quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Papa: "Cristão deve entrar na Igreja, e não parar na 'recepção'"

2014-10-28 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – “A Igreja é feita por Jesus”, que não olha ao pecado dos homens, mas a seu coração. Ele o procura e o cura”. Foi a reflexão feita pelo Papa na homilia na missa celebrada na manhã de terça-feira, 28, na Casa Santa Marta. “Os cristãos – completou Francisco – devem se sentir parte da Igreja, sem parar em sua porta”.
Dois mil anos atrás, Jesus construiu a sua Igreja e abriu as portas a todos, sem distinções, porque a Cristo interessa curar os corações e não medir os pecados. Citando o Evangelho do dia, que narra o nascimento da Igreja, e a Carta de Paulo, que descreve a Igreja como um ‘edifício bem ordenado’, o Papa chamou a atenção para as ações que marcaram a fundação da Igreja: Jesus se retira em oração, desce, vai aos discípulos, escolhe doze; simultaneamente acolhe e cura aqueles que tentam tocá-lo:
Jesus reza, Jesus chama, Jesus escolhe, Jesus envia os discípulos, Jesus cura a multidão. Dentro deste templo, este Jesus, que é a pedra angular, faz todo este trabalho: é Ele que leva adiante a Igreja. Como dizia Paulo, esta Igreja foi edificada sobre o fundamento dos Apóstolos. Ele escolheu doze, doze pecadores. Judas não era o maior pecador, não sei quem era o mais pecador. Judas, pobrezinho, foi o que se fechou ao amor e por isso se tornou traidor, mas todos fugiram no momento difícil da Paixão e deixaram Jesus sozinho. Todos eram pecadores, mas Ele escolheu".
Jesus – disse ainda o Papa, citando São Paulo – não nos quer dentro da Igreja como hospedes ou estrangeiros, mas com o direito de um cidadão. Na Igreja não estamos de passagem, estamos radicados nela. Nossa vida está ali.
Nós somos cidadãos, concidadãos desta Igreja. Se nós não entrarmos neste templo e fizermos parte desta construção, para que o Espírito Santo habite em nós, nós não estaremos na Igreja. Nós estamos na porta e olhamos: ‘Que bonito… sim, isto é belo…’. Cristãos que não ultrapassam a recepção da Igreja; estão ali, na porta… ‘Mas sim, sou católico, mas não muito”.
Trata-se de um modo de agir não faz sentido em relação ao amor e à miserciórdia totais que Jesus nutre por cada pessoa. A demonstração está na atitude de Cristo diante de Pedro, que o colocou à frente da Igreja. O primeiro pilar trai Jesus, e Ele responde perdoando:
Jesus não se importou com o pecado de Pedro: buscava o coração. Mas para encontrar esse coração e para curá-lo, rezou. Jesus que reza e Jesus que cura, também por cada um de nós. Não não podemos entender a Igreja sem este Jesus que reza e este Jesus que cura. Que o Espírito Santo nos faça entender, a todos nós, esta Igreja que tem a sua força na oração de Jesus por nós e que é capaz de curar a todos nós”.(BF-CM)

Fonte: News.VA

Papa: "A Igreja somos todos nós. Quem é pecador, levante a mão!"

2014-10-29 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – Nesta quarta-feira de outono romano, o Papa Francisco foi à Praça São Pedro receber os fiéis e turistas que o aguardavam para a audiência pública semanal. Atendendo, como sempre, às expectativas dos presentes, o Pontífice deu a volta na Praça com o papamóvel cumprimentando e sorrindo a todos, retribuindo o carinho e o entusiasmo da multidão.
Em sua catequese, Francisco hoje explicou a questão das ‘duas Igrejas’: aquela que conhecemos – paróquias, comunidades, dioceses, movimentos – e a institucional, ou seja, as pessoas que a governam. “Como podemos entender a relação entre a realidade espiritual da Igreja e a visível?”, perguntou.
Antes de tudo, quando falamos da realidade visível, não devemos pensar apenas no Papa, nos Bispos, nos padres, nas freiras e nas pessoas consagradas. Ela abriga também muitos irmãos e irmãs batizados que no mundo crêem, esperam e amam e que em nome de Jesus, se aproximam dos mais sofredores e últimos para lhes oferecer alívio, conforto e paz. Assim, é difícil compreender toda a dimensão da Igreja visível, já que não podemos medir o bem que ela faz".
Improvisando, Francisco que é difícil também calcular as obras de amor, a infidelidade nas famílias, o trabalho cotidiano dos pais ao transmitir a fé aos filhos, o sofrimento dos doentes... “Como conhecer todas as maravilhas que, por meio de nós, Cristo consegue atuar no coração e na vida das pessoas?”, questionou.
O Bispo de Roma continuou afirmando que o único modo que existe para compreender a relação entre a realidade visível e a espiritual da Igreja é olhar para Cristo.
Assim como em Cristo, a natureza humana completa plenamente a divina, e se põe ao seu serviço, o mesmo acontece na Igreja: a Igreja também é um mistério no qual aquilo que não se vê é mais importante do que se vê e pode ser reconhecido somente com os olhos da fé”.
No caso da Igreja, no entanto, como a realidade visível pode se colocar a serviço da espiritual?”, perguntou o Papa, mais uma vez. E a resposta está mais uma vez em Cristo, que é o modelo da Igreja e de todos nós. Podemos compreender lendo o Evangelho de Lucas, que narra a primeira pregação de Jesus na sinagoga de Nazaré. O trecho mostra que lhe foi dado o Espírito do Senhor que estava sobre Ele e lhe conferiu a unção para uma obra de libertação, de luz e de misericórdia.
Consequentemente, disse o Papa, “assim como Jesus se serviu da sua humanidade para anunciar e realizar o desígnio divino da redenção, assim também a Igreja, através da sua realidade visível, dos sacramentos e do seu testemunho, é chamada a aproximar-se de todo o ser humano começando por quem é pobre, por quem sofre e por quem vive marginalizado, para continuar a fazer sentir a todos o olhar compassivo e misericordioso de Jesus”.
Concluindo sua reflexão, Francisco admitiu que muitas vezes, a Igreja faz experiência de sua fragilidade e de seus limites: “Isto nos causa um profundo desgosto, principalmente quando damos o mau exemplo e nos tornamos motivo de escândalo. Todos somos pecadores – acrescentou – todos somos pecadores”. O Papa pediu a quem não fosse pecador que levantasse a mão, e nenhum dos presentes na Praça o fez.
O Papa insistiu no conceito que “falar mal dos outros é um pecado”, e reiterou que nós, ao invés de sermos maus exemplos, devemos ser testemunhas, “como Jesus quer que sejamos”.
Por isso, pedimos ao Senhor o dom da fé, para que entendamos como – não obstante a nossa pequenez e nossa pobreza – o Senhor fez de nós instrumento de graça e sinal visível de seu amor por toda a humanidade”.
Antes de terminar o encontro, o Papa se dirigiu aos grupos presentes na Praça São Pedro, e saudou especialmente o grupo de sacerdotes do Rio de Janeiro e os membros das Comunidades “Canção Nova”, em festa pelo reconhecimento eclesial, e “Doce Mãe de Deus” e “Copiosa Redenção”, pelo jubileu de fundação.
(CM)

