quarta-feira, 17 de setembro de 2014

"A Igreja não pode ignorar a política", afirma presidente da CNBB durante debate

Com uma mensagem de saudação aos 8 candidatos presentes, ouvintes e internautas, o o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, abriu o debate presidencial, na noite de terça-feira, 16. Os aspirantes à presidente da República foram: Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Eduardo Jorge (PV), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (PSOL),  Marina Silva (PSB) e pastor Everaldo (PSC).
Após também saudar os bispos e arcebispos presentes no Centro de Eventos do Santuário Nacional de Aparecida, dom Damasceno afirmou que a CNBB faz a proposta do debate, convicta de “que a Igreja não pode ignorar a política não apenas enquanto instrumento necessário para a organização da vida social, mas sobretudo enquanto expressão de opções e valores que definem o destino do povo e a concepção do homem”. O cardeal lembrou o quanto a CNBB tem sido presente na vida social e política do país, com o intuito de colaborar para a construção de uma sociedade justa, fraterna e solidária, e também no fortalecimento da democracia e cidadania do povo. “É direito do eleitor conhecer clara e verdadeiramente o candidato que receberá seu voto”, ressaltou dom Damasceno, lembrando que cada eleitor é livre para escolher de forma consciente seu candidato.
Sob a mediação do jornalista Rodolpho Gamberini, no primeiro bloco os oito candidatos responderam a uma única pergunta elaborada pela presidência da CNBB, sobre o projeto Coalização pela Reforma Política Democrática. Aécio Neves lembrou a lei “Ficha Limpa”, na qual a CNBB ajudou muito, enquanto Marina Silva afirmou ter em sua proposta de governo a intenção de tratar da reforma política. A presidente Dilma Rousseff afirmou ter certeza da necessidade de uma profunda reforma, concordando com os quatro pontos elencados pelo projeto, assim como o candidato Eduardo Jorge, que disse inclusive já estar praticando o financiamento público de campanha. O candidato Eymael falou sobre sua história de vida, e Luciana Genro declarou que seu partido concorda e foi um dos parceiros na elaboração da proposta. Os candidatos Levy Fidélix e o pastor Everaldo mostraram-se contrários à obrigatoriedade do voto.
No segundo bloco, por meio de sorteio, os políticos responderam a perguntas propostas pelos bispos indicados pela CNBB. A candidata Marina Silva respondeu à pergunta do bispo de Caxias (MA) e membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, dom Vilson Basso, sobre a violência e o extermínio de jovens, além da questão de combate às drogas. Em seguida, o bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, dom João Carlos Petrini, perguntou ao candidato Levi Fidelix sobre meios para a valorização da família. A candidata Luciana Genro respondeu à pergunta do  arcebispo de São Luís (MA) e vice-presidente da CNBB, dom José Belisário da Silva, sobre a laicidade do Estado. Para responder à pergunta do bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, dom Guilherme Werlang, sobre a diminuição da desigualdade social, a sorteada foi a candidata à reeleição, Dilma Rousseff. Já Aécio Neves respondeu ao questionamento sobre a baixa qualidade da educação brasileira, feito pelo bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação, dom Joaquim Mol.  O arcebispo de Campo Grande (MS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, dom Dimas Lara, perguntou ao pastor Everaldo sobre as concessões de radiodifusão às confissões religiosas. Eymael respondeu ao questionamento do bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, sobre as propostas voltadas aos marginalizados da sociedade, e para encerrar o bloco, o arcebispo de Terezina (PI), dom Jacinto Furtado, abordou a demarcação dos territórios indígenas em sua pergunta ao candidato Eduardo Jorge.
No bloco seguinte, jornalistas das mídias católicas perguntaram aos pretendentes ao cargo público sobre temas como homofobia, contas públicas, saneamento básico, saúde, reforma tributária, redução da maioridade penal, descriminalização das drogas e aborto. No quarto bloco, os postulantes à presidência puderam perguntar diretamente uns aos outros. No quinto e último bloco, dedicado às considerações finais de cada candidato, todos agradeceram à CNBB pela oportunidade de esclarecerem suas propostas aos eleitores cristãos e à sociedade em geral.
 O debate com os candidatos à presidência da República, promovido pela CNBB, foi transmitido ao vivo por oito emissoras de inspiração católica, rádios e portais. 
Fonte: CNBB

Jantar Beneficente- Capela Nossa Senhora de Fátima- Passaré

" Mas é preciso que o fruto se parta e se reparta na mesa do amor". 

                                                     Comunidade Nossa Senhora de Fátima,
Convida você,sua família e amigos para este momento de partilha e confraternização!
Data: 10 de Outubro de 2014
Horário: 19:30
Local: Capela Nossa Senhora de Fátima- Jardim Castelão- Passaré

Valor: R$ 15,00
Contamos com todos  vocês!

Lembramos que este momento de entrosamento e partilha será animado com  FORRÓ PÉ-DE- SERRA.


(  Apenas Ilustração )

24º Semana Comum - Quarta- feira - 17 de Setembro - Liturgia Diária

Invoquemos a presença do Espírito Santo para ler e refletir a liturgia de hoje:

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. 

Oremos 

Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

Oração
Pai, purifica-me de toda forma de orgulho que me leva a desprezar meu semelhante e a julgar-me superior a ele. Como Jesus, desejo estar próximo de quem se afastou de ti.
Primeira leitura: 1Cor 12,31-13,13
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos, 12,31Aspirai aos dons mais elevados. Eu vou ainda mostrar-vos um caminho incomparavelmente superior. 13,1Se eu falasse todas as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse caridade, eu seria como um bronze que soa ou um címbalo que retine.
2Se eu tivesse o dom da profecia, se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, se tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, mas se não tivesse caridade, eu não seria nada. 3Se eu gastasse todos os meus bens para sustento dos pobres, se entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse caridade, isso de nada me serviria.
4A caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; 5não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; 6não se alegra com a iniquidade, mas regozija-se com a verdade. 7Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. 8A caridade não acabará nunca. As profecias desaparecerão, as línguas cessarão, a ciência desaparecerá. 9Com efeito, o nosso conhecimento é limitado e a nossa profecia é imperfeita.
10Mas, quando vier o que é perfeito, desaparecerá o que é imperfeito. 11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. 12Agora nós vemos num espelho, confusamente, mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas de modo imperfeito, mas, então, conhecerei como sou conhecido. 13Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade.
. - Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmos: Sl 33
          — Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!
— Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!

— Dai graças ao Senhor ao som da harpa, na lira de dez cordas celebrai-o! Cantai para o Senhor um canto novo, com arte sustentai a louvação!

— Pois reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça.

— Feliz o povo cujo Deus é o Senhor, e a nação que escolheu por sua herança! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos!
 
 
Evangelho: Lc 7,31-35
         - O Senhor esteja convosco.
          - Ele está no meio de nós.
          - Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo São Lucas.
          - Glória a vós, Senhor.

        Naquele tempo, disse Jesus: 31“Com quem hei de comparar os homens desta geração? Com quem eles se parecem? 32São como crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta para vós e não dançastes; fizemos lamentações e não chorastes!’
33Pois veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e vós dissestes: ‘Ele está com um demônio!’34Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vós dizeis: ‘Ele é um comilão e beberrão, amigo dos publicanos e dos pecadores!’ 35Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
 
Comentário do Evangelho
Falta discernimento.
O trecho anterior ao evangelho da liturgia de hoje é o episódio em que João Batista, da prisão, envia seus discípulos a Jesus para perguntar se, de fato, ele era o Messias prometido. Jesus responde a João citando o profeta Isaías (Lc 7,18-23). A pergunta de João mostra a sua dificuldade de discernir e compreender os sinais que revelam a identidade profunda de Jesus. A resposta de Jesus citando Isaías é suficiente para que João compreenda que, efetivamente, o “hoje” da salvação se realiza na pessoa de Jesus, no seu ensinamento e nos seus gestos. Toda a atividade do Batista visava à conversão das pessoas em vista da chegada do Messias. O movimento de João Batista ganhou muitos adeptos, mas também sofreu muita resistência (cf. Lc 7,29-30). No movimento de aceitação/rejeição de João Batista é prefigurada a aceitação/rejeição de Jesus. Trata-se, aqui, de aceitar ou rejeitar o desígnio salvífico de Deus. A incredulidade dos chefes do povo é criticada. Ela ilustra a rejeição da missão e da mensagem de Jesus por parte das autoridades religiosas. Falta a eles o discernimento para, em meio às vicissitudes do tempo, conhecerem a graça de Deus manifestada na pessoa de Jesus Cristo.
 
Leitura Orante

Oração Inicial

Reúno-me a todas as pessoas que se encontram em torno da Palavra na internet:
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai,
a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo,
no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes:
"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles",
ficai conosco,
aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar
e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho:
fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida:
transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos
abundantes de santidade e missão.(Bv. Alberione)

1- Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?
Leio atentamente na Bíblia o texto: Lc 7,31-35, e observo as palavras de Jesus.
Jesus usa uma comparação interessante. Compara as pessoas de má vontade a crianças caprichosas que nunca estão satisfeitas e querem todas as demais pessoas à sua volta, “dançando” e “chorando” conforme elas comandam. Ninguém as agrada. Diz Jesus que a João que jejuava estas pessoas o chamam de possesso. A Ele, que é amigo dos pecadores, e veio para salvá-los, chamam-no de comilão e beberrão. Difícil contentar a quem apenas quer condenar, criticar, distorcer. Sobretudo a quem não admite alguém superior ou igual a si. Para esses, é difícil aceitar Jesus. É difícil aceitar o precursor. É o que Jesus quer dizer, quase em tom de lamento e indignação.

2- Meditação (Caminho)

O que o texto me diz no momento?
Minha vida reflete o que o texto diz ou há contradições? Os bispos, em Aparecida, falaram de mudança de época, contradições:
"Vivemos uma mudança de época, e seu nível mais profundo é o cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e com Deus; "aqui está precisamente o grande erro das tendências dominantes do último século... Quem exclui Deus de seu horizonte, falsifica o conceito da realidade e só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas. Surge hoje, com grande força, uma supervalorização da subjetividade individual. Independentemente de sua forma, a liberdade e a dignidade da pessoa são reconhecidas. O individualismo enfraquece os vínculos comunitários e propõe uma radical transformação do tempo e do espaço, dando papel primordial à imaginação. Os fenômenos sociais, econômicos e tecnológicos estão na base da profunda vivência do tempo, o qual se concebe fixado no próprio presente, trazendo concepções de inconsistência e instabilidade. Deixa-se de lado a preocupação pelo bem comum para dar lugar à realização imediata dos desejos dos indivíduos, à criação de novos e muitas vezes arbitrários direitos individuais, aos problemas da sexualidade, da família, das enfermidades e da morte." (DAp 44).

3- Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com o bem-aventurado Alberione:
Jesus Mestre, disseste que a vida eterna consiste
em conhecer a ti e ao Pai.
Derrama sobre nós, a abundância
do Espírito Santo!
Que ele nos ilumine, guie e fortaleça no teu seguimento,
porque és o único caminho para o Pai.
Faze-nos crescer no teu amor,
para que sejamos, como o apóstolo Paulo
testemunhas vivas do teu Evangelho.
Com Maria,
Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardaremos tua Palavra,
meditando-a no coração.
Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, tem piedade de nós.

4- Contemplação (Vida e Missão)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.
Vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus,
que não é conforme o Projeto de Jesus Mestre. Escolho uma frase ou palavra para memorizar.
Vou repeti-la durante o dia. Esta Palavra vai, aos poucos, fazendo parte da minha vida.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Fonte: Catequese Católica

A missão nos primeiros dois séculos do cristianismo

Por Dom Vital Corbellini
Bispo de Marabá (PA)

           Introdução:
            Iluminados pela Palavra de Deus, impulsionados pela Conferência de Aparecida e pelas Diretrizes da CNBB 2011-2015, no momento atual fala-se bastante, com muita alegria e disposição de espírito, sobre o discipulado, a missão na Igreja e no mundo. Algumas pastorais e alguns movimentos descobriram pelo batismo que são missionários e missionárias, fazendo missão, pela acolhida, visitas às famílias e às comunidades.  A Palavra do Senhor Jesus encarna-se nas pessoas e nos povos. Esses temas estavam também presentes nos primeiros tempos do cristianismo. Eles ganharam sua consideração, porque as pessoas, uma vez convertidas, proclamavam aos outros as maravilhas de Deus em Jesus acontecidas nela. É importante fazer uma análise de como esses dados foram vivenciados, proclamados por muitos povos que se encantaram pela missão cristã.

