terça-feira, 27 de janeiro de 2015

CONVITE : JANTAR BENEFICENTE

                                                                                                                   Convidamos a todos da ÁREA PASTORAL SÃO JOSÉ a participar de um Jantar Beneficente, no próximo dia 06 de Fevereiro, no ANEXO da Capela Nossa
Senhora de Fátima no Jardim Castelão- Passaré.
         *Valor por pessoa: R$ 15,00 ( QUINZE REAIS).
      
        *Horário : 20:00 hs
         
 Lembramos a todos que além de uma comida deliciosa, você curtirá um forró pé de serra muito animado.
    Venha traga sua família e amigos!!!                                                   
            Contamos com a ajuda de todos!!!(Apenas ilustrando)

Carnaval chegando e você ainda não sabe pra onde vai?! Conheça o local do DESPERTAI 2015.


Vem com a gente curtir um carnaval diferente.
Tema: Eis ai tua Mãe
De 15 a 17 de Fevereiro, às 14h
Local: Rua Padre Nóbrega 461 – Serrinha
ENTRADA FRANCA
Participe você também de um carnaval diferente! Entrada Franca!

Atenciosamente,
LeidianeDespertai_2015
Ministério de Comunicação

Retiro de Carnaval: DESPERTAI 2015

9º Muticom debaterá a ética na comunicação

muticom2015Considerado um dos maiores eventos de comunicação eclesial e pastoral do Brasil, o Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom) terá sua 9ª edição na cidade de Vitória (ES). O evento está marcado para o período de 15 a 19 de julho, e abordará como tema central “A Ética nas comunicações”.
O encontro contará com programação extensa, oferecendo palestras com especialistas e estudiosos da comunicação, debates, grupos de trabalho, apresentação de modelos de comunicação, além de atividades culturais.
A conferência de abertura, no dia 15, receberá o sacerdote salesiano e escritor, padre Gildásio Mendes, doutor em Comunicação pela Wayne State University, em Michigan. Ele apresentará a temática sobre a “Ética nas comunicações”. Ainda, para o evento, estão confirmadas presenças de pesquisadores renomados da comunicação, que participarão dos debates e mesas.
No domingo, 19, haverá City Tour livre pelos principais pontos turísticos da cidade.
Grupos de Trabalhos
A novidade das últimas edições do Muticom são os Grupos de Trabalhos, espaços reservados para apresentação de experiências, estudos de caso e pesquisa de comunicação eclesial e pastoral. O 9º Muticom contará com oito GT´s, organizados em diferentes temáticas. Os Grupos de Trabalhos serão realizados nos dias 16 e 17.
GT1 – Análise de materiais impressos
GT2 – Análise de sites e redes sociais
GT3 – O comportamento do indivíduo nas Redes Sociais
GT4 – A música religiosa como forma de comunicação
GT5 – O mercado da fé
GT6 – Trânsito religioso
GT7 – O padre e os desafios da comunicação
GT8 – Educomunicação
Participe do Muticom
Dioceses, paróquias e comunidades já começaram a organizar grupos com destino à Vitória para o Muticom. A Pastoral da Comunicação (Pascom) do regional Sul 2 da CNBB levará mais de 50 participantes. Os interessados devem entrar em contato para informações sobre valores, pelo e-mail:jornalismo@centralcultura.com.br.
Para participar do 9º Muticom é necessário fazer inscrição pelo site muticom.com.br.  Na página está disponível informações sobre o encontro; a programação completa; perfil dos palestrantes convidados; sugestões para locais de hospedagem; além de informações sobre o estado que recebe o encontro. As informações também estão disponíveis na fanpage do evento: facebook.com/muticomvitoria
Por CNBB

Presidente da Comissão Vida e Família comenta declaração do papa sobre paternidade responsável

dom_petrini2015
Durante voo de retorno ao Vaticano, na segunda-feira, 19, após visita pastoral à Ásia, o papa Francisco atendeu aos jornalistas em coletiva. Entre os assuntos abordados, o pontífice foi questionado sobre o que diria às famílias que tinham mais filhos do que podiam criar e sobre as proibições da Igreja Católica referente ao controle artificial de natalidade.
“Algumas pessoas pensam – e desculpem minha expressão aqui – que, para ser um bom católico, eles precisam ser como coelhos. Não. Paternidade tem a ver com responsabilidade. Isto é claro”, respondeu o papa.  Durante a conversa, Francisco se manteve firme contra o controle de natalidade artificial e disse que uma nova vida é “parte do sacramento do matrimônio”.
O bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comenta a declaração do papa que “católicos não devem se reproduzir feito coelhos”.
“O papa Francisco não deixa de surpreender aos observadores com seu estilo, que quebra protocolos, e fala dirigindo-se principalmente às pessoas simples, e não aos teólogos e intelectuais em geral. Na entrevista dada durante a viagem de retorno das Filipinas, o tom era evidentemente coloquial. E nesse tom, fala de realidades importantíssimas. Em primeiro lugar, alude a uma mentalidade que, especialmente a partir dos anos 60 fala em tons alarmistas da ‘explosão demográfica’, alegando que a pobreza de muitos povos se deve a uma espécie de ânsia reprodutiva dos mais pobres. Por esse caminho, muitos países alcançaram taxas negativas de natalidade, com graves problemas sociais, tais como o envelhecimento da população, isto é, presença de um contingente de idosos muito mais numeroso que de jovens. Isto gera graves desequilíbrios na sociedade, podendo levar à falência as caixas de governos que não têm como pagar os benefícios previdenciários dos idosos e seus cuidados médicos”, explica dom Petrini.
Dignidade humana
Sobre o conceito de “paternidade responsável” expressado pelo papa durante a coletiva, dom Petrini diz que o pontífice referiu-se ao conceito usado pela Igreja há muito tempo e incorporado pelo Beato papa Paulo VI na Encíclica Humanae Vitae, de 1968. O conceito foi se popularizando e está presente no Catecismo da Igreja Católica, de 1992. O número 2368 deste documento afirma: ‘Um aspecto particular desta responsabilidade diz respeito à regulação dos nascimentos. Por razões justas, os esposos podem querer espaçar os nascimentos de seus filhos’. Paternidade responsável é, então, a atitude dos esposos que, avaliando suas condições (econômicas, de saúde, etc.) decidem quando ter um filho e quando esperar. O mesmo número acima recordado acrescenta: ‘Cabe-lhes verificar que seu desejo não provém do egoísmo, mas está de acordo com a justa generosidade de uma paternidade responsável’. O papa recorda o que a Igreja sempre disse: que não corresponde à dignidade humana agir por puro instinto, pois atitudes dominadas pelo instinto são próprias dos animais”, comenta o bispo.
Métodos contraceptivos
A questão dos métodos contraceptivos foi outro questionamento apresentado pelos jornalistas ao papa. Dom Petrini recorda que Francisco disse conhecer muitos métodos que são eficazes para regular a fecundidade e que não são artificiais. “De fato, nos últimos anos, a ciência médica tem avançado muito no aprimoramento de métodos naturais que dão o casal a possibilidade de regular o número de filhos. Trata-se de métodos que exigem e promovem um entrosamento entre os esposos, um permanente diálogo, uma sintonia fina, isto é, atitudes que constituem uma extraordinária riqueza em suas relações íntimas. Os interesses dominantes são mais favoráveis a outros métodos que necessitam de artefatos produzidos por indústrias e que, portanto, rendem lucros ingentes. Essa é a razão principal pela qual estes métodos veiculam intensa propaganda e recebem o consenso de todas as formas de poder”.
Ainda, sobre os métodos contraceptivos, o presidente da Comissão Vida e Família da CNBB, dom João Carlos Petrini destaca que a Igreja sempre esteve preocupada em zelar para que nada de externo ou artificial se interponha na expressão da intimidade, na vivência do amor humano.
“Este cuidado visa não tirar a responsabilidade de uma das partes, quase sempre o homem, nos cuidados com os efeitos das relações sexuais, porque isto poderia transformar a sexualidade num lazer e a mulher num brinquedo. Nesses casos, poderiam faltar a consideração e o respeito necessários para que o relacionamento entre homem e mulher se desenvolva na plenitude da dignidade e seja fonte de satisfação e verdadeira realização humana”.
 Fonte CNBB – Com informações da Comissão Vida e Família..

“Cardinalato é vocação, não um prêmio”, diz papa Francisco

novos cardeais2015Durante o Consistório, no dia 14 de fevereiro, o papa Francisco criará 15 novos cardeais. Os futuros cardeais são de diferentes países como Europa, Ásia, América Latina (México incluído), África e Oceania. Em carta enviada aos nomeados, o papa recordou que o cardinalato não é um prêmio, mas “ser cardeal significa dar testemunho da Ressurreição do Senhor na Diocese de Roma”.
Ainda, na mensagem, o papa pede aos novos cardeais que se preparem “com oração e um pouco de penitência” e tenham “muita paz e alegria”.
Confira a íntegra da carta:
“Caro irmão,
Hoje foi publicada a sua designação como Cardeal da Santa Igreja Romana. Que a minha saudação e minhas orações cheguem a ti. Peço ao Senhor que te acompanhe neste novo serviço, que é um serviço de ajuda, suporte e proximidade especial à pessoa do Papa e para o bem da Igreja.
E justamente para que essa dimensão de serviço seja exercitada, o cardinalato é uma vocação. O Senhor, por meio da Igreja, te chama uma vez mais a servir; e a ti fará bem ao coração repetir na oração a expressão que Jesus sugeriu aos seus discípulos para que se mantivessem na humildade. Digam: ‘Somos servos inúteis’, e isso não como fórmula de boa educação mas como verdade depois do trabalho ‘quando fizerdes tudo o que vos foi mandado’. (Lc 17, 10).
Manter-se com humildade no serviço não é fácil quando se considera o cardinalato como um prêmio, como o ápice de uma carreira, uma dignidade de poder ou de distinção superior. Desde já, o teu compromisso cotidiano para manter afastadas estas considerações e, sobretudo, para recordar que ser Cardeal significa servir na Diocese de Roma para dar testemunho a esta da Ressurreição do Senhor e dá-lo totalmente, até o sangue, se necessário.
Muitos ficarão felizes por esta tua nova vocação e, como bons cristãos, farão festa (porque e característica do cristão alegrar-se e saber festejar). Aceita-o com humildade. Faça com que, nestes festejamentos, não se insinue o espírito da mundanidade que embriaga mais do que graça em jejum, desorienta e separa da cruz de Cristo.
Nos vemos no dia 14 de fevereiro. Prepara-te com oração e um pouco de penitencia. Tenha muita paz e alegria. E, por favor, te peço de não esqueceres de rezar por mim. Deus te abençoe e a Virgem Maria te proteja.              Fraternalmente, Francisco”.

Vaticano divulga mensagem para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Papa_familia“Comunicar a família: “Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor” é o tema da mensagem para o  49º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O evento será celebrado no dia 17 de maio, domingo que antecede Pentecostes. A íntegra do texto foi divulgada no dia 23, durante coletiva de imprensa, no Vaticano.
Para a vivência e celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais, a Comissão Episcopal para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), prepara, todos os anos, um subsídio com orientações e sugestões de atividades para os regionais, dioceses, paróquias e comunidades.
O material é enviado as coordenações e lideranças da Pastoral da Comunicação (Pascom), responsáveis por articular e animar a comunicação nas igrejas locais. A Comissão orienta, também, o estudo do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, que traz pistas de ação. Contato pelo e-mail: comsocial@cnbb.org.br
Família mais bela
A coletiva de apresentação da mensagem contou com a presença do presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, dom Claudio Maria Celli, a professora da Faculdade de Letras e Filosofia – Departamento de Ciências das Comunicações da Universidade Católica do Sagrado Coração de Milão (Itália), Chiara Giaccardi, e o professor da Faculdade de Ciências Políticas, Mario Magatti.
A reflexão proposta pelo papa Francisco está inserida no caminho sinodal da Assembleia Ordinária do Sínodo sobre a Família que acontecerá em outubro próximo. “A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos”, escreveu o papa na mensagem.
Confira íntegra do texto:
Mensagem de Sua Santidade o Papa Francisco
49º Dia Mundial das Comunicações Sociais
17 de Maio de 2015
Tema: “Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”
O tema da família encontra-se no centro duma profunda reflexão eclesial e dum processo sinodal que prevê dois Sínodos, um extraordinário – acabado de celebrar – e outro ordinário, convocado para o próximo mês de Outubro. Neste contexto, considerei  oportuno que o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais tivesse como ponto de referência a família. Aliás, a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Voltar a este momento originário pode-nos ajudar quer a tornar mais autêntica e humana a comunicação, quer a ver a família dum novo ponto de vista.
Podemos deixar-nos inspirar pelo ícone evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). “Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre” (vv. 41-42).
Este episódio mostra-nos, antes de mais nada, a comunicação como um diálogo que tece com a linguagem do corpo. Com efeito, a primeira resposta à saudação de Maria é dada pelo menino, que salta de alegria no ventre de Isabel. Exultar pela alegria do encontro é, em certo sentido, o arquétipo e o símbolo de qualquer outra comunicação, que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo. O ventre que nos abriga é a primeira “escola” de comunicação, feita de escuta e contato corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe. Este encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos e ainda tão alheios um ao outro, um encontro cheio de promessas, é a nossa primeira experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma mãe.
Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num “ventre”, que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é “o espaço onde se aprende a conviver na diferença” (Exort. ap. Evangelii gaudium, 66). Diferenças de géneros e de gerações, que comunicam, antes de mais nada, acolhendo-se mutuamente, porque existe um vínculo entre elas. E quanto mais amplo for o leque destas relações, tanto mais diversas são as idades e mais rico é o nosso ambiente de vida. O vínculo está na base da palavra, e esta, por sua vez, revigora o vínculo. Nós não inventamos as palavras: podemos usá-las, porque as recebemos. É em família que se aprende a falar na “língua materna”, ou seja, a língua dos nossos antepassados (cf. 2 Mac 7, 21.27). Em família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.
A experiência do vínculo que nos “precede” faz com que a família seja também o contexto onde se transmite aquela forma fundamental de comunicação que é a oração. Muitas vezes, ao adormecerem os filhos recém-nascidos, a mãe e o pai entregam-nos a Deus, para que vele por eles; e, quando se tornam um pouco maiores, põem-se a recitar juntamente com eles orações simples, recordando carinhosamente outras pessoas: os avós, outros parentes, os doentes e atribulados, todos aqueles que mais precisam da ajuda de Deus. Assim a maioria de nós aprendeu, em família, a dimensão religiosa da comunicação, que, no cristianismo, é toda impregnada de amor, o amor de Deus que se dá a nós e que nós oferecemos aos outros.
Na família, é sobretudo a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a outra… é sobretudo esta capacidade que nos faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade. Reduzir as distâncias, saindo mutuamente ao encontro e acolhendo-se, é motivo de gratidão e alegria: da saudação de Maria e do saltar de alegria do menino deriva a bênção de Isabel, seguindo-se-lhe o belíssimo cântico do Magnificat, no qual Maria louva o amoroso desígnio que Deus tem sobre Ela e o seu povo. De um “sim” pronunciado com fé, derivam consequências que se estendem muito para além de nós mesmos e se expandem no mundo. “Visitar” supõe abrir as portas, não encerrar-se no próprio apartamento, sair, ir ter com o outro. A própria família é viva, se respira abrindo-se para além de si mesma; e as famílias que assim procedem, podem comunicar a sua mensagem de vida e comunhão, podem dar conforto e esperança às famílias mais feridas, e fazer crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias.
Mais do que em qualquer outro lugar, é na família que, vivendo juntos no dia-a-dia, se experimentam as limitações próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência e do pôr-se de acordo. Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva. Por isso, a família onde as pessoas, apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de perdão. O perdão é uma dinâmica de comunicação: uma comunicação que definha e se quebra, mas, por meio do arrependimento expresso e acolhido, é possível reatá-la e fazê-la crescer. Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade.
Muito têm para nos ensinar, a propósito de limitações e comunicação, as famílias com filhos marcados por uma ou mais deficiências. A deficiência motora, sensorial ou intelectual sempre constitui uma tentação a fechar-se; mas pode tornar-se, graças ao amor dos pais, dos irmãos e doutras pessoas amigas, um estímulo para se abrir, compartilhar, comunicar de modo inclusivo; e pode ajudar a escola, a paróquia, as associações a tornarem-se mais acolhedoras para com todos, a não excluírem ninguém.
Além disso, num mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, a família pode ser uma escola de comunicação feita de bênção. E isto, mesmo nos lugares onde parecem prevalecer como inevitáveis o ódio e a violência, quando as famílias estão separadas entre si por muros de pedras ou pelos muros mais impenetráveis do preconceito e do ressentimento, quando parece haver boas razões para dizer “agora basta”; na realidade, abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal, para testemunhar que o bem é sempre possível, para educar os filhos na fraternidade.
Os meios mais modernos de hoje, irrenunciáveis sobretudo para os mais jovens, tanto podem dificultar como ajudar a comunicação em família e entre as famílias. Podem-na dificultar, se se tornam uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar apesar da presença física, de saturar todo o momento de silêncio e de espera, ignorando que “o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras ricas de conteúdo” (BENTO XVI, Mensagem do 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24/1/2012); e podem-na favorecer, se ajudam a narrar e compartilhar, a permanecer em contato com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro. Descobrindo diariamente este centro vital que é o encontro, este “início vivo”, saberemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas. Também neste campo, os primeiros educadores são os pais. Mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se ao seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum.
Assim o desafio que hoje se nos apresenta, é aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação, embora esta seja a direção para a qual nos impelem os potentes e preciosos meios da comunicação contemporânea. A informação é importante, mas não é suficiente, porque muitas vezes simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas, solicitando a tomar partido por uma ou pela outra, em vez de fornecer um olhar de conjunto.
No fim de contas, a própria família não é um objeto acerca do qual se comunicam opiniões nem um terreno onde se combatem batalhas ideológicas, mas um ambiente onde se aprende a comunicar na proximidade e um sujeito que comunica, uma “comunidade comunicadora”. Uma comunidade que sabe acompanhar, festejar e frutificar. Neste sentido, é possível recuperar um olhar capaz de reconhecer que a família continua a ser um grande recurso, e não apenas um problema ou uma instituição em crise. Às vezes os meios de comunicação social tendem a apresentar a família como se fosse um modelo abstrato que se há de aceitar ou rejeitar, defender ou atacar, em vez duma realidade concreta que se há de viver; ou como se fosse uma ideologia de alguém contra outro, em vez de ser o lugar onde todos aprendemos o que significa comunicar no amor recebido e dado. Ao contrário, narrar significa compreender que as nossas vidas estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível.
A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro.
Vaticano, 23 de Janeiro – Vigília da Festa de São Francisco de Sales – de 2015.
Papa Francisco

Seminário Propedêutico recebe novos seminaristas

Turma_400Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”.
O Seminário Propedêutico Dom Aloísio Lorscheider da Arquidiocese de Fortaleza, acolheu a nova turma de seminaristas para este ano de 2015; vinte quatro jovens envolvidos pelo chamado de Deus, decidiram deixar tudo para ingressarem num discernimento e formação mais profundo em busca da vocação sacerdotal.
Jesus continua chamando aqueles que ele quer, e muitos com o coração aberto, disponível respondem a este chamado de Jesus para serem pescadores de homens; e Jesus continuará chamado jovens e mais jovens para esta vocação sacerdotal. Pedimos a vocês que acompanha a Pastoral Vocacional de Fortaleza, as suas orações por estes jovens rapazes e por tantos que já estão nesse caminho de formação, para que perseverem; mas também, por aqueles que ainda não escutaram o chamado de Deus, precisamos cada vez mais de operários para a vinha do Senhor.
Jovem, você já pensou em ser Padre? Converse conosco, nos procure e comece já um discernimento vocacional para discernir a sua vocação, não custa nada arriscar na sua vocação; na sua felicidade.
Pastoral Vocacional de Fortaleza

Liturgia Diária

Invoquemos a presença do Espírito Santo para ler e refletir a liturgia de hoje:

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. 

Oremos 

Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.


Oração
Ó Deus, que em cada momento do meu dia, eu compreenda o teu projeto de amor e possa caminhar segundo a tua vontade.
Primeira leitura: Hb 10,1-10
Leitura da Carta aos Hebreus

- Irmãos, 1a Lei possui apenas o esboço dos bens futuros e não o modelo real das coisas. Também, com os seus sacrifícios sempre iguais e sem desistência repetidos cada ano, ela é totalmente incapaz de levar à perfeição aqueles que se aproximam para oferecê-los.
2Se não fosse assim, não se teria deixado de oferecê-los, se os que prestam culto, uma vez purificados, já não tivessem nenhuma consciência dos pecados? 3Mas, ao contrário, é por meio desses sacrifícios que, anualmente, se renova a memória dos pecados, 4pois é impossível eliminar os pecados com o sangue de touros e bodes.
5Por isso, ao entrar no mundo, Cristo afirma: "Tu não quiseste vítima nem oferenda, mas formaste-me um corpo. 6Não foram do teu agrado holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. 7Por isso eu disse: Eis que eu venho. No livro está escrito a meu respeito: Eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade".
8Depois de dizer: "Tu não quiseste nem te agradaram vítimas, oferendas, holocaustos, sacrifícios pelo pecado" – coisas oferecidas segundo a Lei –, 9ele acrescenta: "Eu vim para fazer a tua vontade". Com isso, suprime o primeiro sacrifício, para estabelecer o segundo. 10É graças a esta vontade que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas.

- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmos: Sl 39
           Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!
— Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade, Senhor!

— Esperando, esperei no Senhor, e inclinando-se, ouviu o meu clamor. Canto novo ele pôs em meus lábios, um poema em louvor ao Senhor.

— Sacrifício e oblação não qui­sestes, mas abristes, Senhor, meus ouvidos; não pedistes ofertas nem vítimas, holocaustos por nossos pecados. E então eu vos disse: “Eis que venho!”

— Boas novas de vossa justiça anunciei numa grande assembléia; vós sabeis não fechei os meus lábios.

— Proclamai toda a vossa justiça, sem retê-la no meu coração; vosso auxílio e lealdade narrei. Não calei vossa graça e verdade na presença da grande assembléia
 
 
Evangelho: Mc 3,31-35
         - O Senhor esteja convosco.
          - Ele está no meio de nós.
          - Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo São Marcos.
          - Glória a vós, Senhor.

         Naquele tempo, 31chegaram a mãe de Jesus e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura".
33Ele respondeu: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" 34E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: "Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe".