Fonte: NEWS.VA

A Importância da gratidão






Os seres humanos são pessoas singulares. Em nossa cultura de hoje, com suas pressas, demandas de imediatismo, e as tensões e ansiedades que estas geram em nós, muitas pessoas são propensas a reclamar quando algo não dá certo, especialmente quando não lhes prestam um bom serviço ou suas demandas não são cumpridas no tempo esperado.
 
Estas mesmas atitudes costumam ser levadas ao âmbito espiritual, e acabamos vivendo nossa relação com DNeus com expectativas irreais de que Ele teria de nos dar as coisas, mudanças e soluções que desejamos, no momento e da maneira que queremos.
 
Esta atitude nos leva a viver constantemente pedindo coisas a Deus e reclamando, algo que não só aumenta nossa angústia, senão que ofusca nossa percepção de todas as coisas maravilhosas com que Deus nos abençoa a cada dia.
 
Viver dessa maneira nos leva, muitas vezes, sem percebermos, a ser ingratos com Deus na cotidianidade e, por isso, muitas vezes, deixamos de receber as graças que Deus promete àqueles que, com coração sincero, manifestam sua alegria nas bênçãos recebidas, expressando abertamente seu agradecimento a Deus.
 
A Palavra de Deus nos fala claramente disso na Carta aos Tessalonicenses (5, 8), na passagem em que Paulo pede que agradeçamos a Deus em tudo, “porque esta é a vontade de Deus para vós em Cristo Jesus”.
 
Nosso Senhor Jesus também destacou o exemplo do único, entre dez leprosos, que voltou para agradecer pela sua cura, e até lhe perguntou o que tinha acontecido com os outros nove. Mas aquele que dedicou um tempo aagradecer recebeu de Jesus a graça do seu toque e do seu amor que cura (Lc 17, 11-19). Da mesma maneira, sua Palavra nos recorda que Ele não despreza um coração agradecido.
 
Ser agradecidos é uma virtude que nos ajuda também a manter uma atitude mais positiva em nossa vida cotidiana, além de manter o bom humor e a paciência necessários para chegar a ter relacionamentos mais saudáveis e felizes.
 
Não foi por acaso que o Senhor nos convidou a ser agradecidos. Ele, que nos criou (e, por isso, nos conhece melhor que ninguém), sabe que ser gratos nos faz bem. Em última instância, Ele quer que sejamos felizes.
 
Por isso, vale a pena fazer do agradecimento parte da nossa vida pessoal, conjugal, familiar e social. Agradecer pela vida, pelo cônjuge, pelos filhos, pela saúde, pelo emprego, pela beleza da criação ao nosso redor, pelo olhar terno das mães, e até pelas provas e dificuldades que enfrentamos, pois elas nos ajudam a ser pessoas melhores.
 
Mostre para as outras pessoas a virtude da gratidão e convide-as a agradecer junto a você. Ser agradecidos também é uma graça de Deus!

FONTE:CATEQUESE CATÓLICA

Mensagem final do Sínodo dos Bispos: “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”

Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)
vaOs Padres Sinodais aprovaram, no decorrer da 14ª Congregação Geral na manhã deste sábado, a mensagem final da III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”. O documento conclusivo do Sínodo – Relatio Synodi – será divulgado posteriormente enquanto o documento final será provavelmente publicado na forma de uma Exortação Apostólica pós-sinodal do Papa Francisco, em 2015, após o Sínodo Ordinário.
Abaixo, a íntegra da mensagem:
Nós, Padres Sinodais reunidos em Roma junto ao Santo Padre na Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, nos dirigimos a todas as famílias dos diversos continentes e, em particular, àquelas que seguem Cristo Caminho, Verdade e Vida. Manifestamos a nossa admiração e gratidão pelo testemunho cotidiano que vocês oferecem a nós e ao mundo com a sua fidelidade, fé, esperança e amor.
Também nós, pastores da Igreja, nascemos e crescemos em uma família com as mais diversas histórias e acontecimentos. Como sacerdotes e bispos, encontramos e vivemos ao lado de famílias que nos narraram em palavras e nos mostraram em atos uma longa série de esplendores mas também de cansaços.
A própria preparação desta assembleia sinodal, a partir das respostas ao questionário enviado às Igrejas do mundo inteiro, nos permitiu escutar a voz de tantas experiências familiares. O nosso diálogo nos dias do Sínodo nos enriqueceu reciprocamente, ajudando-nos a olhar toda a realidade viva e complexa em que as famílias vivem. A vocês, apresentamos as palavras de Cristo: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo” (Ap 3,20). Como costumava fazer durante os seus percursos ao longo das estradas da Terra Santa, entrando nas casas dos povoados, Jesus continua a passar também hoje pelos caminhos das nossas cidades. Nas vossas casas se experimentam luzes e sombras, desafios exaltantes mas, às vezes, também provações dramáticas. A escuridão se faz ainda mais densa até se tornar trevas, quando se insinuam no coração da família o mal e o pecado.
Existe, antes de tudo, os grandes desafios da fidelidade no amor conjugal, do enfraquecimento da fé e dos valores, do individualismo, do empobrecimento das relações, do stress, de um alvoroço que ignora a reflexão, que também marcam a vida familiar. Se assiste, assim, a não poucas crises matrimoniais enfrentadas, frequentemente, em modo apressado e sem a coragem da paciência, da verificação, do perdão recíproco, da reconciliação e também do sacrifício. Os fracassos dão, assim, origem a novas relações, novos casais, novas uniões e novos matrimônios, criando situações familiares complexas e problemáticas para a escolha cristã.
Entre estes desafios queremos evocar também o cansaço da própria existência. Pensemos ao sofrimento que pode aparecer em um filho portador de deficiência, em uma doença grave, na degeneração neurológica da velhice, na morte de uma pessoa querida. É admirável a fidelidade generosa de muitas famílias que vivem estas provações com coragem, fé e amor, considerando-as não como alguma coisa que é arrancada ou infligida, mas como alguma coisa que é doada a eles e que eles doam, vendo Cristo sofredor naquelas carnes doentes.
Pensemos às dificuldades econômicas causadas por sistemas perversos, pelo “fetichismo do dinheiro e na ditadura de uma economia sem rosto e sem um objetivo verdadeiramente humano” (Evangelii Gaudium 55), que humilha a dignidade das pessoas. Pensemos ao pai ou à mãe desempregados, impotentes diante das necessidades também primárias de suas famílias, e aos jovens que se encontram diante de dias vazios e sem expectativas, e que podem tornar-se presa dos desvios na droga e na criminalidade.
Pensemos também na multidão das famílias pobres, àquelas que se agarram em um barco para atingir uma meta de sobrevivência, às famílias refugiadas que sem esperança migram nos desertos, àquelas perseguidas simplesmente pela sua fé e pelos seus valores espirituais e humanos, àquelas atingidas pela brutalidade das guerras e das opressões. Pensemos também às mulheres que sofrem violência e são submetidas à exploração, ao tráfico de pessoas, às crianças e jovens vítimas de abusos até mesmo por parte daqueles que deveriam protegê-las e fazê-las crescer na confiança e aos membros de tantas famílias humilhadas e em dificuldade. “A cultura do bem-estar anestesia-nos e (…) todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma” (Evangelii Gaudium, 54). Fazemos apelo aos governos e às organizações internacionais para promoverem os direitos da família para o bem comum.
Cristo quis que a sua Igreja fosse uma casa com a porta sempre aberta na acolhida, sem excluir ninguém. Somos, por isso, agradecidos aos pastores, fiéis e comunidades prontos a acompanhar e a assumir as dilacerações interiores e sociais dos casais e das famílias.
Existe, contudo, também a luz que de noite resplandece atrás das janelas nas casas das cidades, nas modestas residências de periferia ou nos povoados e até mesmos nas cabanas: ela brilha e aquece os corpos e almas. Esta luz, na vida nupcial dos cônjuges, se acende com o encontro: é um dom, uma graça que se expressa – como diz o Livro do Gênesis (2,18) – quando os dois vultos estão um diante o outro, em uma “ajuda correspondente”, isto é, igual e recíproca. O amor do homem e da mulher nos ensina que cada um dos dois tem necessidade do outro para ser si mesmo, mesmo permanecendo diferente ao outro na sua identidade, que se abre e se revela no dom mútuo. É isto que manifesta em modo sugestivo a mulher do Cântico dos Cânticos: “O meu amado é para mim e eu sou sua…eu sou do meu amado e meu amado é meu”, (Cnt 2,16; 6,3).
Para que este encontro seja autêntico, o itinerário inicia com o noivado, tempo de espera e de preparação. Realiza-se em plenitude no Sacramento onde Deus coloca o seu selo, a sua presença e a sua graça. Este caminho conhece também a sexualidade, a ternura, e a beleza, que perduram também além do vigor e do frescor juvenil. O amor tende pela sua natureza ser para sempre, até dar a vida pela pessoa que se ama (cf. João 15,13). Nesta luz, o amor conjugal único e indissolúvel persiste, apesar das tantas dificuldades do limite humano; é um dos milagres mais belos, embora seja também o mais comum.
Este amor se difunde por meio da fecundidade e do ‘gerativismo’, que não é somente procriação, mas também dom da vida divina no Batismo, educação e catequese dos filhos. É também capacidade de oferecer vida, afeto, valores, uma experiência possível também a quem não pode gerar. As famílias que vivem esta aventura luminosa tornam-se um testemunho para todos, em particular para os jovens.
Durante este caminho, que às vezes é um percurso instável, com cansaços e caídas, se tem sempre a presença e o acompanhamento de Deus. A família de Deus experimenta isto no afeto e no diálogo entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs. Depois vive isto ao escutar juntos a Palavra de Deus e na oração comum, um pequeno oásis do espírito a ser criado em qualquer momento a cada dia. Existem, portanto, o empenho cotidiano na educação à fé e à vida boa e bonita do Evangelho, à santidade. Esta tarefa é, frequentemente, partilhada e exercida com grande afeto e dedicação também pelos avôs e avós. Assim, a família se apresenta como autêntica Igreja doméstica, que se alarga à família das famílias que é a comunidade eclesial. Os cônjuges cristãos são, após, chamados a tornarem-se mestres na fé e no amor também para os jovens casais.
O vértice que reúne e sintetiza todos os elos da comunhão com Deus e com o próximo é a Eucaristia dominical quando, com toda a Igreja, a família se senta à mesa com o Senhor. Ele se doa a todos nós, peregrinos na história em direção à meta do encontro último quando “Cristo será tudo em todos” (Col 3,11). Por isto, na primeira etapa do nosso caminho sinodal, refletimos sobre o acompanhamento pastoral e sobre o acesso aos sacramentos pelos divorciados recasados.
Nós, Padres Sinodais, vos pedimos para caminhar conosco em direção ao próximo Sínodo. Em vocês se confirma a presença da família de Jesus, Maria e José na sua modesta casa. Também nós, unindo-nos à Família de Nazaré, elevamos ao Pai de todos a nossa invocação pelas famílias da terra:
Senhor, doa a todas as famílias a presença de esposos fortes e sábios,
que sejam vertente de uma família livre e unida.
Senhor, doa aos pais a possibilidade de ter uma casa onde viver em paz com a família.
Senhor, doa aos filhos a possibilidade de serem signo de confiança e aos jovens a coragem do compromisso estável e fiel.
Senhor, doa a todos a possibilidade de ganhar o pão com as suas próprias mãos, de provar a serenidade do espírito e de manter viva a chama da fé mesmo na escuridão.
Senhor, doa a todos a possibilidade de ver florescer uma Igreja sempre mais fiel e credível, uma cidade justa e humana, um mundo que ame a verdade, a justiça e a misericórdia.
Fonte: NEWS.VA

CNLB disponibiliza material de reflexão para o Dia dos Leigos

0000000cnlb400Inspirado no Estudo 107 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),“Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade”, o Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) publicou o subsídio “Círculos de Reflexão”, para o Dia do Leigo e Leiga de 2014.
O subsídio do CNLB apresenta uma proposta de três encontros: o primeiro, reflete sobre a presença dos leigos e a realidade do mundo; o segundo reflete sobre o “sujeito eclesial, cidadãos, discípulos missionários”; e o terceiro aborda a ação transformadora como cristãos leigos na Igreja e no mundo. O material apresenta também um roteiro de sugestão para a celebração da Solenidade de Cristo Rei.
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato e bispo de Caçador (SC), dom Severino Clasen, faz um convite para a reflexão. “Convocamos a todos os batizados para participarem destes Círculos de Reflexão. Acreditamos em novos tempos e queremos iniciar o Advento com a conclusão do ano litúrgico homenageando e honrando a Cristo como o grande enviado d Pai para anunciar o Reino de paz, de justiça e de amor”, reforçou.
O material está disponível no site do CNLB: www.cnlb.org.br
Com informações e foto do CNLB.
Fonte: CNBB

Preparando o jubileu da Arquidiocese de Fortaleza


No dia 24 de outubro de 2014, na sala um, do Seminário da Prainha, aconteceu o encontro das Equipes que irão preparar o Ano Jubilar da Arquidiocese de Fortaleza. Estiveram presentes várias lideranças das forças vivas da Arquidiocese. Em 2015, a Arquidiocese de Fortaleza fará 100 anos  de missão e evangelização.
As equipes se comprometeram em animar toda a Arquidiocese, mobilizando as paróquias, áreas pastorais, movimentos, pastorais, comunidades e a sociedade civil para momentos celebrativos que acontecerão durante o Ano Jubilar de 2015.
A Diocese do Ceará foi criada em 1853 por um decreto do Imperador Dom Pedro II. No ano seguinte, em 6 de junho de 1854, o papa Pio IX expediu a Bula Pro animarum salute, criando a Diocese nos trâmites da Igreja.
As dioceses só podiam ser criadas pelo papa após o decreto imperial. A bula papal só foi oficializada em 1860, depois de sete anos de briga entre Vaticano e o Estado brasileiro. Desmembrada de Olinda, a Diocese era quase todo o território da Província do Ceará.
Civilmente, o Ceará já se havia emancipado da Província de Pernambuco desde 1799. Eclesiasticamente, até 1854, era apenas Vigararia Forânea da Diocese de Olinda.
postal-de-1914-antiga-Catedral-que-existiu-ate-1938-200x200O território da nova Diocese era quase o mesmo do atual Estado do Ceará. Faltavam apenas as paróquias de Crateús e Independência, ligadas a São Luis do Maranhão.
A população da Diocese, neste tempo, calculava-se em 650.000 habitantes. A população era quase totalmente católica, pois o recenseamento de 1888 registra apenas cento e cinqüenta protestantes e uma dúzia de judeus. A cidade de Fortaleza constava de cerca de 9.000 habitantes.
Nessa época havia na Diocese 34 paróquias e um curato. O número de igrejas era de 78 e o de capelas 11, em toda a província do Ceará.
Antes de ser diocese, o Bispo de Olinda (e antes dele o da Bahia) nomeava Visitadores Eclesiásticos para a Vigararia do Ceará. O primeiro desses visitadores foi Frei Félix Machado Freire (1735) e último foi Padre Antonio Pinto de Mendonça (1844 a 1881).
O primeiro bispo da Diocese foi Dom Luis Antônio dos Santos.
A Diocese do Ceará, com a criação das Dioceses de Crato e Sobral, foi elevada a Arquidiocese de Fortaleza, em 10 de novembro de 1915, pela Bula “Catholicae Religionis Bonum”do Papa Bento XV. Em 1939, deu-se criação da Diocese de Limoeiro do Norte; em 1960, criação da Diocese de Iguatu e em 1963 foi criada da Diocese de Crateús e em 1971 as Diocese de Itapipoca, Quixadá e Tianguá. Atualmente são nove dioceses no Ceará.
Mais informações sobre o ano jubilar:
(85) 3388-8703 – Setor de comunicação.
Fonte: ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA

O ANO JUBILAR CENTENÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA

domjose200Estaremos iniciando o Jubileu Centenário da Arquidiocese de Fortaleza (novembro de 2014 a novembro de 2015).
Após um ANO DA FÉ, um ANO DA ESPERANÇA, entramos no ANO DA CARIDADE com a celebração Eucarística no dia 14 de novembro, com início às 18h30min na Catedral Metropolitana.
É inspiradora a palavra do Papa Emérito Bento XVI em sua Encíclica Deus Caritas est – Deus é Caridade. Nela se pode compreender como a Igreja Arquidiocesana centenária encontra a sua razão de ser. A caridade da Igreja é manifestação do amor divino trinitário: “19. “Se vês a caridade, vês a Trindade” — escrevia Santo Agostinho… (Assim se manifesta) o desígnio do Pai que, movido pelo amor (cf. Jo 3, 16), enviou o Filho unigênito ao mundo para redimir o homem. Quando morreu na cruz, Jesus — como indica o evangelista — “entregou o Espírito” (cf. Jo 19, 30), prelúdio daquele dom do Espírito Santo que Ele havia de realizar depois da ressurreição (cf. Jo 20, 22). Desde modo, se atuaria a promessa dos “rios de água viva” que, graças à efusão do Espírito, haviam de emanar do coração dos crentes (cf. Jo 7, 38-39). De fato, o Espírito é aquela força interior que harmoniza seus corações com o coração de Cristo e leva-os a amar os irmãos como Ele os amou, quando Se inclinou para lavar os pés dos discípulos (cf. Jo 13, 1-13) e sobretudo quando deu a sua vida por todos (cf. Jo 13, 1; 15, 13). O Espírito é também força que transforma o coração da comunidade eclesial, para ser, no mundo, testemunha do amor do Pai, que quer fazer da humanidade uma única família, em seu Filho. Toda a atividade da Igreja é manifestação dum amor que procura o bem integral do homem: procura a sua evangelização por meio da Palavra e dos Sacramentos, empreendimento este muitas vezes heroico nas suas realizações históricas; e procura a sua promoção nos vários âmbitos da vida e da atividade humana. Portanto, é amor o serviço que a Igreja exerce para acorrer constantemente aos sofrimentos e às necessidades, mesmo materiais, dos homens.”
É nesta perspectiva que a Igreja em Fortaleza, comemorando seus cem anos de existência como realidade arquidiocesana: mãe de outras Igrejas Particulares (dioceses), que foram nascendo de sua missão, quer se reconhecer na concretização do Amor de Deus, na Caridade.
Um ANO DA CARIDADE nas comemorações do Jubileu Centenário da Arquidiocese de Fortaleza quer reavivar a realidade dos laços que unem todas as dimensões da Igreja: comunhão e missão – nas expressões concretas do “Amor de Deus que foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Assim a comunidade eclesial se manifesta como verdadeira Família de Deus em Cristo. Os vínculos do amor vivido concretamente testemunham a verdade do Evangelho, como o afirmou o próprio Jesus: “Pai, eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos na unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste, como amaste a mim.” (Jo 17, 23)
Esta manifestação do Amor de Deus é mais perfeita forma de testemunho que renova a humanidade em Cristo: “E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.” (Col 3,14)
Novamente o Papa Emérito Bento XVI: “20. O amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais para cada um dos fiéis, mas o é também para a comunidade eclesial inteira, e isto em todos os seus níveis: desde a comunidade local passando pela Igreja particular até à Igreja universal na sua globalidade. A Igreja também enquanto comunidade deve praticar o amor. Consequência disto é que o amor tem necessidade também de organização enquanto pressuposto para um serviço comunitário ordenado. A consciência de tal dever teve relevância constitutiva na Igreja desde os seus inícios: “Todos os crentes viviam unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos de acordo com as necessidades de cada um”. (At 2, 44-45) Lucas conta-nos isto no quadro duma espécie de definição da Igreja, entre cujos elementos constitutivos ele enumera a adesão ao “ensinamento dos Apóstolos”, à “comunhão” (koinonia), à “fração do pão” e às “orações” (cf. At 2, 42). O elemento da “comunhão” (koinonia)… consiste precisamente no fato de os crentes terem tudo em comum, pelo que, no seu meio, já não subsiste a diferença entre ricos e pobres (cf. também At 4, 32-37). Com o crescimento da Igreja, esta forma radical de comunhão material — verdade se diga — não pôde ser mantida. Mas o núcleo essencial ficou: no seio da comunidade dos crentes não deve haver uma forma de pobreza tal que sejam negados a alguém os bens necessários para uma vida condigna.”
Com a programação do Jubileu Centenário, queremos dar graças ao Senhor pelo crescimento e vitalidade de Sua Igreja entre nós. Queremos reconhecer os dons do Amor de Deus que tem sido tão abundante nos cem anos passados desde que a Diocese de Fortaleza se desdobrou em tantas outras Igrejas Diocesanas (atualmente 9 dioceses em todo o Ceará). Graças pelos dons do Espírito no testemunho dos fiéis e das comunidades em sua vida e missão: santidade que é caridade em muitas formas de obras de misericórdia.
É também necessária a penitência pelas não correspondências ao Amor de Deus. Faltas, incoerências, contratestemunhos, pecados dos quais tomamos consciência na caminhada centenária e pelos quais pedimos o perdão e a misericórdia renovadora do Senhor.
São novos os tempos em que vivemos, são grandes desafios que nos atingem, mas se tornam para os discípulos-missionários de Cristo, oportunidades de testemunhar e anunciar como maior dom a “alegria do Evangelho” dado a todos, com maior coerência, zelo e ardor.
Os eventos programados querem expressar a comunhão de toda a Igreja e relançar nova a missão do Evangelho. “Firmes na Fé, alegres na Esperança e solícitos na Caridade” para “Nova evangelização em novos tempos”.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

