sexta-feira, 24 de abril de 2015

Santificação do artesão da paz

geovane200Padre Geovane Saraiva*
Com o sim da Sé Apostólica ao processo de santificação de Dom Helder Câmara, somos chamados a meditar sobre sua vida,  marcada pela garra, força, profecia e mística, como um indizível hino de louvor a Deus, a ponto de assim se expressar:  “Se eu pudesse sairia povoando de sono e de sonhos as noites indormidas dos desesperados”. Daí seu abençoado sonho  de andar pelo mundo inteiro anunciando com voz profética o fim da violência, da racismo, das guerras e das desigualdades sociais. Nosso ‘Artífice da Paz’, Segundo Dom Luciano Mendes de Almeida, soube despertar nos jovens a vontade de viver e fazer o bem, além de comunicar a muitos corações a fome e a sede de Deus.
Como é importante recordar o que disse dele Alceu Amoroso Lima: “Os profetas só são reconhecidos fora de sua pátria, como os Evangelhos nos ensina e como a experiência da história atesta”. Por isso mesmo é que olhamos para sua força imaginadora, sua criatividade e, sobretudo, sua capacidade e criatividade de realizar santamente o projeto do Pai. Sonhou com uma Igreja renovada, fundamentada na esperança, como ele afirmava: “Esperança é crer na aventura do amor, jogar nos homens, pular no escuro, confiando em Deus”. Ele se antecipou, em ideias e vestes, ao aggiornamente que o Papa João XXIII promoveu e com o qual iria revolucionar, não apenas a Igreja, mas o nosso mundo hodierno.
O Jornal Le Monde de Pais se expressou assim  em determinada ocasião sobre o ‘artesão da paz’: “Célebre e convertido, ele era puro e simplesmente, como quer o Evangelho, amigos dos pobres”. Por causa dos empobrecidos, Dom Helder foi um articular, na melhor expressão da palavra, um conspirador, pensando no bem, com suas iniciativas, compartilhadas por muita gente da Igreja, desejando fazer com que a Igreja-Instituição se comprometesse e se engajasse na causa dos necessitados, identificando-se com seu fundador e mestre, Nosso senhor Jesus Cristo. Pensava e deseja ele uma Igreja despojada, pobre servidora.
Dele temos a imprescindível participação no “Pacto das Catacumbas”, de 16 de novembro de 1965, que foi uma excelente oportunidade para os bispos, pensarem e refletirem sobre eles próprios, no sentido de se fazer uma experiência de vida, na simplicidade e na pobreza. Concretamente, que se começasse a pensar em uma Igreja encarnada e comprometida com a realidade dos empobrecidos, dos “sem voz e sem vez”, renunciando as aparências de riqueza, dizendo não as vaidades, conscientes da justiça e da caridade, através desse documento salutar e desafiador.
Certamente sua fidelidade a Jesus através do referido ‘Pacto das Catacumbas’ o levou a fazer uma sugestão profética e filial ao Papa Paulo VI: “Santo Padre, abandone seu título de rei e vamos reconstruir a Igreja como nosso Mestre, sendo pobres. Deixe os palácios do Vaticano, vá morar numa casa na periferia de Roma. Pode até ter uma praça para saudar e abençoar as ovelhas. Depois, Santo Padre, convide a todos os bispos a largarem tudo o que indica poder, majestade: báculos, solidéus, mitras, faixas peitorais, batinas roxas. Vamos amontoar tudo na Praça de São Pedro e fazer uma grande fogueira, dizendo de peito aberto para o povo: Vejam, não somos mais príncipes medievais. Não moramos mais em palácios. Todos somos pastores, somos pobres, somos irmãos”.
Encerro com as palavras do do Papa Francisco, ao dizer nesta manhã de 20/04/2015: “Sempre existiu e existe para todos nós esta tentação do poder, a tentação de passar da admiração e do assombro religioso para a hipocrisia e o poder mundano. E o Senhor alerta-nos para esta tentação dando-nos o testemunho dos santos e dos mártires –  e disse mais: O Senhor desperta-nos com o testemunho dos santos, com o testemunho dos mártires, que todos os dias nos anunciam que a missão é caminhar no caminho de Jesus: anunciar o ano da graça”. A salutar reflexão do Sumo  Pontífice ajude-nos na compreensão da profecia e mística do ‘Dom Paz’, quando vamos dar início oficialmente no próximo 03 de maio do ano em curso seu caminho de santificação, nesta corajosa assertiva:”…nos rostos gastos pela fome e esmagados pelas humilhações vi o rosto do Cristo Ressuscitado”. Amém!
*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE – geovanesaraiva@gmail.com

