sábado, 27 de abril de 2013

Seminário de Catequese e Povos Indígenas discute Iniciação Cristã e diálogo inter-religioso

O segundo dia de atividades no Seminário Nacional de Catequese e Povos Indígenas, que acontece em Manaus (AM), iniciou nesta sexta, 26, com uma oração. A reflexão sobre o Evangelho do dia ficou a cargo do catequista João Batista da Silva, indígena da Raposa Serra do Sol em Roraima, seguida de aspersão com água abençoada pelos próprios indígenas.
João Batista é catequista há 55 anos e se diz confiante na fé e esperança de receber o prêmio celestial de Jesus Cristo. “Temos consciência de que o Senhor está presente em todos os momentos, não importa onde estivermos, nos rios, nas florestas, nas matas ou no lavrado”. E acrescentou: “alegro-me como os irmãos missionários que acreditam na fé cristã dos indígenas. Através da cultura, costumes, religião, cantos e danças, pintura louvamos a Deus do nosso jeito”.
Josenilson Bezerra Madeira, outro líder macuxi, coordenador de 300 catequistas na Raposa Serra do Sol falou da resistência do seu povo. “Apesar das ameaças que sofremos, para sermos independentes dos políticos, cultivamos nossa plantação na roça e cuidamos da criação de gado. Nós macuxi que vivemos nessa região, além da nossa religião católica, temos a nossa organização. Apesar das diferenças na religião e organização temos ali nossos missionários que são nossos amigos, irmãos, companheiros de luta a favor das questões indígenas. Eles nos mostram o caminho e juntos dizemos: a luta continua”. E acrescentou: “os missionários quando chegam para trabalhar com os povos indígenas não chegam porque sabem muita coisa, mas para aprender, até mesmo os profissionais”, concluiu o catequista.
O tema da Iniciação Cristã foi abordado pelo padre Luiz Lima, Sdb, (foto) que iniciou sua exposição dizendo aos povos indígenas: “vocês têm em vossa cultura uma verdadeira iniciação”. Em seguida perguntou: “o que é iniciação na vida dos povos indígenas? Temos dificuldade de entender iniciação porque não entendemos o que é mistério”, explicou. Segundo padre Lima, o Mistério está relacionado aos mistérios da vida, isto é, aos ritos presente nas religiões, num movimento para dentro, num mergulho. Observou ainda, que “a catequese não é somente ensino de doutrina cristã, mas muito mais que doutrina. É iniciação e isso já está presente na vida e cultura de tantos povos”. Para finalizar o conferencista colocou a seguinte questão: “é a catequese indígena que deve converter a nossa catequese de branco ou o contrário?”
A segunda conferência versou sobre diálogo inter-religioso e intercultural na perspectiva da teologia índia. As reflexões foram feitas pelo padre mexicano, Eleazar Lopes. “Teologia índia é a sabedoria dos povos indígenas deste continente sobre Deus”, afirmou o teólogo. “Esta teologia tem sido rechaçada pela Igreja porque não coincide com a teologia clássica. Sem dúvida, a teologia índia pode ajudar a Igreja a recuperar sua simplicidade original e resgatar o mais profundo da proposta de Jesus Cristo”, ponderou.
Com informações de Dirce Gomes, em Manaus (AM).Fonte: POM

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