segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Tenho autoestima baixa. E agora?





Você se considera uma pessoa agradável? A sua personalidade é cativante? E o seu corpo, jeito de pensar, falar e agir lhe agradam?

Se fosse possível, mudaria algo em você? Faço essas perguntas com o propósito de ajudá-lo a refletir um pouco sobre a maneira com que você se vê, pois a autoestima baixa pode ser um fator destrutivo para a pessoa que não tem consciência das consequências que ela causa.

Tenho baixa auto-estima.O que faço - 940x500

Mas, afinal, o que é autoestima? O psicólogo norte-americano Edward Whitmont explica que "a autoestima ocupa-se de imagens, palavras e olhares que exprimem os juízos de valores que a pessoa faz sobre si mesma". Ou seja, para uma pessoa ter uma autoestima elevada ela necessita ter uma imagem saudável de si mesma. Por isso, se você não gosta da imagem refletida, todos os dias no espelho, é sinal de que algo em seu interior está em conflito.

Caso o seu relacionamento com si mesmo seja inseguro e rígido, possivelmente a sua autoestima é baixa. Sendo assim, eu o convido a aceitar o desafio de mudar a sua perspectiva em relação a si. Sim! Viver uma conversão de mentalidade.

Creio que o primeiro passo para se elevar a autoestima é ter consciência de que essa insegurança existe. Após a conscientização, é essencial dar passos rumo à meta, que é se tornar uma pessoa estável e com uma emoção saudável. Procure ajuda com um bom psicólogo católico, com um diretor espiritual e faça uma oração de cura interior. Para ter uma autoestima elevada é fundamental mudar a sua autoimagem.

É importante estabelecer uma relação equilibrada e estável com seu corpo, emoção e intelecto. Seja gentil, compreensível, flexível e amoroso com você mesmo. Amar-se é fundamental para conseguir viver a ordem que Jesus dá no Evangelho de São Mateus: "Ame o seu próximo como a si mesmo".

Fernanda Soares
www.cancaonova.com

Cristo, Rei no Universo


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No domingo, dia 23 de novembro, a Igreja Católica encerra o Ano Litúrgico com a Festa de Jesus Cristo Rei do Universo. Esta festa foi criada pelo papa Pio Xl em 1925 na época em que o mundo passava pelo pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo Nazismo na Alemanha, pelo comunismo na Rússia. Uma época que viu o crescimento do marxismo-ateu, governos ditatoriais que solapavam toda a Europa e muita perseguição religiosa. A festa foi estabelecida na época para enfatizar que o único poder absoluto é de Deus.
Nos dias de hoje, em que milhões padecem as consequências de um novo tipo de totalitarismo disfarçado, o do poder econômico inescrupuloso, torna-se atual a inspiração da festa que Deus é o único absoluto. Em um mundo que presta culto ao lucro, esta festa nos desafia para que revejamos as nossas atitudes e ações concretas, para descobrir o que é para nós, na verdade, o valor absoluto das nossas vidas. O texto do evangelho desta festa é tirado do evangelho de São João, e mais especificamente do diálogo entre Jesus e Pilatos sobre a verdadeira identidade de Jesus. “Tu és rei?” pergunta Pilatos diante do tribunal. Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta minha voz” (Jo 18, 37). Jesus é rei, mas não na maneira que Pilatos possa entender. O Reino de Jesus é o oposto do Reino do Império Romano – não é opressor, nem injusto, nem idolátrico, mas o Reino da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça e da fraternidade, da solidariedade e  da partilha –  o Reino do Deus da Vida.
Os reis deste mundo têm poder, exércitos, armas, meios param se defender e de se firmar no poder etc. A realeza de Jesus, ao contrário se baseia na justiça, na solidariedade, na compaixão, na misericórdia e no amor. A Festa de Cristo Rei do Universo é momento privilegiado para que  a comunidade cristã descubra seu lugar e seu papel na sociedade. Todo o povo de Deus tem como Cristo esta realeza. Ser cristão é construir o Reino de Cristo no mundo. Por isso a Festa de Cristo Rei do Universo, longe de ser algo triunfalista, nos desafia para que façamos um exame de consciência individual e comunitário, para verificar se o nosso Rei é realmente Jesus, ou se, mesmo de uma maneira disfarçada continua sendo César.
O ano litúrgico termina com esta festa que salienta a importância de Cristo como centro da história universal. Ele é a alfa e o ômega, o princípio e o fim. Cristo reina nas pessoas com a mensagem de amor, justiça e serviço. O Reino de Cristo é eterno e universal, isto é,  para sempre e para todos os homens. Na festa de Cristo Rei do Universo celebramos que Cristo pode começar a reinar em nossos corações no momento em que nós permitimos. O Reino de Cristo, pode, deste modo, fazer-se presente em nossa vida, em nosso lar, em nossa profissão e assim na sociedade.
 Por : Pe. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista

Regional Nordeste 1 tem novo vice-presidente

O regional Nordeste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) escolheu o bispo auxiliar de Fortaleza (CE), dom José Luiz Gomes de Vasconcelos, como vice-presidente temporário, durante a reunião do Conselho Episcopal Regional (Conser), realizada, entre os dias 18 e 20 de novembro, em Fortaleza (CE). Na ocasião, os bispos e coordenadores de pastorais e organismos receberam formação sobre a eclesiologia da Constituição Dogmática Lumen Gentium na perspectiva do texto de estudos da CNBB Nº 107, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: sal da terra e luz do mundo”.
Com a nomeação do bispo de Iguatu (CE) e vice-presidente do regional Nordeste 1, dom João José Costa, como coadjutor da arquidiocese de Aracaju (CE), foi necessário escolher um substituto até a próxima Assembleia Regional de Pastoral. Durante a reunião também foi escolhido um novo bispo referencial para a Comissão Episcopal para o Laicato. O substituto será o outro bispo auxiliar de Fortaleza, dom Rosalvo Cordeiro de Lima.
A eclesiologia da Constituição Dogmática Lumen Gentium na perspectiva do texto de estudos da CNBB Nº 107 foi apresentada pela professora da Faculdade Católica de Fortaleza (FCF), Tania Couto. Foram realizados trabalhos em grupos a partir de um questionamento sobre missionariedade.
Encaminhamentos
A reunião do Conser apresentou encaminhamentos para a Assembleia Regional de 2015, que acontecerá em Iguatu, de 8 a 11 de outubro. Em preparação, as dioceses responderão um questionário para avaliação dos planos diocesanos de pastoral e das ações desenvolvidas a partir das cinco urgências das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2011-2015) e das indicações do Plano Regional construído em 2011.
Fonte: CNBB

A espiritualidade do Advento

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

Com o Advento iniciamos um novo Ano Litúrgico, quando começamos as leituras dominicais do ano B, em que privilegiamos o Evangelho de São Marcos. É tempo de preparação para a Solenidade do Natal (primeira vinda do Senhor) e da expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos.

Celebrar a liturgia é uma oportunidade de aprofundar a fé e caminhar com esperança no futuro, vivendo a caridade. A nossa Arquidiocese viveu a Festa da Unidade na véspera de Cristo Rei, e comemorou o último dia do Ano Litúrgico com o Show Rio em Comunhão, com os músicos católicos do Rio de Janeiro. Oportunidade de estarmos unidos na missão evangelizadora.
Desde o Domingo de Cristo Rei vivemos a Campanha pela Evangelização, que vai culminar com a coleta no Terceiro Domingo do Advento.
A coroa do Advento é uma das características deste tempo: a cada semana acendemos uma das quatro velas, preparando-nos para a celebração do mistério da encarnação: Ele veio, virá e vem!
A liturgia vai se delineando no passar dos séculos tanto no Oriente como no Ocidente. Temos uma grande e rica experiência que nos foi transmitida e que necessitamos atualizar. É necessário distinguir elementos que dizem respeito a práticas ascéticas e a outras, de caráter estritamente litúrgico; um Advento que é preparação para o Natal, e um Advento que celebra a vinda gloriosa de Cristo (Advento escatológico). Um testemunho antigo encontra-se em uma passagem de Santo Hilário (por volta de 366), que diz: "Sancta Mater Ecclesia Salvatoris adventos annuo recursu per trium septimanarum sacretum spatium sivi indicavit" (CSEL, 65,16). "A santa mãe Igreja oferece um espaço sagrado de três semanas por ano para a vinda do Salvador".
O duplo caráter do Advento, que celebra a espera do Salvador na glória e a Sua vinda na carne, emerge das leituras bíblicas festivas. O primeiro domingo orienta para a parusia final. O segundo e o terceiro chamam a atenção para a vinda cotidiana do Senhor; o quarto domingo prepara-nos para a natividade de Cristo, ao mesmo tempo fazendo dela a teologia e a história. Portanto, a liturgia contempla ambas as vindas de Cristo, em íntima relação entre si.
A partir do dia 17 de dezembro iremos viver a Preparação próxima do Natal, com sua liturgia própria e com as famosas antífonas em “Ó” que contemplam Nossa Senhora da Expectação como N. Sra. do Ó.
Toda a liturgia do Advento é apelo para se viver alguns comportamentos essenciais do cristão: a expectativa vigilante e alegre, a esperança, a conversão, a pobreza. A expectativa vigilante e alegre caracteriza sempre o cristão e a Igreja, porque o Deus da revelação é o Deus da promessa, que manifestou em Cristo toda a sua fidelidade ao homem: "Todas as promessas de Deus encontram nele seu sim" (2 Cor 1,20). A esperança da Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo.
Os nossos primeiros irmãos na fé, como atesta a Didaqué, imploravam: "Que o Senhor venha e passe a figura deste mundo. Maranatha. Amém". Assim termina o livro do Apocalipse e toda a escritura: "Aquele que atesta essas coisas diz: Sim! Venho muito em breve. Amém! Vem, Senhor Jesus. A graça do Senhor Jesus esteja com todos. Amém" (Ap 22,20). A expectativa vigilante é acompanhada sempre pelo convite à alegria. O Advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. Deus é fiel. A vinda do Salvador cria um clima de alegria que a liturgia do Advento não só relembra, mas quer que seja vivida. O Batista, diante de Cristo presente em Maria, salta de alegria no seio da mãe. O nascimento de Jesus é uma festa alegre para os anjos e para os homens que Ele vem salvar (Lc 1, 44.46-47; 2, 10.13-14).
No Advento, toda a Igreja vive a sua grande esperança. O Deus da revelação tem um nome: "Deus da esperança" (Rm15,13). Não é o único nome do Deus vivo, mas é um nome que O identifica como "Deus para conosco". O Advento é o tempo da grande educação à esperança: uma esperança forte e paciente; uma esperança que aceita a hora da provação, da perseguição e da lentidão no desenvolvimento do Reino; uma esperança que confia no Senhor e liberta das impaciências subjetivistas e do frenesi do futuro programado pelo homem.
Na convocação ao testemunho da esperança, a Igreja, no Advento, é confortada pela figura de Maria, a mãe de Jesus. Ela, que "no Céu, glorificada em corpo e alma, é a imagem e a primícia da Igreja... brilha também na Terra como sinal de segura esperança e de consolação para o povo de Deus a caminho, até que chegue o Dia do Senhor" (2 Pd 3,10).
Advento, tempo de conversão, como espera do Redentor! Não existe possibilidade de esperança e de alegria sem retornar ao Senhor de todo coração, na expectativa da Sua volta. A vigilância requer luta contra o torpor e a negligência; requer prontidão e, portanto, desapego dos prazeres e bens terrenos. O cristão, convertido a Deus, é filho da luz e, por isso, permanecerá acordado e resistirá às trevas, símbolo do mal, pois do contrário corre o risco de ser surpreendido pela parusia. Nesse tempo, em nossas paróquias temos a oportunidade de fazer os mutirões de confissões, quando sacerdotes de uma mesma região atendem as confissões dos paroquianos de uma determinada paróquia em um dia da semana. Tempo de celebrar a conversão e o retorno a Deus através do sacramento da Penitência.
O comportamento de vigilante espera na alegria e na esperança, exige sobriedade, isto é, renúncia aos excessos e a tudo aquilo que possa desviar-nos da espera do Senhor. A pregação do Batista, que ressoa no texto do evangelho do Segundo Domingo do Advento, é apelo para a conversão, a fim de preparar os caminhos do Senhor. O espírito de conversão, próprio do Advento, possui tonalidades diferentes daquelas relembradas na Quaresma. A substância é essencialmente a mesma, mas, enquanto a Quaresma é marcada pela austeridade da reparação do pecado, o Advento é marcado pela alegria da vinda do Senhor.
Enfim, um comportamento que caracteriza a espiritualidade do Advento é o do pobre. Não apenas o pobre em sentido econômico, mas também o pobre entendido em sentido bíblico: aquele que confia em Deus e apoia-se totalmente nele. Estes “anawîm”, como os chama a Bíblia, são os mansos e humildes, porque as suas disposições fundamentais são a humildade, o temor de Deus, a fé.
Eles são objeto do amor benévolo de Deus e constituem as primícias do "povo humilde” (Sf 3,12) e da "Igreja dos pobres" que o Messias reunirá. Jesus proclamará felizes os pobres e neles reconhecerá os herdeiros privilegiados do Reino, Ele mesmo será pobre. Belém, Nazaré, mas, sobretudo, a cruz: são diversas formas com que Cristo manifestava-se como autêntico "pobre do Senhor". Maria emerge como modelo dos pobres do Senhor, que esperam as promessas de Deus, confiam Nele e estão disponíveis, com plena docilidade, à atuação do plano de Deus.
Vivamos com abertura de coração este tempo privilegiado, e manifestemos nossa fé com coragem, simplicidade e alegria.
Eis que o Senhor veio, virá e vem!
Fonte: CNBB

