No dia 27 de maio deste ano de 2012,
a Igreja Católica celebra a Festa de Pentecostes. A liturgia do dia nos
apresenta a descida do Espírito Santo sobre a comunidade dos
discípulos, em duas tradições – a de Lucas (Atos) e da Comunidade de São
João. Em João, a Ressurreição, a Ascensão e a Decida do Espírito se
deram no mesmo dia da Páscoa, enquanto Lucas separe os três eventos,
Páscoa, Ascensão e Descida do Espírito Santo, num período de 50 dias.
Encerra o ciclo pascal com a Festa do Pentecostes. Pentecostes que
significa cinquenta, cinquenta dias após a ressurreição do Senhor. A
Festa de Pentecostes era nos primórdios a Festa da Colheita, os povos
agradecidos a Deus pelas bênçãos do Céu, faziam uma grande festa pelos
frutos colhidos graças à providência do Criador. A leitura enfatiza que
no dia de Pentecostes todos estavam reunidos com “os mesmos sentimentos,
e eram assíduos na oração” (At 1, 14). De repente, “veio do céu um
ruído como de violento vendaval que encheu toda a casa onde eles
estavam. Então lhes apareceu algo como línguas de fogo, que se
repartiam, e pousou um sobre cada um deles. Todos ficaram repletos do
Espírito Santo, e se puderam a falar outras línguas, conforme o Espírito
lhes concedia exprimirem-se” (Atos. 2,4). Este relato usa imagens
apocalípticas, símbolos da teofania, ou da manifestação da presença de
Deus – o som de um vendaval e as línguas de fogo. O Catecismo da Igreja
Católica afirma: “Terminada a obra que o Pai havia confiado ao Filho
para realizar na terra, foi enviado o Espírito Santo no dia de
Pentecoste para santificar a Igreja permanentemente. Foi então que ‘a
Igreja se manifestou publicamente diante da multidão e começou a difusão
do Evangelho com a pregação” (CIC no. 767). A Bíblia nos diz que com a
descida do Espírito Santo os presentes pudessem “ouvir, na sua própria
língua, o que os discípulos falaram” (Atos, 2, 8-11). Assim, Lucas quer
enfatizar que o dom do Espírito Santo tem um objetivo missionário e
profético – de fazer com que toda a humanidade possa ouvir e compreender
a nova linguagem, que une todas as raças e culturas – ou seja, a do
amor, da solidariedade, do Projeto de Jesus, do Reino de Deus.
A função do Espírito Santo em nós é: a)
santificar: “Fostes lavados, fostes santificados, fostes justificados em
nome do Senhor Jesus, mediante o Espírito do nosso Deus” (1Cor 6, 11).
b) iluminar: “O Confortador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu
nome, ele vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse” (Jo
14, 26). c) fortificar: “O Espírito Santo vem em auxílio de nossa
fraqueza” (Rom 8, 26). O Catecismo da Igreja Católica nos apresenta os
dons e frutos do Espírito Santo. No sacramento de crisma recebemos os
sete dons do Espírito Santo: sabedoria, inteligência, conselho,
fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus (CIC no. 1831). Os frutos do
espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós como
primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze:
“caridade, alegria, paz, paciência, longanimidade, bondade, benignidade,
mansidão, fidelidade, modéstia, domínio de si e castidade” (Gl 5,
22-23).
A Festa de Pentecostes é uma festa
missionária que marca a transformação da Igreja de uma seita judaica
numa comunidade universal, missionária, mas, não proselitista,
comprometida com a construção do Reino de Deus “até os confins da
terra”. Aprendamos dos dois relatos da Decida do Espírito Santo no Novo
Testamento, não a de falar em línguas, mas a falar a língua única do
amor e do compromisso com o Reino, para que a mensagem do Evangelho
penetre todos os povos, culturas, raças e etnias. O dom do Espírito
Santo é dado a cada um de forma individual, mas somente quando agimos na
missão comum de evangelizar é que sua manifestação acontece de forma
completa.
Padre Brendan Coleman Mc Donald – Redentorista
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