Com
estas palavras do livro do Profeta Isaias no seu capítulo 6, versículo
8, propõe-se a Campanha da Fraternidade 2013 convocar o protagonismo dos
jovens na construção de nova vida, de compromisso com nova vitalidade
na Igreja e na Sociedade.
Ela recorda como no centro vital deste
protagonismo está um encontro pessoal com Deus em Jesus Cristo e seu
seguimento, abertura à ação do Espírito de Deus – Amor novo em
plenitude.
Esta proposta é voltada para uma nova
juventude motivada e cheia de energia para fazer acontecer “o Novo”,
superando todas as dominações de velhice e caducidade que um mundo
fechado em seu egoísmo e paralisado em suas opções hedonistas e
materialistas.
Diante de uma “mudança de época” que
rompe com muitos ou altera muitos dos paradigmas tradicionais que
sustentam certa visão da vida e do mundo, as mesmas estruturas mais
fundamentais da sociedade se desfazem e perdem referências de horizonte,
de motivações, de esperanças, gastando-se no “carpe diem” do consumo de
coisas e pessoas, de si mesmo, de tudo, enfim.
A grande alegria da descoberta do dom de
Deus em Cristo renova a juventude do espírito e do corpo dos próprios
jovens em idade e dos que, passada a idade física jovem, descobrem
sempre uma nova juventude dada pelo Eterno Jovem que é o próprio Deus.
O impacto da mudança de época que
vivemos tem deixado muitos à deriva da vida. E mesmo os que foram
tocados pela Fé, mostram-se tomados de desânimo na superação do peso de
morte que a sociedade cada dia mais demostra.
O chamado do Santo Padre Bento XVI para
um Ano da Fé, uma Nova Evangelização, acolhendo sangue novo nas veias da
Igreja e da Sociedade Humana, mostra a direção da fonte desta “eterna
juventude” do espírito que pode sobrepujar qualquer ausência de
perspectiva de futuro e de esperança.
“Tudo é possível àquele que crê!”(Mc 9,
23) – é a direta afirmação de Jesus a quem o busca de modo indeciso e
sem a certeza de seu poder.
Chegou a hora de repropor o encontro com
o Senhor ressuscitado, vivo e presente na História do Mundo, o “todo
poderoso”, que assim se mostra; capaz de tudo renovar na face da terra.
(cf. Apc 21,5)
É hora de repropor o Evangelho com o
testemunho da Fé. Assim mora a juventude no coração da Igreja. E sua
opção é acolhimento do dom que a mesma juventude traz para a humanidade
como poder recomeçar com entusiasmo a vida e dela fazer a grande
oportunidade de fazer acontecer o Reino de Deus – que é Reino para o
Homem.
A própria realidade natural, expressão
do Criador, coloca no ser da juventude um chamado, um clamor, uma
convocação: “A quem enviarei?” E o coração ainda vivo, que sonha, que
espera, que anseia, descobre que não está só e pode responder: “Eis-me
aqui, envia-me.” (Is 6,8) Na experiência vital do jovem, a esperança de
renovação da força da humanidade que age com Aquele que lhe dá força.
(cf. Flp. 4, 13)
“O profeta em questão, Isaias, é chamado
a profetizar sobre uma estrutura social cristalizada, que se mantinha
em um ciclo contínuo de injustiça… Em seu anúncio é apresentada uma nova
estrutura para a sociedade… O jovem profeta vê além: por isso, consegue
encontrar novos caminhos diante dos mecanismos de sobrevivência já
inertes e sem esperança. Os jovens são protagonistas da evangelização e
artífices da renovação social.” (do texto base da CF 2013, 251 ss)
Se a humanidade não quiser acabar na
decrepitude e decomposição total, deverá optar sempre pelo
rejuvenescimento, pela geração de novas gerações que a desafiem ao novo
da esperança e à superação das fórmulas cristalizadas de egoísmo e
morte.
Feliz momento em que vivemos: é preciso
abrir-nos ao novo, ao jovem, à busca e à esperança. E a juventude sempre
renovada por Aquele que alegra a nossa juventude (cf. Sl 42, 4 –
Vulgata: et introibo ad altare Dei ad Deum qui laetificat iuventutem
meam confitebor tibi in cithara Deus Deus meus.” – Deus que alegra a
minha juventude e me faz tomar o violão para louvar o meu Deus.)
Sem dúvida esta é uma tradução livre,
mas muito significativa para mostrar como é hora de abrir espaço para a
juventude, para a alegria, para o novo, para o louvor de Deus. E
dizermos com toda a confiança: “Eis-me aqui, envia-me.”
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza