domingo, 10 de março de 2013
Tempo de Conclave
A declaração da
renúncia do Papa Emérito Bento XVI no último dia 11 de fevereiro,
concretizada no dia 28 do mesmo mês, desencadeou uma grande onda de
discussões na mídia sobre a Igreja Católica Apostólica Romana. Tanto pelo
ineditismo do fato – uma renúncia do Papa – como pelo momento da
história – as críticas sobre as posições da Igreja – fez com que fosse
um dos fatos mais comentados dos últimos tempos. Até mesmo as notícias
da segunda-feira do Carnaval carioca cederam ao momento eclesial.
Sem dúvida que isso reflete o quanto a Igreja Católica desperta
interesse pelo mundo e em todas as mídias. Creio que é um momento muito
importante de uma reflexão e aprofundamento sobre a maneira como somos
vistos e como nós mesmos nos vemos. Em resumo: a famosa pergunta de
Jesus para seus discípulos: “quem dizem os homens que eu sou?” e depois,
e para vocês, “quem sou eu?”
As datas e o modo como a Igreja
procede neste momento já foram amplamente divulgados por todos os meios
de comunicação. Portanto, não entrarei nesses detalhes.
Os cardeais
estão reunidos nas Congregações Gerais durante estes dias de
pré-conclave, que, inclusive, já está às portas. E para a eleição do
novo Sumo Pontífice, não só a Igreja Católica discute e reza, mas toda a
sociedade se coloca também na expectativa. As opiniões não faltam
(“quem dizem os homens que eu sou?”).
As pressões mais diversas
ocorrem pela mídia em geral, procurando impor ideias, opções ou mesmo
cercear participação. A Igreja, em sua milenar experiência, desde que se
iniciaram as Congregações Gerais, sabe da importância da sua liberdade
em escolher o Papa, por isso os cardeais já estão sob sigilo e sem
contato com informações externas. Se no passado existiram exércitos que
tentavam barrar cardeais para não participarem dos conclaves ou mesmo
reis e imperadores que declaravam “exclusão” a cardeais para não poderem
votar, hoje os tipos de exércitos e exclusões são outros, mas sempre
com a mesma finalidade: tentar impor suas ideias e candidatos ao grupo
de votantes.
As discussões sobre de qual região do mundo seria
melhor que fosse o novo Bispo de Roma, sobre a idade, tipo de pensamento
e experiência pastoral ou curial, qual seria o seu perfil, quais os
problemas a enfrentar por primeiro, ou mesmo, qual seria seu “plano de
governo” enchem a cada dia os espaços da mídia. Sem dúvida que hoje, com
o advento da comunicação, esse espaço está sendo ocupado por estas
discussões. Claro que, em meio a esse olhar, os vários grupos aproveitam
para fazer repescagem de problemas do passado e ilustrar questões
atuais para continuar tendo assuntos a explorar. Para nós, católicos, é
um oportuno momento de reflexão, pois nos responde a pergunta: “o que
dizem os outros quem sou?” E a essa pergunta, também é importante que
meditemos um pouco como estamos sendo percebidos pelas pessoas “de fora”
de nossas comunidades.
Porém, o Conclave verdadeiro é o que
acontece em Roma, tanto na Sala do Sínodo, situada na “Aula” Paulo VI,
como também na Capela Sistina e na “Domus” Santa Marta, onde estarão
residindo os cardeais votantes. O que vemos é um momento divino e
humano. De um lado tempo de oração pessoal, comunitária, pública. De
outro lado discussões, exposições, discursos, reflexões sobre o estado
atual da Igreja e o que o Espírito Santo ilumina para o futuro. Creio
que para nós, católicos, esse segundo aspecto é que deve nos nortear
nesses dias.
Nas Congregações Gerais, uma parte dos dias é destinada
à oração especial pelo conclave, além das eucaristias e liturgia das
horas. A partir desta semana, iniciaram-se em todas as paróquias,
igrejas, capelas do mundo a celebração das missas “para eleição do
Pontífice”, as horas santas nessa intenção, as vigílias de oração e
outros momentos de meditação e reflexão sobre o momento presente,
suplicando ao Senhor a graça de termos o quanto antes um Pastor que
continue levando adiante a missão de Pedro, de confirmar os irmãos e
irmãs na fé e apontar caminhos para a Igreja nos tempos atuais. Temos
certeza de que o Senhor que até aqui nos conduziu entre águas tranquilas
ou ondas de tempestade também nos conduzirá para o porto seguro, ou
seja, para vivermos a nossa vida com o Senhor, testemunhando-O
ressuscitado em nossa sociedade.
E é essa a pergunta que nós,
católicos, somos chamados a fazer para nós mesmos: “para vocês, quem sou
eu?” Nós acreditamos que é o Senhor que conduz a Igreja, que ele é o
nosso Redentor e Salvador. E que nós somos aqueles que O seguem e servem
ao Seu povo. Nós cremos e temos certeza que o Espírito Santo irá
iluminar as mentes e vontades de nossos cardeais na escolha do novo sumo
pontífice.
Problemas das mais variadas espécies sempre existiram,
mas também sempre existiram muitos santos e profetas que levaram adiante
a missão de serem sinais do caminho de todos nós: a santidade. Sabemos
também que o Senhor quer que todos sejamos santos. E este tempo
quaresmal é o belo momento de procurarmos a conversão a caminho da
Páscoa. É nesse clima de Ano da Fé e da Juventude que nos movemos neste
histórico 2013. Com confiança e com a certeza de que o Senhor é o pastor
que nos conduz.
As celebrações e orações na intenção da eleição do
Sumo Pontífice devem ser acompanhadas com os devidos esclarecimentos de
fé ao nosso povo. É tempo de oração e confiança! É um momento marcante
para a vida da Igreja! Nós participaremos com nossa unidade e meditando à
luz da fé sobre todos esses acontecimentos. Será uma bela ocasião de
afirmar que nós nos encontrarmos com o Senhor, o Filho de Deus, o
Salvador do Mundo, Jesus Cristo, a quem anunciamos e pedimos para que
sejamos sempre mais seus sinais para nossa sociedade em mudança e
transformação.
Existem pelo menos dois conclaves: o da mídia e o dos
cardeais. O da mídia nos ajuda a ver como nos percebem e nos veem. O
dos cardeais nos convida a estar junto com o Senhor na oração, olhando
com confiança o futuro da Igreja colocada nas mãos do Seu Senhor. É a
experiência do cenáculo e de Pentecostes!
Que nos fortaleçamos ainda
mais neste tempo de tantos sinais e caminhemos pressurosos para a
Páscoa do Senhor: Ele ressuscitou, Ele está no meio de nós, Ele é nossa
vida e salvação! É com essa certeza que caminhamos em meio aos desertos
da história e do mundo, deixando-nos conduzir pela ação do Espírito
Santo. Fonte: Rainha da Paz
Comentando o Evangelho
A fidelidade de Deus
A Sagrada Escritura recorda a história da obra de Deus em favor do seu povo para que Israel, nascido do êxodo, viva a fidelidade a seu Deus. A fidelidade de Israel ao Deus único e verdadeiro se apoia na memória da obra de Deus em seu favor. No Antigo Testamento, o povo é sustentado pela fidelidade de Deus.
O protagonista da parábola dos dois filhos é o pai misericordioso e compassivo. O filho mais novo, depois de esbanjar tudo o que ele tinha recebido do pai, volta para a casa do pai, não por consideração a ele, propriamente, mas porque queria matar a fome (cf. vv. 6-17). Tudo o que pensa dizer e dirá ao pai é meio para alcançar o que efetivamente queria: matar a fome. Mas o pai conhece profundamente o seu filho (ver: Sl 138[139]), por isso não leva em conta a sua artimanha: acolhe-o e devolve a ele a dignidade que o pecado o fizera perder (cf. vv. 20b-24). A atitude de compaixão do pai provoca a reação surpreendente do filho mais velho: a raiva e a recusa de participar da festa (cf. v. 28). O filho mais velho é convidado a entrar no coração do pai, pois "há mais alegria no céu por um pecador que se converte do que noventa e nove justos que não precisam de conversão" (cf. vv. 7.10.23-24).
A acolhida, o perdão e o cuidado de Deus, expressão da sua fidelidade, é o que permite ao filho mais novo, que esbanjou os bens recebidos, entrar na casa do pai e receber, como dom, a esperança de uma vida transfigurada pelo amor, manifestado também no abraço e nos beijos paternos (cf. Lc 15,20). O filho mais velho, resistente, fechado na sua própria "justiça", é convidado a entrar no coração do mistério do amor misericordioso de Deus, e tirar as consequências práticas de sua filiação (cf. v. 31). A um e outro filho, a todos, é instigante esta palavra: "Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo" (2Cor 5,17).
Carlos Alberto Contieri, sj- Paulinas
A Sagrada Escritura recorda a história da obra de Deus em favor do seu povo para que Israel, nascido do êxodo, viva a fidelidade a seu Deus. A fidelidade de Israel ao Deus único e verdadeiro se apoia na memória da obra de Deus em seu favor. No Antigo Testamento, o povo é sustentado pela fidelidade de Deus.
O protagonista da parábola dos dois filhos é o pai misericordioso e compassivo. O filho mais novo, depois de esbanjar tudo o que ele tinha recebido do pai, volta para a casa do pai, não por consideração a ele, propriamente, mas porque queria matar a fome (cf. vv. 6-17). Tudo o que pensa dizer e dirá ao pai é meio para alcançar o que efetivamente queria: matar a fome. Mas o pai conhece profundamente o seu filho (ver: Sl 138[139]), por isso não leva em conta a sua artimanha: acolhe-o e devolve a ele a dignidade que o pecado o fizera perder (cf. vv. 20b-24). A atitude de compaixão do pai provoca a reação surpreendente do filho mais velho: a raiva e a recusa de participar da festa (cf. v. 28). O filho mais velho é convidado a entrar no coração do pai, pois "há mais alegria no céu por um pecador que se converte do que noventa e nove justos que não precisam de conversão" (cf. vv. 7.10.23-24).