            1. A missão a partir de escritores cristãos
Esse período (os primeiros dois séculos) firma a missão em quase todos os cantos do Império Romano através da divulgação da mensagem de Jesus aos pagãos, de modo a constituir seguidores e comunidades. A missão é mais urbana que rural, dando-se mais no Oriente que no Ocidente. Pelos autores cristãos há notícias de algumas comunidades onde havia serviços próprios, como os diáconos, os presbíteros, os bispos, e muitos leigos e leigas comprometidos.
 Clemente Romano escreveu, no final do primeiro século, para os Coríntios, exortando-os para unidade, uma vez que houve ali uma revolta contra os dirigentes da comunidade, presbíteros e bispos, os assim “eleitos de Deus”. Ele tem presente, sobretudo Cristo, que veio a este mundo para servir e ajudar as pessoas a se encontrarem na alegria e no amor. “Ele carrega nossos pecados e sofre por nós. E nós o contemplamos entregue ao sofrimento, à dor e aos maus-tratos. Ele foi ferido por causa de nossos pecados e maltratado por causa de nossas iniqüidades”.  
 Em Inácio de Antioquia há notícias, pelas suas cartas, da missão que prosseguia pelo mundo afora. Na sua visão, os bispos eram a imagem do Pai, os presbíteros, a assembléia dos apóstolos, e os diáconos a imagem de Jesus Cristo. Ele deseja que todos trabalhem pela unidade da Igreja diante dos gnósticos, docetas ou mesmo judaizantes. Essa unidade é dada também pela eucaristia, pelo fato de ter uma só carne em Jesus Cristo, um só cálice, e um único altar.  Nesse período, ganhou muito estima a figura de Policarpo, bispo de Esmirna. Sem dúvida, ele influenciou a sua comunidade na fé e na organização dos serviços eclesiais e sociais. Dele nós também temos uma carta dirigida aos Filipenses, onde ele coloca o dever dos esposos, das viúvas, dos diáconos, dos jovens e dos presbíteros. Ele foi uma pessoa de muita fé em Jesus Cristo de modo a morrer por ele. Prova disso foi a sua resposta diante do chefe da polícia que insistia em que renegasse a sua fé. Ele replicou: “Eu o sirvo há oitenta e seis anos, e ele não me fez nenhum mal. Como poderia blasfemar o meu rei que me salvou?”
No II século, o cristianismo se estabeleceu sempre mais nas cidades e também na campanha. Ele era proclamado junto ao povo pagão, através de pessoas simples e de mestres, que fundavam escolas em vista da conversão cristã. Um desses foi Justino do qual encontram-se dados importantes a respeito da missão. Ele diz que os cristãos são ateus dos deuses dos pagãos, mas não “do Deus verdadeiríssimo, pai da justiça, do bom senso e das outras virtudes, no qual não há mistura de maldade. A Ele e ao Filho, que dele veio e nos ensinou tudo isso, ao exército dos outros anjos bons, que o seguem e lhe são semelhantes, e ao Espírito profético, nós cultuamos e adoramos, honrando-os com razão e verdade, e ensinando, generosamente, a quem deseja sabê-lo, a mesma coisa que aprendemos”.  
 Ora, os cristãos não eram pessoas violadoras de deveres sociais. Segundo Justino, eles pagavam os tributos e contribuições, antes dos próprios pagãos nos lugares estabelecidos por eles, porque assim foi ensinado por Cristo Jesus.  Através desse autor, sabe-se, desde o início do II século, que os cristãos encontravam-se no domingo, dia do Senhor, para a celebração eucarística e a continuidade da vivência da palavra de Jesus em suas vidas. No primeiro dia da semana, ou o dia do Sol, celebrava-se um encontro daqueles que moravam, seja nas cidades, seja nos campos, e lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas.  Oferece-se pão, vinho, água, e o presidente faz subir a Deus suas preces e ações de graças. Em seguida, há a distribuição e participação de cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes, através dos diáconos sendo distribuído a órfãos e viúvas, aos que passavam por necessidades, aos que estavam nas prisões, forasteiros, e todos os que se aproximavam da comunidade para receber alguma ajuda.
Justino reconhece também que o Verbo (Lógos spermatikós) semeou sementes da verdade em outros povos, de modo que a missão foi acontecendo anteriormente pela ação divina e humana. Assim todos aqueles que viveram as normas do Verbo estão ligados a ele, ou mesmo os filósofos que buscaram a verdade e não a puderam perceber na sua integridade, viveram as normas do cristianismo. Se a verdade está no cristianismo, segundo Justino,  eles a contemplaram, em parte, e por isso estão ligados aos bens do Senhor Jesus. Dessa forma, esse autor do segundo século foi muito feliz em colocar a missão como obra de Deus em meio ao mundo pagão, onde a Igreja estava sempre mais ganhando forças.
   2. O significado e a identificação da missão cristã no Império – Causas da conversão cristã
         Um fato essencial é que a missão aconteceu no Império romano que não era a-religioso; pelo contrário, estavam presentes diversos deuses em contexto social marcado pelo politeísmo. A veneração dos deuses era um dos deveres dos cidadãos em relação ao Estado, constituindo um elemento importante do direito romano. Tudo isso visava uma religião de salvação e de utilidade pública.  Levanta-se a pergunta: por que o mundo antigo se converteu ao cristianismo e não permaneceu no contexto pagão ou seguiu a filosofia platônica ou ainda manifestou simpatia ao judaísmo?  Se de um lado, é impossível aduzir um único motivo pelo qual os pagãos buscavam o cristianismo, de outro lado, é possível decifrar algumas causas que levaram as pessoas a assumirem essa nova religião:
