domingo, 30 de novembro de 2014

1º Domingo do Advento - B

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Por: Padre Wagner Augusto Portugal

A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera". (Cf. Sl 23,1ss.)

Irmãos e Irmãs,

Iniciamos o Tempo do Advento. Depois de refletirmos o tempo comum, coroado com a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, é chegado o doce momento da reflexão acerca deste tempo que é a antecipação do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Advento, tempo de espera e de esperança, de atenção e de vigilância, de alegre chegada e amorosa acolhida do Deus Conosco, o Emanuel.

As santas comemorações natalinas são preparadas pelo tempo do Advento, o qual se reveste de dupla característica: tempo de preparação para as solenidades do Natal, nas quais se recorda a primeira vinda do Filho de Deus ao meio dos homens e das mulheres; e concomitantemente, tempo em que, com esta recordação, os espíritos se dirigem para a expectativa da Segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Nesta dupla perspectiva, o tempo do Advento apresenta-se como tempo de devota e jubilosa espera. 

Advento é um tempo forte de esperança pelo nascimento do Messias que já veio há dois mil anos, que vem vindo historicamente e que virá no final dos tempos.  A tônica de aguardar pelo Redentor e a mudança de vida geram um sentimento muito caro na nossa vida: a esperança cristã. Este Advento é enriquecido com duas opções muito fortes na vida da Igreja no Brasil: a Novena de Natal e a coleta para a Campanha da Evangelização que financia a vida pastoral das nossas Igrejas irmãs pobres e sofredoras do Norte, do Nordeste e da Amazônia, e das periferias existenciais de nossos grandes centros urbanos, e auxilia a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e as Dioceses e Arquidioceses nas suas ações pastorais específicas. Estes irmãos aguardam o nosso gesto concreto para que o Evangelho do Deus Menino seja proclamado e difundido naquelas regiões de missão e de miséria deste país continente.

O Advento é composto de quatro semanas: nas duas primeiras semanas, todos somos convidados a ficar vigilantes e alertas, esperando com grande entusiasmo e alegria a chegada gloriosa do Cristo Salvador. Já nas duas últimas semanas, lembrando o que falavam os profetas a respeito da Bem Aventurada Virgem Maria, preparemos, mais de perto o nascimento do Redentor na cidade de Belém.

O Advento nos faz relembrar de uma realidade muito presente em nossas vidas: a permanente espera da vinda do Senhor Jesus. É o Cristo que vem ao nosso encontro no presente e no futuro, como veio no dia de ontem, que é o passado. É uma peregrinação em direção ao Absoluto. Por isso, com o novo ano litúrgico, vamos estudar o Evangelho de São Marcos. São Marcos nos apresenta Jesus como Messias, o Filho de Deus e também como o Filho do Homem, o enviado de Deus no fim dos tempos, convidando a todos para a vigilância e para a vida digna.

“Cristo é nossa paz” é o lema da CE 2014, apropriado para o tempo litúrgico do Advento. Neste período de preparação ao Natal, entre pessoas, famílias e na sociedade em geral, existe um clima de confraternização na busca pela paz. A Campanha da Evangelização foi criada em 1998 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a iniciativa busca mobilizar os católicos a assumir a responsabilidade de participar na sustentação das atividades pastorais da Igreja.  A Campanha para a Evangelização (CE) tem o slogan “Evangeli.Já”, que faz referência à palavra evangelizar e mostra a urgência da evangelização e da cooperação de todos. A distribuição dos recursos é feita da seguinte forma: 45% permanecem na própria diocese; 20% são encaminhados para os regionais da CNBB; e os demais 35% para a CNBB Nacional. 

Todos esperamos, todos vivemos adventos, aguardando a manifestação cada vez mais visível do Reino de Deus, em que Justiça e paz se abracem e todos os povos e culturas desabrochem felizes e reconciliados contemplando o Deus que vem conosco, EMANUEL, NUMA TERRA SEM MALES, que a todos acolha, especialmente aqueles que precisam de paz para viver na fraternidade de irmãos.

Irmãos e Irmãs,

Primeiro domingo do Advento, tempo em que exclama a Antífona de Entrada da Sagrada Eucaristia: “A vós, meu Deus, elevo a minha alma. Confio em vós, que eu não seja envergonhado! Não se riam de mim meus inimigos, pois não será desiludido quem em vós espera”. (Cf. Sl 23,1ss.)

Vivemos um momento de clímax neste tempo de Advento. Neste domingo, o primeiro de quatro, temos uma convocação para uma preparação geral para o encontro com o Senhor no último dia. Este é o domingo da confiança na Misericórdia de Deus. A vinda do Senhor Jesus não é para o cristão motivo de medo ou de angústia. Muito pelo contrário, a vinda de Jesus deve ser esperada com doce esperança cristã. Nesse sentido a primeira leitura(cf. Is 63,16b-17.19b;64-2b-7) nos alerta sobre este desejo clamando que, se necessário, iremos rasgar os céus, para o encontro do Senhor com o seu povo que humilhado, povo que peregrina, povo que está na terra de Judá, desarticulado nos anos imediatamente subseqüentes ao exílio, esperando a restauração de sua Nação. Todos estão cansados do castigo, e digo mais, todos estão cansados de injustiça, clamando por paz e por esperança. O encontro definitivo com o Senhor está próximo. Isso tem uma conexão com o ensinamento da Segunda Leitura(cf. 1Cor 1,3-9), da carta dirigida por Paulo aos Coríntios: a tudo devemos dar graças a Deus e nos mantermos firmes na fidelidade ao projeto de Deus e à sua obra redentora.

