domingo, 5 de julho de 2015

Laudato Si’

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

A Encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, sobre o meio ambiente, foi escrita com a visão intelectual de um grande profeta, com a preocupação com os pobres e como um ato de questionamento à indiferença dos poderosos. Já surgiu como libelo clássico, que permanecerá na história dos esforços voltados à conservação da vida na face do planeta Terra.

Trata-se de uma encíclica para todos, não apenas para os cristãos. Com ela, Francisco lavra mais um tento na sua já longa lista de intervenções fundamentais sobre os problemas do mundo contemporâneo. Pela primeira vez a Igreja publica um documento oficial exclusivo sobre questões do meio ambiente e da sua salvaguarda.
A atual cultura digital dos celulares e computadores nos distancia em excesso das maravilhas do mundo natural. Ao longo dos séculos, muitos homens e mulheres da Igreja e cristãos em geral levaram em consideração o tema do respeito à vida e à natureza, a começar por São Francisco de Assis, citado no próprio título da encíclica. Ele foi extraído do célebre “O Cântico das Criaturas”, obra-prima poética atribuída ao santo de Assis. Mas esse documento faz parte do Magistério (ou seja, do ensinamento) da Igreja. Representa a voz oficial da instituição católica e está impregnado da sua autoridade. A encíclica foi escrita pelo Papa Francisco, que chamou para assessorá-lo um grande número de especialistas e cientistas.
Mas – a premissa é obrigatória – não se trata de um documento científico, e sim de um repto espiritual que convida antes de tudo a uma “conversão ecológica”. A salvaguarda do ambiente é coligada à justiça em relação aos pobres e à solução dos problemas causados por uma economia que persegue apenas o lucro. As três questões não podem ser dissociadas e, com efeito, o tema ambiental é tratado por Francisco num contexto mais amplo, o da doutrina social da Igreja.
O ponto de partida é a análise dos dados científicos, mas Papa Francisco não deseja intervir no debate científico ou estabelecer em qual porcentagem o aquecimento global seja causado pelas atividades humanas. Esses temas constituem apanágio apenas dos cientistas. O pontífice explica que “existe um consenso científico muito consistente que indica estarmos diante de um preocupante aquecimento do sistema climático mundial”, devido em sua maior parte à grande concentração de gases de efeito estufa na atmosfera do planeta. A humanidade deve “tomar consciência da necessidade de mudanças de estilo de vida, de produção e de consumo”.
O Papa também toma em consideração o derretimento dos gelos e a perda da biodiversidade. Os impactos mais pesados “provavelmente recairão nas próximas décadas sobre os países em via de desenvolvimento”. “Portanto, tornou-se urgente e imperativo o desenvolvimento de políticas, de modo que nos próximos anos a emissão de gás carbônico e de outros gases poluidores se reduza drasticamente”.
O quadro descrito por Francisco no primeiro capítulo da sua encíclica é deprimente: deterioração da qualidade da vida humana e degradação social. O ponto de vista do pontífice é o de um teólogo: Francisco recorda que “o ambiente humano e o ambiente natural se degradam juntos”, atingindo, sobretudo, os mais frágeis. Problemas que “não encontram suficiente espaço nas agendas do mundo”. As palavras de Francisco não admitem panos quentes: a seis meses da próxima conferência sobre o clima, que será realizada em Paris, o pontífice convida os grandes da Terra a mudar o tom e o conteúdo do discurso, a dar relevantes passos à frente. Ele denuncia “a debilidade da reação política internacional” e afirma que “muito facilmente o interesse econômico prevalece sobre o bem comum e manipula a informação para que seus projetos e interesses sejam protegidos”.
Existe um “débito ecológico” entre o Norte e o Sul: “O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos acarreta repercussões nos lugares mais pobres da Terra”. Os países desenvolvidos devem contribuir para resolver esse débito ecológico. Como? O pontífice sugere limitar “de modo importante o consumo de energia não renovável”. Enquanto os países mais pobres “têm menos possibilidade de adotar novos modelos de redução do impacto ambiental”. Tais situações requerem um “sistema normativo que inclua limites invioláveis e assegurem a proteção dos ecossistemas”.
“Os poderes econômicos continuam a justificar o atual sistema mundial, no qual prevalecem uma especulação e uma busca da renda financeira”, hoje “qualquer coisa que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa diante dos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta”. Diante do exaurimento de alguns recursos vai-se criando “um cenário favorável para novas guerras, mascaradas como sendo nobres reivindicações”. A política deveria estar mais atenta, mas “o poder coligado com a finança” resiste a esses esforços.
O Santo Padre reconhece que existe diversidade de opiniões sobre a situação e sobre as possíveis soluções. Cita dois extremos: quem sustenta que “os problemas ecológicos serão resolvidos simplesmente com a aplicação de novas técnicas, sem considerações éticas nem mudanças de fundo”. E quem considera que “a espécie humana, não importa qual seja a sua forma de intervenção, só poderá ser uma ameaça e comprometer o ecossistema mundial, de modo que é conveniente reduzir a sua presença no planeta”. Sobre várias questões concretas, a Igreja “não tem motivo para propor uma palavra definitiva”, basta, no entanto, “observar a realidade com sinceridade para ver que existe uma grande deterioração da nossa casa comum”.
Mas a Encíclica não faz nenhuma concessão ao afirmar a responsabilidade moral dos homens que – com os seus comportamentos – influem sobre o meio ambiente, a poluição, o aquecimento global e – em última análise – de como poderemos impedir tudo isso. O Papa conclama a todos para uma conversão ecológica. Instiga a mudarmos de rota: a nos empenharmos pela salvaguarda do ambiente, da nossa casa comum. 
Fonte: CNBB

