Jesus ao tornar-se homem, assumiu de fato à condição dos mais pobres entre os seres humanos
“Vigiai e orai para que não entreis em tentação. Pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14,38).
Por que será que Jesus
escolheu como apóstolos somente pessoas simples e sem nenhuma grande
formação religiosa no judaísmo? Exatamente porque o grupo de seus
seguidores era formado por pessoas simples e humildes, gente sem
instrução e, muitas vezes, marginalizada em geral.
Aliás, além da lista pouco
recomendável que aparece em sua genealogia, seus primeiros adoradores
foram pessoas simples ou pessoas que vieram de muito longe para
conhecê-lo. É o caso dos magos que vieram do Oriente para adorar o
menino que tinha acabado de nascer. Engraçado. Herodes, que vivia tão
perto de Belém, ficou apavorado só com a notícia do nascimento de Jesus.
Os magos, que segundo a tradição, eram reis em seus países, vieram de
longe para oferecer seus presentes.
Herodes ficou com medo de
perder seu poderio. Aliás, todos aqueles que baseiam sua vida no poder,
vivem no temor e na angústia. Estão sempre tentando proteger seu poder,
porque, sem o poder, não são absolutamente nada.
Jesus ao tornar-se homem,
assumiu de fato à condição dos mais pobres entre os seres humanos. Nasce
num curral, no meio de bois e de outros animais. Logo em seguida é
levado como fugitivo para o Egito, porque Herodes queria matá-lo. Depois
passará sua infância, adolescente e juventude em Nazaré da Galiléia, um
lugar tão simples que Natanael chega a perguntar: “Pode, porventura,
vir coisa boa de Nazaré?” (Jo 1,46).
Jesus é o filho do
carpinteiro. Não estudou nas escolas dos mestres e nem dos rabinos.
Viveu simples e obediente aos pais até os trinta anos, quando começou
sua vida pública, sendo batizado por João Batista nas águas do Rio
Jordão. Se João oferecia um batismo de conversão, porque Jesus precisou
ser batizado? Ele não precisou. Ele quis ser batizado para se fazer
igual a todos os pecadores e marginalizados. Do mesmo modo que faz a
experiência do batismo, passa pela tentação, assumindo em si toda a
condição humana, menos o pecado.
De Nazaré, com cerca de
trinta anos, Jesus vai morar em Cafarnaum, uma cidade situada às margens
do mar da Galiléia. Para seu ministério era um lugar muito estratégico.
Ali começa a chamar seus primeiros discípulos, entre os quais os seus
apóstolos. Dali, “Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas suas
sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as doenças e
enfermidades entre o povo. Sua fama espalhou-se por toda a Síria:
traziam-lhe os doentes e os enfermos, os possessos, os lunáticos, os
paralíticos, e ele curava a todos” (Mt 4,23-24).
Com Jesus o Reino de Deus
chega ao coração de todas as pessoas. Não é mais necessário passar pelo
complicado esquema, reservado para alguns privilegiados, que poderiam ir
até Jerusalém, oferecer sacrifícios para ver se atrairiam para si as
graças de Deus. Com Jesus a graça de Deus vem de graça. Ele é a Graça em
pessoa e permite que esta graça chegue ao coração de cada um, por pior
que a pessoa seja ou possa ter sido.
Os felizes de seu Reino
não são os ricos e poderosos, mas os que tem um coração de pobre, os que
choram, os mansos, os que tem fome e sede de justiça, os
misericordiosos, os puros de coração, os pacíficos e até mesmo aqueles
que são perseguidos por causa da justiça, ou que forem caluniados por
causa do Evangelho (cf. Mt 5,1-11).
Com Jesus chega ao coração
da humanidade o jeito de pensar, de amar e de agir do próprio Deus. Ele
é o perdão, o acolhimento pleno, o pai de todos. É o Deus Plural, o
Nosso, e não um deus privilegiado para alguns privilegiados. Com Jesus a
humanidade toca em Deus e pode ser tocada por ele. Por isso tanta gente
simples e pecadora começam a seguir esse homem de Deus, que era Deus
feito homem.
Do Livro Corações Curados de Pe. Leo
Fonte: bethania
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