segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Francisco, um sinal para o mundo

Padre Geovane Saraiva*
“A santidade está em deixar que o Senhor escreva a nossa história”, disse o Papa Francisco aos 17 de dezembro de 2013, querendo dizer que é dever do cristão se esforçar para viver bem neste mundo, consagrando cada dia de sua vida, no compromisso com o projeto de Jesus de Nazaré, na mais absoluta certeza de que o mistério da encarnação é a aurora do dia interminável; indo na direção da fulgurante glória do redentor, a conduzir a humanidade ao bom caminho, antevendo pela fé a luz inigualável, que jamais se extinguirá.
A partir desta premissa como é belo e maravilhoso compreender o 266º papa da era cristã da humanidade, sinal de vida e esperança para o mundo, eleito no dia 13 de março de 2013, no quinto escrutínio daquele Conclave de 115 Cardeais, com o nome de Jorge Mario Bergoglio sj, primeiro latino americano, primeiro jesuíta e primeiro a chamar-se Francisco, na história de dois mil anos de cristianismo. Percebe-se logo de início que quer ficar longe da pompa e tudo mais que foi introduzido no decorrer da nossa civilização cristã, a qual colocou o Papa no patamar bem elevado, no patamar de “soberano”.
Daí a escolha do nome Francisco não ter sido por acaso. Foi uma clara decisão de um programa de governo para a Igreja Católica, tendo diante dos olhos, na mente e no coração a força da figura humana de Francisco de Assis, exemplo e referencial, que viveu de um modo radical, a pobreza evangélica, desejando dizer as pessoas que é possível deixar a inércia e fazer, através do despojamento generoso, seu caminho de discernimento, tão proclamado pelo Bispo de Roma.
O Sumo Pontífice indica o caminho, contido no início do Evangelho de Marcos, no qual Jesus, caminhando à beira do mar da Galileia, chamou os pescadores Simão e André, Tiago e João e os constituiu discípulos, com a missão de levar adiante o anúncio da boa nova da salvação, dizendo-lhes que o Reino Deus, doravante anunciado por eles, chegasse a todos, sem fazer distinção alguma. O Senhor Jesus planejava para eles não mais aquele mar bem conhecido, mas um mar completamente novo, simbolizando a humanidade inteira, no qual eles iriam ser protagonistas de uma grande pescaria; que tinha chegado a hora de superar as diferenças e aproximar muitos irmãos e irmãs para Deus (cf. Mc 1, 16-20).
Como é importante o nome por ele definido: Bispo de Roma! É claro que nada impede de chamá-lo de Vigário de Cristo na terra, Pastor Universal, Romano Pontífice, Sumo Pontífice, Augusto Pontífice. Sucessor de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, Santo Padre, Sua Santidade, Chefe Visível da Igreja, Patriarca do Ocidente, Primaz da Itália e ainda Servos dos Servos de Deus. Ele se apresentou, porém, com o Bispo de Roma, nesta expressão: “parece que meus irmãos cardeais foram buscar o Bispo de Roma quase no fim do mundo”.
E aqui um olhar crítico para Francisco, que tem um coração grande, coração de pastor, que fala ao mundo, na sua conjuntura espiritual conflituosa, sem esquecer o econômico e o social, lá no âmago do coração de seu rebanho. “Agora iniciamos juntos este caminho, bispo e povo. Este caminho da Igreja de Roma, que preside na caridade a todas as Igrejas, um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos uns pelos outros. Rezemos pelo mundo, para que haja uma grande fraternidade”.
Francisco quis imprimir na mente e no coração do povo de Deus, que a mesma simplicidade por ele vivida em Buenos Aires, iria procurar vivenciá-la no Vaticano. Fala ao mundo como pai dos amigos de Jesus e de todos aqueles que abraçam a fé ou não, mostrando ao mundo o sentido da catolicidade. É claro, que o desejo de se viver e ser coerente com seu batismo é imprescindível para os cristãos, realizando a vontade do Pai, numa bela e rica experiência de que Deus é amor, no seguimento dos passos de Jesus de Nazaré.
Com a tonalidade que deu início sua missão de pastor, as mesmas palavras de simplicidade, o filho de uma família simples e numerosa, residentes do bairro humilde de Flores, nascido aos 17 de dezembro de 1936, tendo como pais, o ferroviário Mário Bergoglio e a dona de casa Regina Sivori, optando por morar num apartamento da Casa Santa Marta, albergue dos cardeais, fazendo suas refeições com os demais moradores da mesma, deslocando-se ao Palácio Apostólico para trabalhar, para as audiências e visitas de autoridades, dos chefes de estados ou representantes diplomáticos, manifestou ao mundo, nesta frase do Pobrezinho de Assis: “os pobres são meus mestres”, para que o mundo inteiro saiba.
Ao divulgar uma carta neste dia 13 de janeiro de 2014, sobre os 19 cardeais que irá constituí-los no dia 22 de fevereiro deste ano em curso, o Papa Francisco pediu-lhes simplicidade e humildade de coração: “O cardinalato não significa uma promoção, nem uma honra, nem uma condecoração, é simplesmente um serviço que exige ampliar o olhar e alargar o coração”. E ao saudar o corpo diplomático no mesmo dia, falou com veemência contra o aborto, qualificando-o como “prova da cultura do descartável, que desperdiça as pessoas da mesma forma que desperdiça o alimento; é horrível quando você pensa que há crianças vítimas do aborto, que nunca verão a luz dia”. Que a nossa oração por ele seja insistente, atendendo seu pedido constante. Assim seja!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, articulista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com