Ver com fé

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

O Evangelho deste 14º. Domingo do Tempo Comum apresenta-nos Jesus na sua terra natal, Nazaré. Ali mesmo, na sua própria cidade, onde nascera e fora criado, os seus o rejeitam: “Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco? E ficaram escandalizados por causa dele". Assim, cumpre-se mais uma vez a Escritura: "Veio para o que era seu e os seus não o receberam" (Jo 1,11). E a falta de fé foi tão grande, a dureza de coração tão intensa, a teimosia tão pertinaz, que São Marcos afirma, de modo surpreendente: "Ali não pôde fazer milagre algum", tão grande era a falta de fé daquele povo.

O próprio Filho do Pai, em pessoa, esteve no meio do seu povo, conviveu com ele, falou-lhe, sorriu-lhe, abraçou-o e, no entanto, não foi reconhecido pelos seus. E por quê? Pela dureza de coração, pela insistência teimosa em esperar um messias de encomenda, sob medida. É bem precisa a censura da primeira leitura deste domingo, na qual o Senhor Deus se dirige a seu servo: "Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim. A estes filhos de cabeça dura e coração de pedra, vou-te enviar, e tu lhes dirás: 'Assim fala o Senhor Deus'. Quer escutem, quer não, ficarão sabendo que houve entre eles um profeta”!
Diante dessa Palavra, nós nos perguntamos: acolhemos o Senhor que nos vem? Escutamos com fé sua Palavra quando Ele se dirige a nós na Escritura, aquecendo nosso coração? Acolhemo-lo na obediência da fé, quando Ele se nos dirige pela boca da sua Igreja Católica, ensinando-nos o caminho da vida? Acolhemo-lo, quando nos fala pela boca de seus profetas? Não tenhamos tanta certeza de que somos melhores que aqueles de Nazaré! É bom que nos perguntemos: por que os nazarenos não foram capazes de reconhecer Jesus como Messias? Porque o Senhor não era um messias do jeito que eles esperavam! Jesus, pobre, manso, humilde, era também exigente e pedia do povo a conversão de coração. Mas, há também uma outra razão para os nazarenos rejeitarem Jesus: eles foram incapazes de ver além das aparências. De fato, enxergaram em Jesus somente o filho de José, aquele que correra e brincara nas suas praças, aquele ao qual eles haviam visto crescer. Assim, sem conseguir olhar com mais profundidade, empacaram na descrença. Mas, nós, conseguimos olhar com profundidade? Somos capazes de escutar na voz dos ministros de Cristo a própria voz do Senhor? Somos sábios o bastante para ouvir na voz da Igreja a voz de Cristo?
É exatamente pela tendência nossa, tremenda, de sermos surdos ao Senhor, que Jesus tanto sofreu e que Paulo se queixava das dificuldades do seu ministério. O Apóstolo fala de um anjo de Satanás que o esbofeteava. Ele mesmo explica: suas "fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições e angústias sofridas por amor de Cristo". O drama de Paulo é uma forte exortação aos pregadores do Evangelho e a todos os cristãos. Aos pregadores do Evangelho, essa palavra do Apóstolo recorda que o anúncio será sempre numa situação de pobreza humana, de apertos e contradições. O Evangelho do Cristo crucificado e ressuscitado é proclamado não somente pela palavra do pregador, mas também pela carne de sua vida. Como proclamar a Palavra sem sofrer por ela? Como anunciar o Crucificado que ressuscitou sem participar da Sua cruz na esperança firme da sua ressurreição? O Evangelho não é uma teoria, não é um sistema filosófico. O Evangelho é Cristo Jesus encarnado na nossa vida, de modo que possamos dizer como São Paulo: "Eu trago no meu corpo as marcas de Jesus" (Gl 6,17). Triste do pregador que pensa em anunciar Jesus conservando-se para si mesmo. Quem separasse a pregação do seu modo de viver, que fosse pregador de ocasião, tornar-se-ia um falso profeta, inútil e estéril! É toda a vida do pregador que deve ser envolvida na pregação: seu modo de viver, de agir, de vestir, de relacionar-se com os bens materiais, sua vida afetiva, seu modo de divertir-se, seu tipo de amizade... Tudo nele dever ser comprometido com o Senhor e para o Senhor!
Mas, essa palavra de São Paulo na liturgia deste domingo vale também para cada cristão. O mundo não-crente, secularizado zomba de nós e já não crê no anúncio de Cristo que lhe fazemos. Pois bem, quando experimentarmos a frieza e a dura rejeição, quando em casa, no trabalho, nos círculos de amizades formos ignorados ou ridicularizados por sermos de Cristo, recordemos do Evangelho de hoje, recordemo-nos dos sofrimentos dos apóstolos e retomemos a esperança: o caminho de Cristo é também o nosso; se sofrermos com ele, com ele reinaremos; se morrermos com ele, com ele viveremos (cf. 2Tm 2,11-12). Não tenhamos medo: nós somos as testemunhas, os profetas, os sinais de luz que Deus envia ao mundo de hoje! Sejamos fiéis: o Senhor está conosco, hoje e sempre. Amém!
Fonte: CNBB

O cuidado da vida

Dom José Gislon
Bispo Diocesano de Erexim (RS)

Estimados Diocesanos! Como discípulos e missionários do senhor Jesus, não podemos deixar de proteger e cuidar da vida, porque ela é dom de Deus, e o Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância.” (Jo 10,10).

Na sua missão de anunciar o Reino de Deus, a Igreja não pode deixar de apresentar Jesus às pessoas, para que elas tenham a possibilidade de acolhê-lo na vida, e possam perceber que são amadas pelo Pai, porque fazem parte do seu projeto de amor. Acolher Jesus na minha vida, significa também assumir um compromisso em cuidar das condições de vida de muitos irmãos e irmãs abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor. Tais situações contradizem o projeto de Deus e desafiam os discípulos do Senhor a um maior compromisso a favor da cultura da vida.
Nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2015-2019, uma das urgências da ação evangelizadora é contemplar no plano pastoral uma “Igreja a serviço da vida plena para todos”. Isto porque o próprio Jesus nos ensinou que o serviço à vida começa pelo respeito à dignidade da pessoa humana, independente da sua condição social.
A família, patrimônio da humanidade, lugar e escola de comunhão, primeiro espaço para a iniciação à vida cristã das crianças, no seio do qual os pais são os primeiros catequistas, merece sempre uma atenção especial, por ser também um lugar privilegiado que acolhe a vida. A estrutura familiar é o primeiro espaço que deveria defender e promover a dignidade da vida humana em todas as etapas da existência, desde a fecundação até a morte natural. Na família, ninguém devia sofrer preconceito nem discriminação, mas todos devem ter o direito de serem acolhidos, amados, e perdoados, independente das condições materiais e do contexto histórico social em que a pessoa vive. Na família, é importante o zelo pelo bem comum, mas sem esquecer de cuidar do nosso bem mais importante, a vida.
Tende todos um bom domingo.
Fonte: CNBB

O Plano Municipal de Educação

Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues
Arcebispo de Sorocaba (SP)

Reporto-me neste artigo a uma pergunta dirigida a um grupo de pessoas que na Câmara Municipal de Sorocaba, quando da votação do Plano Municipal de Educação, se opunha à introdução da “ideologia de gênero” como parte do eixo que deveria presidir o processo educativo em nossas escolas. A pergunta foi essa: “vocês conhecem, estudaram as propostas?” É verdade, infelizmente, nas assembleias “populares” estavam ausentes representações das Igrejas e de outras instituições da sociedade. Essa ausência pode se explicar a partir de duas razões: a) as referidas instituições não foram suficientemente informadas; b) se informadas, julgaram ser tarefa do Executivo, assessorado por especialistas, com participação do Conselho Municipal de Educação, elaborar o projeto a ser enviado ao legislativo Municipal.