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
 
Comentário do Evangelho
A obediência à vontade de Deus

O texto do evangelho de hoje apresenta uma das características fundamentais da comunidade dos discípulos, a saber, a obediência à vontade de Deus. Já em 3,20-21, o evangelista menciona os parentes de Jesus, o juízo e a intenção deles em relação a Jesus: eles julgavam que Jesus estivesse ficando louco por trabalhar sem parar, a ponto de não ter tempo sequer para comer; para eles o comportamento de Jesus estava fora do padrão que eles pensavam ser normal. Por tudo isso, tinham a intenção de levá-lo de volta para casa. Aos irmãos e irmãs do Senhor, o evangelho acrescenta a mãe de Jesus. Toda a família vai ao encontro de Jesus, não para ouvi-lo, mas, considerando o texto supramencionado, para retê-lo e levá-lo de volta para casa. Jesus, no entanto, não se deixa surpreender. Efetivamente, para os que estão do "lado de fora", parece loucura tudo o que Jesus faz e ensina; mas, para os que estão próximos a ele, tudo faz sentido. Para quem está no "círculo" de Jesus, escutando-o, é dado experimentar a presença misericordiosa de Deus, e se abre para ele um verdadeiro caminho de acesso a Deus. Para Jesus, é ocasião de ensinar e instruir: o que caracteriza o povo de Deus, a "família" que o Cristo reúne, é o desejo e a busca de fazer a vontade de Deus (cf. Mt 7,21ss).
 
Leitura Orante
1. Leitura: O que a Palavra diz? (Verdade)
Jesus Mestre lhe diz: "Aprendei de mim"(Mt 11,29).
Faça a leitura lenta e atenta do texto da Palavra do dia: Mc 3,31-35.
Em um momento de silêncio interior, recorde o que leu. Neste texto apresenta-se a família de Jesus. Mas, Ele amplia o conceito de família quando afirma que a sua verdadeira família é formada por aqueles e aquelas que fazem a vontade do Pai. Assim, Ele faz espaço para todos/as nós nesta família.

2. Meditação: O que a Palavra diz para mim? (Caminho)
Responda ao convite de Jesus Mestre para fazer parte de sua família.
Atualize e "rumine" a Palavra, ligando-a à sua vida. Pense: como está minha sintonia com a vontade de Deus?

3. Oração: O que a Palavra me leva a dizer a Deus? (Vida)
Reze o Pai Nosso, oração que Jesus ensinou, onde dizemos que temos um só Pai e somos irmãos. Pai nosso, que estais...

4. Contemplação: Qual o novo olhar que a Palavra despertou em mim? (Vida)
Viva este dia sentindo-se filho/a de Deus e irmão/ã de todos.
Para lembrar e viver neste dia:
" Estou aqui, ó Deus para fazer a tua vontade" ( Hb 10,9).