Liturgia Diária


Invoquemos a presença do Espírito Santo para ler e refletir a liturgia de hoje:

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. 

Oremos: 

Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

Oração:
Pai, sou-te infinitamente grato, pois, em Jesus Cristo movido pelo Espírito Santo, tua libertação chega até nós, vítimas de tantas formas de opressão.
Primeira leitura: 2Sm 5,1-7.10
Leitura do Segundo Livro e Samuel
Naqueles dias, 1todas as tribos de Israel vieram encontrar-se com Davi em Hebron e disseram-lhe: “Aqui estamos. Somos teus ossos e tua carne. 2Tempos atrás, quando Saul era nosso rei, eras tu que dirigias os negócios de Israel. E o Senhor te disse: Tu apascentarás o meu povo Israel e serás o seu chefe”.
3Vieram, pois, todos os anciãos de Israel até o rei em Hebron. O rei Davi fez com eles uma aliança em Hebron, na presença do Senhor, e eles o ungiram rei de Israel. 4Davi tinha trinta anos quando começou a reinar, e reinou quarenta anos: 5sete anos e seis meses sobre Judá, em Hebron, e trinta e três anos em Jerusalém, sobre todo o Israel e Judá. 6Davi marchou então com seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus que habitavam aquela terra. Estes disseram a Davi: “Não entrarás aqui, pois serás repelido por cegos e coxos”. Com isso queriam dizer que Davi não conseguiria entrar lá.
7Davi, porém, tomou a fortaleza de Sião, que é a cidade de Davi. 10Davi ia crescendo em poder, e o Senhor, Deus todo-poderoso, estava com ele. 
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmos: Sl 89
          — Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele.
— Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele.

— Outrora vós falastes em visões a vossos santos: “Coloquei uma coroa na cabeça de um herói e do meio deste povo escolhi o meu Eleito.

— Encontrei e escolhi a Davi, meu servidor, e o ungi, para ser rei, com meu óleo consagrado. Estará sempre com ele minha mão onipotente, e meu braço poderoso há de ser a sua força.

— Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. Eu farei que ele estenda sua mão por sobre os mares, e a sua mão direita estenderei por sobre os rios”. 
 
 
Evangelho: Mc 3,22-30
         - O Senhor esteja convosco.
          - Ele está no meio de nós.
          - Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo São Marcos.
          - Glória a vós, Senhor.