São Marcos Evangelista

padre-Brenda200No dia 25 de abril a Igreja católica celebra a festa de São Marcos Evangelista. Os dados que possuímos sobre Marcos procedem do Novo testamento. Ele é identificado com João Marcos, filha de Maria de Jerusalém, em cuja casa de Jerusalém se reunia os apóstolos depois de Pentecostes (At 12, 12ss.). Aliás, segundo os historiadores, foi nessa casa que Cristo celebrou a última ceia. Foi companheiro de apostolado de Pedro e de Paulo. Acompanhou Paulo e Barnabé em sua primeira viagem missionária, mas deixou-os na Panfília para voltar a Jerusalém.  Desgostoso pelo que considerou uma deserção, Paulo não quis admiti-lo depois como companheiro em suas viagens. Em consequência disso, Marcos seguiu com Barnabé para Chipre e evangelizaram a ilha.
O evangelho de São Marcos é o mais curto se comparado aos demais, mas traz uma visão toda especial, de quem conviveu e acompanhou a paixão de Jesus quando era ainda criança. Ele pregou quando seus apóstolos se espalhavam pelo mundo, transmitindo para o papel, principalmente, de São Pedro, embora tivesse sido  também assistente de São Paulo e São Barnabé. Segundo os historiadores foi batizado pelo próprio São Pedro. Mais tarde Marcos acompanhou São Pedro a Roma e foi aí que começou a preparar o segundo evangelho.  Foi na cidade de Roma também que Marcos ajudou São Paulo em sua primeira prisão. A tradição nos diz que ele foi o primeiro bispo de Alexandria no Egito, embora não há provas históricas para isso.
Historiadores afirma que seu martírio foi em Roma no “ano oitavo de Nero” e no dia da Páscoa quando celebrava o sacrifício da missa. Suas relíquias foram transladadas em 976 para Veneza. Desde então se venera sua memória na magnífica basílica daquela cidade, que tornou São Marcos como padroeiro no ano 828.  Marcos deixou-nos o segundo dos evangelhos sinóticos,  onde o propósito dele é mostrar que Jesus é o Messias. O evangelho escrito por ele é o mais antigo dos quatro evangelhos. Data do ano 70 d.C. Finalmente há, no Novo Testamento, várias menções de Marcos: At 12,12 fala de um João, de cognome Marcos; em At 12, 25; 13, 5.13; 15, 37-39, ele acompanhava Paulo e Barnabé; em Colossenses 4, 10, esteve em Roma; e 1Pd 5,13 apresenta o como colaborador de Pedro.
                                                    Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da C NBB Reg. NE1

Comemorações pelos 100 anos da bênção do Novo Santuário- São Francisco das Chagas- Canindé-Ceará

700Devotos, paroquianos, romeiros e romeiras, neste ano de 2015 temos muito a celebrar, pois o Santuário de São Francisco das Chagas de Canindé, no sertão do Ceará, completa 100 anos da bênção pela reforma da sua Igreja matriz. A história começou em 1910, quando os frades capuchinhos que administravam a paróquia resolveram enfrentar uma obra grandiosa de reforma para ampliar a matriz e assim pudesse acolher mais devotos. O resultado foi um belíssimo trabalho arquitetônico, que depois contribuiu para que viesse se tornar Basílica Menor, em 1925.
A obra foi concluída em 1915, com sua bênção no dia 02 de maio.
Convidamos você para estar conosco em Canindé, celebrando o Centenário da Obra do Novo Santuário de São Francisco das Chagas.
Acompanhe a programação do Centenário no Santuário de Canindé:
Dia 24 de abril
15h às 18h: Apresentação de Poesias e Desenhos das crianças e jovens das Escolas públicas e particulares de Canindé, no Espaço Cultural Frei Venâncio Willeke, ao lado da Igreja das Dores.
Dia 26 de abril
09h: Missa de Envio, na Basílica, com entrega  do material do Tríduo Celebrativo, aos coordenadores das comunidades.
Dia 01 de maio
18h: Abertura do mês Mariano com hasteamento da bandeira, na Igreja de N. Senhora das Dores, em seguida procissão para a Basílica;
19h: Santa Missa na Basílica transmitida pela Rede Vida de Televisão, com a participação dos frades capuchinhos.
Dia 02 de maio – Festividades do Centenário
06h: Missa na Basílica;
07h: Alvorada com banda de música e chegada da caminhada das comunidades;
08h: Abraço da Basílica – Hino do Centenário;
09h: Missa Solene na Basílica
10h: Exposição Fotográfica, lançamento do Selo comemorativo e da Revista “O Santuário”, etc.
18h: Celebração do mês Mariano, na Igreja das Dores.
Saiba mais…
Vem aí: Revista “O Santuário”
No mesmo ano em que o Novo Santuário recebia sua bênção, era lançado o Jornal “O Santuário”. Portanto este é um tempo importante para darmos um novo passo para evoluir o nosso informativo oficial do Santuário de Canindé. Para isso, teremos a novidade da publicação da Revista “O Santuário”, que substituirá o jornal. Com a revista, podemos ampliar ainda mais a nossa comunicação, pois teremos mais conteúdos com a palavra do reitor Frei Marconi Lins, OFM, as obras do Santuário, espiritualidade franciscana, notícias, testemunhos, e queremos ainda levar a evangelização aos jovens e as crianças com duas páginas especiais.
Por Jornal O Santuário e Equipe de Comunicação do Site Santuário de Canindé

CNBB divulga nota sobre o momento nacional

Os bispos reunidos na 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada de 15 a 24 de abril, em Aparecida (SP), avaliaram a realidade brasileira, “marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País”. Leia, na íntegra, a nota:

Nota da CNBB sobre o momento nacional

“Entre vós não deve ser assim” (Mc 10,43).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida em sua 53ª Assembleia Geral, em Aparecida-SP, no período de 15 a 24 de abril de 2015, avaliou, com apreensão, a realidade brasileira, marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País. Desta avaliação nasce nossa palavra de pastores convictos de que “ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos” (EG, 183).
O momento não é de acirrar ânimos, nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum. Os três poderes da República, com a autonomia que lhes é própria, têm o dever irrenunciável do diálogo aberto, franco, verdadeiro, na busca de uma solução que devolva aos brasileiros a certeza de superação da crise.
A retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres. Projetos, como os que são implantados na Amazônia, afrontam sua população, por não ouvi-la e por favorecer o desmatamento e a degradação do meio ambiente.
A lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no Congresso Nacional, não pode, em hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise.
A corrupção, praga da sociedade e pecado grave que brada aos céus (cf. Papa Francisco – O Rosto da Misericórdia, n. 19), está presente tanto em órgãos públicos quanto em instituições da sociedade. Combatê-la, de modo eficaz, com a consequente punição de corrompidos e corruptores, é dever do Estado. É imperativo recuperar uma cultura que prima pelos valores da honestidade e da retidão.  Só assim se restaurará a justiça e se plantará, novamente, no coração do povo, a esperança de novos tempos, calcados na ética.
A credibilidade política, perdida por causa da corrupção e da prática interesseira com que grande parte dos políticos exerce seu mandato, não pode ser recuperada ao preço da aprovação de leis que retiram direitos dos mais vulneráveis. Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforçem o corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e conquistas sociais já adquiridos pelos mais pobres.
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, por exemplo, é uma afronta à luta histórica dos povos indígenas que até hoje não receberam reparação das injustiças que sofreram desde a colonização do Brasil. Se o prazo estabelecido pela Constituição de 1988 tivesse sido cumprido pelo Governo Federal, todas as terras indígenas já teriam sido reconhecidas, demarcadas e homologadas. E, assim, não estaríamos assistindo aos constantes conflitos e mortes de indígenas.
A PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos, já aprovada pela Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara, também é um equívoco que precisa ser desfeito. A redução da maioridade penal não é solução para a violência que grassa no Brasil e reforça a política de encarceramento num país que já tem a quarta população carcerária do mundo. Investir em educação de qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os adolescentes da delinquência e da violência.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em vigor há 25 anos, responsabiliza o adolescente, a partir dos 12 anos, por qualquer ato contra a lei, aplicando-lhe as medidas socioeducativas. Não procede, portanto, a alegada impunidade para adolescentes infratores. Onde essas medidas são corretamente aplicadas, o índice de reincidência do adolescente infrator é muito baixo. Ao invés de aprovarem a redução da maioridade penal, os parlamentares deveriam criar mecanismos que responsabilizem os gestores por não aparelharem seu governo para a correta aplicação das medidas socioeducativas. 
O Projeto de Lei 3722/2012, que altera o Estatuto do Desarmamento, é outra matéria que vai na contramão da segurança e do combate à violência. A arma dá a falsa sensação de segurança e de proteção. Não podemos cair na ilusão de que, facilitando o acesso da população à posse de armas, combateremos a violência. A indústria das armas está a serviço de um vigoroso poder econômico que não pode ser alimentado à custa da vida das pessoas. Dizer não a esse poder econômico é dever ético dos responsáveis pela preservação do Estatuto do Desarmamento.
Muitas destas e de outras matérias que incidem diretamente na vida do povo têm, entre seus caminhos de solução, uma Reforma Política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária, se coloca nessa direção.
Urge, além disso, resgatar a ética pública que diz respeito “à responsabilização do cidadão, dos grupos ou instituições da sociedade pelo bem comum” (CNBB – Doc. 50, n. 129). Para tanto, “como pastores, reafirmamos ‘Cristo, medida de nossa conduta moral’ e sentido pleno de nossa vida” (Doc. 50 da CNBB, Anexo – p. 30).
Que o povo brasileiro, neste Ano da Paz e sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, supere esse momento difícil e persevere no caminho da justiça e da paz.

Aparecida, 21 de abril de 2015.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Fonte: CNBB

CNBB divulga mensagem aos diáconos permanentes

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, durante sua 53ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP), divulgou mensagem aos mais de 3,4 mil diáconos permanentes do Brasil, que atuam em 160 dioceses. O texto recorda os 50 anos da restauração do Diaconado Permanente, ocorrida durante o Concílio Ecumênico Vaticano II. Os bispos afirmam ser "testemunhas do bem que os diáconos têm feito à Igreja no Brasil". 
Leia o texto na íntegra:


Mensagem aos Diáconos Permanentes do Brasil

“Estou no meio de vós como aquele que serve” (Lc 22,27).

