domingo, 16 de novembro de 2014

Papa Francisco: Quando o dinheiro se torna o fim, prevalece a “lógica selvagem do lucro”

Papa Francisco com os contabilistas na Sala Paulo VI. Foto: Petrik Bohumil / Grupo ACI
Vaticano, 14 Nov. 14 / 03:29 pm (ACI/EWTN Noticias).- A Sala Paulo VI do Vaticano recebeu nesta manhã sete mil pessoas que participaram entre os dias 10 e 13 de novembro no Congresso Mundial de Contabilistas. Entre outros temas, o Papa Francisco lhes falou sobre a ética de sua profissão e o desemprego.

“É preciso fomentar e cultivar uma ética da economia, das finanças e dos mercados trabalhistas”, disse o Santo Padre e assinalou que “hoje enfrentamos a realidade dramática de tantas pessoas que têm empregos precários, ou que o perderam; de tantas famílias que pagam as consequências; de tantos jovens em busca de um primeiro emprego e de um trabalho digno”.

“Há muitas pessoas, especialmente os imigrantes, que obrigados a trabalhar ‘ilegais’, não têm as mais elementares garantias jurídicas e econômicas”, disse o Pontífice. Nesta situação precária econômica, “é forte a tentação de defender o próprio interesse sem preocupar-se com o bem comum, nem prestar muita atenção à justiça e a legalidade”.

O Santo Padre disse logo que “é tarefa de todos, especialmente dos que exercem uma profissão que tem a ver com o bom funcionamento da vidaeconômica de um País, que o seu trabalho seja positivo, construtivo, no curso diário do próprio trabalho, sabendo que por trás de cada papel existe uma história, existem rostos”. O profissional cristão, prosseguiu, deve ser “criativo para encontrar soluções em situações bloqueadas; fazer prevalecer as razões da dignidade humana diante da rigidez da burocracia”.

O Papa ressaltou deste modo que a economia e as finanças são “dimensões da atividade humana que podem ser ocasião de encontro, cooperação, de direitos reconhecidos e serviços prestados e dignidade afirmada no trabalho”, mas para isso “é necessário colocar no centro o ser humano com a sua dignidade, contrastando as dinâmicas que tendem a homologar tudo e a colocar o dinheiro acima de tudo”.

“Quando o dinheiro se torna o fim e a razão de toda atividade e de toda iniciativa, então prevalecem a ótica utilitarista e a lógica selvagem do lucro que não respeita as pessoas, com o consequente abalo dos valores da solidariedade e do respeito pela pessoa humana”, assinalou.

“Os que trabalham com economia e finanças são chamados a fazer escolhas que favoreçam o bem social e econômico de toda a humanidade, oferecendo a todos a oportunidade de realizar o próprio desenvolvimento”.

Além disso, exortou a “trabalharem sempre com responsabilidade, em favor das relações de lealdade, justiça e fraternidade, enfrentando os problemas com coragem, sobretudo ao lidar com os problemas dos mais pobres”.

Por outro lado, pediu “manter vivo o valor da solidariedade como uma atitude moral, que expressa o nosso compromisso com o outro em todas as suas reivindicações legítimas”. Sobre uma necessária solidariedade, o Santo Padre aludiu a que “a doutrina social da Igreja nos ensina que o princípio de solidariedade se realiza juntamente com o de subsidiariedade”.

“Graças ao efeito destes dois princípios os processos estão a serviço do ser humano e cresce a justiça, sem a qual não é possível a paz verdadeira e duradoura”, advertiu o Papa Francisco.
Fonte: Acidigital

Jovens Católicos festejam Dia Nacional da Juventude no interior do Estado

jovens-no-DNJ-2013350 Hoje,  16 de novembro, milhares de jovens cearenses se reúnem para celebrar o Dia Nacional da Juventude (DNJ), que será realizado na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, na cidade de Amontada, localizada a 168 km de Fortaleza. O DNJ, evento católico, é uma promoção da pastoral da Juventude da diocese de Itapipoca.
O DNJ surgiu em 1985, durante o Ano Internacional da Juventude, promovido pela Organização das Nações Unidas. E é um dos principais eventos realizados pela Pastoral da Juventude acontecendo em todo o país.  De acordo com a organização do DNJ, que acontece em Amontada, são esperados cerca de 4 mil jovens.
Para Victor Santos, coordenador do DNJ, o evento representa “um momento em que a juventude católica se reúne para celebrar suas lutas, suas conquistas, denunciar e festejar seu dia”.  Ele ainda destaca que “somos jovens felizes, apaixonados sempre motivados pela fé e encaramos a vida com potencial criativo valorizando a dança, teatro, poesia, a música. E com essas facetas juvenis vamos em marcha para celebrar essa linda festa”, ressalta o jovem.
Em 2014, o DNJ reafirma a reflexão da Campanha da Fraternidade: “Feitos para sermos livres, não escravos”, convidando toda a sociedade a se unir em favor da vida digna para a juventude. Segundo a organização, o evento é gratuito e será oferecido lanche aos participantes.
Programação do DNJ:
06h30 – Chegada das caravanas
07h- Lanche
08h – Animação praça matriz com banda filhos de Maria de Paracuru
09h – Caminhada
10h – Celebração eucarística precedida por Dom Antônio Roberto Cavuto, bispo da diocese de Itapipoca
12h – Almoço partilhado
14h – Animação com a banda salve samba de Itapajé
15h – Tarde cultural
17h – Encerramento
Mais informações: Victor Santos – coordenador da Pastoral da Juventude 88 9744.7604 ou Rodrigo Neto, jornalista 85 – 8874.6272.
Por Rodrigo Neto, PASCOM

“LEVADOS PELA CARIDADE DE CRISTO.” (2Cor 5,14)

domjose200Após vivermos o ANO DA FÉ, instituído pelo Papa Bento XVI no ano 2013 e depois o ANO DA ESPERANÇA em 2014, na preparação para o JUBILEU DE 100 ANOS DA ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA, estamos vivendo o ANO DA CARIDADE desde o dia 14 deste mês até o dia 14 de novembro de 2015, quando celebraremos a Ação de Graças do Ano Centenário.
São elas – as virtudes da FÉ, da ESPERANÇA e da CARIDADE – chamadas “virtudes teologais”, forças da graça divina que é dada por Deus aos que, crendo em Cristo são renascidos pelo banho batismal. Virtudes, pois são forças constitutivas da ação de Deus nas pessoas, teologais por sua origem e modo de ser divinos: atuação da própria vida divina concedida às pessoas humanas.
Assim encontramos no Catecismo da Igreja Católica, resumo condensado das doutrinas da Fé Católica: “1812.As virtudes humanas se fundam nas virtudes teologais que adaptam as faculdades do homem para que possa participar da natureza divina. Pois as virtudes teologais se referem diretamente a Deus. Dispõem os cristãos a viver em relação com a Santíssima Trindade e têm a Deus Uno e Trino por origem, motivo e objeto. 1813.As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão. Informam e vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna. São o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano. Há três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade.”
Para aprofundarmos nosso conhecimento e vivência da vida em Cristo, a vida cristã, o Santo Padre Emérito, Bento XVI, deu à Igreja três grandes Cartas sobre cada uma das virtudes teologais: “Deus Caritas est – Deus é Caridade” – sobre a virtude da Caridade; “Spe Salvi – Salvos pela Esperança” – sobre a virtude da Esperança; e a terceira grande Carta ele a fez juntamente com o Papa Francisco, dando à Igreja um documento fruto de seus estudos e da comunhão dos pastores: “Lumen Fidei – A luz da Fé” – sobre a virtude da Fé.
Com estes ensinamentos fundamentais o Pastor maior da Igreja Católica, em seu ministério de confirmar os irmãos na fé cristã, apascentando o rebanho de Cristo em todo o mundo, quis propor a todos uma renovação fundamental da vida no encontro com Cristo e seu seguimento, bem como na missão que do Senhor todos os discípulos recebem.
“Pela fé, o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus. “O justo viverá da fé” (Rm 1,17). A fé viva “age pela caridade” (Gl 5,6).(CIC 1814).
“A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade.(CIC 1818).
“O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade, que é o “vinculo da perfeição” (Cl 3,14); é a forma das virtudes, articulando-as e ordenando-as entre si. A caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à perfeição sobrenatural do amor divino.”(CIC 1827).
O ANO DA CARIDADE nos leva a tomar consciência mais profunda de que somos “LEVADOS PELA CARIDADE DE CRISTO.” (2Cor 5,14)
A Igreja em sua comunhão na Caridade é manifestação do amor divino trinitário. “Se vês a caridade, vês a Trindade” — escrevia Santo Agostinho… (Assim se manifesta) o desígnio do Pai que, movido pelo amor (cf. Jo 3, 16), enviou o Filho unigênito ao mundo para redimir o homem. A Igreja em seu mais verdadeiro ser é a própria humanidade em Caridade – a Caridade em ação.
Um ANO DA CARIDADE nas comemorações do Jubileu Centenário da Arquidiocese de Fortaleza quer reavivar a realidade dos laços que unem todas as dimensões da Igreja: comunhão e missão – nas expressões concretas do “Amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Assim a comunidade eclesial se manifesta como verdadeira Família de Deus em Cristo, como rezou o próprio Jesus: “Pai, eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos na unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste como amaste a mim.” (Jo 17, 23)
Damos graças pelos dons do Espírito no testemunho dos fiéis e das comunidades em sua vida e missão: santidade que é caridade em muitas formas de obras de misericórdia.
É também necessária a penitência pelas não correspondências ao Amor de Deus: faltas, incoerências, contratestemunhos, pecados na caminhada centenária e pelos quais pedimos o perdão e a misericórdia renovadora do Senhor. Sem o Amor nada somos.
São novos os tempos em que vivemos, são grandes desafios que nos atingem, mas se tornam para os discípulos-missionários de Cristo, oportunidades de testemunhar e anunciar como maior dom a “alegria do Evangelho” dado a todos, com maior coerência, zelo e ardor. “Firmes na Fé, alegres na Esperança e solícitos na Caridade” para “Boa Nova em novos tempos”.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