        Naquele tempo, 22os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebul, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios.
23Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: “Como é que Satanás pode expulsar a Satanás?24Se um reino se divide contra si mesmo ele não poderá manter-se. 25Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa.
28Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno”. 30Jesus falou isso, porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau” - Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
 
Comentário do Evangelho
A blasfêmia contra o Espírito Santo é fechamento à graça de Deus. 

A contar pelo contexto literário, os textos anteriores ao nosso nos permitem ter o pano de fundo a partir do qual é feita a acusação pelos escribas oriundos de Jerusalém de que o espírito de Beelzebu é o que movia Jesus. O modo como Jesus interpretava e punha em prática a Lei de Moisés não só gerava crise como fazia desmoronar o sistema de pureza e a prática da Lei pautada por um rigorismo tal que, mais adiante em nosso relato, Jesus dirá ser “tradição humana” (cf. Mc 7,8.13), que deixa de lado o “mandamento de Deus”. Os escribas e com eles os fariseus, entre outros, se sentiam ameaçados em seu modo de praticar a religião. A esclerocardia deles (cf. Mc 3,5) os impedia de questionarem o seu próprio modo de viver a religião. Julgando-se justos por essa prática da Lei, todos os demais para eles estavam equivocados. Daí a crítica intempestiva e contraditória a Jesus. O ouvinte e/ou leitor do evangelho que passou pela notícia do Batismo de Jesus (cf. Mc 1,9-11), sabe que ele é revestido do Espírito Santo. E por isso não pode admitir, a não ser como absurda, a acusação dos escribas. Ninguém podia fazer o bem que Jesus fazia se Deus não estivesse com ele (cf. Jo 9,33). A blasfêmia contra o Espírito Santo é fechamento à graça de Deus.
 
Leitura Orante

Oração Inicial

Preparo-me para a leitura Orante rezando, com todos os internautas:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Espírito Santo,
tu que habitas, pela fé, nos nossos corações,
abre-nos à Palavra!
Seja a nossa inteligência e a nossa vontade,
terreno bom,
onde tu possas trabalhar com liberdade,
de modo que a nossa vida
seja sinal da tua caridade.
Amém.

1- Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Mc 3,22-30, e observo pessoas, o que pensam e o que esperam de Jesus.
Os mestres dizem que Jesus está dominado por Belzebu, o chefe dos demônios. É Belzebu que dá poder a ele para expulsar demônios. Jesus os questiona: como Satanás vai expulsar a si mesmo? Como o Reino de Satanás vai se dividir? Se for assim, será destruído.

2- Meditação (Caminho)

Jesus afirma que dizer que a ação de Deus é obra de Satanás é blasfemar contra o Espírito de Deus. E ainda, as blasfêmias contra o Espírito Santo não serão perdoadas.

3- Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo, com os bispos em Aparecida:
"Guiados por Maria, fixamos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé e dizemos a Ele com o Sucessor de Pedro:
"Fica conosco, pois cai a tarde e o dia já se declina" (Lc 24,29).
Fica conosco, Senhor, acompanha-nos ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te.
Fica conosco, porque ao redor de nós as mais densas sombras vão se fazendo, e Tu és a Luz; em nossos corações se insinua a falta de esperança, e tu os faz arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu tens ressuscitado e que nos tem dado a missão de ser testemunhas de tua ressurreição.
Fica conosco, Senhor, quando ao redor de nossa fé católica surgem as névoas da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.
Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza.
Tu que és a Vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção até seu término natural.
Fica, Senhor, com aqueles que em nossas sociedade são os mais vulneráveis; fica com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontram espaços e apoio para expressar a riqueza de sua cultura e a sabedoria de sua identidade.
Fica, Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra sua inocência e contra suas legítimas esperanças. Oh bom Pastor, fica com nossos anciãos e com nossos enfermos!
Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!"( DAp 554).

4- Contemplação (Vida e Missão)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é iluminado pelo Espírito Santo.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Fonte: Catequese Católica