sexta-feira, 15 de maio de 2015

Alguns aspectos da nota da CNBB sobre o momento nacional

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)

"A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, reunida em Aparecida (SP), no período de 15 a 24 de abril de 2015, avaliou, com apreensão, a realidade brasileira, marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País. (...)

O momento não é de acirrar ânimos nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum. Os três poderes da República, com a autonomia que lhes é própria, têm o dever irrenunciável do diálogo aberto, franco, verdadeiro, na busca de uma solução que devolva aos brasileiros a certeza de superação da crise.
A retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres. (...)
A corrupção, praga da sociedade e pecado grave que brada aos céus (Papa Francisco), está presente tanto em órgãos públicos quanto em instituições da sociedade. Combatê-la, de modo eficaz, com a consequente punição de corrompidos e corruptores, é dever do Estado. É imperativo recuperar uma cultura que prime pelos valores da honestidade e da retidão. Só assim se restaurará a justiça e se plantará, novamente, no coração do povo, a esperança de novos tempos, calcados na ética.
A credibilidade política, perdida por causa da corrupção e da prática interesseira com que grande parte dos políticos exerce seu mandato, não pode ser recuperada ao preço da aprovação de leis que retiram direitos dos mais vulneráveis. Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforcem o corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e conquistas sociais já adquiridos pelos mais pobres. (...)
A PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos (...) é um equívoco que precisa ser desfeito. A redução da maioridade penal não é solução para a violência que grassa no Brasil e reforça a política de encarceramento em um país que já tem a quarta maior população carcerária do mundo. Investir em educação de qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os adolescentes da delinquência e da violência.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em vigor há 25 anos, responsabiliza o adolescente, a partir dos 12 anos, por qualquer ato contra a lei, aplicando-lhe as medidas socioeducativas. Não procede, portanto, a alegada impunidade para adolescentes infratores. Onde essas medidas são corretamente aplicadas, o índice de reincidência do adolescente infrator é muito baixo. Ao invés de aprovarem a redução da maioridade penal, os parlamentares deveriam criar mecanismos que responsabilizem os gestores por não aparelharem seu governo para a correta aplicação das medidas socioeducativas. (...)
Muitas destas e de outras matérias que incidem diretamente na vida do povo têm, entre seus caminhos de solução, uma reforma política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária, coloca-se nessa direção.
Urge, além disso, resgatar a ética pública que diz respeito 'à responsabilização do cidadão, dos grupos ou instituições da sociedade pelo bem comum'. Para tanto, 'como pastores, reafirmamos Cristo, medida de nossa conduta moral e sentido pleno de nossa vida'.
Que o povo brasileiro, neste Ano da Paz e sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, supere esse momento difícil e persevere no caminho da justiça e da paz".
Fonte: CNBB

Mudanças nas crises

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

As crises que se apresentam no horizonte da sociedade brasileira configuram-se em enormes desafios, um peso que incomoda. No entanto, é oportuno considerar a crise momento para se substituir dinâmicas e qualificar processos. É uma fase desafiadora e arriscada e os resultados podem ser benéficos ou prejudiciais, determinados pelos acertos ou equívocos nas decisões. As crises econômica, hídrica, moral, existencial e outras tantas que se apresentam recaem sobre o conjunto da sociedade e permeiam toda sua estrutura. Uma situação cheia de perigos, mas também com sementes fecundas de renovação.

Essa fase crítica gera desorientação, desconfiança e até desespero. Fragiliza as instituições e exige mais das instâncias governamentais no exercício da insubstituível tarefa de garantir o bem comum e o equilíbrio político. Mas, também, aciona o instinto de sobrevivência e a vontade de encontrar saídas. E mesmo quando se sabe que a solução de uma crise suscita outros problemas, que pode projetar novos quadros desafiadores, é imperativa a busca de soluções, conduta profundamente vinculada ao tecido da cultura de uma sociedade em crise. E a qualidade desse tecido é que permitirá uma reação compatível com os desafios postos. Nesse horizonte, a crise só pode ser enfrentada na medida que se entra num processo profundo de transformação. Ela se instaura exatamente quando funcionamentos se tornam obsoletos e há falta de respostas novas; porque cresce a lista de necessidades e se configura uma fragilização de processos variados em razão dos procedimentos comprometidos, como é o caso endêmico da corrupção.
Faz-se urgente priorizar dentre as respostas à crise, a aposta em uma profunda e radical mudança cultural. Sabemos que não é simples. Processos dessa natureza são demorados. Mesmo assim, é preciso investir em fórmulas eficazes na superação dos desafios. A resposta pode estar em novas soluções e em uma cultura mais solidificada pronta para enfrentar as novas crises, mas, também, aquelas que são permanentes. Como exemplo, é válido considerar a crise hídrica na sua exigência de providências técnicas e logísticas, como também a atitude simples e determinante de cada consumidor. Dentre as indicações práticas no enfrentamento dessa situação, aparecem necessidades como não se tomar banho demorado ou economizar água quando se escova os dentes. Tudo isso parece banal e muito doméstico para constar na pauta pública. Mas aqui é que se toca mais profundamente o tecido cultural de uma sociedade que ainda precisa aprender a discernir o limite entre economizar e esbanjar. Essa referência que até parece comum revela o quanto gestos, atitudes e escolhas que constituem a base do tecido cultural e o cotidiano da sociedade têm consistência ou operam em estado de emergência, de alarme, no seu papel de civilidade e autêntico sentido de cidadania. Em questão, portanto, está o comprometimento a compreensão de que é preciso investir, sobretudo, numa perspectiva de radicais mudanças culturais. Caso contrário, o conjunto da sociedade se constitui em condição de parasita, esperando que apenas instâncias governamentais e empresariais solucionem as crises. Às lideranças, cabe agir com a consciência do serviço, do dever de visar ao bem comum.
O enfrentamento da crise é frágil e não consegue incidir na realidade se não imprime a velocidade esperada aos processos. É alto o preço a se pagar pelos prejuízos causados pela morosidade e escolhas pouco inteligentes ou que desconsideram as razões humanísticas e humanitárias. E não menos graves são os danos provocados pela mesquinhez de indivíduos, grupos ou classes que viram as costas aos clamores da realidade e se recusam a gestos de desprendimento ou sacrifícios pelo bem comum. Esperam a superação da crise como resposta a interesses de confortos particulares e não como atendimento de demandas cidadãs.
Bem adverte o Papa Francisco na sua Exortação Apostólica, A Alegria do Evangelho, sublinhando o prejuízo que traz essa cultura em que cada um pretende ser portador de uma verdade subjetiva própria, que dificulta a indispensável inserção de cada cidadão em um projeto comum que vá além dos benefícios e desejos pessoais. A grande crise, portanto, é cultural e seu enfrentamento só pode se dar com grandes mudanças culturais.
Fonte: CNBB

Aparecida e Fátima

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

Nesta semana, no dia 13 de maio, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi levada para Fátima, em Portugal. O fato, aparentemente inócuo, precisa ser lido à luz da linguagem cifrada, que envolve o fenômeno das “aparições” de Nossa Senhora.