Irmãos e Irmãs,

Cristo veio inaugurar a presença do Reino de Deus, e seus discípulos, iluminados pelo Espírito de Pentecostes, entenderam que, depois de sua elevação na glória, ficava para eles a missão de continuar o que ele fundara. Todos nós ao sermos convidados a ficar vigilantes, pelo Evangelho de hoje(Mc 13,33-37), somos convidados, a sermos co-responsáveis com a realização e o acontecimento entre nós do Reino de Deus. Cristo veio pela primeira vez, para nos revelar o sentido verdadeiro do esperado Reino de Deus: revelou que a causa do Reino de Deus é a causa dos homens e das mulheres deste mundo, e que o Reino de Deus se realiza entre nós pela prática do amor fraterno e da caridade benfazeja, repartindo tudo, mesmo que seja um simples sorriso e um aperto de mão ao irmão excluído ou ao favelado. 

Por isso, com a ausência de Cristo todos nós, sem distinção, devemos assumir como nossa a causa de Deus: trata-se de uma vigilância escatológica, ou seja, estarmos ocupados, com diligência, com o Reino que Cristo mostrou presente, enquanto vivemos preparando-nos para o encontro com Ele, com a glória, advinda das boas obras de caridade e da misericórdia.

O trecho do Evangelho de hoje faz um forte apelo para a vigilância. O que significa vigiar? Esta história de que temos que esperar uma solução miraculosa para os problemas do mundo não é mais admissível. O homem e a mulher devem estar engajados na realização dos projetos e do Reino de Deus na vida concreta do dia a dia. Jesus está vivo em nosso meio, até o fim dos tempos, por isso devemos interpretar a “volta de Cristo” como sendo um fato isolado que acontecerá num dia e numa hora específicos do calendário que a Ele caberá dentro do tempo de Deus.

O importante hoje é a responsabilidade que Deus nos deixou: fazer acontecer o seu Reino no dia a dia de nossa vida pessoal, paroquial, comunitária, em todas as nossas relações, pessoais e profissionais, praticando a paz e a justiça. Cristo resolverá nossos problemas na medida em que nós deixarmos o Cristo que está em cada um, pelo Batismo, agir na comunicação das bem-aventuranças da vida cristã. Tudo isso para ajudar a edificar, aqui e agora, um novo tempo, tempo de graça e de paz.

Caros amigos,

Estar “vigilante” significa não viver de braços cruzados, fechado num mundo de alienação e de egoísmo, deixando que sejam os outros a tomar as decisões e a escolher os valores que devem governar a humanidade; significa não me demitir das minhas responsabilidades e da missão que Deus me confiou quando me chamou à existência… Estar “vigilante” é ser uma voz ativa e questionante no meio dos homens, levando-os a confrontarem-se com os valores do Evangelho; é lutar de forma decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo que rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao meu lado. 

Meus irmãos,

Este domingo nos deixa uma reflexão importante sobre a presença permanente de Deus como sentido último de nossa existência e atuação em cada momento, principalmente no testemunho público e social de nossa fé perante o mundo cada dia mais secularizado e mais longe da santidade que é pedida pelo Menino encarnado no Seio Virginal e concebido em Belém. Presença que é alegria e esperança, da presença deste Deus que se alegra com nosso compromisso evangelizador e nosso engajamento no encontro com o Senhor que vem, carregando as sementes da Esperança cristã.

Advento é isso, tempo de espera, mas tempo de revisão de vida, em que as coisas velhas vão dando espaço para as coisas novas para acontecer aqui e agora o Reino de Deus. Todos somos convidados a enxergar a situação que nos rodeia e acreditar que é possível resolver nossos problemas sempre contando com a graça e o auxílio de Deus Menino, o Divino Infante.

Que a liturgia inaugural do tempo do Advento contamine nossos corações com o “gram finale” da Liturgia Eucarística: “amar desde agora as coisas do céu, e caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam”. Tudo passa, só Cristo permanece, pelos séculos dos séculos, Amém!
Fonte: Catequese Católica

Primeiro Domingo do Advento


Deus da Esperança no tempo da espera,Deus da Coragem nas dificuldades,Deus da Serenidade no meio do medo,Deus da Paz no mundo em guerra,Deus da Luz no coração da noite:

Vem e acende em nós a esperança, a coragem, a serenidade, a paz e a luz com a tua graça. Amém!
(Acender a vela)
Senhor Jesus, ensina-nos a caminhar para este Natal Preparando, cada dia, a encontro definitivo contigo. Amém.
A luz de Cristo, que esperamos neste Advento, enxugue todas as lágrimas, acabe com todas as trevas, consolem quem está triste e encha nossos corações da alegria de preparar sua vinda neste novo ano de graça!

Ano da Paz tem início hoje em todo o país

O Ano da Paz começa neste primeiro domingo do Advento, 30, e será um momento para ajudar na superação da violência e despertar para a convivência mais respeitosa e fraterna entre as pessoas. Aprovado por unanimidade durante a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ocorrida de 30 de abril a 9 de maio de 2014, o período de reflexões, orações e ações sociais se estenderá até o Natal de 2015.
O arcebispo de São Luís (MA) e vice-presidente da CNBB, dom José Belisário da Silva, afirma que o Ano da Paz é um convite para reflexão sobre os motivos de tantos acontecimentos violentos. “Está na hora da sociedade brasileira dar passos no sentido de buscar uma harmonia maior no relacionamento humano. Os nossos relacionamentos estão muito degastados”, ressalta.
Dom Belisário manifestou a preocupação da entidade com o nível de violência da sociedade brasileira. Para ele, é uma questão complexa que envolve herança histórica, injustiça estrutura, tráfico de drogas e exclusão “de uma camada grande da sociedade”. “Isso tudo tem colaborado para termos essa sociedade tão violenta que a gente está”, disse.
De acordo com os últimos dados do Mapa da Violência, mais de 56 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em 2012. Os jovens são os principais afetados neste contexto, somando mais de 27 mil vítimas naquele ano.
O bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, afirmou que as relações mais próximas, na atualidade, encontram dificuldade de manterem-se vivas e que há uma violência generalizada. “Violência que se manifesta na forma da morte de pessoas, na falta de ética na gestão da coisa pública, na impunidade. A violência, a falta de paz, provém do desprezo aos valores da família, da escola na formação do cidadão, do desprezo da vida simples”, explicou.
Para celebração do Ano da Paz, serão aproveitados os meses temáticos do Ano Litúrgico, como os meses vocacional, da Bíblia e da missão. “Vamos refletir durante o ano sobre o porquê da violência e sobre a necessidade de uma convivência fecunda e frutuosa. O Ano Litúrgico nos oferece oportunidades para pensar sobre a paz e a realidade da violência”, lembrou dom Leonardo.
O vice-presidente da CNBB considera que as comunidades devem ser criativas e propor as iniciativas conforme a realidade de cada uma. “A gente quer no Ano da Paz que rezemos, reflitamos, peçamos a paz... Um momento forte de evangelização, de reflexão, de pergunta ‘por que está acontecendo tanta violência?’”, sugeriu.
Confira abaixo a entrevista com dom Leonardo Steiner, na íntegra:

