Por Assessoria de Imprensa
11 / Set / 2012 11:27
Foi
divulgado o comunicado final do 10º Encontro de Conferências de Bispos
de Países Lusófonos (CPLP), realizado de 6 a 10 de setembro em Dili,
capital de Timor-Leste.
Comentando
o tema principal, “O desafio das seitas, no horizonte da nova
evangelização”, os bispos reafirmam o desafio a transmitir melhor a Boa
Nova de Cristo, o que requer “mais clareza na apresentação da fé e da
moral cristãs e mais insistência numa iniciação cristã propriamente
dita”.
O bispo brasileiro de Bafatá, na Guiné-Bissau, dom Pedro
Carlos Zilli, fez um balanço deste encontro, do qual destaca o
crescimento na comunhão:
Leia na íntegra o Comunicado final:
Comunicado final do 10º Encontro de Conferências de Bispos de Países Lusófonos – CPLP
6-10 de setembro de 2012
1.
De 6 a 10 do presente mês de setembro teve lugar em Díli, Timor Leste, o
X Encontro de representantes de Conferências Episcopais de Países de
língua oficial portuguesa – CPLP. Participaram os seguintes Bispos: D.
Gabriel Mbilingi, Arcebispo de Lubango e Presidente da Conferência
Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST); D. Pedro Brito Guimarães,
Arcebispo de Palmas e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os
Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil (CNBB); D. Arlindo Gomes Furtado, Bispo de Santiago,
Cabo Verde; D. Pedro Carlos Zilli, Bispo de Bafatá, Guiné Bissau; D.
Francisco Chimoio, Arcebispo de Maputo e Vice-Presidente da Conferência
Episcopal de Moçambique (CEM); D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e
Vice-Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP); D. Manuel
António dos Santos, Bispo de S. Tomé e Príncipe; D. Basílio do
Nascimento, Bispo de Baucau e Presidente da Conferência Episcopal de
Timor Leste (CETL); D. Alberto Ricardo da Silva, Bispo de Díli e
Vice-Presidente da CETL. D. Norberto do Amaral, Bispo de Maliana e
Secretário da CETL, não pôde participar por estar ausente em Roma.
Participaram ainda o P. José Maia, Presidente da Fundação Fé e
Cooperação (FEC), e o P. Manuel Morujão, Secretário da Conferência
Episcopal Portuguesa (CEP).
2. Ao encerrarmos os nossos
trabalhos, desejamos exprimir a nossa profunda gratidão, na pessoa dos
seus Bispos, D. Basílio do Nacimento e D. Alberto Ricardo da Silva, por
tão amistoso e fraternal acolhimento da Igreja de Timor Leste.
3.
O tema principal da nossa reflexão foi «O desafio das seitas, no
horizonte da nova evangelização». Sendo naturalmente um obstáculo,
julgamos que se devem encarar como um desafio a transmitirmos melhor a
boa nova de Cristo. Apesar das diversidades próprias de cada País, a
partilha feita constatou alguns pontos comuns no que diz respeito ao
desafio dos novos movimentos religiosos (seitas):
–
Notamos que a sua incidência recai mais entre católicos cuja fé não
assenta sobre um encontro pessoal com Cristo e o seu corpo eclesial, nem
se traduziu numa verdadeira iniciação à vida em Cristo.
–
Constatamos também que os católicos mais sensíveis às novas propostas
religiosas são os que se sentem mais sós e indefesos perante os
problemas que a vida lhes levanta.
– Assim, requer-se da nossa parte
mais clareza na apresentação da fé e da moral cristãs e mais insistência
numa iniciação cristã propriamente dita.
– Requerem-se também
comunidades mais convivenciais, com relações próximas de fraternidade,
atentas a cada um dos seus membros, sobretudo aos que, de algum modo,
mais sofrem.
– Importa promover iniciativas de formação aos diversos
níveis, pois a ignorância é porta para todos os erros. É preciso
preparar os cristãos para que estejam «sempre dispostos a dar a razão da
vossa esperança… com mansidão e respeito» (1 Pe 3, 15-16).
– O «Ano
da Fé» que, a convite do Papa Bento XVI, iniciaremos dentro de um mês,
deve ser aproveitado para crescer na fé, pessoal e comunitariamente, e
no testemunho que dela importa dar, como profunda e feliz realização
humana.
4. Na partilha sobre os desafios que a Igreja enfrenta
nos nossos diversos Países, foi sublinhada a urgente necessidade de os
cristãos se empenharem na promoção de sociedades justas, livres e
solidárias, como exigência inalienável da fé. Os nossos encontros foram
uma experiência rica da catolicidade da Igreja, que é una na sua
múltipla diversidade.
5. Fomos recebidos pelo Sr. Presidente da
República, Taur Matan Ruak, em clima de grande cordialidade. Nas
palavras que nos dirigiu sublinhou as «ótimas relações» existentes entre
o Estado timorense e a Igreja católica e a relevante importância da
ação da Igreja, nos diversos campos, para a paz e o progresso de Timor.
6.
Já depois de encerrados os nossos trabalhos, fomos recebidos pelo Sr.
Primeiro-Ministro, Xanana Gusmão, que nos acolheu muito amavelmente e
nos apresentou as prioridades do seu Governo para os próximos anos.
7.
Tivemos ocasião de presidir à celebração da Eucaristia em diversas
comunidades paroquiais de Díli e arredores, onde fomos acolhidos
festivamente como irmãos da mesma família e pastores da mesma Igreja de
Cristo. Admirámos especialmente a adesão à fé de tantos jovens e a
vibração dos corações orantes de todo o povo.
8. Particularmente
significativa foi a Eucaristia no domingo, dia 9, na Catedral de Díli,
presidida por D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, concelebrada por todos
nós e por algumas dezenas de sacerdotes, em ação de graças pelos 450
anos de evangelização de Timor. Presentes o Srs. Presidente da
República, Primeiro-Ministro e outros membros do Governo, Presidente da
Assembleia da República, diversas autoridades e incontáveis fiéis. Fomos
testemunhas da fé de um povo, que passou por tempos duros de guerra e
perseguição, mas que se tem mantido fiel a Jesus Cristo, contribuindo
eficazmente para a identidade cultural de uma nação livre, que este ano
celebra o 10.º aniversário da sua independência. Fomos edificados ao
verificar que as altas autoridades da Nação assumem o testemunho público
da sua fé.
9. Abordámos também o tema do desenvolvimento
sustentável, na continuação de uma recomendação da Aliança Internacional
de Agências Católicas de Desenvolvimento (CIDSE), aderindo à sua
mensagem dirigida à Conferência internacional, recentemente organizada
pela ONU no Rio de Janeiro (Rio+20). Incentivamos em especial as
comunidades católicas lusófonas a uma participação ativa neste processo,
como agentes de mudança e de inspiração de um desenvolvimento com rosto
humano no seio das sociedades civis que integram, sendo sal e luz de
comunidades mais justas e de um mundo mais sustentável. Apelamos também
aos líderes políticos mundiais, de um modo especial aos governantes dos
nossos países, a fim de que que assumam com coragem o trabalho de casa
deixado pela Cimeira do Rio. Exortamos todas as pessoas de boa vontade a
agirem a favor de um mundo mais justo, na defesa do bem comum e da
dignidade humana, em que os pobres sejam uma prioridade.
10. Na
avaliação destes encontros, ficou claro que são úteis e se devem
continuar a realizar. De facto, têm sido ocasião para conhecimento e
aproximação das Igrejas que representamos. Têm também proporcionado a
criação de iniciativas de colaboração, nomeadamente no campo da formação
de seminaristas e no apoio a rádios católicas.
11. Durante
estes dias em Timor Leste, procedendo de vários continentes, com
distintas tradições e culturas, falámos a mesma língua e sobretudo
fizemos a experiência de ser um só coração e uma só alma. As nossas
diversidades foram pontes de união, no amor de Cristo que continua a
pedir que todos os seus seguidores sejam um. Tivemos uma particular
experiência do que é a Igreja católica, universal, encontrando nossos
irmãos e irmãs na fé, que estão a celebrar os 450 anos de evangelização.
Fomos acolhidos por um Povo e uma Igreja em que fizemos a experiência
da fraternidade em Cristo e que nos acolheu com extrema cordialidade. Em
Timor Leste, nós Bispos de tão diferentes culturas e nações sentimo-nos
em casa e, nas pessoas dos seus Bispos, expressamos o nosso profundo
agradecimento. Fonte: POM
Díli, Timor Leste, 10 de setembro de 2012