sábado, 17 de outubro de 2015

Arcebispo de Fortaleza convoca presbíteros para o retiro espiritual

Acontecerá de 19 a 23 de outubro de 2015 o RETIRO ESPIRITUAL  ANUAL do presbitério Arquidiocesano de Fortaleza. O local do evento será a pousada dos capuchinhos, em Guaramiranga.
Informações pelo fone (85) 4005-7860, com Maria de Jesus

Dados sobre o Sínodo

padre-Brenda20014 de Outubro
Há 270 padres sinodais com direito a voto na 14ª. Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada às questões da família, que vai decorrer entre os dias 4 e 25 deste mês. A lista inclui delegados eleitos por mais de 110 conferências episcopais e os chefes das Igrejas Orientais com direito próprio, além de 10 religiosos eleitos pela sua União de Superiores Maiores. Os participantes com direito a voto são provenientes dos cinco continentes: 54 da África, 64 da América, 36 da Ásia, 107 da Europa e 9 da Oceânia. Os bispos brasileiros com direito a voto são: Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília; Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari; Dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo de Mariana; Cardeal Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo; Cardeal Raymundo Damacendo Assis, arcebispo de Aparecida; e Dom Sérgio Eduardo Castriani, arcebispo de Manaus.
Entre os participantes estão também os 25 presidentes dos Dicastérios da Cúria Romana, o secretário-geral e o subsecretário do Sínodo dos Bispos, bem como 45 cardeais, bispos e padres selecionados pelo Papa, que aprovou ainda a escolha de 24 peritos e 51 ouvintes, lote no qual se incluem 18 casais de vários países. Entre os peritos está o religioso brasileiro António Moser, especialista em teologia moral. Os trabalhos estão sendo divididos em três semanas, abordando cada uma das partes do instrumento de trabalho (desafios, vocação e3 missão da família) com intervenções gerais e 13 sessões de trabalho de grupo semanais cujas conclusões serão publicados.
Cada um dos 318 participantes com direito à palavra tem 3 minutos para intervir nas chamadas congregações gerais, que são 18 no total. No final destas três etapas, uma comissão vai elaborar um projeto de relatório final, que é depois votado pelos participantes a 24 de outubro. Esse texto é depois apresentado ao papa Francisco, a quem compete tomar as decisões relativas a estas propostas. O Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa Francisco, a quem compete tomar as decisões relativas a estas propostas. O Sínodo dos Bispos, convocado pelo Papa, pode ser definido em termos gerais como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo. Até hoje houve 13 assembleias gerais ordinárias e três extraordinárias, a última das quais em outubro de 2014.
Fonte: Agência Ecclesia Vaticana.
                                                Pe. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e Assessor da CNBB Reg. NE1

Nossa sede de felicidade

Por Padre Geovane Saraiva*
geovane200Há cinco séculos nascia Teresa D’Ávila (15/10/1515), mulher que encontrou, em Deus, seu único e maior tesouro, que a fez santa e sábia. Agradecidos pelo dom indizível da vida dessa mulher, por excelência descomunal e atemporal, saibamos suplicar do alto os dons indispensáveis em uma íntima reflexão sobre o absoluto de Deus, no sentido de descobrir o mesmo tesouro por ela encontrado. Na exortação do 28º Domingo Comum, que precede sempre a oração do Angelus (11/10/2015), o Santo Padre, no seu dever de interpretar autenticamente o Evangelho (Mc 10, 17-30), na condição de Sumo Pontífice, falou de algo incalculável e indescritível, do desapego às falsas riquezas, como condição sine qua non, para que os cristãos entrem na lógica da verdadeira vida e descubram seu maior tesouro, asseverando: “Que Nossa Senhora nos ajude a abrir o nosso coração ao amor de Jesus; somente ele pode satisfazer nossa sede de felicidade. E eu pergunto a vocês, jovens, meninos e meninas, que estão agora na praça: vocês sentiram o olhar de Jesus sobre vocês? O que vocês responderão a Ele? Preferem deixar esta praça com a alegria que Jesus nos dá ou com a tristeza no coração que o mundo nos oferece?”.
Temos consciência de que todo ser humano, por decisão de Deus, chega a este mundo com uma vocação primeira e fundamental, que é da sua própria existência. Vocação para ser gente, para ser criatura humana. Por isso mesmo é que é muito importante pensar naquilo que nos é proposto durante a trajetória de nossa vida. Cícero, o maior orador romano, ao tratar sobre a idade da vetustez, que significa mais do que velhice ou idade avançada, quer dizer reverência e respeitabilidade, afirmou: “Vivi de tal forma que sinto não ter nascido em vão”. À medida que o ser humano entende que é necessário percorrer com muita disposição o seu percurso natural, interiormente, cresce e se realiza, encontrando-se consigo mesmo e integrando-se na comunidade, na qual está inserido, oferecendo generosamente sua contribuição através da missão, que é servir e testemunhar, de acordo com a Boa-Nova: “Quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos” (Mc 16, 44).
Não nascer em vão, à medida que haja um esforço de se vivenciar os três olhares de Jesus de Nazaré no Evangelho acima mencionado, na reflexão do Papa Francisco, vemos que Jesus se volta para o jovem com um olhar de ternura e afeto, fazendo-lhe uma proposta concreta: dar todos os bens aos pobres e depois segui-lo. Aquele senhor tem o coração dividido entre Deus e o dinheiro, e vai embora triste. Isso demonstra uma incompatibilidade entre a fé e o apego às riquezas. O Santo Padre se refere ao segundo olhar de Jesus como um olhar de advertência, ao se expressar: “Como será difícil para os que têm riquezas entrar no Reino dos Céus”. Agora, diante da admiração dos discípulos, Jesus dedica-lhes um olhar de encorajamento, dizendo que a salvação é “impossível aos homens, mas não a Deus”. A privação dos bens dá-nos em troca o verdadeiro bem – enfatizou o Romano Pontífice, na afirmação de que “há mais alegria em dar do que em receber” (At 20, 35). Se confiamos no Senhor, podemos superar todos os obstáculos que nos impedem de segui-lo no caminho da fé.
Francisco disse que o jovem não se deixou conquistar pelo olhar de amor de Jesus e, assim, tornou impossível uma mudança. Somente acolhendo com humilde gratidão o amor do Senhor, ficamos livres das seduções dos ídolos e da cegueira das nossas ilusões. O dinheiro, o prazer e o sucesso deslumbram, mas depois desiludem; prometem vida, mas trazem morte. O Senhor nos pede para nos desapegarmos dessas falsas riquezas, para entrarmos na vida verdadeira, na vida plena, autêntica, iluminada. Como é maravilhoso aprender, no final do Ano Jubilar dos 500 anos do nascimento de Santa Teresa de Jesus, dentro de um conjunto de iniciativas de âmbito espiritual e cultural, com exposições, cursos e peregrinações, indicando-nos um bem e tesouro maior: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque O veremos como ele é” (1 Jo 3, 2).
*Escritor, blogueiro, colunista, vice-presidente da Previdência Sacerdotal e Pároco de Santo Afonso, Parquelândia, Fortaleza-CE – geovanesaraiva@gmail.com

Carta aberta: Assembleia do Regional NE 1 da CNBB – O despertar da misericórdia

Pastoral-Carcerária1“Decidi convocar um Jubileu Extraordinário que tenha o seu centro na Misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da Misericórdia.” Foi com estas palavras que o Papa Francisco anunciou o Jubileu da Misericórdia, que terá início no dia 8 de dezembro de 2015 e se concluirá no dia 20 de novembro de 2016.
São várias as motivações elencadas pelo Papa para a proclamação deste Ano Santo. Na Bula intitulada Misericordiae Vultus (“O rosto da misericórdia”), o Pontífice se refere a todos aqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais e que, justamente por isso, necessitam de um olhar misericordioso por parte da sociedade e das nossas comunidades eclesiais.  E, com todo o carinho que lhe é peculiar, acrescenta: “O meu pensamento dirige-se também aos encarcerados, que experimentam a limitação da sua liberdade. O Jubileu constituiu sempre a oportunidade de uma grande amnistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade, oferecendo o seu contributo honesto. A todos eles chegue concretamente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais necessita do seu perdão”.
Na iminência do Ano Santo da Misericórdia, nós que fazemos a Pastoral Carcerária do Regional Nordeste 1 da CNBB e que assumimos a missão de sermos a presença de nossas Igrejas no mundo dos cárceres, nos sentimos profundamente animados com o testemunho e com a singela preocupação do Papa para com os encarcerados.
Conhecemos bem de perto a cruel realidade carcerária e sabemos o quanto é importante oferecer esse olhar misericordioso a todos àqueles que experimentam o drama da privação de sua liberdade, seja qual for a causa do encarceramento.
Fonte: Arquidiocese de Fortaleza

Infância Missionária

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
Neste domingo celebramos o Dia Mundial das Missões, com a mensagem do Papa Francisco comentando sobre a vida religiosa missionária, e o tema do Brasil sobre a Missão como serviço. É também o Dia da Obra Pontifícia da Infância Missionária.
Eu me recordo de que nos meus tempos de criança uma das revistas que nos alimentava na reflexão se chamava “ O pequeno missionário”, e que tanto bem me fez. Isso me remete a empreender uma reflexão sobre a Infância Missionária. 
Acrescento a isso a importância do nosso gesto concreto neste Ano da Esperança, que é a continuação das reuniões missionárias, neste mês levando a cruz em forma de chama para marcar nossa presença de evangelizadores. Daqui a dois meses aproximadamente estaremos dentro do Ano do Jubileu da Misericórdia. Creio que será muito bom meditar sobre a necessidade de nossa consciência sobre essa obra pontifícia.
A Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária (IAM) foi fundada por Dom Carlos Forbin Janson, Bispo de Nancy, França, em 19 de maio de 1843. Carlos Forbin Janson sempre se interessou muito pela realidade e evangelização dos povos. Já na adolescência manteve estreita ligação com os missionários da China. Seu desejo era ir à China e ser missionário com os missionários.
Era frequente receber cartas como estas, da qual transcrevemos algumas passagens: “Encontro-me rodeado, mesmo sem saber como, de uma dezena de crianças, umas de peito, outras de dois, três, quatro anos de idade, algumas cobertas de sarna, outras, de feridas. Os pobrezinhos já não têm o que comer e se cansam de chorar. É preciso conseguir comida para eles, e pagá-la... Enquanto isso, para não morrerem de fome, vejo-me obrigado a preparar-lhes eu mesmo um prato de farinha e açúcar, depois tento arranjar-lhes roupa, medicá-los, lavá-los, dar-lhes um teto, enfim, fazer às vezes de uma mãe... Deus concede-me as forças para sustentar tantas crianças, mas, se eu não for ajudado com alguma esmola, morrerei com eles”. "(...) falando de batizados, refiro-me a adultos. Na realidade, batizamos muitas crianças que são expostas diariamente nas ruas (...). Para nós, uma das primeiras preocupações é mandar todas as manhãs nossos catequistas para todos os arredores da cidade e batizar as crianças que ainda estão vivas. De 20 a 30 mil que são expostas cada ano, nossos catequistas conseguem batizar cerca de três mil".
De posse de informações a respeito do sofrimento de milhares de crianças, o bispo teve a inspiração de convocar as crianças católicas para se organizarem com o objetivo de prestar socorro às crianças nas mais tristes situações. Como fazer? Dom Carlos conversou com Paulina Jaricot. Ela, quando jovem, tinha dado início à Obra da Propagação da Fé. Ouvindo o plano de Dom Carlos, apoiou a ideia dele, e definiu essa iniciativa como "Obra da Propagação da Fé para as Crianças". Ela mesma expressou seu desejo de se alistar como primeira associada para a divulgação da Obra.
Era preciso fazer alguma coisa: Dom Carlos Forbin Janson resolveu convocar as crianças para socorrer as crianças. Propôs às crianças da França que ajudassem outras crianças recitando uma Ave Maria por dia e doando um dinheiro por mês; assim surgiu a Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária.
Dom Carlos tinha em mente visitar, uma após a outra, as nações da Europa, pregando esta nova cruzada de batismo, educação e resgate das crianças chinesas, e, uma vez garantida a Obra, embarcar ele próprio para aquele país, onde esperava que Deus lhe desse a graça de misturar seu sangue ao sangue dos outros mártires. Mas, esgotado com tanta atividade, sua saúde não resistiu, enquanto sua Obra se ia difundindo. No dia de sua morte repentina, em 11 de julho de 1844, a Obra da Santa Infância estava estabelecida em 65 dioceses. Hoje, a IAM está presente em todos os continentes, em mais de 130 países.
Em 1922, o Papa Pio XI a declarou Pontifícia, isto é, do Papa, e, portanto, de toda a Igreja, juntamente com as obras missionárias da Propagação da Fé e de São Pedro Apóstolo, às quais se uniu, em 1956 (Pio XII), a União Missionária, constituiu-se as Pontifícias Obras Missionárias. No Brasil, ela foi trazida por missionários franceses, em 1958. A partir de 1993, nas comemorações dos 150 anos de fundação, sua "chama ainda fumegante" readquiriu novo ardor, organizando-se e difundindo-se em todo o país.
Os protagonistas são as crianças e adolescentes, que se dedicam em favor das crianças do mundo inteiro, independentemente da cultura, raça ou religião. O nome “Infância e Adolescência Missionária” vem de uma devoção existente então na França: a infância do Menino Jesus. Por isto surgiu com o nome de “Santa Infância”.
É missionária porque educa as crianças no crescimento da fé, inserindo-as nas atividades missionárias numa dimensão universal. Pelo compromisso do batismo, vivem concretamente a experiência da partilha da fé e seus bens com todas as crianças do mundo.
É Pontifícia porque se diferencia de uma atividade apostólica transitória. Sua organização, a presença em todo o mundo, pelo seu testemunho e eficiência, tendo sido aprovada e assumida pelo Papa (Pio XI) como Obra evangelizadora a serviço de toda a Igreja.
Tem como finalidade suscitar o espírito missionário universal nas crianças, desenvolvendo-lhes o protagonismo na solidariedade e na evangelização e, por meio delas, em todo o Povo de Deus: "Crianças ajudam e evangelizam crianças". São crianças em favor de outras crianças. Tomando como exemplo a vida de Jesus e de seus discípu¬los, a Infância Missionária tem em Maria, a mãe de Jesus, uma fiel testemunha da autêntica ação evangelizadora. Inspira-se também em São Francisco Xavier e Santa Teresinha do Menino Jesus, Padroeiros das Missões. Ambos viveram ardentemente o carisma missionário universal, doando suas vidas pelo anúncio do Evangelho.
Embora a Obra tenha nascido para socorrer a triste situação das crianças chinesas, logo abriu seus horizontes para o mundo inteiro. O resgate, o batismo, o sustento e a educação das crianças dos povos que não conhecem Jesus Cristo foram, desde o início, os objetivos da Infância e Adolescência Missionária. Um plano ambicioso: prestar todos os socorros materiais, morais, intelectuais e religiosos de que necessitam as crianças de todos os lugares, culturas, raças e crenças.
 16 de Outubro
 Fonte: CNBB