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) irá promover o Ano da Paz. A inciativa foi aprovada por unanimidade pelo episcopado brasileiro na 52ª Assembleia Geral da entidade, ocorrida de 30 de abril a 9 de maio de 2014. A proposta chegou no momento em que há uma realidade de violência. Como caracterizar este contexto?
Dom Leonardo - Percebemos uma violência assustadora em quase todos os níveis; generalizada. Violência que se manifesta na forma da morte de pessoas, na falta de ética na gestão da coisa pública, na impunidade. A violência, a falta de paz, provém do desprezo aos valores da família, da escola na formação do cidadão, do desprezo da vida simples. As relações mais próximas, hoje, encontram dificuldade de se manterem vivas, fortes, acolhedoras, fontais.
Como, então, pode ser definida a Paz?Dom Leonardo - A paz é conviver! Harmonia em tensão. Tensão benfazeja que busca integrar todas as pessoas na comunidade. Integrar é abrir espaços. Abrir espaços para outro às vezes causa tensão, mas em seguida enriquece a vida da comunidade. A violência é a decadência do conviver; fruto da exclusão, da rejeição. Falta de amor nas relações. A paz é fruto da participação de todos na construção de uma sociedade em que todas as pessoas, famílias podem viver, educar os filhos e ter oportunidade de futuro. Paz significa a possibilidade de realização, de maturação, de plenificacão dos membros de uma comunidade.
Qual o principal objetivo do Ano da Paz?Dom Leonardo - O Ano da Paz deverá nos ajudar na superação da violência em todos os níveis. Despertar para a convivência cortês, fraterna. Para termos mais urbanidade, despertemos para a irmandade, conforme nos ensinou Jesus.
Quando se iniciará o Ano da paz?Dom Leonardo - O início acontecerá com o Advento deste ano. Neste período porque, como comunidades de fé, estaremos na expectativa de um tempo novo, da vida nova. Estaremos à espera do Príncipe da Paz, a Criança de Belém! Partindo do Advento de Deus, estaremos iluminando as nossas relações e anunciando com os anjos: Paz na terra aos homens amados por Deus! O encerramento do Ano da paz será no Natal de 2015.
Poderia indicar algumas iniciativas?Dom Leonardo - Vamos refletir durante o ano sobre o porquê da violência e sobre a necessidade de uma convivência fecunda e frutuosa. O Ano Litúrgico nos oferece oportunidades para refletir sobre a paz e a realidade da violência: os meses temáticos como agosto, mês das vocações, setembro, mês da Palavra de Deus, outubro o mês das missões. Mas desejamos ter um dia para manifestar nas ruas de nossas cidades que acreditamos na paz, na fraternidade.
 Fonte: CNBB

Ano da Paz tem início hoje em todo o país

Ano da Paz tem início hoje em todo o país
O Ano da Paz começa neste primeiro domingo do Advento, 30, e será um momento para ajudar na superação da violência e despertar para a convivência mais respeitosa e fraterna entre as pessoas. Aprovado por unanimidade durante a 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)ocorrida de 30 de abril a 9 de maio de 2014, o período de reflexões, orações e ações sociais se estenderá até o Natal de 2015.