Argila e oleiro

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)

Dizer alguma coisa sobre argila e oleiro significa falar de trabalho, manipulação ativa do que é possível modificar para realizar o que é planejado. É como o barro nas mãos de quem tem habilidades e criatividade para transformá-lo em objetos úteis para as pessoas. O barro pode ser matéria prima para peças das mais variadas formas de embelezamento dos ambientes.

Deus, em Jesus Cristo, é o grande oleiro, que consegue transformar a vida das pessoas e as educa para viver a prática dos objetivos do Reino. É o que deve acontecer com o cristão no tempo do Advento, em preparação para o Natal. Como barro nas mãos do Senhor, a pessoa é moldada para que o nascimento do Senhor encontre espaço em seu coração, numa manjedoura para acolhê-Lo.
Moldar significa preparar e vigiar. É o contrário de adormecer e ficar numa atitude de seduzido pelas propostas maldosas do mundo. O desânimo diante das inseguranças e das dificuldades de hoje não ajuda. O indiferentismo tem sido um mal na vida de muitas pessoas. É o famoso “deixar para ver o que vai acontecer”. Com isto pecamos por omissão.
Há uma desolação nacional provocada por tantos atos de desmando, tanta violência e insegurança. Só Deus é capaz de trazer ânimo e incentivo para o agir das pessoas, que também devem ser oleiros na transformação do mundo. É preciso recuperar a esperança que anda tão desgastada, ferida e perdida diante de atitudes destruidoras das condições de vida digna.
A esperança está em Deus, em quem resgata a vida dos pobres, acolhe, perdoa e redime. Os justos são os que depositam confiança Nele e têm a sensação de estar entregues nas mãos do Senhor. Eles se deixam moldar como a argila, porque Deus é o oleiro e as pessoas são obras de suas mãos.
É importante a fidelidade a Jesus Cristo, superando todo tipo de egoísmo farisaico que impede práticas de autenticidade e transparência. Ser também capaz de rejeitar propostas atraentes e enganosas, assumindo ações de amor-serviço e não de exploração de bens públicos e de pessoas desavisadas.
Fonte: CNBB

As andanças do Bispo -7

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

6- A bolsa de Chicago
Da viagem para a Argentina, mal deu para chegar em casa, e a mala estava pronta para outra viagem. Desta vez para o Estados Unidos, em outubro de 99. Lá, só tinha passado alguns vezes por Miami, em trânsito para outros países da América Central.

