sábado, 27 de julho de 2013

CPT entrega carta ao Papa Francisco e o convida a conhecer a realidade do povo pobre do campo brasileiro

26 / Jul / 2013 09:00
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), junto com as Pastorais do Campo, como Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Serviço Pastoral do Migrante (SPM) e Pastoral da Juventude Rural (PJR), enviaram, através de Dom Enemésio Lazzaris, presidente da CPT, Carta ao Papa Francisco chamando-o para conhecer a realidade das comunidades rurais no Brasil. O documento, assinado por Dom Enemésio, salienta a postura simples do novo Papa, e as recorrentes falas de aproximação da Igreja aos pobres. Da mesma forma, apresenta o trabalho das Pastorais do Campo, que ouvem os clamores desses povos e suas lutas cotidianas pela garantia de seus direitos e pela permanência na terra.
A Carta destaca que a regularização dos territórios tradicionalmente ocupados e da tão sonhada reforma agrária, ainda são assuntos intermitentes na pauta governamental. Ao mesmo tempo, as Pastorais demonstram esperança de que um dia o Papa possa visitar essas comunidades, dando uma demonstração concreta do compromisso da Igreja, conforme Jesus, com os pobres na terra.

Confira o documento:

Caríssimo Irmão Francisco,

Como é bom nos dirigir ao senhor chamando-o simplesmente de irmão, sem qualquer outro título que o distancie do projeto de Jesus. Sentimo-nos muito próximos do senhor por esta sua postura simples e sonhamos com um dia a Igreja se ver totalmente livre, simples e pobre como Jesus de Nazaré, ao lado dos pobres com tantos rostos e nomes. Queremos saudar sua presença no Brasil na Jornada Mundial da Juventude.

Quem somos nós? Somos um conjunto de pastorais da igreja que atuam junto aos homens e mulheres do campo e das águas: o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que atua junto aos povos indígenas de todo o Brasil; a Comissão Pastoral da Terra, CPT, que tem sua atuação junto às diversas categorias de camponeses e camponesas, junto aos trabalhadores e trabalhadoras sem-terra, aos pequenos agricultores familiares, às comunidades quilombolas (comunidades remanescentes formadas por afrodescendentes fugidos da escravidão) e junto aos trabalhadores que acabam submetidos a condições análogas ao trabalho escravo; o Conselho Pastoral dos Pescadores, CPP, que tem como objetivo ser presença de gratuidade evangélica no meio dos pescadores e pescadoras artesanais, estimulando suas organizações para a preservação do meio ambiente e a permanência em seus territórios tradicionais;  o Serviço Pastoral dos Migrantes, SPM, que desenvolve sua ação junto às famílias que constantemente migram em busca de melhores condições de vida, ou de pessoas que todos os anos procuram em outras regiões, longe de suas casas,  trabalhos temporários;  a Pastoral da Juventude Rural, PJR, que atua com os jovens camponeses.

Neste serviço solidário ouvimos todos os dias os gemidos de dor e angústia de milhares de famílias que foram ou ainda são espoliadas de suas terras, de seus meios de subsistência e de sua cultura, que são discriminadas e invisibilizadas Os direitos destes povos, comunidades e famílias são constantemente negados para abrir espaço ao avanço de empresas e empreendimentos capitalistas com seus grandes projetos de “desenvolvimento” com construção de hidrelétricas, exploração de minérios, monocultivos do agronegócio e outros que tudo querem transformar em mercadoria.

Quando alguns direitos são reconhecidos, acabam não sendo respeitados. Para serem reconhecidos é preciso percorrer um penoso e desgastante processo que se prolonga por décadas. Isto acontece, sobretudo quando se trata do direito aos territórios dos povos indígenas, das comunidades quilombolas, dos pescadores e ribeirinhos e de outras comunidades tradicionais. Porém o reconhecimento e regularização destes territórios e a sonhada Reforma Agrária continuam presentes na sua pauta.

Este trabalho evangélico desenvolvido por bispos, padres, religiosos e religiosas e, sobretudo, por leigos e leigas sofre o ataque de diversos setores da sociedade, em especial daqueles que se colocam como os únicos portadores de direitos, em particular do direito de propriedade e dos que os apoiam. O mais angustiante, porém, é que esta incompreensão a encontramos também em setores da própria igreja e da parte de muitos bispos e padres que estão mais ao lado dos que têm bens e poder, do que ao lado dos pobres.

Irmão Francisco, cada vez que o ouvimos falar que a igreja deve sair de dentro de suas estruturas e estar ao lado dos pobres para ouvir seus clamores e sentir de perto seus sofrimentos, nos sentimos apoiados e fortalecidos em nosso trabalho e em nossa Missão que é a missão samaritana de ajudar a que os caídos se levantem e caminhem por si, a que os oprimidos ergam a cabeça reconhecendo sua dignidade de filhos e filhas de Deus.

Gostaríamos imensamente que um dia o senhor pudesse pessoalmente conhecer de perto a realidade do povo das comunidades com as quais trabalhamos para dar-lhes uma palavra de incentivo e afeto. Mas como no momento não é possível, gostaríamos que mesmo de longe envie sua palavra de conforto para eles  que sofrem a cada dia as violências e as ameaças à vida e à dignidade humana.

Que o Senhor que é pai e mãe de todos abençoe seu ministério à frente da Igreja e abençoe a todos e todas nós.

Dom Enemésio Lazzaris, bispo de Balsas - MA                                      

Presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

Rio de Janeiro, 23 de julho de 2013.Fonte: POM

Presidente Dilma pode aprovar lei abortista assim que a JMJ e visita do Papa Francisco acabar

RIO DE JANEIRO, 26 Jul. 13 / 08:32 pm (ACI/EWTN Noticias).- Enquanto a Jornada Mundial da Juventude Rio2013 com a presença do Papa Francisco acontece no Rio de Janeiro, está em andamento o projeto de lei PLC 3/2013, que permitirá a distribuição de uma droga abortiva em todo o sistema de saúde do país, para entrar em vigor, a lei só precisa da sansão da presidente Dilma Rousseff.

Fontes comunicaram ao Grupo ACI, que a presidente Dilma pode assinar a lei já na próxima semana, em 2 de agosto, data em que se celebra o dia da luta pelo fim da violência contra as mulheres. Caso a lei seja aprovava, a droga abortiva poderá ser entregue a qualquer mulher grávida e funciona provocando contrações que acarretam no assassinato do feto.

As fontes disseram que o projeto foi aprovado no Congresso em 4 de julho, sob uma linguagem muito sútil, que enganou os deputados brasileiros, inclusive os que são defensores da vida.

Antes desta decisão, mais de 20 associações de defesa da vida, na América Latina, enviaram um pronunciamento pedido a todo o povo brasileiro que “não se deixem enganar e façam todo o possível para que a PL 03-2013 não seja aprovada”.

Neste pronunciamento, as associações disseram que “temos estudado o projeto de lei e reconhecemos a mesma estratégia que querem aplicar em todos os países para o uso generalizado e sem a prescrição de uma droga abortiva. O primeiro passo para que esta estratégia funcione, é que a mulher pode declarar que sofreu violência sexual e só com sua palavra, ser autorizada a solicitar um aborto”.

Entre os adeptos a este pronunciamento se encontra HazteOir.org, uma plataforma com mais de 400 mil membros ativos, membros da Red Família, grupo pró-vida do México, que é integrada por mais de 800 organizações e outros reconhecidos líderes nacionais, de mais de uma dezena de países.

Carlos Polo, diretor do Escritório para a América Latina do Population Research Institute e porta-voz do grupo, explicou que “esta é lei com a qual todo abortista latino-americano sonha, porque ela permitirá que qualquer mulher obtenha um aborto com pílulas, apenas dizendo que sua gravidez é resultado de uma violação. As organizações a favor do aborto têm trabalhado durante anos e atualmente, promovem abortos com esta droga de maneira clandestina, através de aconselhamento via internet ou celulares”.

Polo esclareceu que os grupos abortistas acharam conveniente esperar a ocasião em que os católicos estariam com o Santo Padre e os deputados estariam de férias, até 5 de agosto. “Estamos nos mobilizando nas redes sociais, pedindo aos jovens pró-vida da JMJ que usem uma gravata amarela para expressar que o Brasil defende a vida. A mesma mão que vai apertar a mão do Papa Francisco não deve assinar um projeto de lei que acabaria com a vida de muitas crianças não nascidas”, concluiu.

O pronunciamento completo se encontra em: http://www.lapop.org/#panel-1
 Fonte: Acidigital

Papa Francisco acompanha Via Sacra em Copacabana e recorda das vítimas do incêndio em Santa Maria



26 / Jul / 2013 22:54
Na noite desta sexta-feira, o Papa Francisco participou, com os mais de um milhão de jovens reunidos na Praia de Copacabana, da Via Sacra, sempre um dos momentos mais intensos das Jornadas Mundiais da Juventude. 280 artistas e voluntários do Brasil, Porto Rico, México, Argentina, Alemanha e Estados Unidos representaram as treze das estações distribuídas ao longo de 900 metros da Av. Atlântica, sendo que a última foi representada no palco central, onde encontrava-se o Santo Padre.
O Papa Francisco foi de helicóptero até o Forte de Copacabana onde embarcou no Papamóvel, sendo uma vez mais, saudado por milhares de pessoas ao longo de todo o trajeto na Av. Atlântica. O Santo Padre, como de costume, fez algumas paradas ao longo do percurso. Numa delas, desceu do Papamóvel e abençoou uma imagem de Nossa Senhora de Luján, nas mãos de um sacerdote, e uma imagem de São Francisco. Uma senhora tinha uma pomba de gesso nas mãos que também foi abençoada por Francisco. Também beijou diversas crianças, saudou e abençoou populares e doentes.

O Papa Francisco subiu ao palco às 17hs56min, saudando os Cardeais e Bispos presentes e os 35 ‘trabalhadores excluídos’ ou ‘cartoneros’ (catadores de papel) que pediu que fossem buscados na Argentina e colocados no palco principal, próximo a ele. Por volta das 18 horas, Francisco fez a Oração de Abertura da Via Sacra. A cruz percorreu as Estações, passando pela Pedra do Arpoador e a Escadaria Selarón, na Lapa, além de outras ruas da cidade carioca, envolvendo 280 voluntários, durante mais de uma hora, ao som de uma orquestra, um coral, tudo aliado a um espetáculo de luzes e coreografias.

Os textos das meditações das 14 estações foram escritos pelos padres Zezinho e Joãozinho, sacerdotes dehonianos, e evocaram o sofrimento de Jesus, expresso nos problemas dos jovens de hoje. Assim, missionaridade, conversão, comunidade, jovens mães, seminaristas, a religião em defesa da vida, casais, mulheres sofridas, estudantes, redes sociais, jovens detentos e a pastoral carcerária, doenças terminais, morte dos jovens e a juventude de todo o mundo foram temas lembrados nas Estações.


Após a Via Sacra, o Papa Francisco dirigiu sua mensagem aos jovens, recordando que João Paulo II havia confiado a eles a cruz, dizendo: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção»”. E observou que “a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram”. E acrescentou:

“Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?

Após, o Papa falou sobre uma antiga tradição da Igreja de Roma que relata uma situação vivida por Pedro com Jesus, que o fez entender, que “ele devia seguir o Senhor com coragem até o fim, e que aquele Jesus - que o amara até o ponto de morrer na Cruz - estava sempre com ele”. E acrescentou que “Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos”:

“Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; com a Cruz Jesus se une às famílias que passam por dificuldades pela trágica perda de seus filhos, como no caso dos 242 jovens vítimas do incêndio em Santa Maria no início do ano. Rezemos por eles! com a Cruz, Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que, por outro lado, se dá ao luxo de todos os dias jogar fora toneladas de comida; pela cruz Jesus se une aos pais que vêem seus filhos presos nos paraísos artificiais da droga; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida”.

“E assim – diz o Papa - podemos responder à segunda pergunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós?”.

“Ela deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar. Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia”. E diz aos jovens:

“Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida”.

Francisco observou então, que o primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de ‘Terra de Santa Cruz’. “A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco”. E acrescentou:

“Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres... Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos”.

“Queridos amigos – disse o Papa – a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria?”, perguntou.

E conclui, dizendo que devemos levar as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo, pois alí “encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor.”

Na conclusão do encontro, foi rezado um Pai Nosso e o Santo Padre concedeu a sua bênção a todos, transferindo-se a seguir para a residência em Sumaré.

Eis uma síntese das meditações em cada Estação:

Na 1ª estação, rezou-se pelos jovens inocentes que “todos os dias são condenados à morte pela pobreza, pela violência e por todo tipo de consequências do pecado”.

O “jovem convertido” que quer ser “instrumento” do amor de Deus esteve presente na 2ª estação, e na 3ª foram evocadas as preces do “voluntário de uma comunidade de recuperação” que quer ser o Bom Samaritano que “para além dos discursos, tem coragem de levantar quem está caído à beira do caminho e cuidar de suas feridas”.

A quarta estação – “Jesus encontra a sua mãe aflita” – recordou as dores das mães que sentem o sofrimento dos seus filhos: “É uma comunhão redentora”.

Na 5ª estação, os “seminaristas” chamados ao sacerdócio, também estiveram presentes com as suas orações e preocupações em serem “um bom pastor”.

Na 6ª estação, a consagrada ao “serviço do irmão” pediu forças, pois encontra “nas vias-sacras da vida tantas vítimas de uma «cultura de morte»”.

Os casais de namorados, que pretendem “construir uma família pelos fundamentos e não pelo telhado”, foram recordados na 7ª estação.

O sofrimento das mulheres, cuja “vocação” é “do berço até à cruz” está presente na oitava estação e os “estudantes” são recordados na estação onde “Jesus cai pela terceira vez”: “O conhecimento e a ciência encantam-me, mas muitas vezes seduzem-me e até induzem-me a imaginar que não preciso de ti”.

A Via Sacra não esqueceu das redes sociais e da ‘geração que nasceu conectada por meio da internet”. Na 10ª Estação, é pedido “que a tua graça nos ensine os caminhos para evangelizar o «continente digital» e nos deixe atentos à possível dependência ou confusão entre o real e o virtual”, é o pedido da 10ª estação.

Na 11ª estação são lembrados os “milhões” de jovens presidiários, na 12ª os jovens com doenças terminais e na 13ª os jovens “deficientes auditivos”: “Existem momentos em que o silêncio e a contemplação falam muito mais”.

Na 14ª e última estação, foram recordados os jovens de todas as regiões do globo.
Fonte: Rádio Vaticano


Papa Francisco atende confissões e se encontra com oito jovens detentos


26 / Jul / 2013 21:53
O Papa Francisco iniciou esta sexta-feira (26), celebrando a missa na capela da residência arquiepiscopal de Sumaré, no Rio de Janeiro. A seguir, o pontífice se dirigiu para a Quinta da Boa Vista onde confessou alguns jovens da Jornada Mundial da Juventude. Da Quinta da Boa Vista, o Papa se dirigiu para o Palácio São Joaquim, Arcebispado do Rio de Janeiro, onde se encontrou com oito jovens detentos, seis homens e duas mulheres. Ao meio-dia, o Papa rezou a oração do Ângelus no balcão do Palácio São Joaquim, na Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro, neste dia em que a Igreja celebra Sant’Ana e São Joaquim.
Ele fez um breve discurso no qual lembrou a importância dos anciãos e das crianças na construção do futuro dos povos. Também pediu que os jovens presentes enviassem uma saudação aos seus avós, já que hoje no Brasil é celebrado o dia dos avós.
"Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé. Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa. Hoje, na festa de São Joaquim e Santana, no Brasil se celebra a festa dos avós. Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade", afirmou.
A oração do Ângelus, também conhecida como a hora do Ângelus, não é uma cerimônia ou de uma missa, mas o momento em que o Papa faz alusão a algum assunto do dia para, em seguida, fazer a oração e abençoar os peregrinos. A hora do Ângelus é habitualmente feita por Francisco aos domingos do balcão do apartamento papal, no Vaticano.
"Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos. (...) Esse diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado. Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Saudamos aos avós! Eles, os jovens, saúdem os seus avós com muito carinho e lhes agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente", completou o pontífice.
Francisco lembrou que a Ave Maria é uma oração simples e que na Jornada ela é rezada em três momentos do dia: pela manhã, ao meio-dia e ao anoitecer. "É, porém, uma oração importante. Convido a todos a rezá-la", disse antes de iniciar a oração.
Confissão
O Papa ouviu ainda a confissão de cinco jovens inscritos na Jornada Mundial da Juventude, durante encontro na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio de Janeiro. O grupo foi formado por três brasileiros, uma italiana e um venezuelano. O pontífice fez também uma oração com os fiéis.
No total, 50 confessionários foram montados na Quinta da Boa Vista para que outros jovens se confessem aos padres. Uma das estruturas foi usada pelo Papa, que chegou ao local em carro fechado por volta das 9h30, acenou aos fiéis que o esperavam, mas não fez o trajeto a pé que estava programado até a tenda. A comitiva usou entrada próxima à antiga residência da família real, e não a entrada da Estação de São Cristóvão, como previsto.
"Logo após as confissões na Quinta da Boa Vista, o Papa Francisco encontrou-se no Palácio São Joaquim, Arcebispado do Rio de Janeiro, com oito jovens detentos, seis homens e duas mulheres, acompanhados por alguns assistentes", disse o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, numa coletiva aos jornalistas.

Segundo o porta-voz vaticano, os jovens vestiam a camiseta da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e se sentaram em círculo em torno ao Papa. Estava também presente um juiz de menores que manifestou sua gratidão pelo compromisso da Igreja na Pastoral Carcerária e depois disse que na próxima semana haverá uma boa notícia para esses jovens, "talvez um ato de clemência", explicou Pe. Lombardi.

Os jovens pediram ao Papa para abençoar alguns objetos e fizeram um foto com ele. Uma jovem cantou uma música composta especialmente para o Papa e em seguida, leu uma carta escrita em nome de suas companheiras de prisão. Ela doou ao pontífice um grande terço com uma cruz na qual estava escrito "Candelária nunca mais", recordando a batida policial no Rio de Janeiro que em julho de 1993 matou 11 meninos de rua que dormiam em frente à Igreja da Candelária.

O Papa rezou diante do terço e disse com veemência: "Violência nunca mais, só amor"! O Santo Padre convidou os jovens a rezar pelas vítimas da violência, os encorajou a olhar para o futuro e pediu-lhes para rezar por ele.