A acolhida, o perdão e o cuidado de Deus, expressão da sua fidelidade, é o que permite ao filho mais novo, que esbanjou os bens recebidos, entrar na casa do pai e receber, como dom, a esperança de uma vida transfigurada pelo amor, manifestado também no abraço e nos beijos paternos (cf. Lc 15,20). O filho mais velho, resistente, fechado na sua própria "justiça", é convidado a entrar no coração do mistério do amor misericordioso de Deus, e tirar as consequências práticas de sua filiação (cf. v. 31). A um e outro filho, a todos, é instigante esta palavra: "Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo" (2Cor 5,17).
Carlos Alberto Contieri, sj- Paulinas
Evangelho do Dia -Lc 15,1-3.11-32
Ano C
A parábola dos dois filhos - Lc 15,1-3.11-32
Todos os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o
escutar. Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam contra ele. "Este
homem acolhe os pecadores e come com eles". Então ele contou-lhes esta
parábola: "Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai:
'Pai, dá-me a parte da herança que me cabe'. E o pai dividiu os bens
entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e
partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida
desenfreada. Quando tinha esbanjado tudo o que possuía, chegou uma
grande fome àquela região, e ele começou a passar necessidade. Então,
foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu sítio
cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com a comida que os porcos
comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse: 'Quantos
empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome.
Vou voltar para meu pai e dizer-lhe: 'Pai, pequei contra Deus e contra
ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus
empregados'. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava
longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao
encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos. O filho, então, lhe disse:
'Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu
filho'. Mas o pai disse aos empregados: 'Trazei depressa a melhor túnica
para vestir meu filho. Colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.
Trazei um novilho gordo e matai-o, para comermos e festejarmos. Pois
este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi
encontrado'. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao
voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou
um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. Ele respondeu: 'É
teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque recuperou
seu filho são e salvo'. Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O
pai, saindo, insistiu com ele. Ele, porém, respondeu ao pai: 'Eu
trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua.
E nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Mas
quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com as prostitutas,
matas para ele o novilho gordo'. Então o pai lhe disse: 'Filho, tu
estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e
alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver,
estava perdido e foi encontrado'".
Leitura Orante
Oração Inicial
Preparo-me para a Leitura Orante,com todos os internautas, fazendo uma breve oração deSanto Agostinho:
Senhor,
olha para mim para que eu ame a ti.
Chama-me
para que eu veja a ti,
e eternamente me alegre em ti.
Amém.
1- Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz?Tomo um primeiro contato com a Palavra de hoje, lendo Lc 15,1-3.11-32.
O filho que se vai é imagem da pessoa que se rebela, que se afasta de Deus. Perde-se, confunde-se, se machuca, sofre, perde o rumo, perde de vista aquele objetivo pelo qual vive. Uma certeza, porém, garante a recuperação da identidade original: o reencontro com o Pai.
2- Meditação (Caminho)
- O que a Palavra diz para mim?A parábola do filho pródigo não é a história de um filho perdido, é a história de dois filhos perdidos. Um perdido fora de casa, e o outro perdido, dentro de casa, pelo ciúme. Os dois se afastaram do pai.
A volta do filho pródigo expressa em uma obra de arte de Rembrandt, resume a grande luta espiritual e as grandes escolhas que essa luta exige. Ao pintar não somente o filho mais jovem nos braços de seu pai, mas também o filho mais velho que pode aceitar ou não o amor que lhe é oferecido, Rembrandt nos apresenta o "drama interior do ser humano".
Em seu livro sobre a parábola, narrada por Lucas 15, e escrito depois de contemplar a obra de Rembrandt, Henri Nouwen se coloca, como o filho pródigo, o mais moço, que esbanjou e perdeu tudo o que tinha, mas que não perdeu a consciência de que ele ainda era filho e tinha um Pai.
Depois disso, o autor se coloca na posição do filho mais velho, o que não saiu de casa, nem aceitou o retorno do irmão.
Nouwen se coloca também na posição do Pai e afirma que essa é a vocação de todos nós. Vocação a acolher, perdoar e se alegrar pela volta do que se perdera .
3- Oração (Vida)
O que a Palavra me leva a dizer a Deus?Rezo com toda Igreja, a
Oração oficial da CF 2013
Pai santo, vosso Filho Jesus,
conduzido pelo Espírito
e obediente à vossa vontade,
aceitou a cruz como prova de amor à humanidade.
Convertei-nos e, nos desafios deste mundo,
tornai-nos missionários
a serviço da juventude.
Para anunciar o Evangelho como projeto de vida,
enviai-nos, Senhor;
para ser presença geradora de fraternidade,
enviai-nos, Senhor;
para ser profetas em tempo de mudança,
enviai-nos, Senhor;
para promover a sociedade da não violência,
enviai-nos, Senhor;
para salvar a quem perdeu a esperança,
enviai-nos, Senhor;
para...
4- Contemplação (Vida e Missão)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?Vou olhar o mundo, hoje, com o olhar amoroso e misericordioso do Pai, sempre pronto a acolher.
Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp
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