Desta vez, era dentro dos Estados Unidos, quase na fronteira com o Canadá, a convite da mais famosa das universidades católicas, a Notre Dame, de Soutband, perto de Chicago Mas, foi a oportunidade para ver mais de perto os famosos Estados Unidos. O aeroporto de Chicago é o mais movimentado do mundo. Descemos lá, e resolvemos seguir de ônibus, para fazer os 250 quilômetros até Soutband. Assim podíamos ver melhor as outras terras férteis, desta vez na planície do “meio oeste” dos Estados Unidos, famosas por terem provocado, dois séculos atrás, a crise da agricultura na Europa, com sua abundante produção de trigo e outros produtos.
Naquele tempo, com a chegada do trem, e com os possantes navios fabricados com ferro, o novo mundo podia exportar em abundância sua produção agrícola. E a fama das terras boas ia atraindo novos migrantes europeus. Aí dá para compreender o fator que fez a grande diferença entre os Estados Unidos e o Brasil.
Lá, as terras eram dadas a quem queria trabalhar nelas. Assim estabeleceu a “lei das terras”, aprovada em 1850, na mesma época em que aqui no Brasil se fazia uma lei totalmente diferente: as terras deviam ficar na mão dos “senhores”, que tinham o direito de votar. Isto ajuda a entende a diferença entre Estados Unidos e Brasil, que continua ainda hoje.
Pois bem, estava curioso para ver essas terras. E deu para notar que ainda hoje são repartidas em propriedades familiares: apesar de plainas, não são todas cultivadas: ao redor das moradias, há o espaço para as árvores frutíferas, e para as pequenas reservas florestais.
Depois dos debates na universidade, participando de um simpósio sobre o Sínodo da América, deu para ficar um dia em Chicago. Fiz questão de passar pelo lugar onde fica a famosa “bolsa de Chicago”, que regula os preços mundiais dos produtos agrícolas. Naquele dia, a bolsa devia estar em alta, pois passei por baixo dela, por uma rua que cruza sob o edifício onde ela funciona!
Voltando para o Brasil, o avião sobrevoou o meio-oeste dos Estados Unidos, fazendo escala em Dallas, a capital do Texas. Seu aeroporto tem quatro grandes terminais, uma verdadeira cidade com hotéis e centros de convenção, unidos por um metrô que circula unindo os diversos terminais.
Próximo seguimento: Junto com os teólogos
 Fonte: CNBB

Fé e Razão

Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia (BA) e Primaz do Brasil

É comum alguém perguntar: É possível conciliar a razão (isto é: a ciência) e a fé? Pode um cientista estar voltado para a ciência e a sua vida ser iluminada pela fé? Num mundo como o nosso, dominado pela tecnologia, ainda há espaço para a fé? A ciência não é suficiente para dar resposta às nossas múltiplas inquietações e dúvidas?

A ciência e a fé, segundo o Papa S. João Paulo II (cf. Carta encíclica “Fides et Ratio”), longe de se oporem, são duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade. Foi Deus que colocou em nosso coração o desejo de conhecê-lo, de conhecer a verdade, e, assim, de nos conhecermos.
Algumas perguntas atravessam o tempo e as fronteiras geográficas e, certamente, continuarão sendo feitas pelas novas gerações: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Por que existe o mal? O que existe depois desta vida? Das respostas que dermos a cada uma dessas perguntas dependerá a orientação de nossa vida. Quem tem fé se guia por duas convicções: o mistério do ser humano só se esclarece verdadeiramente no mistério de Jesus Cristo; as verdades da fé não são fruto de um pensamento elaborado pela razão, mas um dom gratuito de Deus.
A ciência (razão) e a fé não são concorrentes: uma supõe a outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização. Lemos no Livro dos Provérbios: “A glória de Deus é encobrir as coisas e a glória dos reis é investigá-las” (Pr 25,2). A fé constata: no mais fundo do coração dos homens e das mulheres foram semeados o desejo e a saudade de Deus.
É necessário que os valores escolhidos e procurados por nós sejam consistentes, porque somente eles poderão aperfeiçoar-nos. Não é nos fechando sobre nós mesmos que encontraremos a verdade, mas nos abrindo para dimensões que nos transcendem. Essa é uma condição necessária para que nos realizarmos como pessoas adultas e maduras.
Muitos se perguntam: A vida tem um sentido? Para onde se dirige? Os filósofos do absurdo dizem que ela não tem sentido. Duas verdades, no entanto, se impõem: existimos (o que fazer, pois, com a vida que temos?); morreremos (e o que virá depois?). O que é verdadeiro deve ser verdadeiro sempre e para todos. Procuramos incessantemente a verdade. Santo Agostinho disse isso de outra maneira: “Encontrei muitos com o desejo de enganar os outros, mas não encontrei ninguém que quisesse ser enganado”. Entre os seres criados, o ser humano é o único capaz não só de buscar a verdade, mas também de saber, e saber que sabe; é o único que tem autoconsciência. Temos consciência, inclusive, de que não fomos criados para viver sozinhos: nascemos e crescemos numa família e depois, pelo trabalho, procuramos nos inserir, na sociedade.
Para nós é importante o testemunho dos mártires: ao morrerem por Jesus Cristo, definiram claramente em quem acreditavam. Eles tinham tido um encontro pessoal com o Filho de Deus; haviam-se convertido e queriam que outros vivessem das mesmas certezas que orientavam suas vidas. O encontro com o Evangelho lhes oferecia uma resposta tão satisfatória à questão do sentido da vida que não sentiam necessidade de outras respostas. Santo Tomás de Aquino ensinava que tanto a luz da razão como a luz da fé provêm de Deus; por isso, não podem contradizer-se. Se o teólogo se recusasse a levar em conta os dados da ciência, teria dificuldade de compreender a própria fé. Se o cientista excluísse todo contato com a teologia, acabaria criando uma nova religião, pois precisaria procurar respostas para as perguntas fundamentais de cada ser humano: Por que existo? Por que o mal? Por que o sofrimento? Por que a morte?
Conclusão: o mistério da encarnação de Cristo – isto é, o fato de o Filho de Deus ter assumido a nossa natureza humana – é uma resposta às nossas mais importantes perguntas. É como se Jesus proclamasse: O mundo não é mau; o ser humano não se basta a si mesmo; a verdade não pode ser fruto da decisão da maioria; Deus, sem o ser humano, continua sendo Deus – e o ser humano, sem Deus, o que é?...
 Fonte: CNBB

Casas de apoio nos hospitais

Dom Anuar Battisti 
Arcebispo de Maringá (PR)

“Vinde benditos de meu Pai, tomai posse do Reino preparado para vocês e seus anjos. Pois eu estava com fome me destes de comer, estava com sede me destes de beber, estava peregrino e me acolhestes, estava nu e me vestistes....Quando foi que te vimos assim ? Todas as vezes que fizestes isso ao mais pequenino a mim fizestes” (Mt, 25,31-46).

Olhando a cidade de Maringá vemos um privilegiado sistema de saúde, se comparado com outras realidades brasileiras. No âmbito pastoral, também reconheço que nossos voluntários são uma referência.
Temos a Pastoral da Saúde e a Capelania hospitalar presentes nessas realidades. A Igreja tem acompanhado de perto a vida de centenas de famílias que buscam o sistema de saúde em Maringá. Famílias de municípios da região, e outras de lugares mais distantes. E quando essas pessoas chegam a nossa cidade, são obrigadas a enfrentar as intempéries do tempo durante a espera de seus familiares hospitalizados.
Imagine você, sair de sua casa para acompanhar uma familiar doente, chegar ao hospital e não ter onde ficar. As nossas pastorais têm lutado muito para que essa triste realidade mude em Maringá. A solução seria a construção de duas casas de apoio. Uma para o Hospital do Câncer e outra para o Hospital Universitário.
Já temos uma boa iniciativa na Santa Casa. Os irmãos da Misericórdia conseguiram, com recursos próprios, uma casa de apoio para pacientes e familiares. É uma referência para a nossa cidade e um estímulo para que outras iniciativas aconteçam.
No HU as notícias que temos é que uma pendência judicial está impedindo a construção da casa de apoio. Até o dinheiro já foi conseguido com o apoio da Câmara Municipal. Agora só falta o terreno. No caso do Hospital do Câncer a Pastoral da Saúde também tem acompanhado as possibilidades que surgem.
De qualquer forma estamos num caminho e precisamos avançar. O apoio de toda a sociedade é fundamental para que esse atendimento seja efetivado. Essas famílias, muitas delas com crianças, precisam de um local digno para abrigo durante seus tratamentos.
É um dever cristão, uma exigência do evangelho, uma obrigação do poder público, olhar para essa realidade. Nessa segunda-feira, dia vinte e quatro, completo 10 anos como Arcebispo de Maringá e nesta década presenciei muitas iniciativas empreendedoras nas nossas comunidades. Somos um povo pra frente, animado, entusiasmado, solidário com as obras sociais. Neste exemplo das casas de apoio, será fundamental juntarmos essa garra para resolver as questões burocráticas que ainda impedem a execução dessas duas obras.
Que Deus abençoe todas as famílias que enfrentam enfermidades, que precisam de atendimento médico. E rogo a Deus para que as portas se abram e que em breve possamos contas com essas casas de apoio do HU e do HC. Recordemos sempre as palavras do Senhor Jesus: Vinde benditos de meu Pai, porque destes abrigo, casa de acolhida aos doentes e seus familiares. Deus nos abençoe nesta missão de cuidar e defender a vida. Boa semana a todos!
Fonte: CNBB