A cura do paralítico nos é
contada também pelos evangelistas Marcos (2,1-12) e Lucas (5,17-26). No
entanto, Mateus apresenta essa história com mais particularidades.
Na sua versão, Mateus estiliza a cena
reduzindo-a ao essencial, omitindo todos os particulares. A chave para
descobrir sua intenção está nas palavras de Jesus: “Vendo a fé daquela gente, Jesus disse ao paralítico: ‘Meu filho, coragem! Teus pecados te são perdoados’”. Neste texto, Mateus quer afirmar que Jesus tem o poder de perdoar os pecados. A cura do paralítico comprova esse poder.
Além de ter o poder de perdoar os
pecados, Jesus demonstra ter um poder mais forte de penetrar os
pensamentos dos escribas, sem que alguém Lhe contasse, e disse-lhes: “Por que pensais mal em vossos corações?”.
Por sua vez, Jesus possui um conhecimento
sobre-humano, sobrenatural, doado a Ele pelo Espírito Santo. Em outros
momentos, Ele dirá: “Vocês veem as aparências. Eu vejo o coração”. Este
conhecimento sobrenatural do Senhor demonstra que Ele tem também uma
dignidade única e que justifica o Seu poder também único, aquele de
perdoar os pecados.
Quando Jesus quer demonstrar que tem
poder sobre o pecado, o paralítico passa para o segundo plano, como se
não Lhe interessasse mais a cura daquele homem, mas sim nosso
conhecimento de que o Filho do Homem tem o poder de perdoar os pecados.
A razão da cura do paralítico, o qual ouviu as palavras de Jesus: “Levanta-te, toma a maca e volta para tua casa”, é demonstrar a saúde eterna; o perdão dos pecados é mais importante do que a saúde do corpo.
Mateus, além de demonstrar o poder de
Jesus, quer realçar a fé daquela multidão que se aproximou d’Ele,
atraída a Ele justamente por causa deste poder. Fé tão grande que venceu
todas as dificuldades. Fé que é confiança ilimitada no poder de Jesus,
posto a serviço do ser humano.
O poder que o Senhor Jesus tem de perdoar
os pecados foi passado aos seus discípulos-apóstolos, quando, ao
ressuscitar dos mortos e aparecendo-lhes, disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós”. Depois destas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: “Recebei
o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (João 20, 21-23).
Jesus pergunta a Pedro: “No dizer do povo, quem é o Filho do homem?” E aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Respondeu Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo”. Então, Jesus disse a Pedro: “Tu
és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos
céus: Tudo o que ligares na Terra, será ligado nos céus, e tudo o que
desligares na Terra, será desligado nos céus” (Mt 16,13-19).
Portanto, a Igreja de Cristo – e nela os
homens escolhidos por Ele – tem a missão de administrar o sacramento do
perdão. Não são eles que perdoam, mas é o Senhor que o faz na pessoa do
sacerdote. Este poder de perdoar os pecados é inseparável da pessoa de
Cristo e da Sua Igreja una, santa, católica e apostólica.
Pai, que minha fé, ilimitada em Seu Filho
Jesus, seja penhor de perdão e cura. Que o perdão do Senhor me cure a
partir do meu interior.
Padre Bantu Mendonça- Canção Nova
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