Como bom judeu num dia de sábado, Jesus entra na sinagoga de
Cafarnaum e começa a ensinar os Seus discípulos que, por falta de
conhecimento científico, – não só neles mas também para todas pessoas do
seu tempo e a ignorância sobre o funcionamento do corpo humano – fazia
com que se atribuísse aos demônios algumas enfermidades. Tal fenômeno
acontecia, sobretudo, com os transtornos psíquicos, as enfermidades
mentais, nas quais o modo de agir do enfermo – gritos, falta de controle
dos movimentos, ataques – era o que mais chamava a atenção.
É neste ambiente que surge o homem que Lucas nos descreve como sendo possuído por demônio e que levantando a voz grita: “Ei,
Jesus de Nazaré! O que você quer de nós? Você veio para nos destruir?
Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!”
A palavra “louco” era o equivalente a dizer “endemoniado”. Passando a
ser o mesmo que dizer “impuro”, ou seja, possuído por um espírito
impuro, o diabo.
O impuro é o que está carregado de forças perigosas e desconhecidas,
como o puro é o que tem poderes positivos. Quem se aproxima do impuro,
não pode aproximar-se de Deus. E por isso todos fugiam deste homem
segundo a lei latente no livro do Levítico.
À medida em que o povo foi evoluindo de uma religião mágica para uma
religião de responsabilidades pessoais, essas ideias foram caindo em
desuso. E Jesus abole de uma vez por todas esta lei. E o que prova isto é
que a cerimônia do exorcismo acontece dentro da sinagoga para fazer
entender que também o excluído do povo tinha direito de se salvar porque
é filho de Deus. Também poderia participar da mesa dos filhos, e
poderia falar com Deus na oração. É membro do corpo místico de Cristo, é
membro da Igreja.
O fato da cena acontecer no interior da sinagoga é que é nela que se
reunia todo o povo aos sábados para assistir a oração e escutar o
rabino, ou qualquer outro que quisesse fazer o comentário dos textos da
Escritura que se havia lido. Era um lugar familiar, mais popular e mais
leigo, já que nela se podia falar livremente, interromper, e não era
necessária a presença de nenhum ministro sagrado. O rabino era um
mestre-catequista.
E Jesus aproveita esta familiaridade para incluir o irmão através da expulsão do demônio: “Cale a boca e saia deste homem!” Diante de todos, ao que o demônio obedece e sai.
Sem querer chegar ao conceito “puro-impuro” dos tempos antigos,
muitos enfermos do tipo subnormais, drogados, adúlteros, alcoólatras
etc, estão hoje marginalizados da comunidade. Os sadios se safam deles,
querem escondê-los como uma vergonha familiar, não se lhes dão
oportunidades de reabilitação para que possam contribuir para a
sociedade. São verdadeiramente os “novos impuros”.
Qual tem sido a sua posição ante o seu parente que vive esta
situação? Não se esqueça que o sinal de Jesus, neste Evangelho de hoje, é
sinal de que a Casa de Deus, a comunidade cristã, está aberta também
para esses homens e mulheres diminuídos. É sinal de Salvação: Deus
valoriza e tem para eles um lugar e uma missão. Basta que você lance
“mão à obra” e se converta em verdadeiro discípulo e missionário de
Jesus Cristo. E a notícia de Jesus se espalhará por toda a parte,
fazendo com que haja um só Pastor e um só rebanho no mundo inteiro. Louvor e Glória ao Senhor!
Padre Bantu Mendonça- Canção Nova
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