Igreja sempre missionária

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

O mês de outubro é dedicado às missões. Jesus disse ao enviar os apóstolos para anunciar o ano da graça: “Eis que vos envio como cordeiros em meio a lobos vorazes” (Mt. 10,16). Na verdade, todo mês e todo dia é dia de fazer missão. Todo somos missionários. A vida é para ser vivida, e vivida em plenitude! Descobrir por que se vive é uma arte, necessita percepção, busca e atitude.

O anúncio da Boa Nova é um anúncio de paz. O texto do profeta Isaías, lido por Jesus na sinagoga de Nazaré e a si próprio aplicado, diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, eis porque me ungiu e mandou-me evangelizar os pobres, sarar os de coração contrito, anunciar o ano da graça” (Lc. 4,16-22).
A violência e a agressividade afastam os corações. Não é por acaso que Santa Terezinha foi declarada Padroeira das Missões, mesmo sem jamais transpor as grades de seu convento. Suas palavras e orientações alimentaram milhões de missionários no mundo todo. São Francisco de Sales, igualmente, ensinava que se apanham mais moscas com uma gota de mel do que com um barril de vinagre. Somos chamados a anunciar a alegria do evangelho! O missionário é como um bom semeador; conhece a semente que espalha e o terreno a ser cultivado. É ciente também de suas forças pessoais, limitações e valores. Sabe a hora de avançar e de recuar, de dominar os impulsos e as precipitações.
O motivo primordial da missão é e sempre será o mandato missionário que Jesus Cristo deu aos apóstolos e aos discípulos no termo de sua existência terrena. É um ato de obediência fundamental que a Igreja deve prestar, até o fim da história, à vontade de seu autor.
A evangelização exprime a identidade, a vocação própria da Igreja, sua missão essencial: "Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, sua mais profunda identidade." (Paulo VI "Evangelii nuntiandi", 14).
A Exortação Apostólica do Papa Francisco – Alegria do Evangelho – nos fala sobre a realidade da missão na Igreja e da Igreja. É por isso que o Papa abre os olhos de todos e começa a utilizar a nomenclatura: “Igreja em saída”, que, aliás, é o tema de sua mensagem para o Dia Mundial das Missões. A comunidade missionária experimenta que o Senhor tomou a iniciativa, precedeu-a no amor (1 Jo 4, 10), e, por isso, ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva. Ousemos um pouco mais no tomar a iniciativa! Como consequência, a Igreja sabe “envolver-se”.
Jesus lavou os pés dos seus discípulos. O Senhor envolve-Se e envolve os seus, pondo-Se de joelhos diante dos outros para os lavar; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: “Sereis felizes se o puserdes em prática” (Jo 13, 17). Com obras e gestos, a comunidade missionária entra na vida diária dos outros, encurta as distâncias, abaixa-se – se for necessário – até à humilhação e assume a vida humana, tocando a carne sofredora de Cristo no povo. Os evangelizadores contraem assim o “cheiro das ovelhas”, e estas escutam a sua voz. Em seguida, a comunidade evangelizadora dispõe-se a “acompanhar”. Acompanha a humanidade em todos os seus processos, por mais duros e demorados que sejam. Conhece as longas esperas e a suportação apostólica. A evangelização patenteia muita paciência e evita deter-se a considerar as limitações. Fiel ao dom do Senhor, sabe também “frutificar”.
A comunidade evangelizadora mantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor a quer fecunda. Cuida do trigo e não perde a paz por causa do joio. O semeador, quando vê surgir o joio no meio do trigo, não tem reações lastimosas ou alarmistas. Encontra o modo para fazer com que a Palavra se encarne numa situação concreta e dê frutos de vida nova, apesar de serem aparentemente imperfeitos ou defeituosos. O discípulo sabe oferecer a vida inteira e jogá-la até ao martírio como testemunho de Jesus Cristo, mas o seu sonho não é estar cheio de inimigos, mas, antes, que a Palavra seja acolhida e manifeste a sua força libertadora e renovadora. Por fim, a comunidade evangelizadora jubilosa sabe sempre “festejar”: celebra e festeja cada pequena vitória, cada passo em frente na evangelização. No meio desta exigência diária de fazer avançar o bem, a evangelização jubilosa torna-se beleza na liturgia. A Igreja evangeliza e se evangeliza com a beleza da liturgia, que é também celebração da atividade evangelizadora e fonte dum renovado impulso para se dar.
É necessário colocar toda a Igreja em "estado permanente de missão". A Igreja é toda missionária em seus membros, que agem de diversos modos, de acordo com a multiplicidade e a variedade dos carismas e dons. É em cada um de seus membros que a comunidade cristã coloca-se a serviço da evangelização e é enviada para pregar o Evangelho a toda criatura.
 Fonte: CNBB

