Jesus faz com que os Seus discípulos
sintam a grandeza do dom recebido. Ele não lhes fala do Reino de Deus em
parábolas, pois estas velavam uma doutrina que a interpretação de
muitos poderia deturpar em sentidos nacionalista e material. A eles,
dóceis e humildes, Jesus comunicava a interpretação exata das parábolas:
a felicidade e a salvação são para todos, acima de tudo para os
oprimidos, os frágeis, as mulheres, os excluídos, os pequeninos, os
estrangeiros e os pobres; a origem desta redenção eterna é Deus, que Ele
anuncia como Pai, Filho e Espírito Santo.
Sem dúvida, Ana e Joaquim pertenciam ao
grupo de judeus piedosos que esperavam a consolação de Israel, e a eles
foi dada uma tarefa especial na história da salvação: foram escolhidos
por Deus para gerar a Imaculada que, por sua vez, é chamada a gerar o
Filho do Senhor.
Estamos, hoje, celebrando o dia de São
Joaquim e Sant’Ana, os pais da Bem-Aventurada Virgem Maria. Esta não
podia deixar de irradiar a graça totalmente especial da sua pureza, a
plenitude da graça que a preparava para o desígnio da maternidade
divina.
Podemos imaginar quanto estes
pais receberam dela, ao mesmo tempo que cumpriam seu dever de
educadores. Mãe e filha estavam unidas não apenas por laços familiares,
mas também pela comum expectativa do cumprimento das promessas, pela
recitação multiforme dos Salmos e pela evocação de uma vida entregue a
Deus.
Sant’Ana e São Joaquim são modelos por
sua santidade vivida em idade avançada. Em conformidade com uma antiga
tradição, eles já eram idosos quando lhes foi confiada a tarefa de dar
ao mundo, conservar e educar a Santa Mãe de Deus.
Na Sagrada Escritura, a velhice é
circundada de veneração (cf. 2 Mac 6, 23). O justo não pede para ser
privado da velhice e do seu peso; ao contrário, ele reza assim: “Vós
sois a minha esperança, a minha confiança, Senhor, desde a minha
juventude… Agora, na velhice e na decrepitude, não me abandoneis, ó
Deus, para que eu narre às gerações a força do vosso braço, o vosso
poder a todos os que hão-de vir” (Sl 71 [70], 5-18).
Com a sua própria presença, a pessoa
idosa recorda a todos, de maneira especial aos jovens, que a vida na
terra é uma “curva”, com um início e um fim. Para experimentar sua
plenitude, ela nos exige a referência a valores não efêmeros nem
superficiais, mas sólidos e profundos.
Infelizmente, um elevado número de jovens
do nosso tempo são orientados para uma concepção da vida em que os
valores éticos se tornam cada vez mais superficiais, dominados como são
por um hedonismo imperante. O que mais preocupa é o fato de que as
famílias se desagregam à medida em que os esposos atingem a idade
madura, quando teriam maior necessidade de amor, de assistência e de
compreensão recíproca.
Os idosos que receberam uma educação
moral sadia deveriam demonstrar, mediante a sua vida e o próprio
comportamento no trabalho, a beleza de uma sólida vida moral. Deveriam
manifestar aos jovens a profunda força da fé, que nos foi transmitida
pelos nossos mártires, e a beleza da fidelidade às leis divinas da moral
conjugal.
Teremos nós os olhos e os ouvidos abertos
para reconhecer um mistério tão excelso? Peçamos a Sant’Ana e a São
Joaquim não só para ver e ouvir a mensagem de Deus, mas, inclusive, para
participar dela com amor pelas pessoas com as quais nos encontrarmos,
no Seu amor, em particular transmitindo luz e esperança a todas as
nossas famílias. Confiemos, de maneira especial a Sant’Ana, as mães,
sobretudo as que são impedidas na defesa da vida nascente ou que
encontram dificuldades para criar e educar os seus filhos. Louvor e Glória ao Senhor!
Padre Bantu Mendonça-Canção Nova
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