemunha da misericórdia. É um caminho que começa com uma conversão espiritual; e devemos percorrer este caminho. Por isso decidi proclamar umJubileu extraordinário que tenha no seu centro a misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia. Queremos vivê-lo à luz da palavra do Senhor: «Sede misericordiosos como o Pai» (cf. Lc 6, 36). E isto sobretudo para os confessores! Muita misericórdia!
Este Ano Santo terá início na próxima solenidade da Imaculada Conceição e concluir-se-á a 20 de Novembro de 2016, Domingo de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo e rosto vivo da misericórdia do Pai. Confio a organização deste Jubileu ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, para que o possa animar como uma nova etapa do caminho da Igreja na sua missão de levar o Evangelho da misericórdia a todas as pessoas.
Estou certo de que toda a Igreja, que tem tanta necessidade de receber misericórdia, porque somos pecadores, poderá encontrar neste Jubileu a alegria para redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus, com a qual cada um de nós está chamado a dar conforto a todos os homens e mulheres do nosso tempo. Não nos esqueçamos de que Deus perdoa tudo, e Deusperdoa sempre. Não nos cansemos de pedir perdão. Desde já confiamos este Ano à Mãe da Misericórdia, para que dirija para nós o seu olhar e vele sobre o nosso caminho: o nosso caminho penitencial, o nosso caminho com o coração aberto, durante um ano, para receber a indulgência de Deus, para receber a misericórdia de Deus.
Fonte: News.VA