O Papa Francisco e a fome no mundo

geovane180
Por Padre Geovane Saraiva*

Quanta alegria, graças, louvores e bênçãos, nas palavras vindas da boca do Santo Padre, o Papa Francisco, ao proclamar Jesus Cristo, o Cordeiro imolado que tira o pecado do mundo, aquele que veio para estabelecer a paz e a concórdia entre os povos da terra, em um mundo marcado por paradoxos, antagonismos e conflitos. O Filho de Deus, na sua missão de caminhar para Jerusalém, que deve ser também a mesma dos cristãos batizados, quando se aproximou e avistou a cidade de Jerusalém, começou a chorar (cf. Lc 19, 41). O Romano Pontífice, em sua missa matutina de 20.11.2014, ao comentar este Evangelho do dia, explicou que o Senhor chora pelo fechamento do coração da cidade eleita, do povo eleito. Não havia tempo para abrir-lhe a porta! Estava ocupada demais, satisfeita de si mesma. Por outro lado encoraja-nos: “Não tenhamos medo da felicidade que o Senhor nos traz!”
Jesus chora quando o coração da criatura se fecha às suas surpresas, disse o Papa Francisco. Daí o esforço e a disposição constante para perceber os sinais, a hora e momento de Deus, compreendidos à luz da palavra de Deus, quer dizer que temos que viver e conviver com o momento presente, mas olhando para frente, de acordo com a vontade de Deus, na busca do projeto da feliz esperança, missão oferecida a cada pessoa como algo próprio e intransferível, tendo como certo os acontecimentos futuros e a vitória final.  Observou o Bispo de Roma, na conferência feita no organismo da ONU (Fao), que “embora as nações estejam entrelaçadas entre si, tais relações acabam danificadas pela suspeita recíproca, que se converte em agressão bélica e econômica, uma realidade bem conhecida por quem passa fome e não tem trabalho”, contrariando o projeto do Pai, instaurado por seu Filho Jesus.
“Quando encontramos uma pessoa verdadeiramente necessitada, reconhecemos nela o rosto de Deus?” Temos resposta no Papa Francisco, ao discursar sobre a realidade da fome no mundo, na conferência promovida pelo Organismo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), realizada na cidade de Roma. Mais ainda, criticou a ganância que dificulta o combate a fome.  Expressou-se deste modo: “Dói constatar que a luta contra a fome e a desnutrição é dificultada pela ‘prioridade do mercado’ e pela ‘preeminência da ganância’, que reduziram os alimentos a uma mercadoria qualquer, sujeita à especulação, inclusive financeira. E enquanto se fala de novos direitos, o faminto está aí, na esquina da rua, e pede um documento de identidade, ser considerado em sua condição, receber uma alimentação de base saudável. Pede-nos dignidade, não esmola”.
Nosso Senhor Jesus Cristo quer das pessoas de boa vontade, que se encontrem em volta da generosa mesa da partilha e solidariedade, dizendo não ao interesse próprio que se opõe ao dom precioso do bem comum. Pelas palavras de Francisco a seguir, fica claro que a renúncia e a doação são caminhos de vida e salvação, ao morrer para gerar a vida. “Jesus, então, continua batendo às portas, como bateu à porta do coração de Jerusalém: às portas de seus irmãos, de suas irmãs, às portas de nosso coração, às portas de sua Igreja. Jerusalém se sentia contente, tranquila com a sua vida e não precisava do Senhor: não havia percebido que necessitava da salvação. E por isso, fechou o seu coração ao Senhor. O pranto de Jesus sobre Jerusalém é o pranto sobre a sua Igreja, hoje, sobre nós”.
No meu entendimento, o desejo do Papa é o mesmo do Filho amado do Pai, quando afirma: “Se conhecesses o que te pode trazer a paz!… Mas não, isso está oculto aos teus olhos”. Jerusalém tinha medo de ser visitada pelo Senhor; tinha medo da gratuidade de sua visita. Estava segura nas coisas que podia administrar. Nós somos seguros nas coisas que podemos governar, mas a visita do Senhor, suas surpresas… nós não podemos controlar”. Ainda na Conferência da ONU, acentuou também que a falta de solidariedade é desafio no combate à fome, lembrando também que todos têm direitos garantidos de amor, justiça e paz, que todo Estado tem o dever de estar atento ao bem-estar de seus cidadãos. Nesse sentido, ele também destacou o papel da Igreja católica, que procura dar a sua contribuição manifestando solicitude, em especial, aos marginalizados e excluídos. Francisco concluiu sua intervenção no evento com um pedido: “Peço também para que a comunidade internacional saiba escutar o chamado desta conferência e o considere uma expressão da comum consciência da humanidade: dar de comer aos famintos para salvar a vida no planeta”.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

As andanças do Bispo -8

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

8. Um zigue-zague na Suíça
Nos apuros do ano 2000, precisei reservar dez dias para a Suíça, no tempo da quaresma. Foi no começo de março. Era para ajudar na promoção da Campanha da Quaresma, que sempre costumam fazer, cuja arrecadação é repartida entre os países que mais necessitam, também o Brasil. Aí a cobrança: precisavam de alguém do Brasil, para ajudar na motivação.

Era o final do inverno, ainda com a neve nas montanhas. Foram dez dias com muitos encontros e palestras. Como lá o trem vai por toda parte, furando as montanhas, o roteiro era sempre de trem. Ao descer na estação, ficava olhando quem estaria me esperando, e lá ia eu para um novo encontro: de manhã, de tarde, de noite.
Foi muito bom para conhecer mais de perto a vida do povo. Pois uma coisa é ir como turista, e fazer fotos dos panoramas, outra é conversar com o povo, e debater os problemas. No último dia, ao acordar de manhã, na cidade de Chaux de Fonds, especializada em fabricar relógios, vi a neve caindo suave, parecendo se despedir do inverno.
Próximo seguimento: um mergulho em Paris
Fonte: CNBB

As andanças do Bispo n-7

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

7. Junto com os teólogos
Foi na Conferência de Santo Domingo, nos 500 anos da América, que comecei a me envolver mais intensamente com a organização dos teólogos da América Latina. Lá, deu para fazer com eles um bom trabalho, que possibilitou a contribuição para a reunião dos bispos, que estava acontecendo.
Na oportunidade, fiquei incumbido de fazer a ligação entre o grupo de teólogos, e o desenrolar da Conferência. De tal modo que, diariamente os teólogos ficavam sabendo do andamento da Conferência, e assim podiam contribuir com subsídios que eram repassados aos bispos. De tal modo que, mesmo excluídos da Conferência, os teólogos puderam dar uma válida contribuição sobre os temas tratados.
A partir de lá, eles fizeram questão de continuar contando comigo, para eles continuarem fazendo seu trabalho bem entrosados com as necessidades da Igreja. Assim, tive que participar com eles de diversos encontros, em diversos países.
Em fevereiro de 2000, fui para a Bolívia, em Cochabamba. Foi bom para conhecer mais de perto a realidade da Bolívia. Passei por Santa Cruz de la Sierra, que fica na parte baixa da Bolívia, mais perto da fronteira com o Brasil, de fronte ao Mato Grosso. Lá as terras são férteis, o que já foi descoberto por muitos brasileiros que foram lá plantar soja.
Em fevereiro do ano 2001, a reunião foi na Guatemala, na América Central, país cuja metade da população é constituída dos antigos maias, índios que tinham uma avançada civilização, e que muito sofreram com a destruição imposta a eles pelos colonizadores espanhóis.
As reuniões com os teólogos são uma boa baliza para manter em dia a reflexão sobre os desafios da Igreja em nosso tempo, e isto ajuda no trabalho cotidiano na diocese.
Fonte: CNBB