O fabricante de esteiras

Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AP)
Um jovem monge, fabricante de esteiras, foi ter com o seu abade e lhe disse:

- Pai, o meu espírito está muito abatido. Faço de tudo para afastar esta tristeza, mas não consigo. O abade lhe deu este conselho:
- Eu tenho o remédio certo: crie um novo modelo de esteira. O noviço, tocado por esta proposta inesperada, obedeceu e voltou ao trabalho com mais afinco. Depois de um mês, com as suas mãos habilidosas, ele acabou de confeccionar uma belíssima esteira. No entanto, depois de alguns dias, o seu coração foi tomado novamente pela tristeza e o abatimento. De cabeça baixa, voltou a falar com o abade e lhe disse:
- O demônio da acédia me atormenta novamente, o que devo fazer?
- Inventa um novo modelo de esteira - repetiu o superior. O jovem obedeceu e, desta vez, a cidade inteira foi invadida por tecidos de palha e vime maravilhosamente entrelaçados. Com isso, o diabo ficou revoltado e disse:
- Com este monge não tem jeito. A cabeça dele está tão ocupada com a criação de novos modelos de esteiras que a oração dele está sempre viva e o seu coração sempre alegre!
A parábola dos talentos é muito conhecida. É fácil também nos deixar envolver pelo desenrolar da história. Ficamos curiosos nos perguntando quantos e quais “talentos” o Senhor nos deu, talvez com vontade de confrontá-los com os talentos dos outros. Será que o Senhor foi injusto conosco? Por que sempre achamos que ele deu mais e melhor para os outros? Também precisamos entender o que significa para nós multiplicar os dons e as aptidões que nos foram confiadas. Será que vamos dar conta? Quando o Senhor vier, para o balanço final, teremos mesmo alguns frutos para apresentar?
Com certeza devemos deixar de lado uma leitura, digamos, utilitarista desta parábola. A questão não pode ser aquela de ganhar mais. O Senhor Jesus sempre falou de juntar tesouros no céu e não neste mundo e chamou de insensato o rico que se deu por satisfeito porque tinha acumulado muitos bens. O fato de ter lucrado mais talentos é o resultado do trabalho e não a razão final do esforço.
Com efeito, o terceiro empregado simplesmente enterrou o talento, não o usou e também não se interessou por nada. Assim o patrão chama de servos bons e fiéis os primeiros dois empregados, mas chama de mau, preguiçoso e inútil o terceiro. Preguiçoso, porque não teve nenhuma preocupação com o uso do talento e inútil porque, não progrediu absolutamente em nada. Entendida neste sentido a parábola fica clara e desafiadora.
A questão não está em ter mais ou menos talentos – cada um de nós tem algo que recebeu totalmente de graça a começar pela própria vida – e nem em lucrar muito ou pouco, mas no fato de ter “trabalhado” ou não ter feito nada, ter desistido desde o início por medo do patrão ou mesmo por preguiça, por falta de iniciativa, por acomodação. Podemos resumir dizendo que estamos neste mundo não simplesmente para curti-lo ou desfrutá-lo, mas para transformá-lo numa realidade melhor nos deixando envolver num projeto grande e bonito que poderíamos chamar de “civilização do amor”.
O economista Adam Smith já dizia que “é o egoísmo do padeiro e não a sua generosidade, que nos fornece o pão de cada dia”. De fato, ele reconhecia que o lucro ou a ganância são as grandes molas que movem, desde sempre, a atividade humana. Quantas pessoas, por causa disso, gastam a vida intera para ganhar, cada vez mais, dinheiro ou aumentar o seu prestígio numa corrida sem fim. Não medem esforços quando a questão é o lucro, mas ficam preguiçosas e sem interesse quando o que está em jogo é a convivência fraterna, a solidariedade, o bem dos menos favorecidos. Somos muito ativos e criativos quando queremos ganhar dinheiro, mas pouco ou nada fazemos para vencer as injustiças, as desigualdades, as exclusões. Precisamos de mais coragem e determinação para ser mais criativos e comprometidos no amor. Desta maneira, daremos um sentido à nossa vida e manteremos ocupada a nossa mente e o nosso coração. Não teremos mais tempo para pensar somente no nosso bem-estar, aprenderemos a pensar mais nos pobres e esquecidos. Se não somos fabricantes de esteiras, todos podemos sempre ser fabricantes de amor. Mais criativos a cada dia.
Fonte: CNBB

Liturgia Diária


Invoquemos a presença do Espírito Santo para ler e refletir a liturgia de hoje:

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra. 

Oremos: 

Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo, Senhor nosso. Amém.