Caminhos para a santidade

padre-Brendan200Como padre Redentorista os caminhos para a santidade usados por nós redentoristas são justamente os caminhos indicados pelo fundador dos Redentoristas, Santo Afonso Maria de Ligouri, Doutor da Igreja e Patrono dos moralistas. Santo Afonso ensinou que cada pessoa é chamada para a santidade. Ele ensinou que “Deus quer que todos se tornem santos, cada um em seu estado de vida: o religioso exatamente como religioso, o padre como padre, o leigo como leigo, o casado como uma pessoa casada, o comerciante como um comerciante e as outras pessoas como caminham na vida”. Santo Afonso colocou na sua obra fundamental: “Toda santidade consiste em amar Jesus Cristo, nosso Deus, nosso sumo bem”.  Ele enfatizou o amor a Deus por nós e o amor que nós devemos ter por Jesus.  Santo Afonso tentou de diversas maneiras fazer com que as pessoas compreendessam o quanto Deus as ama. Com ênfase particular, ele escreveu sobre “os três grandes sinais”: a manjedoura, a cruz e o tabernáculo. É oportuno mencionar que Afonso escreveu dois livros inteiros para cada um destes três grandes mistérios.
Um dos caminhos que Santo Afonso indicou para um cristão ser santo era sua opção pelas pessoas pobres e abandonadas. É curioso como ele fez “uma opção preferencial pelos pobres” mais de duzentos anos antes das Conferências Gerais de Medellín Puebla! Santo Afonso não conseguiu separar o amor a Deus e o amor aos irmãos e irmãs mais pobres..
Para nos ajudar a sermos santos Santo Afonso nunca cansou de falar sobre os mistérios cristãos, a Vida, a Paixão e morte de Jesus Cristo. O sofrimento que Jesus enfrentou para nos salvar. O fato de o Pai ter enviado seu Filho amado  Jesus Cristo para sofrer e morrer por nossos pecados era um sinal de “amor inacreditável”. Sua preocupação com a Paixão não era um interesse mórbido em sofrimento, sangue e morte etc., mas sim uma realização do significado existencial da Cruz, passado, presente e futuro, na parcimônia da vontade de salvação de Deus. Afonso escreveu que “ a total santidade e perfeição de uma pessoa consiste em amar Jesus Cristo, nosso Deus e Nosso Redentor, e a reflexão sobre os sofrimentos de sua Paixão e Morte por nós ajudaria nos a “amar a Deus sobre todas as coisas”
Nos seus escritos espirituais Santo Afonso usa frequentemente a palavra italiana “distacco”. É difícil traduzir esta palavra para o Português. Normalmente é traduzido como desprendimento. Afonso sabia claramente que o maior inimigo do verdadeiro amor de Deus era o falso amor do ego. “Distacco” é o esforço consciente do cristão para dominar a praga do egocentrismo. Santo Afonso enfatizou a importância de atos de mortificação como um caminho para a santidade, citando o Evangelho: “Quem procurar a sua vida, há de perdê-la, e quem perder a sua vida por amor de mim, há de encontra-la” (Mt 10,39). Afonso gostava de fazer uma distinção entre a mortificação externa e interna. A mortificação externa refere-se à disciplina dos sentidos, tais como o jejum, a abstinência, o controle das palavras etc. A mortificação interna refere-se à disciplina e ao esforço para superar determinadas paixões, por exemplo, certos ressentimentos, aversões, curiosidades e apegos perigosos.
Outros caminho para a santidade usado por Afonso foi a oração. Ele é descrito como “Doutor da Oração”. Ele dizia que orar era possível a qualquer pessoa. Nossa oração deve ser uma simples conversa com Deus que é nosso melhor amigo. Nas orações devemos falar sobre nossas alegrias e tristezas, sobre nossas necessidades e agradecer tudo de bom que Deus nos Deus. Afonso sempre citava as palavras de Jesus quando falou sobre oração: “Pedi e será dado; buscai e acharei; batei e será aberto (Mt 7, 7). Outro caminho  muito importante para a santidade segundo Santo Afonso é a importância de rezar a Maria, nossa Mãe abençoada. Ela segundo Afonso , deveria ser nosso modelo na vida cristã. Ele enfatizou muito o poder de intercessão que ele tem junto com seu filho. Maria ele dizia sempre nos leva para seu Filho Jesus. Outro caminho importante para a santidade é a meditação. Há vários tipos de meditação e a pessoa deve escolhe o método mais agradável por ela. Para ele a meditação é a reflexão interior a resposta à Palavra de Deus.
Porém, um dos caminhos mais importantes para a santificação é a devoção à Eucaristia. A grande oração de louvor e agradecimento é a celebração do sacrifício e sacramento da Eucaristia. Devemos assistir à Santa Missa todos os dias se for possível, para honrar e glorificar à Deus, para agradecê-lo por todas as graças e benefícios recebidos, para pedir perdão por nossos pecados e para adquirir as graças que necessitamos. Para Afonso era importante visitar o Santíssimo diariamente nas capelas e igrejas. Ele escreveu um livrinho com orações para os 31 dias do mês com o intuito de ajudar os fiéis a fazer estas visitas. Assim, Afonso nos oferece vários caminhos para a santidade.
                                                                  Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista.

A solidariedade e comunhão com os irmãos finados

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)

Neste domingo oficiamos em todas as Igrejas a Comemoração anual de todos os fiéis finados. Celebração da saudade e da esperança cristã que nos torna conscientes da misteriosa comunhão dos santos que conecta a Igreja peregrinante, com a padecente e a triunfante.

Esta liturgia apresenta desde suas origens no Mosteiro de Cluny a importância de aplicar missas em sufrágio dos falecidos e de rezar pelo seu descanso. A morte na perspectiva cristã embora tenha um aspecto doloroso de desmontar a tenda do corpo na nossa travessia terrestre e signifique a separação física dos seres queridos e dos amigos, é apenas um passamento, uma passagem para a vida eterna de felicidade que nos aguarda na Casa do Pai, se formos justos e misericordiosos.
Como nem todos alcançam a perfeição evangélica em vida, a doutrina católica fundamentada na solidariedade da comunhão dos santos e no tesouro infinito da paixão e morte do Redentor, socorre com orações, indulgências e as intenções das missas pelos irmãos que precisam de purificação e limpar seu coração para entrar no paraíso.
A morte não nos separa daqueles que morrem em Cristo, ao contrário os ganhamos para sempre porque ao lado de nosso Advogado e Mediador operam pelai ntercessão, graças e dons para nossa salvação. Mas também a morte dos outros nos leva a pensar na própria, eu gostaria ou não de rever meus seres queridos e amados, vale pena ou não, pensar no céu, neste estado maravilhoso de comunhão total com Deus, os irmãos e o universo inteiro?
Isto significa que devemos estar vigilantes e preparados, que onde a morte nos encontrar e possamos oferecer sempre um coração cheio de amor, ternura, perdão e misericórdia, e que nossas mãos estejam gastas de dar e servir aos outros. Só assim compreenderemos que a morte é como São Francisco a chamou: uma irmã, pois vem para nos levar ao Pai, encerrando de forma serena e plácida a nossa caminhada terrestre.
Que Nossa Senhora da Boa Morte e São José o patrono dos moribundos nos ajude a bem morrer nas mãos do Senhor Jesus Cristo, nosso querido Irmão e. Salvador. Deus seja louvado!
 Fonte: CNBB

Família: como continuar?

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

Há uma grande expectativa em relação à 3ª. assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a família, que está acontecendo no Vaticano de 5 a 19 de outubro. Muitos esperam que desta assembleia saiam soluções para os vários tipos de problemas que hoje envolvem o casamento e a família. Será que, depois do Sínodo, casamento e família ainda serão os mesmos que foram até agora?

O que, por exemplo, deveria mudar? Que o casamento deixe de ser entre duas pessoas de sexos diversos? Que o homem possa ir com todas as mulheres que queira, sem ter compromisso com nenhuma delas, nem responsabilidade pessoal e social sobre os atos praticados com ela? Que também a mulher faça a mesma coisa? Que a promiscuidade seja erigida em ideal de convívio entre homens e mulheres? Que os casais deixem de procriar? Ou que a mulher tenha que se virar sozinha com os filhos? Que os filhos sejam gerados em laboratórios e entregues à responsabilidade do Estado, sem contato com os pais?
Deveríamos resignar-nos e concordar com aqueles que dizem que a família acabou e faz parte de um tempo que já se foi? Quem olha para as crianças, os idosos, as pessoas com deficiência? O Estado ou a sociedade deveriam assumir inteiramente o papel da família? As relações de parentesco deveriam ser ignoradas? O sonho dos jovens enamorados, que querem ter família, seria apenas ilusão romântica? Deveria a Igreja mudar seu pensamento em relação à família? O exagero das perguntas é proposital, para ajudar a ver que há coisas essenciais, em relação à família, que não poderiam mudar, sem comprometer seriamente a própria existência da comunidade humana.
As questões relacionadas com a família e a casamento são, ao mesmo tempo, simples e complexas pois dizem respeito aos elementos básicos da existência humana, como a afetividade e o amor, o respeito delicado de pessoa a pessoa, a complementariedade, a vida gerada, acolhida e doada, o senso de pertença, de aconchego e de intimidade, a confidência, a aceitação da pessoa, como ela é, a gratuidade e o amor desapegado, o projeto de vida realizado juntos, a confiança, a alegria simples, a esperança... São todas coisas boas, e quem não as gostaria de ter?
Será que isso deveria mudar no casamento e na família? Se tiver que mudar, que para melhor ainda! Ninguém pensará em acabar com isso. Tenho a certeza de que os jovens que se enamoram de verdade e querem casar, também pensam assim. E a Igreja quer continuar a contribuir para que isso aconteça na vida dos casais e das famílias.
Em que consiste o mal-estar, tão frequente, em relação ao casamento e à família, a ponto de muitos preferirem viver como “singles”? Tem-se por vezes a impressão de que a família é terra de ninguém, onde qualquer um pode entrar, pegar, arrancar, devastar, levar embora... Ou como um campo devastado, cheio de destroços e com muitos feridos! Pobre família, tão maltratada e desprestigiada... Ao mesmo tempo, tão cobrada para assistir os órfãos de afeto, de referência e proteção, os abandonados pela sociedade dos fortes e eficientes, as vítimas do desmantelamento da própria família, esse primeiro bem, que Deus pensou para as pessoas!
O papa Francisco, ao abrir o Sínodo, no dia 05 de outubro, tomou a parábola do Evangelho sobre os “vinhateiros homicidas” (cf Mt 21,33-43), para dizer que a família é um bem precioso, que Deus confiou a todos os “administradores” e responsáveis da sociedade: dela devemos tomar conta, com muito carinho, não deixando que seja devastada por invasores e assaltantes mal intencionados... Que a ajudemos a florescer e frutificar, para o benefício da pessoa, da sociedade política e também da comunidade de fé.
Será que é a família que tem que mudar, ou são nossas atitudes em relação à família que precisam mudar? A verdade é que a família vem sendo desconfigurada há muito tempo; atualmente, parece que se chegou num momento crucial, estando em crise a própria identidade da família. Quando se coloca em xeque a diferenciação e a identidade sexual; quando se pretende que casamento também poderia ser entre pessoas do mesmo sexo; quando custa pensar que os filhos também são parte da família; quando o projeto da vida a dois parece ter perdido o interesse; quando a relação afetiva é deixada apenas à precariedade dos sentimentos e oportunidades fugazes: o que ainda sobrou da família?!
É o caso recomeçar pelo mais essencial no casamento e na família: o amor sincero e generoso, a confiança nos sentimentos bons, a fidelidade aos propósitos assumidos, a firmeza na edificação do projeto comum, a alegria partilhada, a disciplina da virtude, a fé em Deus... Para o futuro da família, é bem isso que vai continuar, pois está na própria base da família. E que Deus continue a abençoar esta obra do seu amor!
Publicado em O SÃO PAULO na ed. 08.10.2014
Fonte: CNBB

Os desafios atuais da Família. O que fazer?

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

Está para ser aberta a 3ª. assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema: “Os desafios pastorais da família no contexto atual da evangelização”. Sendo extraordinária, esta assembleia terá como principais participantes os cerca de 120 presidentes das Conferências Episcopais de todo o mundo. Mas também contará com um bom número de outros membros, convidados pelo papa Francisco. Ao todo, serão cerca de 250 pessoas.

O Papa, como presidente dessa assembléia eclesial, ficará em silencia a maior parte do tempo... Ele convocou a reunião para ouvir a Igreja, que falará através dos seus representantes; depois da assembléia sinodal, ele dará sua palavra a toda a Igreja, tendo em conta aquilo que ouviu e de acordo com seu carisma de “pastor universal e mestre da fé”, que confirma os irmãos no caminho da fé e da moral cristã.
Os trabalhos serão conduzidos por um trio de cardeais, que serão presidentes “delegados”. Entre eles, também Dom Raymundo, presidente da CNBB. Outros dois participantes terão papel relevante: o Relator, que apresentará o tema e as questões principais submetidas à reflexão dos participantes, já no início dos trabalhos; e o Secretário especial, que recolherá a síntese das reflexões, organizando-as de maneira que possam ser votadas.
Serão duas semanas de trabalhos, de 5 a 19 de outubro, de manhã e à tarde. Na primeira semana, o tempo quase todo será de intervenções individuais dos participantes, que terão 5 minutos para falar sobre algum aspecto do tema. Na 2ª. semana, haverá trabalhos de grupos, para a elaboração de sínteses e de propostas que, antes do encerramento, serão votadas. O trabalho é intenso, mas interessante.
Ao saberem de minha participação na assembléia sinodal, muitas pessoas me perguntam sobre os frutos deste Sínodo: o que esperar, diante dos desafios pastorais da família? A Igreja modificará sua doutrina em relação ao casamento e à família? É bem compreensível que se espere por algum fruto, depois de tanto trabalho! Mas qual poderá ser esse fruto?
Não queiramos colher o fruto antes de amadurecer... O papa Francisco pede muita oração, para que o Espírito Santo ilumine os trabalhos do Sínodo e as decisões da Igreja em relação à família. Que Deus manifeste sua vontade e a Igreja lhe seja dócil, tomando as decisões certas. Mesmo assim, arrisco fazer alguns prognósticos sobre eventuais frutos do Sínodo.
O primeiro fruto vem de um claro sinal: a Igreja de Cristo não abandona a família, mesmo em meio às desorientações da cultura contemporânea; ela está do seu lado, continua a defender e valorizar essa instituição humana, que tem muito a ver com o desígnio de Deus; continua a estimular e encorajar os seus membros na vivência dos valores da família e do casamento. E também continua a dar sua orientação sobre a família à comunidade humana.
Haverá um esforço de “compreensão misericordiosa” diante das numerosas situações de “fracasso” do matrimônio; a pastoral jurídica, mediante os Tribunais eclesiásticos e outros serviços de assistência canônica aos casais deverá crescer muito nos próximos anos. É possível que sejam revistas normas processuais sobre questões de nulidade matrimonial, inclusive para agilizar e tornar mais acessíveis esses serviços.
Certamente, o Sínodo vai apontar para uma renovada vivência da mística matrimonial e familiar, a partir do Evangelho; vai apontar para a necessidade da boa preparação dos jovens ao matrimônio cristão, da pastoral familiar vigorosa no contexto da vivência da fé e da prática da vida cristã; vai valorizar a família como “célula básica” da sociedade e da Igreja e sua importância para a pessoa e a comunidade humana, em geral.
A Igreja vai abençoar o divórcio neste Sínodo? Vai homologar o amor livre e as uniões esporádicas e descompromissadas? Vai “convalidar” as uniões de pessoas do mesmo sexo, como se fossem verdadeiros casamentos? Eu não apostaria nessa direção. Ninguém espere que a Igreja vai assinar uma espécie de “rendição” e de renúncia às suas convicções diante das pressões que sofre de vários lados...
Por outro lado, tenho a certeza de que o Sínodo apontará caminhos para que a Igreja continue a ser portadora da “Boa Nova” a todos, mesmo aos que vivem as situações humanas, matrimoniais e familiares mais complicadas e contraditórias; a Igreja procurará ser coerente com a atitude de Jesus, que convidava a todos a receberem a Boa Nova da salvação, a se converterem aos caminhos de Deus... Ao mesmo tempo, ele também ia atrás da ovelha perdida, veio para os doentes, mais que para os sãos e robustos; para os pecadores, mais que para os justos...
Ninguém pode ser excluído, a priori, da Boa Nova da salvação, da qual a Igreja é porta-voz. Esta é a questão de fundo: diante das questões difíceis da família no contexto atual, como evangelizar? Como continuar a fazer como Jesus fez?
Publicado em O SÃO PAULO, ed. 01.10.2014

Assunta Marchetti, missionária

Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo (SP)

Domingo, 19 de outubro, a Igreja celebra a Jornada Missionária mundial: todos somos lembrados de que somos parte de um povo missionário, enviado por Jesus Cristo ao mundo inteiro, a todos os povos, para anunciar o Evangelho do reino de Deus.

A Igreja é missionária por sua natureza e o anúncio do Evangelho deve ser, por isso, a primeira preocupação e a mais importante ocupação dos membros da Igreja e das organizações eclesiais. Esta é a razão porque a Conferência de Aparecida (2007) nos orientou a ir além de uma pastoral de conservação e a fazer uma verdadeira “conversão pastoral” no sentido missionário.
Em seguida, na sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium (2013), o papa Francisco nos recordou que devemos ser uma Igreja “em saída”, no meio do povo, onde a vida acontece. Não devemos estar ocupados apenas com a gestão das questões da vida interna da Igreja, mas ter sempre presente que existimos para a missão.
Recordou ainda o papa que as portas da nossa Igreja devem estar sempre abertas, não apenas para receber quem queira entrar mas, ainda mais, para que os que já estão dentro saiam ao encontro dos demais, para compartilhar com eles a alegria do Evangelho e as riquezas da nossa fé.
A vocação missionária realiza-se de muitos modos: pelo anúncio explícito do Evangelho, convidando a acolher de coração aberto a palavra de Deus e a converter-se a ela; pelas várias formas de catequese e formação cristã; pela celebração da Liturgia e a participação na eucaristia dominical, pela transmissão da fé em família; e não podemos esquecer nunca os que ainda estão distantes do Evangelho de Cristo, os de longe e os de perto... A missão “a todos os povos” nunca pode ser perdida de vista pelos cristãos e católicos, pois todos têm o direito de conhecer a Boa Nova de Jesus Cristo.
A missão realiza-se também através do testemunho de fé, esperança e caridade, pelo serviço ao próximo em nome de Cristo, sobretudo ao mais necessitado de ajuda e solidariedade; realiza-se pelo empenho corajoso na justiça social e em edificar o mundo conforme Deus. Atitudes missionárias são, por exemplo, o voluntariado e o serviço generoso prestado aos outros e o apoio material para que a obra missionária da Igreja seja levada avante em lugares carentes de recursos; esse é o sentido da coleta missionária, que se faz em todas as igrejas católicas do mundo no próximo Domingo, Dia das Missões.
Os santos são os melhores missionários. Neste ano, já tivemos a canonização do missionário São José de Anchieta, que está nas origens da cidade de São Paulo e da Igreja nesta cidade. E, no próximo dia 25 de outubro, teremos na Catedral da Sé de São Paulo a beatificação de mais uma missionária: a serva de Deus, Assunta Marchetti, co-fundadora das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu (Scalabrinianas).
Ela nasceu na Itália, em Camaiore, Lombrici (Toscana), em15.08.871; em 1895 veio ao Brasil, com seu irmão, Pe. José Marchetti; passou brevemente no Rio Grande do Sul e no interior de São Paulo (Mirassol). Mas dedicou a maior parte de sua vida e atividade missionária na cidade de São Paulo. Dedicou-se à assistência dos migrantes, que chegavam em grande quantidade da Itália e de outros lugares, aos doentes e, sobretudo, aos órfãos, para os quais foi mãe atenciosa.
Morreu com fama de santidade em S.Paulo, em 01.06.1948; seu túmulo está na Vila Prudente, junto da igreja de S.Carlos Borromeu. Missionária, ela consolidou a fundação de uma Congregação missionária, para continuar a testemunhar a caridade de Cristo para com o próximo. Os santos são grandes evangelizadores: pelo exemplo de sua caridade e dedicação missionária continuam a edificar a Igreja.
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 15.10.2014
Fonte: CNBB