Como lucrar a Indulgência no Ano da Vida Consagrada

2014-11-28 Rádio Vaticana

Cidade do Vaticano (RV) – A Penitenciaria Apostólica divulgou nesta sexta-feira o Decreto Urbis et Orbis que estabelece os pré-requisitos para lucrar a Indulgência Plenária por ocasião do Ano da Vida Consagrada, celebrado entre o domingo próximo, 30 de dezembro, e 2 de fevereiro de 2016.
Podem lucrar a indulgência – observadas a confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenção do Santo Padre - todos os membros dos Institutos de Vida Consagrada  e fiéis verdadeiramente arrependidos e movidos pelo espírito de caridade que:
- Em Roma participarem de Encontros  Internacionais e celebrações determinadas pelo calendário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, e após dedicar  um tempo considerável a pias considerações, rezarem o Pai Nosso, a Profissão de Fé e fizerem invocações a Virgem Maria;
- Em todas as igrejas particulares, cada vez que, nos dias diocesanos dedicados à vida consagrada, piamente visitarem a catedral ou outro lugar sagrado designado com o consenso do Ordinário do lugar, ou uma igreja conventual ou o oratório de um Mosteiro de clausura e nestes locais recitarem publicamente a Liturgia das Horas ou por um considerável período de tempo se aplicarem a pias considerações, concluindo-as com o Pai Nosso, a Profissão de Fé em qualquer forma legitimamente aprovada e pias invocações a Virgem Maria.
Os membros dos Institutos de Vida Consagrada que, por motivo de doença ou outra causa grave estiverem impossibilitados de visitar estes locais sacros, poderão da mesma forma obter a Indulgência Plenária se “totalmente livres de qualquer pecado e com a intenção de poder cumprir o quanto antes as três habituais condições, realizem a visita espiritual com profundo desejo e ofereçam as doenças e os cansaços da própria vida a Deus misericordioso por meio de Maria, acompanhado das orações acima citadas”.
Para facilitar o acesso a esta graça divina, através das “chaves da Igreja”, o Decreto, assinado pelo Penitenciário Mor Cardeal Mauro Piacenza em 23 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, pede que os canônicos peninteciários, os capitulares, os sacerdotes dos Institutos de Vida Consagrada e todos os outros com a faculdade de ouvir confissões, se ofereçam “com espírito disponível e generoso à celebração do sacramento da Penitência e administrem frequentemente a Santa Comunhão aos enfermos”.
O presente Decreto é válido para o Ano da Vida Consagrada, salvo disposições em contrário.
Fonte: News.VA

Papa na Turquia: renovar a coragem da paz contra o terrorismo

2014-11-28 Rádio Vaticana

Ancara (RV) – A preocupação com os conflitos no Oriente Médio marcou o primeiro discurso do Papa Francisco em terras turcas. A Turquia, afirmou o Papa, pela sua história e em virtude da sua posição geográfica – entre a Europa e o Oriente Médio – tem uma grande responsabilidade na região. O país acolhe um grande número de refugiados e é diretamente afetado pelos efeitos da dramática situação em suas fronteiras. Juntamente com a assistência humanitária necessária, não se pode permanecer indiferente àquilo que provocou essas tragédias.
Para o Pontífice, o Oriente Médio há muito tempo é teatro de guerras fratricidas, “que parecem nascer uma da outra, como se a única resposta possível à guerra e à violência tivesse de ser sempre uma nova guerra e outra violência”.
“Quanto tempo deverá sofrer ainda o Oriente Médio por causa da falta de paz?”, questionou. “Não podemos resignar-nos com a continuação dos conflitos, como se não fosse possível mudar a situação para melhor! Com a ajuda de Deus, podemos e devemos sempre renovar a coragem da paz!”
Francisco manifestou preocupação com a Síria e o Iraque, onde a violência terrorista não dá sinais de diminuir: “Regista-se a violação das normas humanitárias mais elementares contra prisioneiros e grupos étnicos inteiros, especialmente – mas não só – contra cristãos e yazidis”.
O Pontífice reiterou que considera lícito deter o injusto agressor – “sempre no respeito pelo direito internacional” –, lembrando, porém, que não se pode confiar a resolução do problema somente à resposta militar.
Uma contribuição à paz, segundo Francisco, pode vir do diálogo inter-religioso e intercultural, a fim de banir toda a forma de fundamentalismo e de terrorismo, “que humilha gravemente a dignidade de todos os seres humanos e instrumentaliza a religião”.
“Ao fanatismo e ao fundamentalismo, às fobias irracionais que incentivam incompreensões e discriminações, é preciso contrapor a solidariedade de todos os fiéis” para inverter a tendência nos Estados do Oriente Médio.
“É preciso um forte compromisso comum, baseado na confiança recíproca, que torne possível uma paz duradoura e permita destinar finalmente os recursos não aos armamentos, mas às verdadeiras lutas dignas do homem: contra a fome e as doenças, pelo desenvolvimento sustentável e a defesa da criação, em socorro de tantas formas de pobreza e marginalização que não faltam no mundo moderno”, disse o Papa, pedindo a Deus que proteja a Turquia e “a ajude a ser uma válida e convicta artífice de paz”.
(BF)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Projeto Natal Branco Lumen beneficia 5000 crianças carentes e mobiliza mais de 600 voluntários