Fonte: Catequese Católica

“Fortalecei os vossos corações”, propõe papa Francisco em mensagem para Quaresma

Na mensagem por ocasião do período da Quaresma, o papa Francisco recorda que trata-se de “um tempo propício para mostrar interesse pelo outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas concreto – da nossa participação na humanidade que temos em comum”. A Quaresma 2015 terá início na Quarta-feira de Cinzas, 18 de fevereiro.
No texto, cujo título é “Fortalecei os vossos corações”, Francisco pede para que os cristãos não caiam na tentação da indiferença na vida em sociedade. “Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa incapacidade de intervir”. E, continuando a reflexão, questiona: “Que fazer para não nos  deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência? Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste”.
Confira íntegra da mensagem:
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA A QUARESMA DE 2015
« Fortalecei os vossos corações» (Tg5,8)
Amados irmãos e irmãs!
Tempo de renovação para a Igreja, para as comunidades e para cada um dos fiéis, a Quaresma é  sobretudo um « tempo favorável » de graça (cf. 2  Cor6,2). Deus nada nos pede, que antes não no-lo  tenha dado: « Nós amamos, porque Ele nos amou  primeiro »  (1 Jo4,19). Ele não nos olha com indiferença; pelo contrário, tem a peito cada um de nós,  conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa  procura, quando O deixamos. Interessa-Se por cada  um de nós; o seu amor impede-Lhe de ficar indiferente perante aquilo que nos acontece. Coisa diversa se passa conosco! Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente  dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos  interessam os seus problemas, nem as tribulações  e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração  cai na indiferença: encontrando-me relativamente  bem e confortável, esqueço-me dos que não estão  bem! Hoje, esta atitude egoísta de indiferença atingiu uma dimensão mundial tal que podemos falar de uma globalização da indiferença. Trata-se de um  mal-estar que temos obrigação, como cristãos, de  enfrentar.
Quando o povo de Deus se converte ao seu  amor, encontra resposta para as questões que a história continuamente nos coloca. E um dos desafios  mais urgentes, sobre o qual me quero deter nesta  Mensagem, é o da globalização da indiferença. Dado que a indiferença para com o próximo e  para com Deus é uma tentação real também para  nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada  Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz  para nos despertar. A  Deus  não  Lhe  é  indiferente  o  mundo,  mas  ama-o  até  ao  ponto  de  entregar  o  seu  Filho  pela  salvação de todo o homem. Na encarnação, na vida  terrena, na morte e ressurreição do Filho de Deus,  abre-se definitivamente a porta entre Deus e o homem, entre o Céu e a terra. E a Igreja é como a mão  que mantém aberta esta porta, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos,  do testemunho da fé que se torna eficaz pelo amor  (cf. Gl 5,6).  O  mundo,  porém,  tende  a  fechar-se  em si mesmo e a fechar a referida porta através da  qual Deus entra no mundo e o mundo n’Ele. Sendo  assim, a mão, que é a Igreja, não deve jamais surpreender-se, se se vir rejeitada, esmagada e ferida. Por isso, o povo de Deus tem necessidade de  renovação, para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo. Tendo em vista esta renovação,  gostaria de vos propor três textos para a vossa meditação.
1. « Se um membro sofre, com ele sofrem todos os  membros » (1 Cor12,26)– A Igreja.
Com o seu ensinamento e sobretudo com o seu  testemunho, a Igreja oferece-nos o amor de Deus,  que rompe esta reclusão mortal em nós mesmos que  é a indiferença. Mas, só se pode testemunhar algo  que antes experimentámos. O cristão é aquele que  permite a Deus revesti-lo da sua bondade e misericórdia, revesti-lo de Cristo para se tornar, como Ele,  servo de Deus e dos homens. Bem no-lo recorda a liturgia de Quinta-feira Santa com o rito do lava-pés. Pedro não queria que Jesus lhe lavasse os pés, mas depois compreendeu que Jesus não pretendia apenas  exemplificar  como  devemos  lavar  os  pés  uns aos outros; este serviço, só o pode fazer quem,  primeiro, se deixou lavar os pés por Cristo. Só essa  pessoa « tem parte com Ele » (cf. Jo 13,8), podendo  assim servir o homem. A Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo e, deste modo, tornarmo-nos  como  Ele.  Verifica-se  isto  quando  ouvimos  a Palavra de Deus e recebemos os sacramentos,  nomeadamente a Eucaristia. Nesta, tornamo-nos naquilo que recebemos: o corpo de Cristo. Neste corpo, não encontra lugar a tal indiferença que,  com tanta frequência, parece apoderar-se dos nossos corações; porque, quem é de Cristo, pertence  a um único corpo e, n’Ele, um não olha com indiferença o outro. « Assim, se um membro sofre,  com ele sofrem todos os membros; se um membro  é  honrado,  todos  os  membros  participam  da  sua  alegria » (1 Cor12,26). A Igreja é communio sanctorum, não só porque,  nela, tomam parte os Santos mas também porque é  comunhão de coisas santas: o amor de Deus, que  nos foi revelado em Cristo, e todos os seus dons;  e, entre estes, há que incluir também a resposta de  quantos se deixam alcançar por tal amor. Nesta comunhão dos Santos e nesta participação nas coisas  santas, aquilo que cada um possui, não o reserva  só para si, mas tudo é para todos. E, dado que estamos interligados em Deus, podemos fazer algo  mesmo pelos que estão longe, por aqueles que não  poderíamos jamais, com as nossas simples forças,  alcançar: rezamos com eles e por eles a Deus, para  que todos nos abramos à sua obra de salvação.
2. « Onde está o teu irmão? »  (Gn 4,9) – As paróquias e as comunidades
Tudo o que se disse a propósito da Igreja universal  é  necessário  agora  traduzi-lo  na  vida  das  paróquias e comunidades. Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que  fazemos parte de um único corpo? Um corpo que,  simultaneamente, recebe e partilha aquilo que  Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos? Ou refugiamo-nos num amor universal  pronto a comprometer-se lá longe no mundo, mas  que esquece o Lázaro sentado à sua porta fechada
(cf. Lc16,19-31)? Para receber e fazer frutificar plenamente aquilo que Deus nos dá, deve-se ultrapassar as fronteiras da Igreja visível em duas direções. Em primeiro lugar, unindo-nos à Igreja do Céu  na oração. Quando a Igreja terrena reza, instaura--se reciprocamente uma comunhão de serviços e  bens que chega até à presença de Deus. Juntamente  com os Santos, que encontraram a sua plenitude em  Deus, fazemos parte daquela comunhão onde a indiferença é vencida pelo amor. A Igreja do Céu não  é triunfante, porque deixou para trás as tribulações  do mundo e usufrui sozinha do gozo eterno; antes  pelo contrário, pois aos Santos é concedido já contemplar e rejubilar com o facto de terem vencido  definitivamente a indiferença, a dureza de coração  e  o  ódio,  graças  à  morte  e  ressurreição  de  Jesus.  E, enquanto esta vitória do amor não impregnar  todo o mundo, os Santos caminham conosco, que  ainda somos peregrinos. Convicta de que a alegria  no Céu pela vitória do amor crucificado não é plena  enquanto houver, na terra, um só homem que sofre e  geme, escrevia Santa Teresa de Lisieux, doutora da  Igreja:  « Muito  espero  não  ficar  inativa  no  Céu;  o

meu desejo é continuar a trabalhar pela Igreja e pelas  almas »  (Carta254, de 14 de Julho de 1897).
Também nós participamos dos méritos e da alegria dos Santos e eles tomam parte na nossa luta e no  nosso desejo de paz e reconciliação. Para nós, a sua  alegria pela vitória de Cristo ressuscitado é origem de  força para superar tantas formas de indiferença e dureza de coração.
Em  segundo  lugar,  cada  comunidade  cristã  é  chamada a atravessar o limiar que a põe em relação  com a sociedade circundante, com os pobres e com os  incrédulos. A Igreja é, por sua natureza, missionária,  não fechada em si mesma, mas enviada a todos os  homens. Esta  missão  é  o  paciente  testemunho  d’Aquele  que quer conduzir ao Pai toda a realidade e todo o homem. A missão é aquilo que o amor não pode calar. A  Igreja segue Jesus Cristo pela estrada que a conduz a  cada homem, até aos confins da terra (cf.Act1,8). Assim podemos ver, no nosso próximo, o irmão e a irmã  pelos quais Cristo morreu e ressuscitou. Tudo aquilo  que recebemos, recebemo-lo também para eles. E, vice-versa, tudo o que estes irmãos possuem é um dom  para a Igreja e para a humanidade inteira.
Amados irmãos e irmãs, como desejo que os  lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se  tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença!
3. « Fortalecei os vossos corações »  (Tg 5,8)– Cada um dos fiéis
Também como indivíduos temos a tentação da  indiferença. Estamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento  humano, sentindo ao mesmo tempo toda a nossa  incapacidade de intervir. Que fazer para não nos  deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência? Em primeiro lugar, podemos rezar na comunhão da Igreja terrena e celeste. Não subestimemos  a força da oração de muitos! A iniciativa 24 horas para o Senhor, que espero se celebre em toda  a Igreja – mesmo a nível diocesano – nos dias 13 e  14 de Março, pretende dar expressão a esta necessidade da oração. Em segundo lugar, podemos levar ajuda, com  gestos de caridade, tanto a quem vive próximo de  nós como a quem está longe, graças aos inúmeros  organismos caritativos da Igreja. A Quaresma é um tempo propício para mostrar este interesse pelo  outro, através de um sinal – mesmo pequeno, mas  concreto – da nossa participação na humanidade  que temos em comum.  E, em terceiro lugar, o sofrimento do próximo  constitui um apelo à conversão, porque a necessidade do irmão recorda-me a fragilidade da minha  vida, a minha dependência de Deus e dos irmãos.
Se humildemente pedirmos a graça de Deus e aceitarmos os limites das nossas possibilidades, então  confiaremos  nas  possibilidades  infinitas  que  tem  de reserva o amor de Deus. E poderemos resistir à  tentação diabólica que nos leva a crer que podemos  salvar-nos e salvar o mundo sozinhos. Para superar a indiferença e as nossas pretensões de omnipotência, gostaria de pedir a todos  para viverem este tempo de Quaresma como um  percurso de formação do coração, a que nos convidava Bento XVI (Carta enc. Deus caritas est, 31).  Ter  um  coração  misericordioso  não  significa  ter  um  coração  débil.  Quem  quer  ser  misericordioso  precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe  impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do  amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo,  um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro. Por isso, amados irmãos e irmãs, nesta Quaresma desejo rezar convosco a Cristo: « Fac cor nostrum secundum cor tuum – Fazei o nosso coração  semelhante ao vosso » (Súplica das Ladainhas ao  Sagrado Coração de Jesus). Teremos assim um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso,  que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na  vertigem da globalização da indiferença.
Com estes votos, asseguro a minha oração por  cada crente e comunidade eclesial para que percorram, frutuosamente, o itinerário quaresmal,  enquanto, por minha vez, vos peço que  rezeis por  mim. Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora  vos guarde!
Vaticano, Festa de São Francisco de Assis, 4 de  Outubro de 2014.
Com informações da Rádio Vaticano
Fonte: CNBB

Para mim, viver é Cristo

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

Neste dia 25 de janeiro, a Igreja relembra a conversão do apóstolo Paulo. Se tivesse que escolher um momento da vida de Paulo que melhor traduz seus ideais, eu me voltaria para o dia em que o rei Agripa, que governava parte do território da Palestina, foi, com sua irmã Berenice, a Cesaréia (62 d.C.). Ali, os dois ouviram a curiosa história de um prisioneiro - tratava-se de Paulo -, que pregava uma religião bem diferente das então conhecidas. Fora preso, não porque tivesse cometido algum crime, mas porque falava de um certo Jesus de Nazaré que, embora já tivesse morrido, ele afirmava e garantia que continuava vivo (cf. At 25,13-19). A vida desse apóstolo foi o anúncio destemido de Jesus Cristo que, tendo morrido como criminoso, ressuscitou de maneira gloriosa e está vivo.

“Eu sou judeu, de Tarso, da Cilícia, cidadão de uma cidade insigne” (At 21,39). A cidade de Tarso era um grande centro comercial e cultural, com uma população de 300 mil habitantes. O pai de Paulo havia merecido o título de cidadão romano, o que um dia garantiria ao filho o direito de ser julgado por César, em Roma.
O apóstolo começou os estudos em Jerusalém, aos 14 anos. Foi discípulo de Gamaliel, um grande mestre da época, que lhe ensinou as tradições do mundo judaico. Como bom fariseu, assumiu uma profissão: fabricava tendas de pele de cabra e de camelo. Mais tarde, teria os dedos tão duros que não podia escrever e, por isso, ditava as cartas que enviava para as comunidades por ele fundadas.
Terrível perseguidor dos cristãos, aplaudiu o martírio de Estêvão. Pelo ano 36, ao se dirigir a Damasco para perseguir os cristãos, um fato transformou sua vida: “Ia eu a Damasco com plenos poderes... No caminho, pelo meio-dia, vi, vinda do céu e mais brilhante que o sol, uma luz resplandecente ao redor de mim e daqueles que me acompanhavam. Caímos todos por terra e ouvi uma voz que me dizia, em língua hebraica: 'Saulo, Saulo, porque me persegues?...' E eu perguntei: 'Quem és tu, Senhor?' O Senhor, então disse: 'Eu sou Jesus, a quem persegues'" (At 26,12-15). A partir daí Paulo se transformou, e nunca mais se esqueceu de que Jesus se identifica com os seus seguidores.
Depois de uma temporada no deserto, ele se encontrou com Pedro, em Jerusalém, e começou a evangelizar. Viagens cansativas, açoites, prisões, perigos de morte – por tudo isso ele passou, sempre com verdadeira obsessão: “Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!”(1Cor 9,16).
Há os que julgam ser Paulo um autor difícil; realmente, suas cartas não são fáceis de se compreender. É preciso levar em conta que, além de ter vivido em um ambiente diferente do nosso, ele se dirigiu a um público com outra mentalidade. Penetrar em suas ideias, contudo, é uma bela e fascinante experiência.
Das cartas que escreveu, treze foram conservadas pelas comunidades e fazem parte do Novo Testamento. Elas apresentam o plano de Deus sobre o mundo: desde toda a eternidade, Deus decidiu a criação e a salvação dos seres humanos; o homem se tornou escravo do pecado, mas Cristo veio para resgatar nossa dívida, morrendo por nós; somos salvos “em Cristo Jesus”. Apesar disso, continua uma luta dentro de nós, entre duas tendências opostas: os apetites da “carne” e os apelos do Espírito. A perfeição é a caridade.
Em nosso tempo, em uma reunião de jovens foi feita uma pergunta: "O que você espera da vida?" As respostas podem ser resumidas em três palavras: sucesso, dinheiro e conforto. O ideal que animou a vida do apóstolo Paulo era bem diferente: “Para mim, o viver é Cristo!” (Fl 1,21). “Por causa dele, perdi tudo e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele... Continuo correndo para alcançá-lo, visto que eu mesmo fui alcançado pelo Cristo Jesus" (Fl 3,8 e 12). “Com Cristo, eu fui pregado na cruz. Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2,19-20).
Talvez fosse oportuno colocarmos em nossas comunidades uma grande placa com uma inscrição: "Precisa-se, com urgência, de novos apóstolos Paulo!"
Fonte: CNBB

“Por último, o Ressuscitado, apareceu a mim”

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora (MG)

Aquele que encontramos na liturgia celebrada sem cessar pela face da Terra; aquele que confessamos pela nossa fé como Deus e único Senhor; aquele que voltará glorioso no instante final deste último dia; foi precisamente este Jesus Cristo, crucificado, morto na cruz e ressuscitado, que foi manifestado a Paulo de Tarso.

Este encontro decidido pela graça divina determinou os primeiros passos da Igreja de Cristo e lançou as bases da civilização cristã. O jovem judeu nascido em Tarso chamado Saulo foi o escolhido para ser a voz do Ressuscitado aos Gregos e Romanos. Aos nossos olhos, o zeloso teólogo residente em Jerusalém não poderia ser de modo algum o indicado, visto que perseguia e denunciava os judeus que seguiam os Apóstolos do Cristo. Mas Deus tem seus surpreendentes caminhos. Exatamente, ele que pretendia destruir, foi chamado a edificar o caminho do Ressuscitado na história.
O carisma e a santidade do Apóstolo Paulo continuam instruindo os seguidores do Cristo e contribuindo com as escolhas dos caminhos pastorais da Igreja. Hoje, comemorando a festa do seu encontro com o Ressuscitado, queremos recordar sete degraus da escada espiritual de São Paulo que muito nos ajudam a aprofundar e a cultivar a verdade do mistério de Jesus Cristo.
1. A centralidade do mistério da cruz, sinal definitivo do amor de Deus. “Fui crucificado com Cristo, e já não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim” (Gl 2,19-20).
2. A experiência da memória viva de Cristo na Eucaristia. “Fazei isto em memória de mim” (1Cor 15,24b).
3. A missão de continuar e estender o corpo do Cristo a todos. “Vós sois o corpo de Cristo e membros singulares seus” (1Cor 12,27).
4. A imposição da humildade como o modo natural de identificação com Jesus. “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2,5).
5. A alegria como fruto especial do Espírito Santo a ser oferecido à humanidade. “Tende sempre a alegria do Senhor; repito: estai alegres” (Fl 4,4).
6. A edificação da Igreja de Cristo sobre o alicerce dos Apóstolos. “Deus os dispôs na Igreja: primeiro Apóstolos; segundo Profetas; terceiro Mestres...” (1Cor 12,28).
7. A suprema contribuição dos cristãos à humanidade: o amor (agaphe). “Agora nos restam a fé, a esperança, o amor: estas três coisas. Mas a maior de todas é o amor” (1Cor 13,13).
São Paulo Apóstolo, por último foste chamado pelo Ressuscitado e não mediste esforços e recursos para levar a todos o amor de Deus, ajuda a renovar em nossos corações a alegria do seguimento de Jesus e o empenho em cumprir a missão que Ele nos deu. Tua força e teu zelo nos inspirem e nos orientem hoje e sempre. Amém.
 Fonte: CNBB

Confiar em quem

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

A subjetividade, as práticas isoladas e os atos agressivos, para não dizer violentos, no contexto do individualismo vigente, têm sido tão evidentes, que nem sabemos mais em quem acreditar. Isso vem provocando insegurança para todas as classes sociais e para toda a sociedade, inclusive desafiando o poder constituído e as autoridades que têm a tarefa de defender os cidadãos.

Diz a Palavra de Deus que Jesus “ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei” (Mc 1,22). Os que O ouviam, ficavam admirados com sua postura e identidade, porque conseguia convencer os ouvintes, que viam Nele autenticidade e fidelidade. Jesus não agia com atitudes individualistas, ao contrário, suas ações sempre foram em benefício do bem comum.
A palavra “confiança”, que é uma das melhores sensações da vida, significa ter a certeza de que podemos confiar em alguém. Isto tem sido cada vez mais raro, porque em todos os círculos, há um crescimento de fatos que desabonam a identidade de muitas pessoas. Faz a gente até pensar nos “doutores da Lei”, que foram citados por Jesus Cristo. Eles não viviam o que falavam.
As instituições se esforçam para realizar seus objetivos, mas são dirigidas por pessoas humanas, que nem sempre estão preparadas para importantes tarefas. Sendo mal administradas, perdem muito na credibilidade e passam a ser ineficientes na contribuição do desenvolvimento e da realização das pessoas.
A sociedade depende de entidades mediadoras dos conflitos sociais, mas que sejam bem administradas. Seus administradores devem ser pessoas de confiança, que agem com honestidade, justiça e com visão profética, isto é, eficiência nas realidades de hoje e visão avançada para o futuro. Seu agir deve ser desinteressado, visando às possibilidades em vista do progresso.
Ninguém é chamado a fazer coisas espantosas, mas a ser coerente em relação aos objetivos do que faz. Isto é o mínimo que se espera de um administrador, de um representante da sociedade e de um agente, de quem depende o bem coletivo. Sabemos que o mal está sempre presente, mas, com esforço, ele tem que ser superado com o testemunho autêntico de quem se coloca a serviço.
Fonte: CNBB