De minha parte confesso que fui surpreendido, duas ou três semanas antes, pelas propostas do Fórum Municipal, já em fase de conclusão, estruturadas a partir da do Fórum Nacional de Educação que reintroduziu em suas orientações a “ideologia de gênero” que havia sido retirada do PNE - Plano Nacional de Educação -, votado no Congresso Nacional e sancionado pela Presidente da República.  Assim prescrevia o Fórum Nacional em seu eixo II: Educação e Diversidade: Justiça Social, Inclusão e Direitos Humanos: “O tema Educação e diversidade: justiça social, inclusão e direitos humanos constitui o eixo central da educação e objeto da política educacional. Diz respeito à efetivação da educação pública democrática, popular, laica e com qualidade social, banindo o proselitismo, o racismo, o machismo, o sexismo, a homofobia, a lesbofobia e a transfobia nas instituições educativas de todos os níveis, etapas e modalidades.”
Note o leitor que a nota dominante daquilo que deveria ser o eixo da educação em nosso país vem expresso com o verbo “banir”, com forte acento nas questões de “gênero”.  O eixo seria “desconstruir”, quando o processo educativo deve ser uma construção. O pressuposto é que até agora a educação teve como eixo a “fobia” em suas mais variadas formas. A proposta, portanto, teria um eixo negativo: banir as fobias.
Volto agora á interpelação com a qual se pretendeu desqualificar o significado da presença de uma incontestável maioria popular no dia da votação do PME : “vocês conhecem, estudaram as propostas?” Eu não conhecia até o dia em que me foram apresentadas. E a maioria absoluta do povo também não conhecia. Tive a oportunidade, em algumas missas de domingo, de perguntar em assembleias litúrgicas com um grande número de participantes, se sabiam, e o que sabiam, sobre o Plano Municipal de Educação, e pude constatar que a totalidade das pessoas desconhecia o Projeto bem como as questões controversas que se pretendia incluir no mesmo.
Ao explicar que, com o objetivo de combater a injusta discriminação por razões de orientação sexual  - um objetivo nobre -, o Fórum Municipal propunha práticas educativas que relativizavam o conceito de matrimônio e família, insinuando uma diversidade sexual contrária  à experiência milenar da humanidade, era de se ver o rosto de espanto dos presentes. Pude assim sentir que o “Fórum Municipal de Educação” não representava o povo, mas uma parcela pequena de nossa gente.
Propunha-se na meta 1.30: “Trabalhar os ideais de igualdade e diversidade na perspectiva de RECONHECER E RESPEITAR, DELIBERANDO COLETIVAMENTE ESTRATÉGIAS PARA VALORIZAÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE FAMÍLIA, pontuando que não existe família certa ou errada, o que importa é o cuidado, o carinho e o sentimento, construindo assim um espaço acolhedor na escola e nas atividades que preveem a participação da comunidade, promovendo assim a proteção e defesa do direito das crianças à convivência familiar e comunitária.
E na Introdução, em “Análise e Diagnóstico”, n. 4.4, diretriz 5 pedia-se a ”atenção à diversidade e Direitos Humanos”, explicitando: “gênero, diversidade sexual, direito de uso do nome social e o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero quando houver de acordo com a identidade de gênero de cada sujeito.”
Teríamos por enquanto os seguintes “banheiros, vestiários e demais espaços” (?): masculinos, femininos, lésbicos, gays, bis e trans. Estou imaginando que sobreviveriam os gêneros masculino e feminino.
Observo para o leitor que o vocábulo “gênero” na literatura deste gênero é um conceito bastante confuso.
Os poderes executivo e legislativo de nossos municípios, ao retirarem do plano Municipal de Educação as propostas da “ideologia de gênero”, colocaram-se em sintonia com o sentir do povo e com a verdade atestada pela ciência, pela história e proclamada pela Escritura judaico-cristã: “Deus fez a humanidade á sua imagem e semelhança, Homem e Mulher” (Gn  1,27). Concluo com a palavra do Papa Francisco que, na audiência geral de 15 de abril perguntou se tal ideologia "não é uma expressão de frustração e resignação, que visa apagar a diferença sexual porque não sabe mais lidar com ela". O papa observou ainda que a remoção da diferença é "o problema, não a solução". Aos bispos de Porto Rico em visita ‘ad limina’, o papa afirmou: "as diferenças entre homens e mulheres não são para contraposição ou subordinação, mas para comunhão e geração, sempre à imagem e semelhança de Deus". E dois dias depois pediu aos bispos da Estônia e da Letônia, para "promoverem a família como dom de Deus para a realização do homem e da mulher criados à sua imagem e como célula fundamental da sociedade". No domingo seguinte, abrindo o Congresso Eclesial da Diocese de Roma, Francisco se dirigiu às famílias incentivando-as a enfrentar a batalha contra a "colonização ideológica" sub-repticiamente introduzida nas escolas italianas e "que envenena a alma e a família". Esse veneno, que mina as bases biológicas e antropológicas do homem, é mais prejudicial que o veneno que se dissolve nos oceanos ou que penetra nas raízes de árvores seculares: ele pode corroer até demolir a humanidade, porque mata a propensão ao encontro entre homem e mulher como ocasião e condição essencial para a reprodução da espécie humana. No terceiro capítulo, “Ecologia da vida cotidiana”, nº 155, a encíclica “Laudato sì” aborda com muita clareza a ideologia de gênero, mesmo sem nunca mencioná-la explicitamente. "A aceitação do próprio corpo como dom de Deus é necessária para acolher e aceitar o mundo inteiro como um dom do Pai e como casa comum; já uma lógica de domínio sobre o próprio corpo se torna uma lógica às vezes sutil de domínio sobre a criação". Portanto, "aprender a acolher o próprio corpo, cuidar dele e respeitar os seus significados é essencial para uma verdadeira ecologia humana". E "também apreciar o próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade é necessário para se reconhecer no encontro com o outro diferente. Desta forma, é possível aceitar com alegria o dom específico do outro ou da outra, obra de Deus Criador, e enriquecer uns aos outros". Assim, conclui com palavras inequívocas, "não é sadia uma atitude que pretenda apagar a diferença sexual por não saber mais lidar com ela”.
Fonte: CNBB

O direito e o dever do descanso

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará

A narrativa bíblica projeta em Deus uma necessidade muito humana, o descanso: "Foram concluídos o céu e a terra com todos os seus elementos. No sétimo dia, Deus concluiu toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia repousou de toda a obra que fizera. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nesse dia Deus repousou de toda a obra da criação" (Gn 2, 1-4). E faz parte dos mandamentos da lei de Deus a observação do Dia do Senhor: "Lembra-te de santificar o dia do sábado. Trabalharás durante seis dias e farás todos os trabalhos, mas o sétimo dia é sábado, descanso dedicado ao Senhor teu Deus. Não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu escravo, nem tua escrava, nem teu gado, nem o estrangeiro que vive em tuas cidades. Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm; mas no sétimo dia descansou. Por isso o Senhor abençoou o dia do sábado e o santificou" (Ex 20, 9-11).

Quando veio Jesus, a observância do dia de descanso, sábado para os Judeus, havia se transformado numa norma legalista e pesada. Várias vezes questionado por realizar curas no dia de sábado, ou pelos discípulos que fazem coisas proibidas no dia de descanso, Jesus manifesta total liberdade e anuncia um tempo novo e um novo modo de viver a lei de Deus: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Deste modo, o Filho do Homem é Senhor também do sábado” (Mc 2, 27-18).
A Igreja explicita assim o segundo mandamento: Guardar domingos e festas de guarda. No Antigo Testamento, o mandamento prescrevia que se guardasse o sábado. No entanto, após a Ressurreição do Senhor, que deu início a uma Nova e Eterna aliança com a humanidade, o primeiro dia da semana, Domingo - Dia do Senhor, substituiu a observância do dia de Sábado. O domingo deve ser guardado em toda a Igreja como o dia de festa de preceito por excelência.No domingo e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis participam da Santa Missa (Cf. Código de Direito Canônico, 1246-1247) e devem se afastar das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus nesses dias.
O primeiro compromisso do cristão no dia de Domingo é a participação na Santa Missa, na atualização perene do único e eterno sacrifício redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a oportunidade privilegiada de beber nas fontes da salvação, que acompanha toda a vida do cristão alimentando-se da Palavra de Deus e da Eucaristia. Como não há Domingo sem Missa, não haja cristão sem Missa de Domingo! Também o descanso no dia de Domingo seja considerado como dever a ser observado, primeiro para participar da Eucaristia e depois para restaurar as forças físicas e psicológicas necessárias ao dia a dia.
Durante o Concílio Vaticano II, corria pelo mundo um tema ao qual o Papa Francisco se referiu recentemente, uma possível revisão do Calendário, incluindo uma possível data fixa para a celebração da Páscoa. Naquela ocasião, foi acrescentado um Apêndice à Constituição Sacrosanctum Concilium, que assim de expressa: "Entre os vários sistemas em estudo para fixar um calendário perpétuo e introduzi-lo na sociedade civil, a Igreja só não se opõe àqueles que conservem a semana de sete dias e com o respectivo domingo". Ao insistir na semana de sete dias, a sabedoria da Igreja parte do ritmo bíblico que se mostrou adequado para