"Foi um encontro comovente", disse Pe. Lombardi, que mostrou como para o Papa Francisco a JMJ não deve se esquecer dos encarcerados.

O porta-voz vaticano recordou que o Santo Padre está muito próximo do mundo das prisões e continua telefonando a cada duas semanas a um grupo de detentos na Argentina.

Fontes: Rádio Vaticano e Portal G1

Liturgia Diária

Invoquemos a presença do Espírito Santo para ler e refletir a liturgia de hoje:

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.


Oremos:


Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.


Oração
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que, como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.
Primeira leitura: Êx 24,3-8
Leitura do livro do Êxodo - Naqueles dias, 3Moisés veio referir ao povo todas as palavras do Senhor, e todas as suas leis; e o povo inteiro respondeu a uma voz: "Faremos tudo o que o Senhor disse." 4E Moisés escreveu todas as palavras do Senhor. No dia seguinte, de manhã, edificou um altar ao pé da montanha e levantou doze estelas para as doze tribos de Israel. 5Enviou jovens dentre os israelitas, os quais ofereceram holocaustos e sacrifícios ao Senhor e imolaram touros em sacrifícios pacíficos. 6Moisés tomou a metade do sangue para metê-lo em bacias, e derramou a outra metade sobre o altar. 7Tomou o livro da aliança e o leu ao povo, que respondeu: "Faremos tudo o que o Senhor disse e seremos obedientes." 8Moisés tomou o sangue para aspergir com ele o povo: "Eis, disse ele, o sangue da aliança que o Senhor fez convosco, conforme tudo o que foi dito." - Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmos: Sl 49
          — Imola a Deus um sacrifício de louvor.
— Imola a Deus um sacrifício de louvor.
— Falou o Senhor Deus, chamou a terra, do sol nascente ao sol poente a convocou. De Sião, beleza plena, Deus refulge.
— “Reuni à minha frente os meus eleitos, que selaram a Aliança em sacrifícios!” Testemunha o próprio céu seu julgamento, porque Deus mesmo é juiz e vai julgar.
— “Imola a Deus um sacrifício de louvor e cumpre os votos que fizeste ao Altíssimo. Invoca-me no dia da angústia, e então te livrarei e hás de louvar-me.
 
Evangelho: Mt 13,24-30
         - O Senhor esteja convosco.
          - Ele está no meio de nós.
          - Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo São Mateus.
          - Glória a vós, Senhor.

         Naquele tempo, 24Jesus propôs-lhes outra parábola: O Reino dos céus é semelhante a um homem que tinha semeado boa semente em seu campo. 25Na hora, porém, em que os homens repousavam, veio o seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e partiu. 26O trigo cresceu e deu fruto, mas apareceu também o joio. 27Os servidores do pai de família vieram e disseram-lhe: - Senhor, não semeaste bom trigo em teu campo? Donde vem, pois, o joio? 28Disse-lhes ele: - Foi um inimigo que fez isto! Replicaram-lhe: - Queres que vamos e o arranquemos? 29- Não, disse ele; arrancando o joio, arriscais a tirar também o trigo. 30Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifadores: arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar. Recolhei depois o trigo no meu celeiro. - Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
 
Comentário do Evangelho
A “boa semente” designa a existência humana, que é dom de Deus.
A parábola do joio e do trigo é própria a Mateus, e se presta a uma releitura de Gênesis 1–3.

A pergunta à qual a parábola responde é pela origem do mal: “Donde veio então o joio?” (v. 27). O campo é onde Deus semeia a “boa semente” (v. 24).


Quem semeia, como dissemos acima, espera colher os frutos de seu trabalho.


O Reino dos Céus pode ser comparado a uma história, no sentido de que ele é apresentado como sendo um empreendimento de Deus.


Podemos considerar que a “boa semente” que cresce e dá frutos designa a existência humana, que é dom de Deus. O trigo que germina e cresce no meio do joio perece vulnerável como a nossa existência, mas, aos olhos de Deus, nossa existência, no campo contaminado pela erva má, é portadora do projeto de Deus; por isso, é necessário esperar o tempo oportuno para identificar e arrancar o joio.


A parábola não nos convida a nenhum ativismo. Ela previne os servidores do Mestre contra uma atitude intempestiva que poderia arruinar toda iniciativa de Deus (cf. vv. 28b-30). Mas de onde veio o mal? Na linguagem bíblica, o mal é inimigo, adversário. Este inimigo permanece anônimo, não tem nome próprio, mas nome comum. Ele interveio de noite, quando todos dormiam (cf. v. 25); ele é desconhecido. Não é alguém que se pudesse nomear. Esse anonimato do inimigo é muito importante: nós não podemos, simplesmente, atribuir a outros, ou identificar, personalizar esse poder, isto é, imaginá-lo fora de nós. Mas o dono do campo não renuncia à colheita, ele espera (v. 30).


O que na parábola se chama joio nos remete, em nossos dias, a outras manifestações de uma hostilidade sem causa e sem medida contra a ação de Deus.
 
Leitura Orante

1- Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto Mt 13,24-30.
Jesus conta mais uma parábola de cunho agrícola. Compara o reino do céu como um semeador que semeia boas sementes de trigo. Conta que apareceu também um inimigo, à noite, sem que ninguém o visse, e semeou no meio do trigo uma erva ruim chamada joio. E foi embora. Tanto o trigo como o joio cresceram. O que fazer? Arrancar o joio? Não, diz o homem. Se arrancar o joio, pode arrancar também o trigo. Manda que deixem crescer os dois até a colheita. Então, poderão arrancar primeiro o joio e queimá-lo. Depois colherão o trigo que será armazenado. O que Jesus quer dizer com esta parábola?
Jesus lembra que é um desafio anunciar o Evangelho. Não devemos nos preocupar com aqueles que divulgam o erro. Deve-se ter o cuidado para não deturpar, distorcer a Palavra, transformando-a em erva daninha.
O grande biblista Carlos Mesters, assim comenta: "O joio e trigo crescem juntos. A Palavra de Deus que faz nascer a comunidade é semente boa, mas dentro das comunidades sempre aparecem coisas que são contrárias à Palavra de Deus. De onde vêm?"
O joio é o inimigo que se infiltra na comunidade. Quem é este inimigo? O inimigo, o adversário, Satanás ou diabo (Mt 13, 39), é aquele que divide, que desvia. A tendência de divisão existe dentro de cada um de nós. O desejo de dominar, de se aproveitar da comunidade para subir e tantos outros desejos interesseiros divisionistas, são do inimigo que dorme dentro de cada um de nós e dentro da comunidade, da família, da Igreja.
Paciência e lucidez é o que se recomenda ao constatar a ambigüidade, essa mistura do bem e do mal. Pensavam: “Se deixarmos todo o mundo dentro da comunidade, perdemos nossa razão de ser! Perdemos a identidade!” Queriam expulsar os que pensavam de modo diferente. Mas esta não é a decisão do Dono do terreno. Ele diz: “Deixa crescer juntos até a colheita!” O que vai decidir não é o que cada um fala e diz, mas o que cada um vive e faz. É pelo fruto produzido que Deus nos julgará. A força e o dinamismo do Reino se manifestam na comunidade. Mesmo sendo pequena e cheia de contradições, ela é um sinal do Reino. Mas ela não é dona do Reino, nem pode considerar-se justa. A parábola do joio e do trigo explica a maneira como a força do Reino age na história. É preciso ter paciência e aprender a conviver com as contradições e as diferenças, mesmo tendo uma opção clara pela justiça do Reino.

2- Meditação (Caminho)

O que o texto diz para mim, hoje? Os bispos, em Aparecida, assim se expressaram "Desejamos que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43)." (DAp 32.)

3- Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, com toda a Igreja:
Senhor, Deus da vida e do amor,
enviastes o vosso Filho
para nos libertar das forças da morte
e conduzir-nos no caminho da esperança.
Movei-nos pelo dom do vosso Espírito!
Fazei-nos discípulos,
comprometidos com o anúncio do Evangelho,
caminhando ao encontro de nossos irmãos e irmãs,
acolhendo a todos, sobretudo os jovens,
os afastados, os pobres, os excluídos.
Virgem Mãe Aparecida,
Intercedei junto ao vosso Filho,
para que sejamos fiéis ao nosso compromisso
de discípulos missionários. Amém!

4- Contemplação (Vida e Missão)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar coincide com o olhar da Igreja que afirma: "Que a alegria da boa nova do Reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf. Lc 10,29-37; 18,25-43)." (DAp 32)

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.   Fonte: Catequese Católica

Na Via Sacra, Papa Francisco fala dos jovens que perderam a fé na Igreja pela incoerêcia de seus filhos e recorda das vítimas do incêndio em Santa Maria

2013-07-27 Rádio Vaticana
Rio de Janeiro (RV) Na noite desta sexta-feira, o Papa Francisco participou, com os mais de um milhão de jovens reunidos na Praia de Copacabana, da Via Sacra, sempre um dos momentos mais intensos das Jornadas Mundiais da Juventude. 280 artistas e voluntários do Brasil, Porto Rico, México, Argentina, Alemanha e Estados Unidos representaram as treze das estações distribuídas ao longo de 900 metros da Av. Atlântica, sendo que a última foi representada no palco central, onde encontrava-se o Santo Padre.
O Papa Francisco foi de helicóptero até o Forte de Copacabana onde embarcou no Papamóvel, sendo uma vez mais, saudado por milhares de pessoas ao longo de todo o trajeto na Av. Atlântica. O Santo Padre, como de costume, fez algumas paradas ao longo do percurso. Numa delas, desceu do Papamóvel e abençoou uma imagem de Nossa Senhora de Luján, nas mãos de um sacerdote, e uma imagem de São Francisco. Uma senhora tinha uma pomba de gesso nas mãos que também foi abençoada por Francisco. Também beijou diversas crianças, saudou e abençoou populares e doentes.
O Papa Francisco subiu ao palco às 17hs56min, saudando os Cardeais e Bispos presentes e os 35 ‘trabalhadores excluídos’ ou ‘cartoneros’ (catadores de papel) que pediu que fossem buscados na Argentina e colocados no palco principal, próximo a ele. Por volta das 18 horas, Francisco fez a Oração de Abertura da Via Sacra. A cruz percorreu as Estações, passando pela Pedra do Arpoador e a Escadaria Selarón, na Lapa, além de outras ruas da cidade carioca, envolvendo 280 voluntários, durante mais de uma hora, ao som de uma orquestra, um coral, tudo aliado a um espetáculo de luzes e coreografias.
Os textos das meditações das 14 estações foram escritos pelos padres Zezinho e Joãozinho, sacerdotes dehonianos, e evocaram o sofrimento de Jesus, expresso nos problemas dos jovens de hoje. Assim, missionaridade, conversão, comunidade, jovens mães, seminaristas, a religião em defesa da vida, casais, mulheres sofridas, estudantes, redes sociais, jovens detentos e a pastoral carcerária, doenças terminais, morte dos jovens e a juventude de todo o mundo foram temas lembrados nas Estações.

Após a Via Sacra, o Papa Francisco dirigiu sua mensagem aos jovens, recordando que João Paulo II havia confiado a eles a cruz, dizendo: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção»”. E observou que “a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram”. E acrescentou:
“Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?

Após, o Papa falou sobre uma antiga tradição da Igreja de Roma que relata uma situação vivida por Pedro com Jesus, que o fez entender, que “ele devia seguir o Senhor com coragem até o fim, e que aquele Jesus - que o amara até o ponto de morrer na Cruz - estava sempre com ele”. E acrescentou que “Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos”:
Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; com a Cruz Jesus se une às famílias que passam por dificuldades pela trágica perda de seus filhos, como no caso dos 242 jovens vítimas do incêndio em Santa Maria no início do ano. Rezemos por eles! Com a Cruz, Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que, por outro lado, se dá ao luxo de todos os dias jogar fora toneladas de comida; pela cruz Jesus se une aos pais que vêem seus filhos presos nos paraísos artificiais da droga; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida”.
“E assim – diz o Papa - podemos responder à segunda pergunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós?”.
“Ela deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar. Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia”. E diz aos jovens:
Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida”.
Francisco observou então, que o primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de ‘Terra de Santa Cruz’. “A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco”. E acrescentou:
Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres... Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos”.
“Queridos amigos – disse o Papa – a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria?”, perguntou.
E conclui, dizendo que devemos levar as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo, pois alí “encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor.”
Na conclusão do encontro, foi rezado um Pai Nosso e o Santo Padre concedeu a sua bênção a todos, transferindo-se a seguir para a residência em Sumaré.
Eis uma síntese das meditações em cada Estação:
Na 1ª estação, rezou-se pelos jovens inocentes que “todos os dias são condenados à morte pela pobreza, pela violência e por todo tipo de consequências do pecado”.
O “jovem convertido” que quer ser “instrumento” do amor de Deus esteve presente na 2ª estação, e na 3ª foram evocadas as preces do “voluntário de uma comunidade de recuperação” que quer ser o Bom Samaritano que “para além dos discursos, tem coragem de levantar quem está caído à beira do caminho e cuidar de suas feridas”.
A quarta estação – “Jesus encontra a sua mãe aflita” – recordou as dores das mães que sentem o sofrimento dos seus filhos: “É uma comunhão redentora”.
Na 5ª estação, os “seminaristas” chamados ao sacerdócio, também estiveram presentes com as suas orações e preocupações em serem “um bom pastor”.
Na 6ª estação, a consagrada ao “serviço do irmão” pediu forças, pois encontra “nas vias-sacras da vida tantas vítimas de uma «cultura de morte»”.
Os casais de namorados, que pretendem “construir uma família pelos fundamentos e não pelo telhado”, foram recordados na 7ª estação.
O sofrimento das mulheres, cuja “vocação” é “do berço até à cruz” está presente na oitava estação e os “estudantes” são recordados na estação onde “Jesus cai pela terceira vez”: “O conhecimento e a ciência encantam-me, mas muitas vezes seduzem-me e até induzem-me a imaginar que não preciso de ti”.
A Via Sacra não esqueceu das redes sociais e da ‘geração que nasceu conectada por meio da internet”. Na 10ª Estação, é pedido “que a tua graça nos ensine os caminhos para evangelizar o «continente digital» e nos deixe atentos à possível dependência ou confusão entre o real e o virtual”, é o pedido da 10ª estação.
Na 11ª estação são lembrados os “milhões” de jovens presidiários, na 12ª os jovens com doenças terminais e na 13ª os jovens “deficientes auditivos”: “Existem momentos em que o silêncio e a contemplação falam muito mais”.
Na 14ª e última estação, foram recordados os jovens de todas as regiões do globo. (JE)   Fonte: News.VA

Conheça o trabalho da Pastoral das Favelas no Rio

Fonte:News.VA
2013-07-25 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – 1 milhão e 700 mil pessoas: segundo o Coordenador da Pastoral das Favelas, Pe. Luis Antonio Pereira, este é o número dos cidadãos que moram em favelas no Rio de Janeiro.
Os morros começaram a ser habitados desde 1880, anos antes da abolição da escravatura. Diferentemente do Estado, a Igreja está presente nas comunidades, sejam elas pacificadas ou não, como nos explica Pe. Luis:                                                                                  

Intensa participação dos jovens na Via Sacra, sexta à noite, em Guanabara. A alocução do Papa. Entrevista ao autor do texto

2013-07-27 Rádio Vaticana
A jornada do Papa Francisco desta sexta-feira, 26 de Julho, no Brasil, concluiu-se com a Via Sacra na marginal de Copacapana. O Papa chegou de helicóptero às 17.20, (22.20 em Roma), passou no “papamóvel” entre os fiéis, e introduziu depois, do palco, a celebração e o desenrolar da Via Sacra.
Eis o texto integral da alocução final do Papa, pronunciada em grande parte em espanhol:

"Queridos jovens, Viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude. No final do Ano Santo da Redenção, o Bem-aventurado João Paulo II quis confiá-la a Cruz a vocês, jovens, dizendo-lhes: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção» (Palavras aos jovens [22 de abril de 1984]: Insegnamenti VII,1 (1984), 1105). A partir de então a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram. Meus irmãos, ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?
1. Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta que o Apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da perseguição do Imperador Nero, viu que Jesus caminhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou: «Para onde vais, Senhor?». E a resposta de Jesus foi: «Vou a Roma para ser crucificado outra vez». Naquele momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor com coragem até o fim, mas entendeu sobretudo que nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre estava aquele Jesus que o amara até o ponto de morrer na Cruz. Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos. Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une às famílias que passam por dificuldades, que choram a perda de seus filhos, ou que sofrem vendo-os presas de paraísos artificiais como a droga; nela Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida (cf. Jo 3,16). 2. E assim podemos responder à segunda pregunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar. Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia. E este é um amor em que podemos confiar, em que podemos crer. Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele (cf. Carta enc. Lumen fidei, 16)! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida.
O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de «Terra de Santa Cruz». A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco.
3. Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres... Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos. Queridos amigos, a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria? Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo; encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor. "
As estações da Via Sacra evocavam o sofrimento de Jesus expresso nos jovens de hoje. 14 as estações, 13 das quais ao longo de um percurso de 900 metros daquela marginal atlântica. Um elenco excepcional animou a celebração que durou cerca duma hora e um quarto. 280 artistas e voluntários do Brasil, mas também de Porto Rico, México, Argentina, Alemanha, e Estados Unidos. Em cada uma das estações foi desenvolvido um tema que tocava directamente a juventude de hoje: missionariedade, conversão, comunidade, jovens mães, seminaristas, religião em defesa da vida, casais, mulheres sofredoras, estudantes, redes sociais e a juventude de todo o mundo.
A representação de cada uma das estações desenvolveu-se contemporaneamente ao longo da Via Sacra e no palco central perante o Santo Padre, que se faz assim presente em todos os momentos da celebração. Os textos das meditações, aprovados pela Santa Sé em 2012, foram preparados pelos sacerdotes dehonianos, P. Zezinho (José Fernandes de Oliveira) e P. Joãozinho (João Carlos de Almeida) conhecidos no Brasil pelo seu empenho junto dos jovens.
Padre Joãozinho foi entrevistado pela Rádio Vaticano:
“Pode-se dizer que entrei da gaiato no navio, porque D. Orani tinha pedido ao P. Zezinho se podia fazer as meditações da Via Sacra. O P. Zezinho é um símbolo da pastoral juvenil no Brasil. Podemos dizer que ele reinventou a comunicação com a juventude nos anos 60-70. Foi, provavelmente, um dos precursores dessa mesma pastoral, escrevendo textos famosos. Mas depois desse convite, o P. Zezinho teve um derrame cerebral que lhe impediu aceitar o convite. No entanto, foi ele próprio que depois me chamou para exprimir o desejo de fazer as meditações. Na sequência disto, D. Orani me convidou-me a ajudar o P. Zezinho. Levamos um mês para preparar todas as estações; era a Via Sacra de Jesus e ao mesmo tempo a do P. Zezinho, tornando-se depois na Via Sacra da “Juventude Solidária”. Este mote foi aprovado pelo Vaticano e depois demos início aos trabalhos de encenação, o que não é nada fácil. Pôr quase dois milhões de jovens na marginal de Copacabana a seguir a Cruz. Inventamos momentos de surpresa que não posso revelar, temos de esperar até amanhã, são segredos”                          Fonte: News.VA

Card. Raymundo D. Assis: “Papa traz mensagem de simplicidade”

Papa-Francisco-e-Cardeal-Dom-Raymundo-Damasceno-Assis400                                                                     O Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis, destacou a simplicidade como uma das principais mensagens do Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Desde que chegou ao Brasil, o Pontífice tem dado várias mostras de aversão ao luxo e à riqueza, fazendo questão de vir em poltrona simples no voo que o trouxe de Roma, abrindo mão de pratos refinados na residência oficial do Sumaré e andando pelas ruas do Rio em um carro convencional, de um modelo acessível à maior parte das famílias de classe média.
Dom Damasceno participou quinta-feira, 25, da ExpoCatólica, feira montada no Riocentro para divulgar destinos religiosos, que contou com a presença do ministro do Turismo, Gastão Vieira. “A visita do Papa ao país está sendo uma bênção de Deus para o nosso povo e para os jovens de uma maneira especial. As mensagens têm sido simples, mas muito profundas”, disse o arcebispo de Aparecida.
Dom Raymundo destacou a questão da simplicidade como uma característica central na mensagem do Papa: “Até no nome ele traz um ideal que deve iluminar o seu pontificado, que é o de simplicidade, austeridade, sobriedade, desapego a bens materiais. Riqueza, prazer e poder não satisfazem. Temos que preencher nossas vidas com outros valores, mais autênticos e mais verdadeiros. É uma lição para todos nós, para todo o Brasil, para todo o mundo. Não é pelo consumismo que vamos resolver nossos problemas. Toda política e toda economia devem estar a serviço do homem”.
Para Dom Damasceno, o Papa está indicando o rumo que deve nortear a Igreja brasileira daqui para frente: “Fica uma preocupação nossa em incentivar ainda mais o trabalho com a juventude. Dar maior atenção e ouvir mais os jovens. Colaborar com eles, para que possam exercer o protagonismo, seja nas comunidades eclesiais, seja também na vida social. A juventude tem um papel a desempenhar e não pode fugir dessa sua responsabilidade. Os jovens não são apenas o futuro, são o presente de nosso país”.
(Ag. Brasil-cm). Fonte: Rádio Vaticano

Comunidades Eclesiais de Base: “Justiça e profecia à serviço da vida!”

cebs

COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE – REGIONAL NORDESTE I – “JUSTIÇA E PROFECIA À SERVIÇO DA VIDA!”
“Com Jesus na contramão, eu vou! Acolhendo os pequeninos do Reino que anunciou! Com Jesus na contramão, eu vou! Lutando contra o sistema excludente e opressor!”
Irmãos e irmãs da caminhada das CEBs do Brasil, Paz e Bem em Nosso Senhor Jesus Cristo!
Os dias 11 a 14 de julho de 2013 foram um tempo de muita esperança para nós. Estivemos reunidos em Juazeiro do Norte, na paróquia de N. Sra. de Lourdes, realizando o Trezinho das CEBs. Este encontro foi para nós momento de experimentar antecipadamente o 13º Intereclesial com as CEBs do Ceará.
Contando com a presença de 850 irmãos e irmãs das nove dioceses, acompanhados por nosso bispo referencial, Dom João Costa, bispo da Diocese de Iguatu, Dom Fernando Panico, bispo anfitrião da Diocese de Crato, os assessores Benedito Ferraro, assessor da Ampliada Nacional, e Sergio Coutinho, assessor da Comissão do Laicato da CNBB – Setor CEBs. Viemos como romeiros e romeiras para as terras do Pe. Cícero que acolherá o nosso 13º Intereclesial.
A abertura fez memória dos intereclesiais, patrimônio da nossa caminhada e marca histórica da nossa identidade eclesial. Somos de fato um povo peregrino na construção da justiça e da profecia a serviço do Reino. Nosso trem vem estacionando em vários recantos do Brasil, recolhendo culturas, costumes, tradições.
A análise de conjuntura sociopolítica, econômica nos alertou para a efervescência dos movimentos sociais em nosso tempo. As mobilizações que tem marcado nosso país de ponta a ponta têm apontado duas palavras importantes: RECUSA e RECONHECIMENTO. A RECUSA do que está aí, da forma de fazer política, a crise da democracia representativa. A política tem se apresentado como coalizão para garantir governabilidade. Percebe-se que há um abandono de bandeiras históricas, tais como: reforma agrária, reforma política, demarcação das terras indígenas e quilombolas. RECONHECIMENTO da necessidade de um novo tipo de democracia, onde o povo tenha participação direta, que tenha as rédeas das definições. As manifestações exigem a retomada da ética na política e retomam bandeiras tais como: transporte público, barato e de qualidade, moradia, saúde, educação, “dentro dos padrões FIFA”.
Fomos alertados sobre a importância de discutirmos o documento de estudo da CNBB nº 104. Há um “perigo” de se reconhecer os mais diversos grupos como “pequenas comunidades” dentro da nova paróquia e de buscar expressões menos problemáticas que não carregam fortes conotações com a transformação da realidade como a expressão CEBs. Coloca-se para o Regional Nordeste I o desafio de realizar estudos com as diversas comunidades, contribuindo assim para o envio de sugestões.
A conjuntura eclesial nos aponta a grande novidade do Papa Francisco. Vemos, a partir de sua chegada, a retomada da centralidade dos pobres na Igreja, “um olhar mais pastoral e menos curial”. Fomos alertados de que precisamos retomar a política como expressão da nossa fé e compromisso com a criação de uma sociedade do Bem Viver e Bem Conviver. As CEBs têm um papel protagônico na criação do novo modelo eclesial, multiplicando e fortalecendo esse modelo de Igreja.
A fila do povo nos trouxe uma realidade presente no Nordeste: estamos vivendo uma seca prolongada que tem trazido muito sofrimento e fortalecida a “indústria da seca”. Enquanto as mídias nacionais, distantes da problemática, escondem as iniciativas e propostas do povo para mudar essa realidade.
Em ranchos e chapéus todos os participantes refletiram sobre duas perguntas: a) diante da conjuntura social e política, como nós romeiros e romeiras das CEBs, no campo e na cidade, devemos entrar na política? Quais são as nossas bandeiras? b) como as CEBs podem ajudar a Igreja a estar mais próxima das lutas e aspirações dos pobres? Concluindo o dia, todos os romeiros e romeiras tiveram bonitos encontros com as famílias acolhedoras.
O dia seguinte trouxe para nós a essência do que é a espiritualidade romeira. Ir. Annette Dumoulin, estudiosa das romarias, nos apresentou uma reflexão sobre a relação pendular entre o TEMPLO e o CAMINHO a partir da experiência do povo de Deus na Bíblia. Mostrou-nos que o templo pode vir a tornar-se um lugar de poder econômico, político e religioso, que aprisiona a experiência de Deus. Jesus esteve no templo, mas no CAMINHO é que fez o Reino acontecer. Deixou alguns questionamentos: As CEBs conhecem a tensão entre TEMPLO e CAMINHO? Para que lado vai o pêndulo na sua Diocese, na sua paróquia? Em ranchos e chapéus os participantes responderam a estes questionamentos.
Organizados por dioceses, fizemos nossos compromissos na caminhada do Regional NE I para o próximo quadriênio, bem como nossos compromissos como anfitriões do 13º Intereclesial. Em seguida, como romeiros e romeiras, saímos em romaria para a Igreja de São Francisco de Assis, onde realizamos a tarde orante em memória dos mártires e profetas e o encontro dos artistas da caminhada, concluindo nosso dia com muita arte e festa.
No domingo, último dia do nosso encontro, apresentamos para o conjunto dos participantes os nossos compromissos diocesanos. A celebração final foi marcada pela unção com óleo em todos os participantes, enviando-nos enquanto equipes de serviço para o 13º Intereclesial.
Estamos prontos! Podem chegar! Venham todos e todas, como romeiros e romeiras a serviço da vida no campo e na cidade!
Juazeiro do Norte/CE, 14 de julho de 2013.Fonte: Arquidiocese de Fortaleza