Salvos por Ele

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

“Alegra-te, Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações" (Is 66,10s).
Caríssimos em Cristo: estas palavras de Isaías dão o tom da missa deste domingo, chamado pela liturgia de Domingo Laetare – Domingo “Alegra-te” – Quarto Domingo da Quaresma. Na metade do caminho para a celebração da Ressurreição do Senhor, a Igreja nos convida à alegria pela aproximação da Santa Páscoa. Daí, hoje o tom rosáceo e as flores na igreja. "Alegra-te, Jerusalém!" – Jerusalém é a Igreja, é o Povo santo de Deus, o novo Israel, é cada um de nós... Alegremo-nos, apesar das tristezas da vida, apesar da consciência dos nossos pecados! Alegremo-nos, porque a misericórdia do Senhor é maior que nossa miséria humana!
Como o povo da Antiga Aliança, também nós tantas vezes somos infiéis – já vimos isso claramente a esta altura da Quaresma! É trágico, na primeira leitura, o resumo que o Livro das Crônicas traçou da história de Israel: "Todos os chefes dos sacerdotes e o povo multiplicaram suas infidelidades, imitando as práticas abomináveis das nações pagãs. O Senhor Deus dirigia-lhes a palavra por meio de seus mensageiros, porque tinha compaixão do seu povo. Mas, eles zombavam dos enviados de Deus, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não teve mais jeito". Com estas palavras dramáticas, o Autor Sagrado nos explica o motivo do terrível e doloroso exílio da Babilônia: Israel fez pouco de Deus, virou-lhe as costas; por isso mesmo, experimentou a expulsão do aconchego do Senhor na Terra que lhe fora prometida, perdeu a liberdade, o Templo, a Cidade Santa, e tornou-se escravo no Exílio de Babilônia. Aqui aparecem todas as consequências do pecado: o exílio do coração, a escravidão da vida!
O pecado, afastando-nos de Deus, nos desfigura e nos faz perder o rumo e o sentido da existência. Por isso mesmo, o Senhor vem em nosso socorro! Pois bem, o Senhor levou, então, seu povo para o terrível deserto do Exílio para fazê-lo voltar de todo o coração para Aquele que é seu único bem, sua verdadeira riqueza – aquele que é o seu Deus! É por misericórdia que Ele corrige Israel, por misericórdia que nos corrige: "Pois o Senhor não rejeita para sempre: se Ele aflige, Ele se compadece, segundo sua grande bondade. Pois não é de bom grado que Ele humilha e que aflige os filhos do homem" (Lm 3,31-33). Deus é amor e misericórdia! A leitura do Livro das Crônicas nos mostrou que, uma vez Israel convertido, corrigido, o Senhor fá-lo voltar para a Terra sempre prometida.
O Evangelho (Jo 3, 14-21) nos apresenta a conclusão do diálogo de Jesus com Nicodemos: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna. Pois Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho único, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 14-16). No deserto, os hebreus olhavam a serpente levantada por Moisés como sinal de cura e libertação. Faz lembrar a cruz onde foi levantado o Filho do Homem. Da Cruz de Jesus brota a vida e a salvação para todos. Ao olhar com fé para este sinal, ficamos curados.
Nesse tempo de conversão, que é a Quaresma, meditemos na Cruz, na alegria da Cruz! É sempre o mesmo júbilo de estar com Cristo: “Somente d’Ele é que cada um de nós pode dizer com plena verdade, juntamente com São Paulo: “Ele me amou e se entregou por mim” (Gal 2,20). Daí deve partir a vossa alegria mais profunda, daí deve advir também a vossa força e o vosso ponto de apoio. Se, por desgraça, deveis encontrar amarguras, padecer sofrimentos, experimentar incompreensões e até cair em pecado, que o vosso pensamento se dirija rapidamente para Aquele que vos ama sempre e que, com o seu amor ilimitado, faz vencer todas as provas, preenche todos os nossos vazios, perdoa todos os nossos pecados e nos impele com entusiasmo para um caminho novamente seguro e alegre” (São João Paulo II). Como nos lembra hoje a carta aos Efésios: “é por graça que vós sois salvos”, “é pela graça que sois salvos, mediante a fé” (2, 5b.8a).
A Igreja quer recordar-nos que a alegria é perfeitamente compatível com a mortificação e a dor. O que se opõe à alegria é a tristeza, não a penitência! Vivendo com profundidade o tempo da Quaresma, que conduz à Paixão – e, portanto, à dor –, compreendemos que aproximar-se da Cruz significa também aproximar-se do momento da Redenção, e, por isso, a Igreja e cada um dos seus filhos se enchem de alegria. A mortificação que procuramos viver nestes dias não deve ofuscar a nossa alegria interior, mas, pelo contrário, deve fazê-la crescer, porque está prestes a realizar-se essa prova máxima de amor pelos homens, que é a Paixão, e é iminente o júbilo da Páscoa. Sendo assim, queremos estar muito unidos ao Senhor, para que também na nossa vida se repita o mesmo processo da sua: chegarmos, pela sua Paixão e Cruz, à glória e à alegria da sua Ressurreição.
 Fonte: CNBB

Rasgai o coração

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

Esta é uma clamorosa convocação proclamada pelo profeta Joel em época remota, há cerca de 400 anos antes de Cristo. O clamor do profeta é um apelo que indica o caminho para se vencer as pragas. Hoje, ainda que não acolhida pela vivência da religiosidade, é oportuno ouvi-la e compreendê-la como interpelação para enfrentar as crises que estão desarrumando o funcionamento da sociedade. Particularmente, é importante escutá-la quando se chega à conclusão de que a maior crise na atualidade é a de confiança. A credibilidade está em baixa, em razão de posturas e práticas adotadas na esfera privada e no inadequado tratamento do que é de domínio público. É hora de um recomeço, que é complexo e altamente exigente. Esse processo exige a indispensável ação e posicionamentos de lideranças, para que se alcance um novo tempo pela força da credibilidade que cada cidadão precisa prezar. Ser digno de confiança é o aspecto mais honroso da vida particular, profissional e cidadã.