Na comemoração dos 50 anos da restauração do Diaconado Permanente, nós, Bispos do Brasil, reunidos na 53ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida-SP, saudamos com alegria e gratidão os mais de 3.400 diáconos permanentes espalhados em 160 dioceses brasileiras. Muito presente nos primeiros séculosda Igreja, este ministério foi restaurado pelo Concílio Vaticano II como “grau próprio e permanente da hierarquia” (LG, n. 29 cf. Doc. CNBB 96, nº 4). Somos testemunhas do bem que vocês, diáconos, têm feito à Igreja no Brasil desde os quatro primeiros, ordenados pelo beato Papa Paulo VI, em agosto de 1968, em Bogotá - Colômbia.
O serviço do diácono, recorda-nos São João Paulo II, “é o serviço da Igreja sacramentalizado”. E continua: “O vosso não é apenas um dos muitos ministérios, mas realmente deve ser, como o definiu Paulo VI, a força motriz para a diaconia na Igreja. Com a vossa ordenação, estais configurados a Cristo na sua função de Servo. Vós deveis também ser sinais vivos da condição de servos de sua Igreja” (citado em: Diretrizes para o Diaconado Permanente, doc. 74 da CNBB, n. 41). Recomendamos, pois, que essa vocação seja valorizada, apresentada, cultivada e vivenciada na comunhão da Igreja missionária que está sempre disposta a ir ao encontro das pessoas, especialmente das que mais sofrem.
Vocês, amados diáconos, são exemplo de quem acolhe a vocação batismal. Na fé em Jesus Cristo, que se identifica com os pobres, vocês assumem a vocação diaconal com a disposição de ir às periferias geográficas, sociais e existenciais e com o desejo sincero de imitar o exemplo de Cristo que disse: Eunão vim para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos (cf. Mc 10,45). Renunciam, portanto, à busca de privilégios ou de honrarias para se dedicar ao serviço, especialmente dos pobres, segundo as exigências do ministério que abraçam.
Reafirmamos que “o diácono é a expressão do ministério ordenado colocado o mais próximo possível da realidade laical e do protagonismo dos leigos. Com os leigos, que santificam o mundo por suas vidas, os diáconos, pela presença sacramental e o testemunho, ajudam a construir um mundo mais de acordo com o projeto de Deus” (Doc. 74, n. 48). O ministério diaconal não pode ser visto como suplência ao ministério do presbítero. Isto pede nossa conversão pessoal e pastoral, bem como dos Presbíteros, dos Diáconos e da comunidade eclesial.
Enche-nos, portanto, de entusiasmo ver o testemunho de tantos Diáconos que, como ícones de Cristo-Servidor, é um dos abençoados frutos da renovação do Concílio Vaticano II, em especial quando são presença solidária e de esperança em lugares e circunstâncias em que a vida grita por solidariedade e amor. Na comunhão da Igreja samaritana, servidora e missionária, vocês se colocam a serviço do povo de Deus, do qual fazem parte, em especial quando participam de uma ou várias pastorais sociais ou quando coordenam uma diaconia oucomunidade, também aquelas mais distantes, como na Amazônia.  Seu testemunho de unidade enriquece a Igreja e os fortalece em sua missão.
Rezamos também por vocês, queridos diáconos, que, em meio a tantas realizações, enfrentam vários desafios, incluído o da vivência do próprio ministério. Isso torna necessária a continuidade da reflexão sobre o sentido desse ministério, conforme as novas Diretrizes da CNBB sobre o diaconado (CNBB, Doc. 96), com os presbíteros, animadores e coordenadores das comunidades eclesiais, pastorais, movimentos e serviços, candidatos ao diaconado e com os já ordenados. Nesse contexto, reconhecemos o valor das Escolas Diaconais que cuidam de sua formação inicial e permanente e contribuem para que o diácono viva a missão na família, em seu trabalho profissional, na comunidade eclesial e em tantas outras realidades, na comunhão da Igreja que lhe confere o ministério como um dom de Deus a serviço da comunidade.
Dirigimo-nos também às esposas dos diáconos e suas famílias, pedindo que a graça de Deus as acompanhe e as recompense. Agradecemos sua alegria em acolher e acompanhar esse ministério. Seu apoio é importante para quem exerce o diaconado.
Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, a Mãe servidora, e de São Lourenço, diácono e mártir, pedimos a bênção de Deus para vocês e todos.

Aparecida – SP, 23 de abril de 2015.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de AparecidaPresidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do MaranhãoVice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de BrasíliaSecretário Geral da CNBB
Fonte: CNBB

CNBB e a vida do povo

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conclui nesta sexta-feira, 24 de abril, sua 53ª Assembleia Geral, que reuniu temas de grande relevância para a vida da Igreja Católica na tarefa missionária de anunciar, a todos, o Evangelho de Jesus Cristo. Durante a Assembleia, a CNBB - força da Igreja Católica de reconhecida credibilidade a serviço do povo brasileiro - elegeu a sua nova presidência para o quadriênio 2015-2018. Um competente corpo de presidentes de comissões episcopais levará adiante projetos e programas de evangelização. Os trabalhos serão desenvolvidos com o apoio de assessorias eficientes, em diálogo permanente com os segmentos diversos da sociedade. Em cooperação, busca-se construir uma sociedade mais justa e solidária.

