Esta festa de Corpus Christi foi
instituída pelo Papa Urbano IV, em 11 de agosto de 1264, com o intuito
de destacar a dimensão sacramental que a tradição romana associou à
Última Ceia de Jesus, já celebrada na Semana Santa.
A ceia é um momento de alegria, partilha e
comunhão. Descartando comer o Cordeiro Pascal, Jesus se apresenta como o
Pão que dá a vida, e o Vinho que alegra a todos, inaugurando a nova
celebração do Reino de Deus. A Eucaristia é a celebração da comunidade
viva, animada pelo Espírito, unida em torno de Jesus, empenhada em
cumprir a vontade do Pai, que é vida para todos.
Por que o Senhor utilizou pão e vinho?
Porque são os alimentos mais simples, mais comuns da mesa dos judeus. O
pão e o vinho eram do dia-a-dia do pobre e do rico. Ainda hoje, nos
países da bacia do Mediterrâneo, ao nos sentarmos para o almoço ou
jantar, encontramos uma garrafa d’água na mesa, uma garrafa de vinho e
pão fatiado. Jesus não quis ser o Senhor dos grandes momentos, o Homem
de algumas poucas ocasiões; Ele quis ser o Jesus de todos os dias, de
todos os momentos, o Cristo dos pobres e dos ricos, o Senhor de todos e
de tudo. Por isso mesmo escolheu sinais tão ínfimos, tão humildes.
Obrigado, Jesus, por Sua humildade, por
Sua divina disponibilidade em se dar a nós de modo tão simples, tão
desprovido de grandeza! Ensina-nos, pelo Pão e Vinho Eucarístico, a
virtude da humildade, da simplicidade, da arte de perceber o valor das
coisas humildes e pequenas, nas quais o Senhor se esconde.
Por que Jesus disse “é meu Corpo, é meu
Sangue”? Corpo ou carne, na Bíblia, não é somente a musculatura da
pessoa, mas toda ela – sua inteligência, seus sentimentos, seu corpo,
suas emoções, seus planos. É dito carne ou corpo para significar que o
homem é frágil, murcha como a erva do campo. Pois bem, quando Jesus diz:
“Isto é o meu Corpo”, Ele quer dizer: “Isto sou eu com minha vida, que
tomei de vocês no seio de Maria, a Virgem. Eu lhes dou minha humanidade,
meus cansaços, meus sonhos, minhas andanças. Dou-lhes tudo quando vivo
no meio de vocês, feito homem, eu, o Verbo que se fez carne!”
E o sangue? Não significa simplesmente o
líquido vermelho que corre em nossas artérias. Sangue, na Bíblia,
significa a vida. O Sangue derramado significa a vida tirada, a vida
violentada.
Veja que coisa tão linda! Ao dizer: “isto
é o meu sangue”, o Senhor está dizendo: “Eu vos dou toda a minha vida
que se foi derramando por vós, desde o primeiro momento da minha
existência humana. Fui me derramando por vós em cada cansaço, em cada
decepção; fui me derramando em cada noite de oração, em cada agonia até
aquela última da cruz e da sepultura”.
Então, meus caros, “isto é o meu Corpo” e
“isto é o meu Sangue” significam “isto sou eu todo, com o que tenho,
com o que sou, com o que vivi e com o que morri, com o que amei e com o
que sonhei, e agora entrego a vós e por vós”.
Que podemos dizer, senão, simplesmente:
Obrigado, Senhor, por esse amor tão grande que O fez se entregar a nós
assim, totalmente! Dê-nos a graça de, recebendo Seu Corpo e Sangue,
plenos do Espírito Santo, na força do mesmo Espírito, fazer de nossa
vida uma entrega ao Senhor e a todos os irmãos e irmãs. Ensina-nos a ser
para os outros pão repartido e dado por amor, a fim de que, um dia,
possamos chegar ao Pai do Céu, onde viveremos e reinaremos em comunhão
com o Espírito Santo pelos séculos dos séculos! Amém.
Padre Bantu Mendonça- Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário