quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Liturgia Diária

Invoquemos a presença do Espírito Santo para ler e refletir a liturgia de hoje:

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. 

Oremos: 

Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

Oração
Pai, que o meu coração, repleto de fé, reconheça Jesus como a mediação de todas as graças e favores que recebo de ti.
Primeira leitura: Tt 3,1-7
Leitura da Carta de São Paulo a Tito
Caríssimo, 1admoesta a todos que vivam submissos aos príncipes e às autoridades, que lhes obedeçam e estejam prontos para qualquer boa obra.
2Não injuriem a ninguém, sejam pacíficos, afáveis e dêem provas de mansidão para com todos os homens.3Porque nós outrora éramos insensatos, rebeldes, extraviados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo na maldade e na inveja, dignos de ódio e odiando uns aos outros.
4Mas um dia manifestou-se a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor pelos homens: 5Ele salvou-nos não por causa dos atos de justiça que tivéssemos praticado, mas por sua misericórdia; quando renascemos e fomos renovados no batismo pelo Espírito Santo, 6que ele derramou abundantemente sobre nós por meio de nosso Salvador Jesus Cristo. 7Justificados, assim, pela sua graça, nos tornamos na esperança herdeiros da vida eterna.
. - Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmos: Sl 23
          — O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma.
— O Senhor é o pastor que me conduz, não me falta coisa alguma.

— O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças.
— Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança!
— Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo; com óleo vós ungis minha cabeça, e o meu cálice transborda.
— Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos. 
 
 
Evangelho: Lc 17,11-19
         - O Senhor esteja convosco.
          - Ele está no meio de nós.
          - Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo São Lucas.
          - Glória a vós, Senhor.

        11Aconteceu que, caminhando para Jerusalém, Jesus passava entre a Samaria e a Galiléia. 12Quando estava para entrar num povoado, dez leprosos vieram a seu encontro. Pararam à distância, 13e gritaram: “Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!” 14Ao vê-los, Jesus disse: “Ide apresentar-vos aos sacerdotes”.
Enquanto caminhavam, aconteceu que ficaram curados. 15Um deles, ao perceber que estava curado, voltou glorificando a Deus em alta voz; 16atirou-se aos pés de Jesus, com o rosto por terra, e lhe agradeceu. E este era um sama­ritano.
17Então Jesus lhe perguntou: “Não foram dez os curados? E os outros nove, onde estão? 18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” 19E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
 
Comentário do Evangelho
Jesus tem o poder de dar a vida.
O evangelista lembra sempre o leitor de que Jesus está caminhando para Jerusalém, caminho que é metáfora do caminho de Jesus para o Pai. A situação dos leprosos do tempo de Jesus era dramática e profundamente humilhante. Dez leprosos suplicam a Jesus por compaixão. Não há nenhum gesto para a cura deles todos; somente a palavra de Jesus foi suficiente para purificá-los. Isso mostra o poder da palavra de Jesus; poder de dar a vida. O número “dez” simboliza a totalidade de um povo. Isso significa que na purificação daqueles leprosos todo um povo é visitado por Deus. A cura da lepra é um dos sinais dos tempos messiânicos. A salvação da qual Jesus é portador é destinada a todos os povos, judeu e pagãos. A observação de que somente o samaritano voltou para agradecer ressalta a ingratidão do povo de Israel. O samaritano, considerado herético pelos judeus, cumpre o papel de Israel de prostrar-se diante do Deus único e verdadeiro e agradecer pelo bem da libertação da escravidão. A lepra era uma verdadeira escravidão. Neste texto, o leitor é interpelado a afinar o seu discernimento e abrir o seu coração para reconhecer o Reino de Deus que se aproxima, em primeiro lugar, na pessoa de Jesus.
 
Leitura Orante

Oração Inicial

Preparo-me para a Leitura Orante, fazendo uma rede de comunicação
e comunhão em torno da Palavra com todas as pessoas que se neste ambiente
virtual. Rezamos em sintonia com a Santíssima Trindade.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém
Senhor, nós te agradecemos por este dia.
Abrimos, com este acesso à internet,
nossas portas e janelas para que tu possas
Entrar com tua luz.
Queremos que tu Senhor, definas os contornos de
Nossos caminhos,
As cores de nossas palavras e gestos,
A dimensão de nossos projetos,
O calor de nossos relacionamentos e o
Rumo de nossa vida.
Podes entrar, Senhor em nossas famílias.
Precisamos do ar puro de tua verdade.
Precisamos de tua mão libertadora para abrir
Compartimentos fechados.
Precisamos de tua beleza para amenizar
Nossa dureza.
Precisamos de tua paz para nossos conflitos.
Precisamos de teu contato para curar feridas.
Precisamos, sobretudo, Senhor, de tua presença
Para aprendermos a partilhar e abençoar!
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.

1- Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto, na Bíblia: Lc 17,11-19
A lepra era uma doença de pele, grave, contagiosa, que impedia a participação e o relacionamento na vida quotidiana, e também, no culto. No livro Levítico (Lv 13,45-46) esta doença é regulamentada em lei para proteger as demais pessoas do contato e, não, para ajudar os portadores de lepra. Diz o texto citado: “ Quem tiver sido declarado doente por afecção cutânea, andará esfarrapado e despenteado, com a barba coberta e gritará: “Impuro, impuro!” Viverá à parte e terá sua morada fora do acampamento”. Há o caso de Naamã, curado nas águas do Jordão e convertido ao deus de Israel (2Rs 5). Os doentes incuráveis se agrupam. Quando Jesus passa pela Samaria, eles pararam longe para não contaminarem. Dali gritaram pedindo ajuda. Nas palavras de Jesus a eles, está implícita a cura. Quando ele diz: “peçam aos sacerdotes que examinem vocês”. Ao obedecer, os leprosos demonstram fé. E no caminho, se vêem curados, sem necessidade dos vários ritos. Então um dos dez volta para agradecer. Os outros preocupam-se com o aspecto jurídico de reconhecimento oficial da cura. O que volta, dá glórias a Deus. A gratidão expressa no retorno daquele samaritano (pagão) curado que se ajoelha diante de Jesus e agradece põe em relevo a ingratidão dos outros nove que rapidamente se esqueceram da mediação do Mestre.
Outros textos bíblicos, muitos, nos falam da gratidão.
Jesus agradece porque Deus o escuta:
"Então tiraram a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: «Pai, eu te dou graças porque me ouviste. (Jo 11,41).
Paulo agradece porque os romanos se livraram do pecado:
"Damos graças a Deus, porque vocês eram escravos do pecado, mas obedeceram de coração ao ensinamento básico que lhes foi transmitido. Assim, livres do pecado, vocês se tornaram escravos da justiça." (Rm 6,17-18).
Aos colossenses, o apóstolo Paulo recomenda viverem transbordando em ação de graças:
"Já que vocês aceitaram Jesus Cristo como Senhor, vivam como cristãos: enraizados nele, vocês se edificam sobre ele e se apoiam na fé que lhes foi ensinada, transbordando em ações de graças.(Cl 2,6-7).
São Paulo, recomenda continuamente a ação de graças a Deus:
" Dêem graças em todas as circunstâncias, porque esta é a vontade de Deus a respeito de vocês em Jesus Cristo." (1Ts 5,18).

2- Meditação (Caminho)

O que o texto diz para mim, hoje?
A gratidão a Jesus pela salvação é elemento essencial da vida cristã. No texto lido, só um homem curado foi agradecido. Pergunto-me e me examino: sou uma pessoa reconhecida, agradecida pela graça e misericórdia de Deus para comigo? De quantas “lepras” já fui curado/a por Jesus? Quantas agradeci?
Os bispos na Conferência de Aparecida lembraram: “A vida nova de Jesus Cristo atinge o ser humano por inteiro e desenvolve em plenitude a existência humana “em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural”. Para isso, faz falta entrar em um processo de mudança que transfigure os vários aspectos da própria vida. Só assim será possível perceber que Jesus Cristo é nosso salvador em todos os sentidos da palavra. Só assim manifestaremos que a vida em Cristo cura, fortalece e humaniza. Porque “Ele é o Vivente, que caminha a nosso lado, manifestando-nos o sentido dos acontecimentos, da dor e da morte, da alegria e da festa”. (DAp 356).
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3- Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?
O bem-aventurado Alberione dizia: "Tudo nos vem de Deus. Tudo nos leva ao Magnificat!"
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração do bem-aventurado Alberione, cuja festa celebraremos no dia 26 de novembro.
“Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém”.

4- Contemplação (Vida e Missão)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra? Sinto-me discípulo/a de Jesus.
Meu olhar deste dia será se agradecimento pelos infinitos dons de Deus na minha vida.

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Fonte: Catequese Católica

Papa Francisco reprova honra e prestígio

padregeovaneA Igreja Católica é na sua essência missionária e jamais pode prescindir da sua missão e muito menos se fechar em si mesma, diante do imperativo do seu fundador, mestre e Senhor, quando diz ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura (cf. Mc 16,15). De modo que na sua índole, ela é levada a sair, a ir e encontrar os desanimados e afastados, excluídos e marginalizados. Vejamos o que nos disse o Sumo Pontífice, o Papa Francisco: “O verdadeiro pastor, o verdadeiro cristão tem este zelo interior: que ninguém se perca. E por isso não tem medo de sujar as mãos. Não tem medo. Vai aonde tem que ir. Arrisca sua vida, sua fama, arrisca perder a sua comodidade, o seu status, perder também na carreira eclesiástica, mas é bom pastor. Também os cristãos devem ser assim. É tão fácil condenar os outros, como faziam os publicanos, os pecadores. É tão fácil, mas não é cristão? Não é comportamento de filhos de Deus. O Filho de Deus vai ao limite, dá a vida pelo outros, como fez Jesus. Não pode ficar tranquilo, protegendo si mesmo: a sua comodidade, a sua fama, a sua tranquilidade. Lembrem-se disso: que jamais existam pastores e cristãos que ficam no meio do caminho!” (06.11.2014).
Nossa vocação cristã, decorrente do nosso batismo tem por base a cruz, colocando-a diante dos olhos, na mente e no coração como sagrada, como misteriosa e indizível, mas são necessárias também a renúncia e a doação. O Papa Francisco, falando aos bispos amigos dos Focolares, no dia 07.11.2014, disse assim: “Se, de fato, quisermos, como cristãos, responder de modo decisivo às tantas problemáticas e dramas do nosso tempo, devemos falar e agir como irmãos, de maneira que todos nos possam reconhecer como tais. Talvez, este seja um meio de responder também à globalização da indiferença com uma globalização da solidariedade e da fraternidade”.
São João XXIII, extraordinária figura humana, iniciou o Concílio Vaticano II com o coração repleto de otimismo, fé e esperança. Que esta santa criatura nos ajude e convença em perseguir o mesmo ideal, para que diante das exigências e desafios do terceiro milênio, possamos ver um mundo menos insensível à dor e ao sofrimento, mais solidário e fraterno. É triste, disse ainda Francisco, “Quando se vê um homem que busca este cargo para chegar ‘lá’; e quando conquista o que quer, vive somente para a sua vaidade”. De fato, é através do Bispo, auxiliado pelos Presbíteros e os Diáconos, que a Igreja exerce a sua maternidade. Por outro lado, do mesmo modo que Jesus chamou os Apóstolos para que vivessem unidos como uma só família, assim também os bispos do mundo inteiro formam um único colégio, reunido em torno do Papa, que é o que garante esta comunhão profunda. “Como é belo, então, quando os bispos, com o Papa, expressam essa colegialidade, e buscam ser cada vez mais servidores dos fiéis! Foi o que vivemos recentemente na Assembleia do Sínodo sobre a família”, recordou o Pontífice.
Por isso mesmo é tarefa nossa caminhar na direção do projeto do Salvador da humanidade, encarnado e manifestado ao mundo como luz a iluminar as pessoas que alimentam na mente e no coração o sonho da justiça e da paz. O Augusto Pontífice, na catequese da quarta feira, 05.11.2014, faz-nos lembrar do legado do referido Vaticano II, de modo particular, na inspiração de um grupo de bispos em firmar o Pacto das Catacumbas, quando falou com veemência: “Ser bispo é serviço, e não uma honra”. E disse mais: “Compreendemos, portanto, que não se trata de uma posição de prestígio, de um cargo honorífico. O bispado não é uma honorificência, é um serviço. Jesus quis que fosse assim. Não deve haver lugar na Igreja para a mentalidade mundana, para a ‘carreira eclesiástica’”. Os santos bispos, prosseguiu o Papa, “nos mostram que este ministério não se busca, não se pede, não se compra, mas se acolhe em obediência, não para elevar-se, mas para abaixar-se, como Jesus, que ‘humilhou a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte’”. Assim seja!
Por Geovane Saraiva – padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com

[Jubileu Centenário] Programação

ANO-DA-CARIDADE---logomarca350Veja aqui a programação completa das comemorações do centenário da Arquidiocese de Fortaleza.

Arquidiocese de Fortaleza apresenta logomarca do Jubileu Centenário: “Firmes na Fé, alegres na Esperança e solícitos na Caridade” para “Boa Nova em novos tempos”

“Firmes na Fé, alegres na Esperança e solícitos na Caridade” para “Nova evangelização em novos tempos”
ANO-DA-CARIDADE---logomarca350
Após um ANO DA FÉ, um ANO DA ESPERANÇA, entramos no ANO DA CARIDADE com a celebração Eucarística no dia 14 de novembro, com início às 18h30min na Catedral Metropolitana. As celebrações se estendem até  novembro de 2015.
A Igreja em Fortaleza, comemorando seus cem anos de existência como realidade arquidiocesana: mãe de outras Igrejas Particulares (dioceses), que foram nascendo de sua missão, quer se reconhecer na concretização do Amor de Deus, na Caridade.
Um ANO DA CARIDADE nas comemorações do Jubileu Centenário da Arquidiocese de Fortaleza quer reavivar a realidade dos laços que unem todas as dimensões da Igreja: comunhão e missão – nas expressões concretas do “Amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Assim a comunidade eclesial se manifesta como verdadeira Família de Deus em Cristo. Os vínculos do amor vivido concretamente testemunham a verdade do Evangelho, como o afirmou o próprio Jesus: “Pai, eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos na unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste, como amaste a mim.” (Jo 17, 23).
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, dom José Antonio Aparecido Tosi Marques.

“LEVADOS PELA CARIDADE DE CRISTO.” (2Cor 5,14)

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Após vivermos o ANO DA FÉ, instituído pelo Papa Bento XVI no ano 2013 e depois o ANO DA ESPERANÇA em 2014, na preparação para o JUBILEU DE 100 ANOS DA ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA, estamos vivendo o ANO DA CARIDADE desde o dia 14 deste mês até o dia 14 de novembro de 2015, quando celebraremos a Ação de Graças do Ano Centenário.

São elas – as virtudes da FÉ, da ESPERANÇA e da CARIDADE – chamadas “virtudes teologais”, forças da graça divina que é dada por Deus aos que, crendo em Cristo são renascidos pelo banho batismal. Virtudes, pois são forças constitutivas da ação de Deus nas pessoas, teologais por sua origem e modo de ser divinos: atuação da própria vida divina concedida às pessoas humanas.
Assim encontramos no Catecismo da Igreja Católica, resumo condensado das doutrinas da Fé Católica: “1812.As virtudes humanas se fundam nas virtudes teologais que adaptam as faculdades do homem para que possa participar da natureza divina. Pois as virtudes teologais se referem diretamente a Deus. Dispõem os cristãos a viver em relação com a Santíssima Trindade e têm a Deus Uno e Trino por origem, motivo e objeto. 1813.As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão. Informam e vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna. São o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano. Há três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade.”
Para aprofundarmos nosso conhecimento e vivência da vida em Cristo, a vida cristã, o Santo Padre Emérito, Bento XVI, deu à Igreja três grandes Cartas sobre cada uma das virtudes teologais: “Deus Caritas est – Deus é Caridade” – sobre a virtude da Caridade; “Spe Salvi – Salvos pela Esperança” – sobre a virtude da Esperança; e a terceira grande Carta ele a fez juntamente com o Papa Francisco, dando à Igreja um documento fruto de seus estudos e da comunhão dos pastores: “Lumen Fidei – A luz da Fé” – sobre a virtude da Fé.
Com estes ensinamentos fundamentais o Pastor maior da Igreja Católica, em seu ministério de confirmar os irmãos na fé cristã, apascentando o rebanho de Cristo em todo o mundo, quis propor a todos uma renovação fundamental da vida no encontro com Cristo e seu seguimento, bem como na missão que do Senhor todos os discípulos recebem.
“Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus. “O justo viverá da fé” (Rm 1,17). A fé viva “age pela caridade” (Gl 5,6).(CIC 1814).
“A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade.(CIC 1818).
“O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade, que é o “vinculo da perfeição” (Cl 3,14); é a forma das virtudes, articulando-as e ordenando-as entre si. A caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à perfeição sobrenatural do amor divino.”(CIC 1827).
O ANO DA CARIDADE nos leva a tomar consciência mais profunda de que somos “LEVADOS PELA CARIDADE DE CRISTO.” (2Cor 5,14)
A Igreja em sua comunhão na Caridade é manifestação do amor divino trinitário. “Se vês a caridade, vês a Trindade” — escrevia Santo Agostinho… (Assim se manifesta) o desígnio do Pai que, movido pelo amor (cf. Jo 3, 16), enviou o Filho unigênito ao mundo para redimir o homem. A Igreja em seu mais verdadeiro ser é a própria humanidade em Caridade – a Caridade em ação.
Um ANO DA CARIDADE nas comemorações do Jubileu Centenário da Arquidiocese de Fortaleza quer reavivar a realidade dos laços que unem todas as dimensões da Igreja: comunhão e missão – nas expressões concretas do “Amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Assim a comunidade eclesial se manifesta como verdadeira Família de Deus em Cristo, como rezou o próprio Jesus: “Pai, eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos na unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste como amaste a mim.” (Jo 17, 23)
Damos graças pelos dons do Espírito no testemunho dos fiéis e das comunidades em sua vida e missão: santidade que é caridade em muitas formas de obras de misericórdia.
É também necessária a penitência pelas não correspondências ao Amor de Deus: faltas, incoerências, contratestemunhos, pecados na caminhada centenária e pelos quais pedimos o perdão e a misericórdia renovadora do Senhor. Sem o Amor nada somos.
São novos os tempos em que vivemos, são grandes desafios que nos atingem, mas se tornam para os discípulos-missionários de Cristo, oportunidades de testemunhar e anunciar como maior dom a “alegria do Evangelho” dado a todos, com maior coerência, zelo e ardor. “Firmes na Fé, alegres na Esperança e solícitos na Caridade” para “Boa Nova em novos tempos”.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

Martírio: Como procede a Igreja para declarar a santidade de um mártir?



Foto de Domínio Público / Montagem ACI Digital
Rio de Janeiro, 12 Nov. 14 / 06:00 pm (ACI).- Nos últimos anos, particularmente no Oriente Médio, os cristãos estão sendo cada vez mais ameaçados e mortos. Assim como aconteceu aos primeiros cristãos, milhões de pessoas são torturadas e assassinadas unicamente por professar a fé e por não abdicar dela. Assim, estes cristãos mortos são testemunhas, significado da raiz grega do termo mártir, e seu processo de canonização envolve um trabalho e exigências distintos aos dos santos e beatos que aIgreja eleva aos altares. O martírio pela fé já supõe a santidade do indivíduo.
“O Santo Padre também afirmou que estamos tendo mais mártires nesta década do que no início do Cristianismo. Esses mártires, que surgem onde o Cristianismo é minoria, são como as sementes que caem no solo e dão bons frutos”, disse o vigário episcopal para a Vida Consagrada da Arquidiocese do Rio, Dom Roberto Lopes, OSB.
Ele também recordou o martírio na Argélia dos monges trapistas, da Ordem dos Cistercienses, retratado no filme “Homens de Deus”, que não impediu que a missão continuasse.
“Pelo contrário, a partir dessas mortes acabaram surgindo muitas vidas, como aconteceu também no período da Guerra do Vietnã. Nas comunidades que foram massacradas hoje existem muitas vocações. Isso foi resultado do martírio”, disse.
Dom Roberto afirmou que são realizados de forma mais simples os processos canônicos dos mártires.
“A metodologia de trabalho e as exigências são outras. O martírio pela fé já supõe a santidade do indivíduo. É muito mais rápido, não tem tantas exigências”, explicou.
O Concilio do Vaticano II afirma: “Desde o início alguns cristãos foram chamados – e alguns sempre serão chamados – para dar o supremo testemunho de seu amor diante de todos os homens, mas de modo especial perante os perseguidores. O martírio, por conseguinte – pelo qual o discípulo se assemelha ao Mestre, que aceita livremente a morte pela salvação do mundo, e se conforma a Ele na efusão do sangue – é estimado pela Igreja com exímio dom e suprema prova de caridade. Se a poucos é dado, todos, porém, devem estar prontos a confessar Cristo perante os homens, segui-lo no caminho da cruz entre perseguições, que nunca faltam à Igreja” (Lumen Gentium, nº 42).
O martírio é uma graça que tem sua iniciativa em Deus. Não compete ao cristão procurar o martírio provocando os adversários da fé. Para que haja martírio propriamente dito, requer-se que o cristão morra livremente, ou seja, aceite conscientemente o risco de morrer por causa da sua fé. A aceitação da morte pode ser explícita, como no caso em que o perseguidor deixa a escolha entre renegar a fé (ou uma virtude relacionada com a fé) e a morte. A aceitação livre pode ser implícita quando a pessoa sabe que o seu compromisso cristão pode levá-la até à morte e, não obstante, é fiel a esse compromisso.
Para que a Igreja declare oficialmente que alguém é mártir da fé, são efetuadas pesquisas a respeito e devem ser comprovadas as graças ou milagres obtidos por intercessão desse (a) servo(a) de Deus. O processo é iniciado na diocese à qual pertencia a vítima ou na qual ela foi levada à morte. Continua e termina em Roma, na Congregação para as Causas dos Santos.
Fonte: Acidigital

Papa Francisco: O que se pede aos bispos e sacerdotes para que vivam o serviço na Igreja?

Foto L'Osservatore Romano
Vaticano, 12 Nov. 14 / 01:44 pm (ACI/EWTN Noticias).- Na audiência geral de hoje, diante de milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Santo Padre centrou a sua catequese nas virtudes que devem ter um bom bispo, um bom sacerdote e um bom diácono. “O que é pedido a estes ministros da Igreja, para que possam viver de modo autêntico e fecundo o próprio serviço?”, questionou.

“São Paulo, em suas cartas pastorais, além de uma fé firme e uma vidaespiritual sincera, enumera algumas qualidades humanas essenciais para estes ministérios: o acolhimento, a sobriedade, a paciência, a mansidão, a confiança, a bondade de coração… qualidades, que fazem possível oferecer um serviço e um testemunho realmente alegre e credível”, destacou na Praça São Pedro.

Para o Papa “este é o alfabeto, a gramática de base de cada ministério! Deve ser a gramática de base de cada bispo, de cada padre, de cada diácono” e “sem esta predisposição não é possível oferecer um serviço e um testemunho realmente alegre e credível”.

“O Apóstolo exorta a reviver continuamente o dom que receberam pela imposição das mãos. A consciência de que tudo é dom, tudo é graça, também ajuda um Pastor a não cair na tentação de colocar-se no centro da atenção e de confiar apenas em si mesmo”.

O Santo Padre disse logo: “Ai de um bispo, um sacerdote ou um diácono se pensassem saber tudo, ter sempre a resposta correta para cada coisa e não precisar de ninguém”.

“Estando na consciência de ser chamado a proteger com coragem o depósito da fé, ele se colocará em escuta do povo. É consciente, de fato, de ter sempre algo a aprender, mesmo com aqueles que podem ser ainda distantes da fé e da Igreja. Com os próprios irmãos, depois, tudo isto deve levar a assumir uma atitude nova, com o compromisso da partilha, da corresponsabilidade e com a comunhão”, explicou.

É por esta razão que “deve estar sempre viva a consciência de que não se é bispo, sacerdote ou diácono se é mais inteligente, melhor que os outros, mas somente em força de um dom, um dom de amor dado por Deus, no poder do seu Espírito, para o bem do seu povo”.

Portanto, “a atitude de um ministro não poderá nunca ser autoritária, mas deve ser misericordiosa, humilde e compreensiva”.

De fato, um bispo “não poderá assumir nunca uma atitude autoritária, como se toda a comunidade estivesse aos seus pés”, por isso “não deverá cair na tentação de colocar-se no centro da atenção e confiar só em si mesmo”.  

“Os pastores deverão ser ‘imagem viva da comunhão e do amor de Deus’”, ressaltou.
Fonte: Acidigital

Aberto Concurso para Hino do Ano da Vida Consagrada

2014-11-12 Rádio Vaticana

Brasília (RV) - A CRB Nacional - Conferência dos Religiosos do Brasil - lança um concurso para o Hino do Ano da Vida Consagrada, que tem início em 30 de novembro.
A atividade tem como objetivo escolher o Hino do Ano da Vida Consagrada e que, consequentemente, se tornará um hino para a CRB; estimular o desenvolvimento artístico e cultural dos Religiosos e Religiosas de todas as faixas etárias como forma de valorização dos dons e talentos musicais existentes nas congregações religiosas e promover a participação de toda a Vida Religiosa Consagrada do Brasil no concurso do Hino, uma das atividades do Ano da Vida Consagrada do Brasil.
Para participar, acesse à ficha de inscrição e  o regulamento, que deve ser observado com atenção, pois será levado em consideração na escolha do Hino. 
(CRB-CM)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Irmã Dulce: o filme

Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil

Um filme sobre Irmã Dulce? Quando a questão foi colocada, pensei logo nas vantagens e nos riscos. Vantagens: Jesus disse que a luz precisa ser colocada no alto, para que ilumine o ambiente em que está. Ora, a vida de Irmã Dulce é rica de ensinamentos. Pequena e frágil, sensível à miséria humana, não procurou desculpas para ficar recolhida a seu convento.Pelo contrário, foi à luta, dedicou-se aos pobres e doentes e multiplicou-se em pessoas que podiam ajudá-la. Riscos: o valor da vida de Irmã Dulce se baseia especialmente na sua simplicidade. Um filme não iria idealizar essa vida, romanceá-la ou, mesmo, esvaziá-la? Lembrei-me logo de outra religiosa, também pequena, frágil e doente: Bernadete de Soubirous, vidente de Lourdes (1858). Pouco antes de seu falecimento, alguém lhe perguntou: “Quando se escrever sobre os acontecimentos da Gruta de Lourdes, o que você gostaria que fosse escrito?” Ela respondeu: “A verdade. Somente a verdade”.

A verdade se impõe; a verdade ilumina; a verdade liberta. Um filme sobre Irmã Dulce só teria sentido se fosse expressão da verdade de sua vida. Não fosse verdadeiro, os primeiros a criticá-lo seriam os que a conheceram. É comum encontrarmos pessoas que fazem um comentário sobre um encontro que tiveram com Irmã Dulce; com a descrição da reação que ela teve diante de um problema; com a recordação de uma resposta sua, quando diante de um desafio. Vê-se, pois, que um filme sobre ela não poderia ser uma exaltação gratuita nem, muito menos, uma caricatura de sua vida. Por isso, as Obras Sociais de Irmã Dulce colocaram como exigência, para a concessão da licença para a produção de um filme sobre a vida de Irmã Dulce, que o roteiro fosse previamente aprovado por seus responsáveis. Afinal, não poderia prevalecer a chamada “lógica do mercado”, que prioriza o que agrada mais, o que vende melhor, o que causa maior sucesso.
É verdade que, com isso, os problemas não estavam resolvidos. Outras questões nasciam: como traduzir na linguagem do cinema a riqueza dos detalhes da vida de Irmã Dulce? Se a intenção fosse fazer um documentário, tudo seria mais fácil. Mas como apresentar o olhar de Deus sobre sua vida? Tarefa difícil, mas que não podia ser ignorada, especialmente desde que a Igreja, reconhecendo a heroicidade das virtudes dessa religiosa, a beatificou. Como esquecer a tarde memorável do dia 22 de maio de 2011, quando se tornou oficial uma certeza que já estava arraigada no coração dos baianos: a de que o testemunho do “Anjo Bom da Bahia” poderia ser levado em consideração por quem quisesse seguir Jesus Cristo, particularmente em sua dedicação por aqueles que a sociedade costuma ignorar?
Os desafios e as preocupações diante da perspectiva do filme “Irmã Dulce” não paravam por aí. Mas era preciso avançar. Assim, algumas convicções se impuseram: o que fosse retratado deveria ser verdadeiro; aceitar-se que nenhum filme sobre Irmã Dulce seria completo e lembrar que uma obra artística é a expressão de um ponto de vista. Tomadas as decisões, as filmagens começaram.
Agora, a obra está pronta. Mais alguns dias e o filme “Irmã Dulce” estará nas telas de cinema de todo o Brasil. O que dizer dele? Estou feliz com o resultado. Sinto-me livre para dizer mais: o filme superou minhas expectativas. “Irmã Dulce” é um filme que eu gostaria de ter feito, se fosse cineasta.
Cumprimento aqui todos os que trabalharam em função desse filme. Não destaco nomes, para não cometer injustiças. Numa obra como essa, de muitas mãos, os aplausos devem ser para todos. Não sei o que a própria Irmã Dulce diria, se visse esse filme sobre a sua vida. É possível, até, que ela saísse na metade da exibição: vendo determinada cena, possivelmente se lembraria de algum pedido que um pobre lhe fez no dia anterior, de um rosto que ela viu no corredor de seu hospital (“Será que aquela senhora já foi atendida?...”) ou de um médico com quem ela precisava falar com urgência. Que o filme esperasse; quem precisa de alguma ajuda, não pode esperar...
Fonte: CNBB

Igreja e sociedade: a Campanha da Fraternidade de 2015

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

Em 2015, a Igreja Católica Apostólica Romana celebra o 50º aniversário de encerramento do Concílio Vaticano II, realizado de outubro de 1962 a outubro de 1965. Tratou-se do evento mais marcante da Igreja no século 20.