A busca da verdade: é o desejo de todos os seres humanos, em todos os tempos. Jesus tinha dito que a verdade liberta as pessoas (cf. Jo 8,32).  Para o cristão, a verdade é o Cristo, o Filho de Deus encarnado. Alguns autores converteram-se por essa busca da verdade contida no cristianismo, o Cristo, a presença de Deus. Justino de Roma fala da busca pela verdade. Tertuliano converteu-se ao cristianismo motivado pela verdade. Deus é o Deus verus; e a verdade é o objeto de ódio dos demônios.
      A busca pela liberdade que vem do próprio Cristo. Essa é uma outra causa em vista da conversão cristã. O Império romano tinha a base de sua pirâmide na escravidão. Esse mundo de escravidão e de escravos encontrou, no cristianismo, a liberdade da alma, uma certa igualdade dos direitos religiosos com os seus senhores. Percebe-se o valor da liberdade que vem de Jesus Cristo para todo o povo que não podia ter direitos mesmo diante de suas palavras: “A verdade vos libertará” (Jo 8,3).  Os padres em si eram contrários à escravidão.
      O martírio. Esse foi um outro fator que possibilitou a conversão do paganismo ao cristianismo, por parte de muitas pessoas. Diversas são as testemunhas que atraíram pessoas e iniciaram uma nova caminhada de fé. Tertuliano dizia: Semen est sanguis christianorum. “É semente o sangue dos cristãos”.  O martírio era uma ocasião que levava pessoas à conversão, porque trazia sofrimentos e entrega de suas vidas a Jesus. O martírio era visto como uma imitação do fiel a Jesus até às últimas conseqüências pela sua paixão, morte e a esperança na ressurreição.
 3. Pessoas empenhadas na missão
A missão, nos primeiros dois séculos, foi assumida por muitas pessoas, não só por aqueles que tivessem um determinado estudo ou eram enviados pela comunidade apostólica, mas também por pessoas humildes com pouco conhecimento. No entanto, elas não deixavam de divulgar o que aprenderam pelo evangelho de Cristo Jesus.
  O anúncio da fé em Cristo não era algo organizado pela própria Igreja, mesmo porque não podia fazer um controle, seja pela autoridade da Igreja, seja por uma equipe responsável. Se havia grandes mestres livres que tinham discípulos e fundaram Escolas, como Justino em Roma, Panteno, Clemente e Orígenes, em Alexandria, e Tertuliano, no Norte Africano, havia também pregadores itinerantes que assumiam com alegria a missão de propagar o evangelho de Cristo. A Didaqué fala de missionários (apóstolos e profetas), que passavam de comunidade em comunidade, de modo que a comunidade deveria recebê-los bem, como o Senhor Jesus.
Orígenes fala de pessoas que percorriam, não só as cidades, mas também as aldeias e sítios para trazerem as pessoas à piedade de Deus. Elas não realizavam tais coisas para se enriquecer, porque se contentavam com o indispensável, e homens e mulheres partilhavam com o povo das comunidades o que era supérfluo.
    A Igreja da Antioquia florescia e crescia em número; foi ali que, pela primeira vez, os seguidores de Cristo chamaram-se de cristãos (cf. At 11,19-26). Eusébio diz que os apóstolos e os discípulos foram dispersos pela terra inteira por causa do evangelho. Ele fala de alguns deles; Tomé, conforme a tradição, anunciara a Pártia, André a Silícia, João a Ásia, tendo morrido em Éfeso. Pedro pregou aos judeus da diáspora, no Ponto, na Bitínia, na Capadócia e na Ásia (cf. 1 Pd 1,1). Mais tarde fora para Roma, onde recebeu a crucificação de cabeça para baixo, conforme o seu desejo. Paulo propagou o evangelho de Cristo por diversas regiões do mundo e foi martirizado sob Nero.
4. O cristianismo nas diversas regiões do Império
Se a missão aconteceu de uma forma geral, no contexto imperial, essa se encarnou nas diversas regiões e províncias como a Palestina, a Síria, o Egito, o Norte da África, a Itália, a Gália, e a Alemanha. Nesses países, a missão ganhou valor, porque muitos viviam na radicalidade o evangelho, a palavra de Jesus. Dessa forma, o mundo antigo assumiu a doutrina cristã.      
            Conclusão
            A compreensão da missão na Igreja tem o seu sentido em Jesus. Ele é o missionário do Pai. Veio anunciar a todos a misericórdia, o amor divino. Ele convoca todos à fraternidade, ao amor entre as pessoas e povos. Por isso mesmo, ele constitui discípulos e os envia ao mundo para proclamar as verdades sobre a sua pessoa, o Reino de Deus, a vida, o amor do Pai e a alegria do Espírito Santo. A missão cristã, nos primeiros dois séculos, alcançou praticamente os confins do Império, de modo que muitos assumiram a mensagem de Jesus com disposição de espírito. É claro que a missão sofreu, por parte dos seguidores de Jesus Cristo, perseguições, incompreensões, mortes. Porém, ela transformou a vida de muitas pessoas, homens e mulheres, porque encontraram, na mensagem evangélica, a alegria de doar a vida, servir e amar Jesus nas pessoas. A missão de Jesus não pára no tempo, porque vem amparada por Deus Pai e é iluminada pelo Espírito Santo. Ela continua em cada um de nós, na família, na comunidade e na sociedade, para que todas as pessoas sejam discípulas, discípulos, missionárias, missionários de Jesus Cristo. 
Fonte: CNBB