Com os pobres e com os jovens

papa                            Ao encontrar os trinta mil jovens vindos da Argentina, um encontro inicialmente não programado, e com a festa de acolhimento em Copacabana, muito calorosa não obstante o frio, o Papa Francisco fez entrar no vivo a jornada mundial da juventude iniciada numa Rio de Janeiro cinzento e chuvoso, mas onde depois raiou o sol. Poucas horas antes o Pontífice tinha encontrado a pequena comunidade da Varginha no coração de uma das numerosas favelas da metrópole brasileira, exemplo concreto daquelas periferias materiais e existenciais que desde há décadas estão no centro da sua atenção e solicitude de sacerdote e de bispo.
Portanto, pobres e jovens mas não isolados como se fossem categorias a serem classificadas ou tratadas de forma asséptica, mas que ao contrário devem ser consideradas e, sobretudo, encontradas no tecido social. O Papa já o tinha explicado, falando aos jornalista no avião em voo para o Brasil e reiterou-o aos milhares de argentinos que apinharam a catedral do Rio e o adro: o risco, para todos, é a exclusão. Com efeito, a crise mundial evidenciou os perigos intoleráveis que podem ser causados pela falta de trabalho, derivante da busca exasperada e absoluta do lucro económico que quer prescindir de qualquer controle, ídolo novo e terrível.
Eis então a marginalização de inteiras gerações. De jovens, que contudo representam o futuro, de idosos, também eles marginalizados e silenciados a ponto de fazer pensar numa eutanásia oculta, afirmou o bispo de Roma na suadação improvisada aos seus concidadãos, mas dirigindo-se como sempre a todos com eficácia extraordinária. Assim o Pontífice pediu para que se reaja a esta situação em nome do Evangelho, mesmo se isso cria problemas como consequência desejada da jornada do Rio: espero lío, disse literalmente, repetindo um conceito sacrossanto e reiterado várias vezes ao longo destes meses. Para que toda a Igreja saia de si mesma e abandone uma auto-referencialidade cada vez mais estéril, para se pôr em jogo numa acção enraizada na oração e na contemplação.
Gestos e palavras tinham acabado de se entrelaçarem na visita comovedora à Varginha, que fez recordar a de Paulo VI no bairro de Tondo, na periferia de Manila, e as numerosas durante as viagens de João Paulo II e a solicitude de Bento XVI precisamente no Brasil ou durante a viagem ao Benim. No pequeno bairro de casas pobres, o Papa comoveu-se ao abençoar o altar de madeira na paróquia, como se fosse um parente em visita pegou em duas crianças ao colo para tirar fotografias num quarto minúsculo e rezou com os fiéis evangélicos, que lhe pediram com devoção para abençoar rosários e garrafinhas de água.
O Papa Francisco, bispo daquela Igreja que desde os tempos mais antigos preside na caridade a comunhão católica, quis deste modo demonstrar o rosto mais autêntico da fé cristã, o da misericórdia, durante este prólogo emocionante na jornada mundial da juventude. Que acolheu na noite húmida e fria, recordando com afecto o seu predecessor e pedindo um aplauso – «neste momento está a ver-nos» na televisão, disse – para Bento XVI. E iniciou a bater as palmas, seguido imediatamente por milhões de jovens que estavam presentes em Copacabana.
Por L’Osservatore Romanog. Fonte: http://www.news.va/pt/news/com-os-pobres-e-com-os-jovens