Missão é Servir

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul (RS)
Conscientes de que a missão é parte inerente ao ser da Igreja, dedicamos o mês de outubro e, mais especificamente o terceiro domingo do mês, para o aprofundamento da dimensão missionária. Fazemos isso na convicção de que, conforme diz São Paulo “anunciar o Evangelho não é uma glória, mas sim uma obrigação que se me impõe” (1 Cor 9,16).
Em 2015, o tema do mês missionário liga serviço e missão, recordando que “quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos” (Mc 10,44). O tema está em sintonia com uma das insistências do Papa Francisco de que a Igreja deve sair e ir ao encontro das pessoas.  “Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo” (EG, 23).  A radicalidade desta afirmação está expressa nas palavras que do Papa: “prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG, 49).
Os campos da missão, hoje, conforme o Sínodo dos Bispos de 2012, tem como destinatários, em primeiro lugar, “as pessoas batizadas que, porém, não vivem as exigências do Batismo, não sentem uma pertença cordial à Igreja e já não experimentam a consolação da fé” (EG, 14). Em segundo lugar estão “aqueles que não conhecem Jesus Cristo ou que sempre O recusaram”. A todos eles devemos anunciar Jesus Cristo, “sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível” (EG, 14).
O mês de outubro deve servir para aprofundarmos a nossa missão no mundo, cientes de que a Igreja existe para anunciar e testemunhar o Reino de Deus. Por isso “não podemos ficar tranquilos em espera passiva em nossos templos, mas é urgente ir em todas as direções para proclamar que o mal e a morte não têm a última palavra, que o amor é mais forte, que fomos libertos e  salvos pela vitória pascal do Senhor da história, que Ele nos convoca em Igreja, e quer multiplicar o número de seus discípulos na construção do seu Reino” (DA, 548).
Aproveitemos, pois, este mês e particularmente o próximo final de semana para reavivarmos o nosso compromisso missionário. Rezemos por aquelas pessoas que estão nos campos de missão e colaboremos com o seu sustento através da coleta missionária que é feita neste final de semana. Acima de tudo, porém, aproveitemos o momento para exercermos a missão recebida de Jesus Cristo, anunciando a boa nova da salvação às pessoas que vivem próximas a nós, mas deixaram de se sentir pertencentes à Igreja e já não sentem o consolo da fé.
Fonte: CNBB