a vida humana e ao mesmo tempo estava atenta aos riscos e práticas de sociedades que sobrecarregam, em suas empresas e organizações, a capacidade de trabalho das pessoas. Não é difícil observar as graves consequências para a saúde humana decorrentes da falta de descanso e de férias nas diversas classes sociais. E em tempos de crise econômica, podem multiplicar-se as atividades e buscas de "bicos" para reforçar o orçamento familiar e fazer frente às dificuldades atuais, ao preço de um desgaste no relacionamento entre as pessoas e prejuízo psicológico e espiritual para tantos.
Há que se buscar o equilíbrio entre o sentido religioso e as exigências humanas que se encontram no dever do descanso. Parece-me encontrar justamente numa realidade que buscamos, o Céu, o encontro definitivo com o Senhor na eternidade, o rumo para tal equilíbrio. Santo Agostinho descreveu o Céu com uma frase lapidar: "Ali descansaremos e veremos. Veremos e amaremos. Amaremos e louvaremos, eis o que será num final sem fim" (Ibi vacabimus et videbimus. Videbimus et amabimus. Amabimus et laudabimus, ecce quod erit in fine sine fine).
O Céu será o lugar do descanso de nossas fadigas. Merece descanso quem se aplica ao que faz, evitando a ociosidade e a preguiça. Aplicar-se significa ter o sentido dos deveres do próprio estado, atenção ao bem que nos é possível fazer, significa não desperdiçar tempo no trabalho. Chegar ao final do dia num agradável cansaço, depois de ter preenchido bem todas as oportunidades de encontro com as pessoas e ter contribuído para o bem da coletividade já é fonte de repouso. Mais ainda será no ocaso de nossa vida, quando nos apresentarmos diante do Senhor.
No Céu nós veremos! Encontraremos tudo o que esperamos na fé durante esta vida, contemplaremos a face do Senhor. Até lá, o descanso do dia a dia ou das férias é feito também de tempo para contemplar a natureza, as pessoas, identificar o crescimento dos filhos e demais familiares, enxergar detalhes que nos passam despercebidos no cotidiano da lida da vida.
No Céu nós amaremos! Depois da caminhada nesta terra, só levaremos o amor, que ultrapassa as fronteiras entre o tempo e a eternidade. De fato, "O amor jamais acabará. Agora nós vemos num espelho, confusamente; mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas em parte, mas, então, conhecerei completamente, como sou conhecido. Atualmente permanecem estas três: a fé, a esperança, o amor. Mas a maior delas é o amor" (1 Cor 13, 8.12-13). Quem ama não se estressa, pois se sente feliz ao fazer o bem. Quando repousamos, seja para amar mais e melhor no dia seguinte. Ao fazer férias, não seja este o tempo de vícios e abusos, mas tempo de relacionamento digno e qualificado com as pessoas, o que será fonte de sadio relaxamento.
No Céu nós louvaremos! O ponto de partida da oração é o louvor, antes da ação de graças, do pedido de perdão ou da súplica. E será também o seu ponto de chegada na eternidade, onde proclamaremos para sempre os louvores de Deus. Aqui na terra, sabemos que Deus é glorificado no ser humano vivo, e que experimentamos desde já um antegozo da eternidade, quando somos capazes de elevar expressões de louvor a Deus. Rezar louvando, cantar a glória de Deus, edificar as pessoas pela liturgia bem celebrada e vivida. Tudo isso é fonte de repouso em Deus!
Dia de folga, Domingo, Férias! Tudo pode ser diferente olhando para o Céu!
Fonte: CNBB