Oração
Pai, dá-me senso da responsabilidade e faze-me entender que o serviço amoroso e gratuito a meu próximo é o único caminho de fazer multiplicar os dons que de ti recebi.
Primeira leitura: Pr 31,10-13.19-20.30-31
Leitura do Livro dos Provérbios
10Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as jóias. 11Seu marido confia nela plenamente, e não terá falta de recursos. 12Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto, todos os dias de sua vida. 13Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos.
19Estende a mão para a roca, e seus dedos seguram o fuso. 20Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre.
30O encanto é enganador e a beleza é passageira; a mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor.31Proclamem o êxito de suas mãos, e na praça louvem-na as suas obras! 
. - Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
Salmos: Sl 128
          — Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!
— Felizes os que temem o Senhor e trilham seus caminhos!

— Feliz és tu, se temes o Senhor/ e trilhas seus caminhos!/ Do trabalho de tuas mãos hás de viver,/ serás feliz, tudo irá bem!

— A tua esposa é uma videira bem fecunda/ no coração da tua casa;/ os teus filhos são rebentos de oliveira/ ao redor de tua mesa.

— Será assim abençoado todo homem/ que teme o Senhor./ O Senhor te abençoe de Sião,/ cada dia de tua vida
 
2° Leitura: 1Ts 5,1-6
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
1Quanto ao tempo e à hora, meus irmãos, não há por que vos escrever. 2Vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como um ladrão, de noite. 3Quando as pessoas disserem: “Paz e segurança!”, então de repente sobrevirá a destruição, como as dores de parto sobre a mulher grávida. E não poderão escapar.
4Mas vós, meus irmãos, não estais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão.5Todos vós sois filhos da luz e filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. 6Portanto, não durmamos, como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios.
- Palavra do Senhor.
- Graças a Deus.
 
Evangelho: Mt 25,14-30
         - O Senhor esteja convosco.
          - Ele está no meio de nós.
          - Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo São Mateus.
          - Glória a vós, Senhor.

        Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seus discípulos:
14Será também como um homem que, tendo de viajar, reuniu seus servos e lhes confiou seus bens. 15A um deu cinco talentos; a outro, dois; e a outro, um, segundo a capacidade de cada um. Depois partiu. 16Logo em seguida, o que recebeu cinco talentos negociou com eles; fê-los produzir, e ganhou outros cinco. 17Do mesmo modo, o que recebeu dois, ganhou outros dois.
18Mas, o que recebeu apenas um, foi cavar a terra e escondeu o dinheiro de seu senhor. 19Muito tempo depois, o senhor daqueles servos voltou e pediu-lhes contas. 20O que recebeu cinco talentos, aproximou-se e apresentou outros cinco: - Senhor, disse-lhe, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei.21Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 22O que recebeu dois talentos, adiantou-se também e disse: - Senhor, confiaste-me dois talentos; eis aqui os dois outros que lucrei. 23Disse-lhe seu senhor: - Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem regozijar-te com teu senhor. 24Veio, por fim, o que recebeu só um talento: - Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. 25Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence. 26Respondeu-lhe seu senhor: - Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. 27Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. 28Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. 29Dar-se-á ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem, tirar-se-á mesmo aquilo que julga ter. 30E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
 
Comentário do Evangelho
Que tipo de servo Deus deseja.
A leitura de Provérbios trata da característica da mulher, entenda-se, esposa ideal. A mulher ideal é aquela que vive no temor a Deus ou, o que é o mesmo, no reconhecimento reverencial de que todo bem procede de Deus. A palavra temor pode, legitimamente, ser compreendida como amor. A mulher ideal, então, é aquela que, em primeiro lugar, ama a Deus. É em razão desse amor que ela, na sua casa, dá segurança ao marido e faz sua família viver das obras da sua mão. Não é a beleza nem a formosura que caracteriza a mulher ideal, mas o temor de Deus. A beleza e a formosura desaparecem com o tempo. O amor, no entanto, não passa (cf. 1Cor 13,13). O amor faz viver para o outro, dá sentido e gosto a tudo. A mulher é para o nosso texto símbolo do povo de Deus. Daí que a característica fundamental do povo de Deus é o temor do Senhor, no sentido que acima expusemos.