A comemoração deste aniversário está sendo ocasião para recordar personalidades importantes do Concílio, como os papas João XXIII e Paulo VI; mas também para voltar às grandes intuições e orientações dessa “assembleia geral” do episcopado católico de todo o mundo. De fato, os ensinamentos conciliares ainda estão longe de serem plenamente postos em prática, embora um caminho significativo já tenha sido percorrido nesses 50 anos.
No Brasil, diversos eventos vêm sendo realizados em âmbitos acadêmicos e eclesiais, nos últimos 3 anos, para comemorar esse cinquentenário. Para 2015, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está promovendo uma reflexão mais ampla, em nível popular, sobre o Concílio, através da Campanha da Fraternidade (CF). Com o tema - “fraternidade: Igreja e sociedade” –, e o lema – “eu vim para servir” –, a Campanha aborda a relação Igreja-sociedade à luz da fé cristã e das diretrizes do Concílio Vaticano II.
A CF parte de dois pressupostos fundamentais para a vida cristã e centrais no Concílio: a auto-compreensão da própria Igreja; as implicações da fé cristã para o convívio social e para a presença da Igreja no mundo. Em outubro de 1963, na abertura da segunda sessão do Concílio, o papa Paulo VI expressou isso nas duas perguntas feitas no seu discurso aos participantes: Igreja, que dizes de ti mesma? Igreja, dize qual é tua missão? Os 16 documentos conciliares respondem a essa dupla interpelação.
De fato, o Cristianismo, vivido pela Igreja Católica, é uma religião histórica e não apenas sapiencial, embora também tenha esta conotação. Além de transmitir ensinamentos a serem acolhidos pessoalmente, sua proposta também é levar a uma prática social e histórica, onde suas convicções e ensinamentos sejam traduzidos em expressões de cultura e formas de convívio social.
A auto-compreensão da Igreja aparece, sobretudo, no documento conciliar Lumen gentium (A luz dos povos): ela entende ser formada por todos os que aderem a Cristo pela fé no Evangelho e pelo batismo; assim, mais que uma instituição juridicamente estruturada, que não deixa de ser, ela é um imenso “povo de Deus”, presente entre os povos e nações de todo o mundo, não se sobrepondo a eles, mas inserindo-se neles, como o sal na comida, ou como o fermento na massa do pão. Portanto, a identificação pura e simples da Igreja com os membros da hierarquia é insuficiente e inadequada; ela é a comunidade de todos os batizados, feitos discípulos de Jesus Cristo e testemunhas do seu Evangelho.
A partir desse princípio, entende-se que uma das grandes questões assumidas pelo Concílio tenha sido a superação da visão dicotômica - “Igreja-mundo”. Isto se desdobra no esforço da Igreja de abrir-se ao diálogo com o mundo, de estabelecer uma relação fecunda com as realidades humanas, acolher o novo e o bem que há em toda parte, partilhar as próprias convicções, contribuindo para a edificação do bem comum, colocando-se ao serviço do mundo, sem ser absorvida por ele.
O documento conciliar que melhor expressa esta postura é a Constituição Pastoral Gaudium et spes (A alegria e a esperança...), aprovado e promulgado por Paulo VI em 1965, às vésperas do encerramento do Concílio. Este texto denso inicia com as palavras paradigmáticas: “a alegria e a esperança, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo”.
Nele aparece a visão cristã sobre o mundo e o homem, sua dignidade, sua existência e sua vocação; reflete-se sobre a comunidade humana e as relações sociais, o sentido do trabalho e da cultura e sobre a participação da Igreja, enquanto “povo de Deus” inserido na sociedade, na promoção do bem de toda a comunidade humana.
Os cristãos e suas organizações tomam parte da história dos povos e da grande família humana. E a Igreja, “povo de Deus”, fiel à missão recebida de Jesus Cristo, quer estar a serviço da comunidade humana, não zelando apenas pelos seus projetos internos e seu próprio bem. O papa Francisco vem recordando isso constantemente nos seus pronunciamentos: que ela precisa ser “uma Igreja em saída”, uma “comunidade samaritana”, ou como “um hospital de campo”, para socorrer e assistir os feridos... Mas também quando diz que a Igreja não pode se omitir, nem abster de dar sua contribuição para a reta ordem ética, social, econômica e política da sociedade.
O pressuposto teológico e antropológico dessa preocupação do Concílio é a convicção de que a humanidade constitui uma única grande família de filhos de Deus e de irmãos entre si. Por isso mesmo, o empenho em favor da dignidade e dos direitos humanos fundamentais de cada ser humano, bem como na edificação da justiça social, da fraternidade entre todos e da assistência a toda pessoa necessitada, é parte integrante da sua missão, bem como da vida cristã coerente de cada membro da Igreja.
A CF vai retomar essas intuições fecundas do Concílio e propô-las novamente à reflexão no contexto brasileiro, durante o ano de 2015, especialmente no período da Quaresma, em que se prepara a celebração da Páscoa cristã. O lema – “eu vim para servir” retoma as palavras de Jesus: “eu não vim para ser servido, mas para servir e para entregar a minha vida pela salvação de todos” (Mc 10,45). A promoção do verdadeiro espírito fraterno no convívio social é, sem dúvida, um importante serviço à sociedade.
Publicado em O São Paulo
Fonte: CNBB