Nesta perspectiva, aí sim, o episódio se reveste do fecundo simbolismo religioso, que oferece diversos ângulos de interpretação.
Um dado histórico vem corroborar a interessante associação que podemos fazer entre Fátima e Aparecida. Esta associação tem como ponto de convergência o ano de 2017, quando vão se completar 300 anos do encontro da imagem no Rio Paraíba do Sul, e 100 anos das aparições de Fátima. O ano de 2017 vai colocar tanto Fátima como Aparecida em confronto com sua própria história.
Este confronto com a história é indispensável para dimensionar qualquer fenômeno humano. O ano de 2017 nos dará a moldura adequada, para enquadrar ambos os fatos, e perceber sua consistência.
A coincidência de datas nos instiga a fazer um paralelo entre Fátima e Aparecida, constatando de imediato que ambas recebem da história uma inegável confirmação, que requer uma adequada compreensão.
Uma análise histórica do que significa hoje Aparecida, com seu impressionante complexo religioso, fica facilitada se tomarmos em conta que já são trezentos anos de construção de uma rica e profunda mensagem religiosa e social que foi se agregando em torno da pequena imagem encontrada por gente simples nas águas de um rio.
E ao fazermos as contas que já se passaram cem anos dos episódios de Fátima, também nos damos conta que o fenômeno, como quer que seja interpretado, carrega consigo o atestado de veracidade histórica da divulgação de sua mensagem.
Algumas ponderações são importantes para situar bem os fenômenos que tomam a forma de “aparições” de Nossa Senhora.
A começar com a atitude oficial da Igreja Católica. Ela nunca se pronuncia sobre as circunstâncias concretas de pretensas aparições. Inclusive, recomenda cautela, para que ninguém se apresse em atribuir a Deus o que pode ser explicado humanamente. Ainda mais diante do fenômeno das “aparições”, tão propício a achar que é objetivo o que não passa de projeções subjetivas.
Diante desses fatos, a Igreja está atenta, isto sim, para perceber os seus desdobramentos. Se em torno deles se aglutinam mensagens positivas, com evidente conotação evangélica, a Igreja relativiza os fatos, e incentiva a vivência das mensagens, aconselhando que elas sejam confrontadas com o Evangelho e com a doutrina cristã, para receberem uma consistência ainda maior.
Em Fátima, por exemplo, desde o início foi se divulgando a importância da oração, da conversão pessoal, e a preocupação pela paz mundial. A memória dos episódios ocorridos em 1917 pode estimular esses valores, sem perdermos tempo em investigar como teria se dado a manifestação de Maria aos três adolescentes.
Quanto à Aparecida, ocorre um fato muito singular. Aí não se trata de “Aparição”. Mas do encontro, muito simplesmente, de uma pequena imagem, que foi recebendo significados muito positivos, pela atitude de fé com que ela foi recolhida, recomposta, revestida, atraindo o carinho e o respeito das pessoas que iam se congregando ao seu redor, até constituírem uma verdadeira comunidade que tinha naquela pequena imagem o reflexo de si mesma. Podemos dizer que, na verdade, em Aparecida, não houve uma “aparição” de Maria. Mas houve a aparição de uma verdadeira comunidade eclesial. Toda a estruturação da religiosidade em torno da “Aparecida”, partiu de realidades bem palpáveis e objetivas, que proporcionaram um contexto de fé muito consistente e providencial, que aos poucos foi se espalhando por todo o Brasil.
Tanto Fátima como Aparecida estão a serviço do Evangelho de Cristo, que precisa se encarnar nas condições históricas em que vivemos.
Fonte: CNBB

Momentos na Área Pastoral São José:Festejos na Comunidade Nossa Senhora de Fátima

    A Comunidade  do Jardim Castelão na Área Pastoral São José - Passaré realizou de 01 a 13 de maio mais uma linda festa de sua padroeira, Nossa Senhora de Fátima, tendo como tema: “Com Maria na CARIDADE caminhemos a serviço do Reino de Deus.”E o sub-tema: Eu vim para servir.( Mc 10,45 )                                              
    Durante os festejos aconteceram: alvorada, hasteamento da bandeira, missas diárias, visita missionária, confissões, procissão e o momento de convivência, animado pela equipe de eventos. Comidas típicas, rifas e leilão também fazem parte da festa. Dia 13 de maio, às 18:30 h a procissão saiu da capela percorrendo várias ruas do bairro terminando com Missa solene .                                                                              Os padres Luciano Gonzaga e Francisco das Chagas agradecem a todos que se dedicaram e participaram deste momento de espiritualidade, convivência e muito mais.
      "Já bate a saudade da movimentação de cada dia!"
Padre Luciano Gonzaga