“Sem o rosto jovem a Igreja se apresentaria desfigurada” -Bento XVI
por Padre Geovane Saraiva*
Na Igreja tivemos a força de uma figura
humana fascinada por Deus e suas criaturas, que exerceu tal fascínio
vendo Deus através juventude empobrecida do seu tempo. Trata-se do dom
maravilhoso de São João Bosco, italiano de Turim (1815-1888), uma das
pessoas mais populares da nossa civilização cristã. Seu grande e maior
legado foi de se preocupar com a educação integral dos jovens, num tempo
em que essa porção da sociedade começava a ser profundamente atingida
por perigos de toda natureza; quis ele ser apóstolos dos jovens. Para
bem desempenhar sua missão libertadora em favor dessa gente tão querida
por Deus, jamais lhe faltaram sabedoria e dons humanos e sobrenaturais.
Jesus, o bom Pastor, iluminou sua inteligência e a modelou, de modo que,
foi levado a conhecer e a amar o Senhor, como tão bem expressa o Salmo:
“Fazei brilhar sobre nós, Senhor, a luz da vossa face” (Sl 4, 7).
Ele pensava de ser sacerdote e sempre
afirmava: “Quando crescer quero ser sacerdote para tomar conta dos
meninos. Os meninos são bons; se há meninos maus é porque não há quem
cuide deles”. A Divina Providência atendeu os seus anseios. Em 1835
entrou para o seminário de Chieri, perto de Turim, Itália.
Ordenado Sacerdote no dia 05.06 1841,
logo deu provas do seu zelo apostólico. No dia 8 de dezembro do mesmo
ano iniciou o seu apostolado juvenil em Turim, catequizando um humilde
rapaz de nome Bartolomeu Garelli. É aí que iniciou a origem de sua
grande obra, que nós a conhecemos como os oratórios salesianos
destinados aos jovens pobres, em tempos difíceis. Sua intenção era de
ampará-los, preservando-os da ignorância religiosa e de todo tipo mal
que os envolviam. Em 1846 estabeleceu-se definitivamente em Valdocco,
bairro de Turim, onde fundou o Oratório de São Francisco de Sales.
Ao oratório juntou uma escola
profissional, depois um ginásio, um internato etc. Em 1855 deu o nome de
Salesianos aos seus colaboradores, fundando assim, em 1859, com os seus
jovens salesianos a Sociedade ou Congregação Salesiana, que para eles
foi pai e guia no caminho da salvação, sempre pronto a prevenir em vez
de reprimir. Criou ainda a Associação dos Cooperadores Salesianos, como
prodígio da providência divina. Podemos, evidentemente, contemplar todo
trabalho de Dom Bosco como hino de louvor, com um poema de Deus Pai, que
tem sua razão ser, na firmeza de sua fé, esperança e caridade.
Amou em profundidade a criatura humana,
com um carinho especial para com os jovens de seu tempo, a ponto de
sensibilizá-los através de seus pensamentos e frases, a saber: “Basta
que sejam jovens para que eu vos ame”. “Prometi a Deus que até meu
último suspiro seria para os jovens.”, “O que somos é presente de Deus;
no que nos transformamos é o nosso presente a Ele”, “Ganhai o coração
dos jovens por meio do amor”, “A música dos jovens se escuta com o
coração, não com os ouvidos”.
O método educativo e apostólico de Dom
Bosco se inspirou num humanismo cristão, buscando motivações e energia
nas fontes da sabedoria evangélica, de partilhar em tudo a vida dos
jovens; para isto concretizou seu desejo, abrindo escolas de
alfabetização, artesanato, casas de hospedagem, ambiente de diversão,
com catequese e qualificação profissional. E é exatamente por isso que a
Igreja reza: “Ó Deus que suscitastes São João Bosco para educador e pai
dos adolescentes, fazei que, inflamados da mesma caridade, procuremos a
salvação de nossos irmãos” (Missal Romano, pg. 546).
O uso didático de suas frases e
pensamentos, relacionados aos meninos pobres dos oratórios, padres e
irmãs, que se tornaram seus parceiros e colaboradores, foram de uma
vitalidade tal, que o tornou um extraordinário benfeitor da humanidade.
Embora os seus pensamentos sejam do século XIX, os temos como atuais e
profundamente carregados de sabedoria, demonstrando o imenso carinho que
Dom Bosco nutriu pelos jovens. Tratando-os jamais como um problema, mas
como uma solução, tornando-se patrimônio da humanidade, na sua larga
visão do mundo, dentro de uma realidade desafiadora, olhando para o
futuro.
De estatura atlética, memória
descomunal, inclinado à música e a arte, Dom Bosco tinha uma linguagem
fácil, espírito de liderança, além de ser um escritor de raríssima
qualidade. O grande apóstolo da juventude partiu para o céu aos 31 de
janeiro de 1888, na cidade de Turim, deixando indelevelmente sua marca
espalhada por diversos países da Europa e da América. Sua vida e seu
ideal perseguido foi o do amor ao próximo, como costumava afirmar que
Deus o chamou e o colocou no mundo, não para viver para si e sim para
Ele, através do próximo, vendo com os próprios olhos sua obra crescer e
prosperar. Ele mesmo enviou seus filhos salesianos em 1883, para fundar o
Colégio Santa Rosa em Niterói, primeira casa salesiana do Brasil, de
ensino fundamental. A segunda casa dos filhos de Dom Bosco, foi em 1886,
com a fundação do Liceu Coração de Jesus, na cidade de São Paulo.
Homem que marcou em profundidade uma
época, até mesmo com visões e sonhos. Ele que viveu na Itália, teve
visões reveladoras, inclusive o grande sonho que viria a ser revelado,
tornando-se realmente importante nas últimas decisões de Juscelino
Kubitschek, no que diz respeito à construção da Capital Federal no
Planalto Central. No seu sonho, revelou que foi arrebatado pelos anjos,
entre os paralelos 150 e 200 graus, onde havia uma enseada bastante
extensa e larga, partindo de um ponto onde se formava um lago. Eis o
sonho do Dom Bosco, verdade ou não, a cidade de Brasília, tornou-se
realidade.
Fonte: Arquidiocese de Fortaleza
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