lumen200O Projeto Natal Branco Lumen será realizado nos próximos dias 6 e 7 de dezembro, em Fortaleza. Milhares de crianças carentes participarão de uma festa inesquecível para celebrar o verdadeiro espírito natalino, com brincadeiras, atividades educativas e apresentações artísticas. Os pequenos ganharão também dos seus “Padrinhos e Madrinhas de Natal” uma cesta básica, um kit de higiene e um brinquedo na volta para casa. O projeto Natal Branco Lumen, que completa 20 anos em 2014, é realizado pela Obra Lumen de Evangelização.
Para a concretização desse sonho para as crianças, mais de 600 voluntários – na sua maioria jovens – trabalham com alegria e dedicação para transformar um simples dia em um momento inesquecível para cada criança. Além disso, o projeto conta com o apoio dos inúmeros “Padrinhos e Madrinhas de Natal”, como são simbolicamente chamadas as pessoas que fazem um gesto de amor e generosidade, doando os presentes que cada criança receberá no dia.
Além de Fortaleza, onde participarão 1.800 crianças, a festa se repetirá em mais 13 cidades do Ceará e de outros Estados: Ereré, Iracema, Juazeiro do Norte, Sobral, Quixadá, Maracanaú, Brasília-DF, Salvador-BA, João Pessoa-PB, Floriano-PI, Natal-RN, Unaí-MG e Rio de Janeiro-RJ. No total, serão beneficiadas 5 mil crianças, das quais 1 mil são acompanhadas semanalmente pelos projetos sociais da Obra Lumen ao longo do ano.
Como ajudar? 
Ao longo dos seus 20 anos, o Natal Branco Lumen tem estimulado o amor ao próximo, lançando sementes de solidariedade na sociedade e proporcionando um natal inesquecível não só para as crianças, mas a todos que se envolvem com essa festa. Por isso, os interessados em ajudar podem tornar-se padrinhos de natal, engajar-se em um trabalho voluntário, fazer alguma doação ou simplesmente visitar o evento.
Para saber como colaborar com o Natal Branco Lumen, basta entrar em contato pelo números (85) 3277.1713, (85) 9948.8296 ou (85) 9117.5528. As doações podem ser entregues de segunda a sexta-feira, das 14h às 21h, na rua Coronel Jucá, 2040, bairro Dionísio Torres. Mais informações, no site www.natalbranco.com.br, ou em nossas redes sociais:facebook.com/natalbrancolumen e instagram.com/natalbrancolumen.
Serviço – Natal Branco Lumen 
Data: 6 e 7 de dezembro de 2014
Local: Colégio Christus Dionísio Torres (Rua Israel Bezerra, 630)
Horário: 10h às 15h
Informações: (85) 3277.1713, (85) 9948.8296, (85) 9117.5528, www.natalbranco.com.br, facebook.com/natalbrancolumen,instagram.com/natalbrancolumen.

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Papa Francisco se encontrará na Turquia com 100 crianças refugiadas do Oriente Médio

Papa Francisco cumprimenta uma criança na Praça de São Pedro. Foto: Daniel Ibáñez / Grupo ACI
ROMA, 28 Nov. 14 / 09:53 am (ACI/EWTN Noticias).- O Papa Francisco iniciou nesta sexta-feira a sua viagem apostólica à Turquia onde se reunirá com autoridades locais, líderes religiosos muçulmanos e ortodoxos e ele também pediu explicitamente para encontrar-se com as crianças refugiadas do Oriente Médio que são atendidas pelos salesianos.

“Foi um desejo explícito do Santo Padre, querer cumprimentar as crianças”, afirmou Andrés Calleja, administrador da Catedral Católica Latina e das três escolas da comunidade de Dom Bosco em Istambul (Turquia).

Calleja informou que antes de voltar para o Vaticano, Francisco se reunirá no domingo com cerca de 100 das 800 crianças que -entre turcos, iraquianos e de outros países da região- estudam nos centros salesianos de Istambul.

Segundo a Rádio Vaticano, os seis salesianos que vivem nesta comunidade “não fecham a porta para ninguém que vem pedir ajuda”. Calleja explica que todos os dias chegam dezenas de imigrantes ao oratório pedindo acolhida para os seus filhos para que eles possam procurar trabalho, e como ele diz “nós queremos responder às necessidades”.

Sobre a viagem do Papa, assegurou que já está tudo preparado para a missa de diferentes ritos que concelebrará no sábado na Catedral do Santo Espírito. “Um Papa não vem todos os dias à sua casa”, assinalou. “Primeiro estamos nos preparando espiritualmente, e depois estamos deixando toda a Igrejalimpa e perfeita, para que o Santo Padre se sinta bem”, assegurou Calleja.
Fonte: Acidigital

Visita à Turquia: Papa Francisco visita o Mausoléu de Atatürk

O Papa Francisco visita o Mausoléu de Atatürk (Captura Youtube)
ANKARA, 28 Nov. 14 / 10:17 am (ACI/EWTN Noticias).- O Papa Francisco iniciou nesta sexta-feira a sua viagem à Turquia com uma visita de 35 minutos ao Mausoléu de Atatürk, dedicado ao fundador e primeiro presidente do país, Mustafa Kemal Atatürk, onde apresentou uma coroa de flores com as cores da bandeira turca e escreveu uma mensagem no livro de honra.

Francisco chegou ao impressionante monumento minutos depois de sua chegada ao aeroporto de Ancara. No mausoléu, o Papa foi recebido com saudações e depois foi ao túmulo de Atatürk, onde dois militares colocaram uma coroa de flores com as cores vermelha e branca da bandeira turca. Na faixa do centro estava escrito Pope Francis (Papa Francisco).

Depois, o Santo Padre ingressou na sala “Towar of National Pact”, onde lhe apresentaram o Livro de Honra, no qual escreveu uma mensagem com a sua assinatura.

“Faço os mais sinceros votos para que a Turquia, ponte natural entre dois Continentes, seja não somente o local onde estradas se cruzam, mas também lugar de encontro, de diálogo e de convivência serena entre os homens e mulheres de boa vontade de todas as culturas, etnias e religiões”, foram as palavras escritas pelo Papa, informou a Santa Sé.

Durante a visita, um tradutor explicou ao Pontífice o significado e a importância do monumento.

O Mausoléu de Atatürk é um monumento impressionante cuja construção começou em 9 de outubro de 1944 e terminou em 1º de setembro de 1953. Foi desenhado pelos arquitetos Emin Onat e Orhan Arda.

Mustafa Kemal Atatürk foi um oficial do império turco que, depois da derrota na Primeira Guerra Mundial, liderou o Movimento Nacional Turco para assim conseguir a independência da Turquia. Foi o primeiro presidente do país e faleceu em 1938.
Fonte: Acidigital

Ano da paz, novo advento

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)

A Igreja Católica decidiu, durante a Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promover um Ano da Paz. Essa decisão importante fundamenta-se na urgência de unir esforços para transformar a realidade e lutar, incansavelmente, na promoção da paz, que é um dom de Deus, entregue aos homens e mulheres de boa vontade pelo Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Salvador e Redentor.

Ao investir na promoção do Ano da Paz, a Igreja, a partir de sua tarefa missionária de anunciar Jesus Cristo e seu Reino, empenha-se e busca sensibilizar outros segmentos da sociedade para enfrentar a violência, que atinge de modo arrasador a vida, a dignidade humana e as culturas. Uma fonte de sofrimento que ameaça o futuro da humanidade, com graves consequências para diferentes povos e sociedades. Ao promover o Ano da Paz, a CNBB aciona a grande rede de comunidades de fé que forma a Igreja no Brasil para que, em parceria com outras instituições, seja cultivada uma consciência cidadã indispensável na construção de uma sociedade sem violência. Para isso, conforme ensina Jesus no Sermão da Montanha, é necessária a vivência de uma espiritualidade que capacite melhor os filhos de Deus, tornando-os construtores e promotores da paz.
Trata-se de um percurso longo a ser trilhado, uma dinâmica complexa a ser vivida, para que o coração humano torne-se coração da paz. O Papa Francisco, na sua Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, sublinha que, enquanto não se eliminarem a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos, será impossível erradicar a violência que, venenosamente, consome vidas, mata sonhos e atrasa avanços.
A vivência do Ano da Paz é uma tarefa que deve ser assumida pelos homens e mulheres de boa vontade, empenhados no trabalho de contribuir para que cada pessoa se reconheça como um coração da paz. Esse serviço deve ser vivido de modo criativo, sem enrijecimentos ou complicações, valendo-se de estruturas, instituições, especialmente as educativas e os meios de comunicação. No exercício dessa tarefa, é preciso cultivar uma espiritualidade que determina rumos. Ao mesmo tempo, torna-se imprescindível exercitar a intrínseca dimensão política de nossa cidadania, lutar pelo estabelecimento de dinâmicas e processos que ajudem a avançar na erradicação dessa assombrosa e crescente onda de violência que se abate sobre nossa sociedade, provocada, de certo modo, pela mesquinhez que caracteriza o mundo atual.
A vivência do Ano da Paz, ainda que sem impactantes eventos, é a esperança de que as ações simples e cotidianas, de cada pessoa, podem provocar grandes mudanças, especialmente as culturais, que contribuem para a manutenção da violência. No Brasil, por exemplo, as estatísticas mostram que, anualmente, o número de homicídios é equivalente ao de guerras pelo mundo afora. Não se pode abrir mão de análises profundas com força sensibilizadora, capaz de despertar certa indignação sagrada e cidadã. Também são importantes os debates em congressos, seminários e outras modalidades, aproveitando oportunidades variadas para se falar do tema da violência e suas consequências, que acabam com tudo – inclusive com a possibilidade de se partilhar ocasiões festivas.
A ausência da paz inviabiliza, por exemplo, que os diferentes partilhem momentos de festa nos estádios de futebol, de modo saudável, alegre e fraterno. Infelizmente, prevalecem situações de selvageria nos estádios e nas ruas. A violência se faz presente também no ambiente das empresas, escritórios e, abominavelmente, no sacrossanto território da família, pela agressividade contra as mulheres. A ausência da paz nos lares, o desrespeito às mulheres, impede que crianças e jovens desfrutem do direito insubstituível de ter uma família, escola do amor e humanização.
Que o Ano da Paz comece sempre pelo exercício eficaz de se silenciar, em comunhão com os membros da própria família, nos escritórios, salas de aulas, nas igrejas, nas reuniões e em outros grupos. Um minuto de silêncio pode fazer diferença no cultivo da paz no próprio coração, tornando-o um coração da paz. Nesse caminho, cada pessoa se qualifica para atuações mais comprometidas na mudança de cenários, valorizando os pequenos gestos e as pequenas mudanças na construção da grande e urgente transformação cultural, um “passo a passo” para vencer a violência. Do tempo do Advento - preparação para o Natal deste ano - até a celebração do Natal em 2015, vamos vivenciar o Ano da Paz, oportunidade para cultivar uma densidade interior. Essa experiência permitirá a todos, no dia a dia, em diferentes oportunidades, com gestos e ações, contribuir para o novo advento, a paz entre nós.

 Fonte:CNBB


Igreja em estado de advento

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)

A Igreja realiza sua missão evangelizadora no tempo e no espaço que a Providência de Deus lhe concede. Compete a ela a busca contínua da fidelidade ao seu Senhor, pois a visibilidade dos sinais da graça de Deus lhe foi entregue, enquanto esperamos a vinda gloriosa de Jesus Cristo. Seu Mistério Pascal de Morte e Ressurreição e o final dos tempos, quando virá para julgar os vivos e os mortos, são dois polos de tensão, com os quais buscamos a fidelidade ao Evangelho, praticando o amor a Deus e ao próximo, somos fermento de vida e esperança para o mundo e continuamos a anunciar o nome de Jesus Cristo, único e suficiente Salvador de todos os homens e mulheres que vierem a esta terra.
A sabedoria de Deus concedida à sua Igreja suscitou um caminho formativo amadurecido no correr dos séculos, o Ano Litúrgico, para manter viva esta tensão positiva, que gera testemunho de vida cristã e realização profunda para as pessoas. Tudo começou com o dia da Ressurreição, o Domingo, Páscoa semanal. A cada semana, tornar presente a Morte e a Ressurreição de Cristo, quando a Comunidade Cristã, reunida em torno da Palavra de Deus e da Mesa Eucarística, se edifica como Corpo de Cristo. À Eucaristia de Domingo os cristãos levam suas lutas e seus trabalhos, louvam ao Senhor e encontram o sustento para a fé, na vida quotidiana. As gerações que se sucederam começaram a celebrar anualmente a Páscoa do Senhor, hoje realizada de modo solene no que chamamos Tríduo Pascal, de quinta-feira santa ao cair da tarde até o Domingo de Páscoa, com seu ponto mais alto na grande Vigília Pascal. É Páscoa anual! Quando celebramos a Missa em qualquer tempo do ano, acontece a Páscoa diária. É o mesmo e único mistério de Cristo. Não fazemos teatro, mas realizamos a presença do Senhor, que entregou à Igreja a grande tarefa: “Fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11, 24-25).
Como é grande o Mistério, o Ano Litúrgico veio a se compor pouco a pouco, contemplando anualmente todos os grandes eventos de nossa Salvação, enriquecendo com abundância de textos bíblicos as grandes celebrações, valorizando as orações que foram compostas e expressam a vivência da fé, recolhendo nos diversos ritos a grandeza da vida que o Senhor oferece. O Ano da Igreja, que começa no Primeiro domingo do Advento, em 2014 celebrado no dia 30 de novembro, tem dois grandes ciclos, o do Natal e o da Páscoa, com os quais somos pedagogicamente conduzidos a aperfeiçoar a vida cristã, de forma que o Senhor nos encontre, a cada ano, não girando em torno de um mesmo eixo, mas crescidos, como uma espiral que aponta para a eternidade, enquanto clamamos “Vem, Senhor Jesus”!
E o Tempo do Advento, que agora iniciamos, é justamente marcado pela virtude da esperança, que somos chamados a testemunhar e oferecer ao nosso mundo cansado, pois só em Jesus Cristo, única esperança, encontrará seu sentido e realização a vida humana. A Igreja nos propõe quatro semanas de intensa vida de oração e de exercício das virtudes. O primeiro olhar é para a vinda definitiva do Senhor, que um dia virá ao nosso encontro, cercado de glória e esplendor. É hora de refletir sobre a relatividade das coisas e preparar-nos para o encontro pessoal com o Senhor, quando nos chamar à sua presença. Em seguida, durante duas semanas a Igreja nos faz olhar para o tempo presente de nossa fé. Ouvimos o convite à conversão, somos levados a arrumar a casa de nossa vida para a grande presença do Senhor. Aquele que um dia virá, vem a nós nos dias de hoje. Para ajudar-nos, a Igreja apresenta duas figuras, que podem ser chamadas de “padrinhos” de Advento, o Profeta Isaías e São João Batista. Na última semana antes do Natal, aí, sim, nosso olhar se volta para Belém de Judá, Presépio, Pastores, Reis Magos. É a oportunidade para preparar a celebração do Natal. Quem nos toma pela mão na etapa final do Advento, para acompanhar os acontecimentos vividos em primeira pessoa, é a Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e nossa. Daí a necessidade de corrigir com delicadeza nosso modo de viver este período. Maior do que o dia de Festa no Natal é a realidade do Senhor Jesus que virá, vem a nós e um dia veio! Torna-se vazia uma festa sem a presença daquele que é o coração da história humana, nosso Senhor Jesus Cristo.
Uma Igreja em estado de Advento é o que queremos oferecer-nos mutuamente e dar de presente ao nosso mundo. Estimulemos uns aos outros na vivência da esperança, certos da necessidade da redenção de Cristo, que nos diz “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5). Cresça nossa abertura, cheia de esperança, a Cristo e à sua Palavra Salvadora. Caiam todos os obstáculos e defesas, venha a graça da fidelidade ao Senhor. E a vida cristã não tenha receio de olhar para a eternidade, onde Cristo está sentado, à direita do Pai (Cf. Ef 1, 20-23). Temos uma eternidade inteira para viver na Comunhão com a Santíssima Trindade, os Anjos e os Santos. É nossa vocação e nosso ponto de chegada. Com esta luz, os cristãos são chamados a serem homens e mulheres capazes de iluminar com a esperança todos os recantos da humanidade. A graça da vocação cristã nos faça responsáveis pelo anúncio do Evangelho e pela salvação dos outros (Cf. Rm 8, 29). Ninguém fique desanimado, desde que encontre um cristão autêntico, mesmo que este saiba ser limitado, tantas vezes frágil e marcado pelo pecado, mas nunca derrotado.
As pessoas que tiverem contato com os cristãos neste período, descubram-nos rezando mais e rezando melhor. As Novenas de Natal, celebradas em grupos de famílias, são um excelente testemunho de vida de oração. Seja uma oração cheia de humildade, sinceridade, abertura maior para Deus e obediência às suas promessas.
E como falamos de esperança, temos o direito e o dever de sonhar com um mundo mais justo e fraterno. Queremos antecipá-lo, em estado de Advento, na experiência da caridade e da partilha dos bens. Em nossa Arquidiocese de Belém, realizamos durante o Advento o projeto “Belém, Casa do Pão”. Cresce a cada ano, ao lado do compromisso de nossas Paróquias, a adesão da sociedade ao nosso modo de comprometer as pessoas com a partilha dos bens, realizando a vocação que se encontra em nosso nome, Belém!
Fonte: CNBB