Conforme a Lei, sobre a mulher gestante incidiam várias exigências a
serem cumpridas quando do nascimento da criança. A consagração dos
primogênitos era feita no ato da circuncisão, no sexto dia do nascimento
(Ex 22,28s; Lv 12,3). A purificação da mãe acontecia trinta e três dias
depois da circuncisão.
No Templo de Jerusalém, por ocasião da purificação de Maria, o justo
Simeão profetiza sobre o menino Jesus, que será sinal de contradição.
Uma das características marcantes de Jesus em seu ministério foi o
conflito com as tradições da Lei e com os chefes religiosos. O empenho
em libertar os pequenos e humildes oprimidos sob o jugo da Lei levou-o à
morte de cruz, momento culminante em que uma espada traspassa a alma de
sua mãe.
A Igreja, hoje, revive o mistério da Apresentação de Jesus no Templo.
Revive-o com a admiração da Sagrada Família de Nazaré, iluminada pela
plena revelação daquele “Menino” que é o juiz escatológico prometido
pelos profetas (cf. Ml 3,1-3), o “Sumo Sacerdote misericordioso e fiel”,
que veio para “expiar os pecados do povo” (Hb 2,17).
O Menino, que Maria e José levam com emoção ao Templo, é o Verbo encarnado, o Redentor do homem, da história!
Também nós somos convidados a entrar no Templo, para meditar sobre o
mistério de Cristo, Filho Unigênito do Pai que, com a sua Encarnação e a
sua Páscoa, tornou-se o primogênito da humanidade redimida.
“Luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel”
(Lc 2, 32). Estas palavras proféticas são proferidas pelo velho Simeão,
inspirado por Deus quando toma o Menino Jesus nos seus braços. Ele
preanuncia ao mesmo tempo em que “o Messias do Senhor” realizará a sua
missão como um “sinal de contradição” (Lc 2, 34). Quanto a Maria, a Mãe,
também Ela participará pessoalmente na paixão do seu Filho divino (cf.
Lc 2, 35).
O ícone de Maria que contemplamos enquanto oferece Jesus no Templo,
prefigura o ícone da Crucifixão, antecipando também a sua chave de
leitura, Jesus, Filho de Deus, sinal de contradição. Com efeito, é no
Calvário que alcança o seu cumprimento a oblação do Filho e, unida a
esta, também a da Mãe. A mesma espada atravessa ambos, a Mãe e o Filho
(cf. Lc 2, 35). A mesma dor, o mesmo amor.
Ao longo deste caminho, a Mãe de Jesus tornou-se Mãe da Igreja. A sua
peregrinação de fé e de consagração constitui o arquétipo para a
peregrinação de cada batizado. Como é consolador saber que Maria está ao
nosso lado, como Mãe e Mestra, no itinerário de nossa vida de
batizados! Além do plano afetivo, encontra-se ao nosso lado mais
profundamente na eficácia sobrenatural demonstrada pelas Escrituras,
pela Tradição e pelo testemunho dos santos, muitos dos quais seguiram
Cristo no caminho exigente dos conselhos evangélicos.
Cada ano, no Tempo Litúrgico do Natal, recorda-se a imensidão do amor
de Deus por nós. É preciso acreditar e viver esse amor e a ele
entregar-se sem reservas. Assim como Simeão realizou sua esperança,
também nós podermos contar sempre com a presença redentora de Cristo.
Deixemos, pois, que Deus nos ame, para que sejamos, de fato,
transformados, pois Ele continua amorosamente presente no meio de nós. Louvor e Glória ao Senhor!
Padre Bantu Mendonça- Canção Nova
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