“VIVER PARA TRABALHAR OU TRABALHAR PARA VIVER?”
Que proveito tira o homem de todo o trabalho
com que se afadiga debaixo do sol? (Eclesiastes 1, 2-3)
Vivemos momentos difíceis para a classe
trabalhadora. A aparente abundância com que a mídia, o governo e o
empresariado em geral pregam, esconde a real situação em que vive a
classe trabalhadora. Se por um lado temos uma diminuição do índice de
desemprego, este ainda está alto, 10,5% (DIEESE), em números são em
torno de 10,5 milhões de trabalhadores. O índice de trabalhadores
informais também é alto 44%, ou seja, 44,5 milhões de trabalhadores.
Isto quer dizer que cerca de 55 milhões de trabalhadores no Brasil estão
sem acesso aos direitos trabalhistas. O índice de desemprego cresce
ainda mais quando falamos das juventudes, chega a 22,9%. Outro fator que
joga contra a classe trabalhadora é a alta rotatividade no emprego no
Brasil, é a mais alta do mundo. Se em 2011 foram criados 20 milhões de
empregos, porém foram 18 milhões demitidos. Com esta arma o empresariado
diminui os direitos trabalhistas e a capacidade de organização dos
trabalhadores (hoje os trabalhadores ficam no máximo 2 anos numa
empresa).
O salário mínimo é ainda um forte
referencial para os trabalhadores (47 milhões deles recebem este valor).
Apesar dos aumentos conquistados nos últimos anos, ele ainda esta muito
longe do que prevê a constituição federal. Seu valor atual é de R$
622,00, enquanto o DIEESE prevê o valor de R$ 2.323,21 ou seja, quatro
vezes menor do que deveria ser.
Outro agravante é a retirada lenta e
sistemática dos direitos trabalhistas, ressaltamos aqui o veto da
Presidenta Dilma ao aumento dos trabalhadores aposentados. Estes pagam
por 30 anos ou mais para ter seus direitos desrespeitados no fim da
vida.
As taxas de juros são um caso a parte,
mesmo estando em crise econômica a Comunidade Europeia, paga de 1% a 6%
de juros ao ano, no Brasil a taxa está em 9,75%. Se for taxa bancária
chega a 230% ao ano, isto dificulta a vida da classe trabalhadora
aumentando o preço das mercadorias essenciais. Para as grandes empresas e
para microempreendedor individual há créditos subsidiados, para os
trabalhadores e associações de trabalhadores não.
Outro fator são os acidentes de
trabalho. As taxas no Brasil ultrapassam os 500 mil acidentados anuais,
chegando a 2.500 mortos, uma verdadeira calamidade pública. Além disso, a
quantidade de doenças ocupacionais continuam aumentando no país, fruto
do excesso e precarização do trabalho.
Mas nem tudo é desalento, percebemos um
avanço na organização da classe trabalhadora, frente a toda esta
situação. Vemos um aumento das greves e outras formas de organização
exigindo melhores condições de salários e trabalho. Os movimentos
sociais aos poucos começam a se agruparem e buscam pontos em comum em
suas lutas. O nível de conscientização aumenta dia a dia, ainda que de
forma lenta. Estas ações ligadas a outras que já se fazem vivas, nos dá a
certeza que no horizonte a luta pela vida ainda está forte.
Assim, nós da Pastoral Operária chamamos
a todas e todos os trabalhadores formais e informais, desempregados,
aposentados e da economia popular solidária a somarmos força no sentido
de termos uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, sinal da
presença do Reino de Deus aqui na terra, onde a vida dos trabalhadores e
das trabalhadoras esteja acima do lucro de uns poucos. Vamos trabalhar
para viver em vez de viver para trabalhar!
VIVA A CLASSE TRABALHADORA!
A página eletrônica da Pastoral Operária Nacional é http://www.pastoraloperaria.org.br
Conheça um pouco mais sobre os Direitos e
Deveres dos trabalhadores na Constituição Federal do Brasil, acesse:
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91972/constituicao-da-republica-federativa-do-brasil-1988
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