O Papa no Equador, Bolívia e Paraguai com a alegria do Evangelho

2015-07-05 Rádio Vaticana

Já iniciou a viagem do Papa Francisco na América Latina. O avião papa partiu esta manhã do aeroporto de Fiumicino. A primeira etapa será o Equador. A partir de quarta-feira Francisco estará na Bolívia e por fim na sexta-feira transferir-se-á para o Paraguai, para depois regressar ao Vaticano na segunda-feira, dia 13 julho.
Passaram dois anos desde a viagem do Papa ao Rio de Janeiro para o Dia Mundial da Juventude em 2013 e agora Francisco regressa à América do Sul para a sua 9ª viagem apostólica internacional. Equador, Bolívia e Paraguai serão as etapas: "nações irmãs", definiu-as o Papa na vídeo-mensagem difundida nas vésperas e apresentada simultaneamente nos três países.
Uma peregrinação seguindo os passos de São João Paulo II que viajou aos três Estados latino-americanos em 85, no Equador, e em 88, na Bolívia e Paraguai. É a primeira vez que, numa sua viagem, o Papa Francisco visita três países: mais de 24 mil serão os quilómetros que vai percorrer numa semana, variando altitudes e temperaturas, mas também vivendo situações e percursos históricos diferentes.
"Quero ser testemunha da alegria do Evangelho", referindo-se ao tema que une toda a viagem que, por sua vez, se inspira à Evangelii Gaudium, e trazer - disse o Papa antes de partir - a ternura e o carinho de Deus, especialmente "aos seus filhos mais necessitados, os idosos, os doentes, os prisioneiros, os pobres, a todos aqueles que são vítimas desta cultura do descarte”.
O Equador tem como lema: "Evangelizar com alegria". O País está pronto para acolher o Papa: nos preparativos e na organização, é forte a coesão entre o governo, as forças da ordem e a Nunciatura em Quito, com a colaboração dos bispos locais, apoiados diariamente no seu empenho concreto por várias Conferências Episcopais Europeias. Nos últimos dias, houve manifestações por parte de activistas em defesa dos direitos humanos e das comunidades indígenas, que se opõem à perfuração e extracção de petróleo na Amazónia. Mas o País agora só pensa em abraçar Francisco. As etapas do Pontífice são Guayaquil e Quito. Na primeira Francisco visita, entre outros lugares, o Santuário da Divina Misericórdia e celebra a Missa no Parque de Los Samanes. Na capital, entre os encontros agendados, a grande Celebração eucarística, dedicada à evangelização dos povos, no Parque do Bicentenário, uma visita privada à "Iglesia de la Compañia' - onde Francisco se recolherá em oração diante da imagem de Nossa Senhora das Dores – e à Casa de Repouso das Missionárias da Caridade, o encontro com os religiosos no Santuário Mariano Nacional Mariano 'El Quinche'
Em seguida, a transferência para a Bolívia, cujo lema é: "Com Francisco anunciamos a alegria do Evangelho". El Alto e La Paz, a 4.000 e 3.600 metros de altura, aguardam o Papa que, entre os vários encontros, terá uma breve paragem no lugar do assassinato do Padre Luis Espinal, um jesuíta morto em 1980 na época da ditadura. Em Santa Cruz de la Sierra, novo Centro económico do País, a 450 metros por cima do nível do mar, o Papa abrirá o V Congresso Eucarístico Nacional e o Encontro Mundial dos Movimentos Populares.
Finalmente Asunción e Caacupé, no Paraguai, com o lema: "Mensageiro de alegria e de paz" Prevista uma visita ao hospital pediátrico da Capital, bem como ao Bañado Norte, zona pobre e pantanosa da cidade; além disso a Santa Missa no Santuário Mariano de Caacupé: o Papa Francisco é muito devoto à Imaculada Conceição dos milagres, que aqui é venerada. E uma outra Celebração eucarística no parque da base Nu Guazu, onde se estão a fazer os últimos retoques ao '"altar de milho" feito com espigas de milho, pequenos cocos, milhares de sementes e inspirado na cultura indígena. As realidades autóctones serão, portanto, algumas das particularidades desta viagem, juntamente com os momentos marianos, os encontros com as crianças doentes, os idosos, os presos, os pobres, para além dos encontros com as autoridades e as Igrejas locais. Uma outra viagem às "periferias" do mundo, tão centrais no coração do Papa Francisco. (BS)
(from Vatican Radio)

Comunidade Nossa Senhora de Fátima: Grupo de Oração Luz Divina





Buscai ao Senhor, enquanto Ele se deixa encontrar...( Isaías 55,6)  
 
Convidamos a todo povo de Deus a participar do Grupo de Oração: Luz Divina
Estaremos reunidos todas as QUARTAS-FEIRA  às 19:00h na Capela Nossa Senhora de Fátima no Jardim Castelão- Passaré

Iniciaremos às 19:00h  rezando o Terço Mariano.
Após o Terço teremos Louvor,Oração,Pregação e Oração Final.
Participe conosco desde momento tão cheio da presença e da Graça de Deus!!! Resultado de imagem para luz divina imagens