O evangelho deste domingo, a parábola mais extensa do Novo Testamento, apresenta o colaborador que Deus deseja, o discípulo que o Senhor deseja. A parábola é parte do discurso escatológico (24–25). Ela insiste no juízo do terceiro servo que enterrou o talento recebido. Se observarmos bem, dos dezessete versículos que integram o nosso texto, sete são dedicados a ele. Essa insistência é para alertar os discípulos, destinatários da parábola, contra a atitude representada pelo terceiro servo. Na antiguidade, uma moeda valia por seu peso. Um talento equivale a 34 quilos. Os dois primeiros servos não se limitaram a executar ordens, nem a se proteger, enterrando o bem do seu patrão. Eles tomaram a iniciativa de fazer render os bens e os multiplicaram. O terceiro servo, ao contrário, enterrou o talento que havia recebido. Para a mentalidade rabínica, o terceiro servo agiu em conformidade com a lei (Ex 22,6-7; Lv 5,21-26), donde se conclui que não há o que reprová-lo em sua atitude. Mas essa não é a posição de Jesus. O comportamento do terceiro servo é motivado pelo medo (cf. Rm 8,15). O que o “patrão” reprova é a mentalidade de escravo que impede de agir livremente e acomoda a pessoa nas suas próprias seguranças. Não se pode viver e servir a Deus sem arriscar. O espírito servil faz com que a pessoa não faça nada além do estritamente necessário e do que ela julga ser o seu dever. Elogiando os dois primeiros servos e repreendendo o terceiro, o evangelho indica que tipo de servo Deus deseja: aquele que faz valer o dom de Deus e não mede esforços para tal.
 
Leitura Orante

Oração Inicial

Preparo-me, com meus irmãos e irmãs internautas, para a Leitura Orante, rezando:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Jesus Mestre, creio com viva fé
que estais aqui presente, junto de mim,
para indicar-me o caminho que leva ao Pai.
Iluminai minha mente, movei meu coração,
para que esta meditação produza em mim frutos de vida.
(Bv. Tiago Alberione)

1- Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Mt 25,14-30, observo as palavras de Jesus e o sentido da parábola que conta.
Pelas suas palavras demonstrou que o medo do risco paralisou um dos empregados e a preguiça o tornou inerte, omisso. Jesus, nesta parábola em que fala em termos econômicos, diz que é preciso investir, criar rendimentos para o Reino. Estes investimentos e rendimentos podem ser definidos como crescimento na fé, na ética, na justiça, na coerência com o ser cristão, na vivência fraterna.

2- Meditação (Caminho)

O que o texto diz para mim, hoje?
Também eu recebi talentos que Deus me confiou para "investir" no Reino. Como estou investindo? Quais são os rendimentos? Em Aparecida, o bispos da América Latina, falaram muitas vezes e de diversas formas, deste dever de "investir" na vivência da fé. Indicaram também o caminho para o amadurecimento na fé. Recordamos um aspecto: "O amadurecimento no seguimento de Cristo e a paixão por anunciá-lo requerem que a Igreja local se renove constantemente em sua vida e ardor missionário. Só assim pode ser, para todos os batizados, casa e escola de comunhão, de participação e solidariedade. Em sua realidade social concreta, o discípulo tem a experiência do encontro com Jesus Cristo vivo, amadurece sua vocação cristã, descobre a riqueza e a graça de ser missionário e anuncia a palavra com alegria."(DAp 167).

3- Oração (Vida)

O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo com a oração a
Jesus Mestre Verdade, Caminho e Vida
Jesus Mestre, santificai minha mente e aumentai minha fé.
Jesus, Mestre vivo na Igreja, atraí todos à vossa escola.
Jesus Mestre, libertai-me do erro, dos pensamentos inúteis
e das trevas eternas.
Jesus Mestre, caminho entre o Pai e nós, tudo vos ofereço e de vós tudo espero.
Jesus, caminho da santidade,
tornai-me vosso fiel seguidor.
Jesus caminho, tornai-me perfeito
como o Pai que está nos céus.
Jesus vida, vivei em mim, para que eu viva em vós.
Jesus vida, não permitais que eu me separe de vós.
Jesus vida, fazei-me viver eternamente na alegria do vosso amor.
Jesus verdade, que eu seja luz para o mundo.
Jesus caminho, que eu seja vossa testemunha autêntica diante dos homens.
Jesus vida, fazei que minha presença contagie a todos com o vosso amor e a vossa alegria.
(Bv. Tiago Alberione)

4- Contemplação (Vida e Missão)

Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é para verificar quais são os meus dons e como estou "investindo" para o Reino de Deus.

Bênção

Bênção
"O Senhor te abençoe e te guarde.
O Senhor faça brilhar sobre ti sua face, e se compadeça de ti.
O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz"
(Nm 6, 24-26).
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Fonte: Catequese católica

Responsabilidade

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)


Ao aproximar-se o final do Ano Litúrgico, a Igreja nos brinda com a conhecida Parábola dos Talentos (Cf. Mt 25, 14-30). Aquele que é a Sabedoria de Deus (Cf. 1 Cor 1, 24) nos oferece o caminho para assumir com dignidade a vida que nos foi dada de presente. A partir da parábola, "talento" veio a significar um dom, habilidade ou qualidade. Ao tempo da redação do Evangelho, talento era uma unidade monetária equivalente a cinquenta quilos de prata, correspondente a cerca de seis mil denários, e um denário era a diária de um trabalhador do campo. O servo da parábola que recebeu um talento tinha muito em mãos e podia fazer tanto com o que lhe fora dado.