As muitas reformas necessárias para superar os graves problemas enfrentados pelo país demandam a mudança prioritária e urgente do próprio coração, que é referência simbólica da confluência da racionalidade e dos sentimentos. O coração é lugar da produção e da manutenção de uma consciência pautada em valores cidadãos, no gosto pelo altruísmo e no mais nobre sentido de respeito ao outro. A incompetência humanística de lideranças e a falta de densidade espiritual são os mais desafiadores obstáculos que impedem a recuperação da confiança.
A mesquinhez de se priorizar o atendimento de interesses cartoriais, a estreiteza dos egoísmos, a busca do lucro e da acumulação de riquezas sem parâmetros éticos produziram processos de desumanização que agora não são fáceis de serem revertidos. Sem a recuperação da confiança, alicerçada na verdade das ações e na reverência pela justiça, de nada adiantará a operação de um conjunto, mesmo significativo, de reformas. As mudanças precisam ser precedidas e acompanhadas pela reforma do coração. “Rasgai o coração” precisaria se tornar uma “onda” que leva a um despertar novo da consciência. Um movimento que deveria envolver, inicialmente, os mais altos dirigentes, os ocupantes de cargos representativos, os formadores de opinião e os que têm papel mais decisivo na construção da sociedade. Essa “onda” deve incluir o cidadão simples, que paga o preço mais alto por tudo o que está na raiz da falta de confiança.
A crise de credibilidade envenena os funcionamentos de instituições diversas e desestabiliza as relações interpessoais. Trata-se de um sério problema que não se enfrenta sem a recuperação da competência humanística e também espiritual. A carência dessa qualificação leva às escolhas equivocadas que impedem a sociedade de funcionar nos parâmetros da verdade e da justiça. É hora de fixar o olhar não apenas nas dinâmicas viciadas em tantos segmentos, setores e instâncias. É urgente e prioritária uma reconfiguração do sentido mais profundo que rege o coração.
“Rasgar o coração” é prática que sempre se começa por uma escuta mais atenta e permanente dos clamores dos mais pobres. É inadiável o exercício de reconhecer e buscar superar as muitas misérias, todas produzidas pela falta de cidadania. Trata-se de tarefa capaz de gerar novas lideranças. “Rasgai os corações” é convocação e também um alerta. Indica que eventuais novas estruturas e funcionamentos, se não forem alcançados sem a geração interior e pessoal de novas atitudes, mais cedo ou mais tarde, se tornarão também corruptos, pesados e ineficazes.
É hora de ouvir o clamor dos mais pobres. Estamos todos desafiados a enfrentar a crise de credibilidade com novas respostas, particularmente com um discurso político que não seja paliativo. A sociedade na qual estamos inseridos estampa a vergonha de uma generalizada falta de envergadura moral e solidária. Um mal que cria o ambiente propício para sermos, cedo ou tarde, as próprias vítimas de alguma praga. O alcançar de um novo tempo tem como ponto de partida o convite: Rasgai o coração!
Fonte: CNBB

Área Pastoral na festa de nosso padroeiro, São José

Vamos viver este grande momento de espiritualidade.

Hoje dia 15 de março, Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Fortaleza nos dá a alegria de celebrar conosco aqui na Área Pastoral na festa de nosso padroeiro, São José. Seja bem vindo nosso grande pastor. Queremos neste espírito de festa agradecer seu grande zelo e cuidado que tens demostrado por nossa Arquidiocese de Fortaleza. Pedimos em nossas orações pelo senhor que próximo dia 24 de março faz 16 anos do seu episcopado à frente da Arquidiocese de Fortaleza. Somos gratos a Deus por ter nos mandado este querido pastor, para guiar as suas ovelhas. Que o Senhor possa cada vez mais dá-lhe força e coragem para guiar o seu rebanho.
Querido povo de Deus a razão de um pastor é cuidar das ovelhas e as ovelhas por sua vez devem ouvir a voz do pastor e segui-lo.
Missa as 19:30 h na Comunidade São José que fica na Avenida Pompílio Gomes, 300 - Passaré.
Venha e traga sua família para este momento de espiritualidade e convivência..
Atenciosamente. Pe. Luciano Gonzaga e Pe. Francisco das Chagas