Especialmente nesse tempo de Assembleia, compartilhamos ricas experiências e reforçamos o compromisso de sempre buscar o diálogo, a inovação interna e, permanentemente, caminhar com o povo, particularmente ao lado dos mais pobres. Deste modo, investimos para ser sempre uma “Igreja em saída”, conforme orienta o Papa Francisco. Essas importantes metas estão desenhadas pelo horizonte das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas durante a Assembleia. As Diretrizes orientam o caminhar da Igreja na realidade sociocultural diversificada da sociedade brasileira. As definições de projetos, programas e planos de pastoral, em cada lugar do país com a presença da Igreja, têm nestas Diretrizes ricos parâmetros e efetivas linhas de ação.
Ao definir seus planejamentos, a Igreja está consciente de que para além de aspectos técnicos, são fundamentais o testemunho e a disponibilidade para o encontro. Como diz o Papa Francisco, é imprescindível a coragem de ser uma Igreja “acidentada” e, até, “enlameada”, jamais autocentrada. No horizonte desse desafio, a Assembleia Geral da CNBB analisou a complexidade da realidade social e política que interpela a fé cristã a dar a sua indispensável contribuição. Por isso, foi incluído um segundo passo no Projeto Pensando o Brasil, criado em 2014 no contexto das eleições. A Igreja Católica olha, com preocupação e apreensão, a realidade da desigualdade social no país. Os avanços e conquistas alcançados até hoje não são suficientes para apaziguar o coração de cada cidadão brasileiro. É uma situação grave e a sociedade brasileira será julgada pelo modo como trata os mais pobres.
O tratamento equivocado imposto aos mais pobres traz consequências lamentáveis como a perda da indispensável humanização. Certo é que não se pode acostumar e acomodar-se com as situações de desigualdades e injustiças sociais. A Igreja sabe que a fé vivida e testemunhada tem força para remover esses espectros desoladores do contexto social. A paz verdadeira só se efetivará quando a cidadania e a fé impulsionarem novas posturas, sensíveis ao clamor dos pobres, que respeitem o direito dos povos. Daí nascerá a paz verdadeira. A condição humana e o exercício da cidadania precisam ser reconfigurados por meio de densa espiritualidade e mística fecunda. Por isso, os bispos do Brasil aprofundaram o estudo e o planejamento de ações determinantes no âmbito da fé vivida e testemunhada.
O grande dom da fé é o tesouro da Igreja, com as riquezas inesgotáveis de conceitos e conteúdos, particularmente presentes na Palavra de Deus e na Tradição. Esse tesouro desafia permanentemente a Igreja a revitalizar suas instituições, dinâmicas e funcionamentos, para se alcançar novas respostas. Nesta perspectiva, a Liturgia é o sustentáculo da ação evangelizadora. A Igreja, quando transmite a fé, ajuda a humanidade a abrir-se ao amor inesgotável de Deus, fonte da sabedoria necessária para reequilibrar a vida e encontrar as saídas urgentes para as crises em curso na sociedade.
A vivência dessa tarefa tem como horizonte inspirador e esperançoso a convocação feita pelo Papa Francisco ao anunciar a celebração do Ano da Misericórdia. Um momento especial, promovido pela Igreja, que interpela a sociedade a compreender e a viver mais intensamente o amor de Deus. Será um jubileu, tempo de graça, de 8 de dezembro de 2015 a 20 de novembro de 2016. A sociedade, pelo testemunho e anúncio da Igreja, precisa conhecer mais Jesus Cristo, o rosto misericordioso de Deus, a misericórdia encarnada. Vivenciar, de modo profundo, a espiritualidade do perdão, da justiça e da misericórdia pode ser contraponto à vigente cultura hedonista e materialista que retarda avanços. A sociedade precisa de qualificação que não é meramente técnica. A misericórdia é um saber vivencial e experiencial imprescindível.
De modo coerente com essa perspectiva, a CNBB renovou em sua Assembleia Geral o compromisso de trabalhar para construir uma sociedade mais justa e solidária, sem medo dos desafios e pronta a dialogar com o pluralismo de ideias. Assim, está decidida a inovar-se para anunciar com autenticidade o Evangelho, sempre a serviço da vida do povo.
 Fonte: CNBB

Por ocasião do Ano da Vida Consagrada, CNBB envia mensagem a religiosos

Reunidos na 53ª Assembleia Geral, os bispos do Brasil aprovaram uma mensagem às pessoas da Vida Consagrada, por ocasião do Ano da Vida Consagrada, proclamado pelo papa Francisco. "Estimadas Consagradas e Consagrados, a Igreja no Brasil necessita sempre de vocês e do ardor profético que animou as gerações que lhes antecederam, das quais vocês são herdeiros e continuadores", diz o texto. Como comprometimento, no "zelo de pastores", os bispos afirmaram que continuarão a "incentivar e a promover a Vida Consagrada".
Leia o texto na íntegra:


Mensagem às Pessoas da Vida Consagrada

“Enviou-os [...] a toda cidade e lugar para
onde Ele mesmo devia ir” (Lc 10,1).


Nós, Bispos do Brasil, reunidos na 53a Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, manifestamos a todas as Consagradas e a todos os Consagrados o nosso apreço e a nossa comunhão, neste Ano da Vida Consagrada proclamado pelo Papa Francisco.
Expressamos a nossa gratidão à Vida Consagrada que por primeiro proclamou o Evangelho nesta Terra de Santa Cruz, na qual partilhou o dom da fé. Desde o início da Igreja em nossas terras, muitos Consagrados e Consagradas foram e são pioneiros nos mais diversos ambientes, na evangelização, na promoção humana e na vida contemplativa, doando a própria vida para testemunhar a alegria do Evangelho e o amor pelos pequenos e pobres. Inflamados pelo amor a Cristo, em atitude de desprendimento e de saída, a exemplo do Mestre que “veio para servir”, lançaram-se à missão para plantar uma Igreja servidora, em áreas difíceis, nem sempre assumidas por todos. Reconhecemos a contribuição que a Vida Consagrada continua dando à evangelização no Brasil, inserida nas periferias geográficas e existenciais às quais é levada “movida pela caridade que o Espírito Santo derrama nos seus corações” (PC, n. 1).
A alegria que “enche o coração e a vida dos que se encontram com Jesus Cristo” (EG, n. 1) continue envolvendo e transformando o coração de todos vocês. Essa alegria é sinal inequívoco da fiel vivência do carisma e da missão que lhes foi concedido como dom. Nossa palavra fraterna recorda o que nos ensinou o Concílio Vaticano II: “quanto mais fervorosamente se unirem a Cristo por uma doação que abraça a vida inteira, tanto mais rica será a sua vida para a Igreja e mais fecundo o seu apostolado” (PC, n. 1).
Estimadas Consagradas e Consagrados, a Igreja no Brasil necessita sempre de vocês e do ardor profético que animou as gerações que lhes antecederam, das quais vocês são herdeiros e continuadores. No testemunho de vocês compreendemos que “a Vida Consagrada é chamada a ser uma vida discipular, apaixonada por Jesus-Caminho ao Pai Misericordioso. [...] É chamada a ser uma vida missionária, apaixonada pelo anúncio de Jesus-Verdade do Pai, por isso mesmo, radicalmente profética” (DAp, n. 236).
Dirigimo-nos a vocês com o mesmo afeto do Papa Francisco: “quero dizer-vos uma palavra e a palavra é de alegria. Sempre onde estão os consagrados, sempre há alegria” (Papa Francisco, Discurso no encontro com Seminaristas, Noviços e Noviças, 6.7.2013). Como o Ano da Vida Consagrada é destinado a toda a Igreja, exortamos a todos os membros de nossas Igrejas particulares a redescobrirem e a valorizarem o dom da especial consagração a Deus. “A Vida Consagrada é um dom do Pai, por meio do Espírito, à sua Igreja, e constitui um elemento decisivo para a sua missão” (VC, n. 1, 3).
Em nosso zelo de pastores, continuaremos a incentivar e a promover a Vida Consagrada. Nosso sincero desejo é que o testemunho de comunhão e colaboração da Vida Consagrada em nossas Igrejas particulares faça desabrochar uma nova primavera vocacional, coroada de abundantes frutos.
Que Nossa Senhora Aparecida, serva fiel do Senhor, Mãe e modelo das Consagradas e Consagrados, os sustente e ampare na vocação e consagração!

Aparecida, SP, 18 de Abril de 2015.
  
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Fonte: CNBB

CNBB manifesta solidariedade aos cristãos perseguidos e ao povo armênio

Reprodução/EPA
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil divulgou nesta sexta-feira, dia 24, uma mensagem de solidariedade aos cristãos que são perseguidos por professar sua fé em diversos lugares, como Síria, Iraque, Irã, Índia, Egito, Argélia, Burundi, Líbia, Nigéria, Tunísia, Sudão, Quênia, Indonésia e Coreia do Norte. No texto, os bispos do Brasil recordam o centenário do genocídio que matou 1,5 milhão de cristãos armênios. "Reafirmamos o que declarou o Concílio Vaticano II: 'para que se estabeleçam e consolidem as relações pacíficas e a concórdia no gênero humano, é necessário que, em toda a parte, a liberdade religiosa tenha uma eficaz tutela jurídica e que se respeitem os supremos deveres e direitos das pessoas de praticarem livremente a religião na sociedade'", disseram no texto.

Leia, na íntegra, a mensagem aos cristãos perseguidos e ao povo armênio:

Mensagem de Solidariedade aos Cristãos Perseguidos e ao Povo Armênio no Centenário do Genocídio

Se um membro sofre,
todos os membros sofrem com ele” (1Cor 12,26).

Nós, Bispos do Brasil, reunidos na 53a Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, manifestamos nossa solidariedade aos irmãos e irmãs que sofrem uma perseguição cruel e violenta na Síria, Iraque, Irã, Índia, Egito, Argélia, Burundi, Líbia, Nigéria, Tunísia, Sudão, Quênia, Indonésia, Coreia do Norte e outros lugares.
Por professar a fé cristã, esses irmãos e irmãs vivem em constante ameaça de vida devido à política de extermínio, através da expulsão de suas casas e cidades, do estupro e outras violências físicas, chegando até ao martírio. A eles nos unimos na oração, na comunhão dos afetos e sofrimentos e na fidelidade a Cristo que neles continua a sua Paixão.
Esses irmãos e irmãs perseguidos não estão esquecidos. Convidamos nossas comunidades a interceder por eles e partilhar recursos, mantendo um forte elo de unidade e compaixão. “Assim como na Igreja antiga o sangue dos mártires se tornou semente de novos cristãos, também nos nossos dias o sangue de muitos cristãos se torna semente da unidade” (Papa Francisco, Discurso no encontro com o Patriarca Karekin II, 05.08.2014).
No espírito fraterno de compromisso e solidariedade, abraçamos o povo Armênio, que faz memória do centenário do genocídio de 1.500.000 filhos e filhas. Acolhemos em nossa oração os sofrimentos e dores desses irmãos e irmãs, certos da consolação e da compaixão do Deus da Vida, que defende a dignidade, a liberdade, a paz e a reconciliação entre todos os povos.
Expressamos também nossa proximidade a todos os que são perseguidos por causa de sua fé. Renovamos nossa confiança no diálogo inter-religioso, em especial com o Islã.
Reafirmamos o que declarou o Concílio Vaticano II: “para que se estabeleçam e consolidem as relações pacíficas e a concórdia no gênero humano, é necessário que, em toda a parte, a liberdade religiosa tenha uma eficaz tutela jurídica e que se respeitem os supremos deveres e direitos das pessoas de praticarem livremente a religião na sociedade” (DH, n. 15).
Nossa Senhora Aparecida, que como Mãe, aos pés da cruz, acompanhou o martírio de seu Filho, proteja, anime e fortaleça esses irmãos e irmãs na sua cruz e sofrimento.

Aparecida – SP, 24 de abril de 2015.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Fonte: CNBB