As parábolas são propostas pelo Senhor para provocar positivamente, suscitando uma resposta de vida. Do dinheiro passamos à nossa história. Os servos somos nós; os talentos são as condições oferecidas por Deus a cada um; o tempo de viagem do proprietário é a vida; a volta inesperada é a morte, nossa páscoa pessoal; a prestação de contas é o juízo e a entrada na festa, o banquete da alegria, oferecido pelo Senhor, o Paraíso. No final de tudo, quando a obra de nossa vida estiver concluída, no tempo certo conhecido pelo Senhor da História, haveremos de entregar os dons que nos foram concedidos não para nossa vaidade, mas para servir e amar a Deus e ao próximo.
Como Deus não impõe, mas propõe, à sua proposta cabe uma resposta. Temos consciência de não sermos proprietários da própria vida, mas administradores dos dons de Deus. Nenhuma pessoa inventou sua vida, nem a planejou por conta própria. Na maravilhosa criação de Deus, todas as pessoas sejam consideradas como obras primas, a serem aperfeiçoadas no correr dos anos, contando com a inspiração do Espírito Santo, que não abandona qualquer um dos filhos e filhas de Deus. É condição de felicidade identificar o projeto de Deus a respeito de sua própria vida e buscar todos os meios para realizá-lo. Cabe a cada pessoa abraçá-lo, na maravilhosa aventura da liberdade, com a qual todos foram feitos, ao assumir responsavelmente os rumos da existência.
Assumir responsabilidades! Tarefa exigente que pede formação e preparação adequada. O processo educativo na família, na escola e na Igreja pode contribuir para que as crianças, adolescentes e jovens sejam iniciados para ter nas mãos o rumo da própria existência. Para todas as idades, inclusive para nós, adultos, tudo começa com o reconhecimento de que todos têm valor aos olhos de Deus e diante dos outros. Discriminar, humilhar e condenar pessoas não corresponde ao plano do Senhor, que quer todos vivos e felizes. Ninguém seja visto como massa sobrante em qualquer campo da convivência humana.
Constitui-se uma personalidade responsável quando se leva em conta as condições de cada um, considerando idade, formação recebida, condições de saúde, temperamento, ambiente familiar e referências culturais e ambientais. Faz-se necessário muitas vezes exercer o papel de "caça-talentos", para descobrir uma quantidade considerável de tesouros escondidos. Nestes dias, um menino de dez anos me foi apresentado como um dos líderes do projeto de evangelização numa das Paróquias da Arquidiocese de Belém. Como foi significativo ver o brilho dos olhos daquele que se sabe missionário! Sem forçar e exigir mais do que pode oferecer, ele se torna sinal para muita gente crescida!
Responsabilidade se aprende e há de ser assumida pouco a pouco, quando alguém se arrisca, confia e lança o outro para voos mais ousados. Há muita gente aguardando este voto de confiança! O Senhor faz assim conosco, agindo "como a águia que incita a ninhada, esvoaçando sobre os filhotes, também ele estendeu as asas e o apanhou e sobre suas penas o carregou" (Dt 32, 11). Responsabilidade se consolida com dedicação, tempo, preparação das atividades, coragem para rever e recomeçar quando acontecem falhas, superação de julgamentos com os eventuais fracassos, idealismo cultivado com afinco.
Vale a pena até detalhar um caminho de revisão pessoal de vida, a esta altura do ano. Examinemos como aproveitamos o tempo, a pontualidade, a ordem, os deveres familiares, a dedicação ao trabalho. Como temos oferecido as qualidades e talentos recebidos para servir a Deus e ao próximo? Temos olhado ao redor para ver o que é possível fazer pelo bem comum na Paróquia, no bairro em que vivemos, ou, quem sabe, nas associações e organismos aos quais estamos ligados? Outro ponto para uma revisão corajosa da vida é "fazer bem feito". Basta olhar para Deus, que fez tudo e todos como obra de arte, para entender que nossa passagem por este mundo, por sinal, muito breve, pode deixar um rastro de dedicação e amor. Até para o equilíbrio pessoal é importante realizar por inteiro as tarefas! E dentre os dons oferecidos pelo Senhor, venha em relevo o presente da Palavra de Deus. Faz parte da responsabilidade do cristão não reter para si o conhecimento das coisas de Deus, mas oferecê-la aos demais.
A liturgia da Igreja, celebrada neste final de semana, faz preceder a Parábola dos Talentos com um esplêndido texto do livro dos Provérbios: "Uma mulher forte, quem a encontrará? Ela vale muito mais do que as joias. Seu marido confia nela plenamente, e não terá falta de recursos. Ela lhe dá só alegria e nenhum desgosto, todos os dias de sua vida. Procura lã e linho, e com habilidade trabalham as suas mãos. Estende a mão para a roca e seus dedos seguram o fuso. Abre suas mãos ao necessitado e estende suas mãos ao pobre. O encanto é enganador e a beleza é passageira; a mulher que teme ao Senhor, essa sim, merece louvor. Proclamem o êxito de suas mãos, e na praça louvem-na as suas obras!" (Pr 31, 10-13. 19-20. 30-31). Fortaleza, confiança, capacidade para oferecer alegria aos outros, trabalho, habilidade, partilha, temor do Senhor. Tais valores continuam atuais e se tornam talentos preciosos a serem postos "em circulação" em nossos dias! Homens e mulheres de todas as idades os assumam com responsabilidade.
Fonte: CNBB

Significado dos talentos

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

No trigésimo terceiro domingo do Tempo Comum, Jesus nos recorda que não podemos enterrar nossos talentos na terra. Isto é uma espécie de suicídio. Temos que colocá-los para trabalhar. Mas, com qual propósito? Para conseguir uma vida melhor para mim? Para ter mais dinheiro na minha conta corrente? Para ser feliz e aproveitar esses dons que eu recebi e outros não?

Se lêssemos a parábola dessa forma, estaríamos separando-a do resto do Evangelho, o que não se pode fazer, porque perderia o sentido. Devemos nos lembrar que, para Jesus, o mais importante é o Reino de Deus. Jesus quer que todos nós cheguemos a viver juntos como irmãos. Os talentos de cada um estão (ou deveriam estar) a serviço da fraternidade. Qualquer comportamento diferente desse seria enterrá-los.
Certamente, já teremos percebido o bem estar que experimentamos nessas festas em que todos chegam trazendo algo. Cada família leva algo diferente para comer, outros cuidam da música, outros arrumam o local de encontro, uns levam as bebidas e outros se responsabilizam pela limpeza. Todos nós usufruímos de tudo. E cada um contribui com o que tem ou com o que sabe fazer. Isso é colocar as aptidões a serviço da fraternidade. É isso que Jesus nos pede que façamos em nossa família, em nosso bairro, na nossa comunidade. Esse é o significado da parábola.
A comunidade é o lugar privilegiado para celebrar a fé e encontrar o sentido para a vida. Quem descobre isso acaba afirmando: “Na comunidade, eu sou feliz.”
Sim, porque Deus confiou às pessoas todos os seus bens, ou seja, o Reino. Esse cresce nas mãos daqueles que assumem o compromisso de ser filhos da luz e filhos do dia.
Neste dia, o Senhor quer dizer a cada um de nós: “Empregado bom e fiel... eu lhe confiarei muito mais. Venha participar da minha alegria!”
A vinda do Senhor não é pré-datada. Mesmo que o Senhor tarde a chegar, nosso compromisso com o Reino e sua justiça continua.
Por isso, a celebração é importante, pois nela comunicamos a morte e proclamamos a ressurreição do Senhor até que Ele venha.
Fonte: CNBB

As andanças do Bispo -5

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

Os ventos que sopram do Chile
Em 1999, com sete viagens para o exterior, duas delas foram para o Chile. A primeira, no início de setembro, a convite das Nações Unidas, para participar de uma reunião preparatória da “Assembléia do Milênio”, que as Nações Unidas tinham pensado em fazer no ano 2000, para rever a organização das Nações Unidas. Queriam saber a opinião da sociedade civil. E me convidaram também.

Foi na sede do CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina, que se encontra em Santiago, e que é uma espécie de representação das Nações Unidas na América do Sul.
Ao chegar lá, me surpreendi, vendo que da Igreja Católica eu era o único representante, de todos os países. Fui o primeiro a falar. Procurei dar logo o meu recado: que se respeitem mais as “nações”, e ao mesmo tempo se comece uma “cidadania universal”, como embrião para um governo supra nacional, e que as Nações Unidas comecem por tirar os instrumentos de dominação que exploram hoje as nações pobres: a Dívida Externa, a lei das patentes, chamando a atenção sobretudo para o uso da biotecnologia, que pode arruinar a vida no planeta.
Depois, me surpreendi vendo como ao longo do encontro, todos voltavam a se referir às minhas teses, dizendo: “como falou o Bispo...”
Em novembro, voltei ao Chile para participar do jubileu sacerdotal do Padre Sérgio Torres, que coordena a organização dos teólogos, os quais fazem questão de contar com minha presença nas suas assembléias.
O Chile é um país espremido entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico, comprido e estreito. De todo lugar, se vê o cimo dos montes, muitas vezes brancos de neve, e em todo o lugar se está perto do mar. Esta geografia é a responsável por nossas chuvas no sul do Brasil. Pois é de lá que os ventos frios sobem para o Brasil, canalizados pelas montanhas e seguindo as planícies da Argentina, conseguem chegar até o Paraná, ou um pouco acima, seguindo pelos vales dos rios Paraná e Paraguai, e causando as mudanças de temperatura que provocam as chuvas. Assim, o Chile fica um pouco longe, mas nos interessa de perto. Que os ventos continuem soprando, na hora certa!
Próximo seguimento: as terras maravilhosas da Argentina
Fonte: CNBB