terça-feira, 17 de março de 2015

Campanha da Fraternidade

Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)

A Campanha da Fraternidade teve sua origem na Arquidiocese de Natal, no ano de 1961. Padres daquela Arquidiocese idealizaram uma campanha durante a Quaresma daquele ano, em favor das atividades assistenciais e promocionais desenvolvidas, a fim de arrecadar fundos para manutenção das mesmas. Tal iniciativa foi o embrião da Campanha da Fraternidade estendida a toda a Igreja no Brasil.

Ela tem como objetivos permanentes: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em particular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade a partir da justiça e do amor, exigência central do Evangelho; renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária.
A cada ano a Campanha da Fraternidade aborda um tema com forte incidência sobre a vida social. Assim, ao longo dos anos, a Campanha contribuiu para evidenciar situações que causam sofrimento e morte no seio da sociedade brasileira, nem sempre percebido por todos.
Assim, também, contribui para que o chamado à conversão próprio da Quaresma se estenda ao âmbito comunitário e social, despertando as consciências para as graves situações de injustiça, dor, sofrimento e morte existentes, tendo em vista ações transformadoras. Trata-se de um modo privilegiado de fazer a Páscoa repercutir ainda mais no seio da sociedade, gerando fraternidade e vida.
Passado mais de meio século, pode-se constatar que a Igreja, também por meio da Campanha da Fraternidade, vem exercendo sua missão de anunciar Jesus Cristo, compromissada com a caminhada histórica do povo brasileiro, apontando para a superação de situações marcadas por injustiças e iluminando a vida de todos com a fraternidade, em vista da construção de uma sociedade de irmãos e irmãs.
‘Ao longo de uma história de solidariedade e compromissos com as incontáveis vítimas das inúmeras formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece servidora do Deus da vida’. Isso porque existe uma profunda ligação entre evangelização e promoção humana e cuidado pela vida em todas as suas expressões.
A Igreja possui uma missão que lhe é própria: anunciar o Evangelho a toda criatura. Sabe também da responsabilidade que tem de colaborar com a sociedade. Por isso, ela atua em favor de tudo o que eleva a dignidade humana, consolida a coesão social e confere sentido mais profundo à atividade humana. Dessa forma ela colabora para tornar mais humana a família humana e a sua história.
A Campanha da Fraternidade é uma iniciativa privilegiada para que sejamos recordados de que não podemos descuidar de nossos deveres temporais, faltando com os deveres em relação ao próximo e com o próprio Deus.
Os critérios da dignidade humana, do bem comum e da justiça social norteiam o diálogo e a colaboração da Igreja para com a sociedade. É por esses mesmos critérios que a Igreja pauta sua própria atuação, enquanto força de transformação deste mundo à luz do Reino de Deus, anunciado e mostrado presente por Jesus Cristo.
A Campanha da Fraternidade visa a despertar e nutrir no seio de toda a sociedade o espírito comunitário e a verdadeira solidariedade na busca do bem comum, educando para a vida fraterna, a justiça e a caridade, exigências éticas centrais do Evangelho. Assim, a cada ano, através dessa iniciativa, nos é oferecida a oportunidade de integração neste belo momento de comunhão eclesial.
A Igreja, também através da Campanha da Fraternidade 2015, deseja colaborar para despertar a consciência de que as estruturas, as normas, a organização da sociedade devem estar verdadeiramente a serviço de todos; deseja, sobretudo, contribuir para que a festa da Páscoa se torne sempre mais a festa da ‘vida em plenitude para todos’!
 Fonte: CNBB

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