Igreja em saída, desafio

Dom Walmor Oliveira de Azevedo 
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
A expressão “Igreja em saída”, utilizada pelo Papa Francisco na Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, significa uma Igreja de portas abertas para acolher e, ao mesmo tempo, pronta para ir ao encontro do outro, capaz de chegar às periferias humanas. Nesse horizonte, o Documento de Aparecida, fruto da 5ª Conferência Latino-americana e Caribenha dos Bispos da Igreja Católica, sublinha a urgência de um despertar missionário, na forma de Missão Continental. A compreensão de uma “Igreja em saída”, em estado permanente de missão, decididamente depende da vivência do Evangelho, sempre Boa-Nova. Necessita de homens e mulheres renovados, que vivenciem essa tradição e novidade como discípulos de Jesus Cristo.
O núcleo central é, portanto, a fé no Deus amor. Eis o desafio: saber tratar a fé à luz da Palavra de Deus, instância com força de correção diante das complexidades da vida contemporânea. Desse modo, é possível tocar o núcleo existencial de cada pessoa e, assim, promover qualificação, constituir sólido alicerce para escolhas que garantam a fecundidade de uma cidadania civil e eclesial. Muitas são as dificuldades enfrentadas hoje pela Igreja Católica, desafiada a dar novas respostas. Isso não se resume simplesmente à análise de dados estatísticos envolvendo perda de fiéis ou a verificação de trânsito religioso. Para além de números, embora eles sejam importantes indicadores na avaliação de processos, o desafio reside no fortalecimento da capacidade para ajudar cada pessoa a qualificar sua dimensão existencial.
As dinâmicas de evangelização na Igreja estão girando entre polarizações - como as próprias do pentecostalismo e aquelas já morridas do racionalismo. Urgente é uma “Igreja em saída”, que eleja como meta as periferias humanas, sem desconsiderar as periferias geográficas. Para isso, conforme sublinha o Papa Francisco, são necessárias transformações de costumes, estilos, horários e de toda a linguagem eclesial. A autopreservação, no dizer do Papa, ou pastoral de conservação, desenha a enorme barreira que atrasa ou impede a esperada resposta.
Assim, estruturas eclesiais que condicionam o dinamismo evangelizador precisam ser renovadas para que a Igreja possa, cada vez mais, ajudar o mundo a superar seus desafios. Esse passo de conversão e essa resposta não são alcançados apenas pela reafirmação conceitual das verdades intocáveis que definem a fé cristã, sua vivência e testemunho. Almeja-se uma nova e inadiável consideração da dimensão existencial do ser humano, para fortalecer a centralidade da fé vivida e professada. Nesse caminho, por meio da Palavra de Deus, será possível qualificar cada pessoa. O primeiro passo é uma revitalização no modo de ser cristão-católico e, consequentemente, avaliar melhor as escolhas pessoais. Não basta investir conceitualmente em mudanças de configurações organizacionais sistêmicas no conjunto dos funcionamentos das estruturas eclesiais. O que precisa ser priorizado é o existencial humano, aprisionado pelo individualismo, dominado exclusivamente por emoções e devocionismos tortos, ou presidido pela hegemonia de uma autonomia que cega, impossibilitando o gosto transformador e libertador de crer.
A luta que atrasa esperados avanços rumo à meta de uma “Igreja em saída” requer urgente substituição de modelos, mentalidades e entendimentos engessados. A prioridade é o dom do encontro com Jesus Cristo pela escuta e vivência da Palavra de Deus. Oportuno é lembrar o que diz o Documento de Aparecida: “Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, na qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez”. Diante dos modelos obsoletos que presidem práticas pastorais e vivências eclesiais e da fé, vale a advertência poética de Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma de nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam aos mesmos lugares”. Ora, continua ele dizendo, “é tempo de travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”. Esse é o desafio!
Fonte: CNBB

Vocação Missionária na família

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará

No domingo, no clima de valorização da família em que se realiza a Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco canoniza um casal extraordinário, Luís e Zélia Martin, pais de Santa Teresinha do Menino Jesus. A família santa será posta em relevo, para que se realize a Palavra de Jesus: "Assim também brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,16). Ele era relojoeiro; ela rendeira: de origem burguesa, santos por eleição. Luís Martin (1823-1894) e Zélia Guérin (1831-1877). Ambos eram filhos de militares e foram educados num ambiente disciplinado, severo, muito rigoroso. Os dois receberam educação de cunho religioso em escolas católicas. Ao terminar os estudos, Luís orientou-se para a aprendizagem do ofício de relojoeiro, não obstante o exemplo do pai, conhecido oficial do exército napoleônico. Zélia ajudava a mãe na administração da loja de família. Depois, especializou-se no "ponto de Alençon" na escola que ensinava a tecer rendas. Em poucos anos os seus esforços foram premiados: abriu uma modesta fábrica para a produção de rendas e obteve discreto sucesso. Ambos nutrem desde a adolescência o desejo de entrar numa comunidade religiosa. Ele desejou ser admitido entre os Cônegos regulares de Santo Agostinho no Grande São Bernardo, nos Alpes suíços, mas não foi aceito porque não conhecia o latim. Também ela tenta entrar nas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, mas compreende que não é a sua estrada.
Durante três anos Luís viveu em Paris, hóspede de parentes, para aperfeiçoar a sua formação de relojoeiro. Insatisfeito com o clima que se respirava na capital, transferiu-se para Alençon, onde iniciou a sua atividade, conduzindo até à idade de trinta e dois anos um estilo de vida quase ascético. Entretanto, Zélia, com a receita da sua empresa, manteve a família paterna, vendendo rendas para a alta sociedade parisiense. O encontro entre os dois acontece em mil, oitocentos e cinquenta e oito, na ponte de São Leonardo em Alençon. Ao ver Luís, Zélia percebeu distintamente que ele seria o homem da sua vida.
Casaram-se após poucos meses de noivado e conduziram uma vida conjugal no seguimento do Evangelho, ritmada pela missa quotidiana, pela oração pessoal e comunitária, pela confissão frequente e participação na vida paroquial. Da sua união nascem nove filhos, quatro dos quais morreram prematuramente. Entre as cinco filhas que sobreviveram está Teresa, a futura santa, que nasceu em mil, oitocentos e setenta e três. As recordações da carmelita sobre os seus pais são uma fonte preciosa para compreender a sua santidade. A família Martin educou as suas filhas a tornar-se não só boas cristãs mas também honestas cidadãs. Zélia era da Terceira Ordem Franciscana e desde cedo, ensinou as suas filhas a oferecerem seus corações ao bom Deus e a simples aceitação das dificuldades diárias "para agradar a Jesus". Aos quarenta e cinco anos, Zélia recebe a terrível notícia de que tinha um tumor no seio. Viveu a doença com firme esperança cristã até à morte ocorrida em agosto de mil, oitocentos e setenta e sete. 
Com cinquenta e quatro anos, Luís teve que se ocupar sozinho da família. A primogênita tem dezessete anos e a última, Teresa, tem quatro anos e meio. Transferiu-se, então, para Lisieux, onde morava o irmão de Zélia. Deste modo, as filhas receberam os cuidados da tia Celina. Entre os anos de mil, oitocentos e oitenta e dois e de mil, oitocentos e oitenta e sete, Luís acompanhou as três filhas ao Carmelo. O sacrifício maior para ele foi afastar-se de Teresa que entra para as carmelitas com apenas quinze anos, ocasião em que contou a uma das filhas a oração que fazia: "Meu Deus, eu estou muito feliz. Não é possível ir para o céu assim. Eu quero sofrer algo por ti". O trabalho mais admirável de Luis é como educador. E a aceitação da vontade de Deus para com as suas filhas e em sua própria aventura espiritual é um grande exemplo. Ele não coloca nenhum obstáculo para a vocação de suas filhas e a considera como uma graça muito especial concedida à sua família. Alguns anos depois, foi internado no sanatório de Caen e morreu aos vinte e nove de julho de mil, oitocentos e noventa e quatro, encontrando sua forma de oferecer tudo ao Senhor, inclusive no sofrimento (Cf. Notas biográficas dos novos santos, publicadas pela Santa Sé).
O terceiro domingo de outubro é o Dia Mundial das Missões e Dia da Infância Missionária, comemorações escolhidas porque no primeiro dia do mês corrente se celebra a Festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, Padroeira das Missões, vinda de um casal que viveu do próprio trabalho, um pai de família que assume o cuidado das filhas, depois da morte da esposa, em virtude de um câncer de mama. Ele mesmo teve arteriosclerose cerebral, que  o paralisou e impediu de falar. Uma filha santa, falecida aos vinte e quatro anos, santidade que foi dom de Deus, o Senhor que teve pressa! Apenas nove anos, tuberculose e caminho de infância espiritual, morte prematura! Todas as eventuais desculpas que podermos apresentar diante dos problemas de nossas famílias caem, como por encanto!
Família que se preze aprende a viver o cotidiano, sem pretender coisas altas demais. Dificuldades econômicas? Quem não as tem? Enfermidades? Fazem parte dos limites da natureza humana. Exigência de criatividade para manter o próprio lar? Continua válida a estrada para todos, pois aprendemos a nos virar! Crises do relacionamento, mais frequentes ainda, especialmente em nossos dias. Família santa reza unida, busca a luz do Evangelho, experimenta a graça do perdão recíproco, cultiva as alegrias cotidianas com serenidade.
A família já é missionária pelo fato de existir. O Sacramento do Matrimônio traz a graças da unidade, da fidelidade e da fecundidade e todas as forças necessárias para que edifique os outros, na missão social que lhe cabe. Pela superação contínua dos obstáculos, coragem para enfrentar as crises, educação dos filhos para os valores do Evangelho, a família planta presenças na Igreja e na Sociedade, pelo bem que seus membros podem fazer.
A família pode ser missionária quando o clima de oração e de participação na Igreja abre os corações de todos para as necessidades da Paróquia, ou quando os filhos aprendem a compartilhar os bens em benefício do esforço evangelizador da Igreja. Quando encontro crianças que saem de seus lugares na missa dominical para participarem com suas moedinhas da coleta das missões, programada para todas as celebrações do mundo inteiro, descubro a generosidade em ato, na educação para a partilha.
A Família, então, será ainda missionária quando o clima de vida cristã propiciar o surgimento de vocações para o serviço da Igreja. Por isso, pedimos que São Luís e Santa Zélia Martin rezem por nós!
 Fonte: CNBB

Papa visita os sem-abrigo no novo dormitório perto do Vaticano

2015-10-16 Rádio Vaticana
No fim dos trabalhos do Sínodo desta quinta-feira (15/10), por volta das 19h, o Papa Francisco visitou os sem-abrigo no novo dormitório inaugurado nos últimos dias pela Esmolaria Apostólica, na Via dei Penitenzieri, em Roma, um local posto à disposição pela Cúria Geral dos Jesuítas.
O Papa foi acolhido pelo esmoleiro, Dom Konrad Krajewski, pelo Prepósito-Geral dos jesuítas, Padre Adolfo Nicolás, e por três Religiosas que desempenham o seu serviço junto dos voluntários. Os 30 hóspedes do dormitório acolheram com alegria o Papa, que os saudou afectuosamente um por um. O Pontífice quis conhecer pessoalmente a estrutura do novo dormitório, e a sua visita durou pouco menos de meia-hora.
O dormitório, que recebeu o nome de "Dom de Misericórdia", se encontra nas proximidades do Hospital Santo Espírito e foi aberto aos 7 de outubro, na memória litúrgica da Bem-aventurada Virgem Maria do Rosário. A comunidade dos jesuítas quis responder prontamente ao apelo do Pontífice, de destinar estruturas próprias a pessoas em dificuldade.
O local pode acolher até 34 homens durante a noite, por 30 dias, e é administrado pelas Irmãs de Madre Teresa de Calcutá. Eles poderão usufruir também do jantar oferecido na Casa “Dom de Maria”, administrada sempre pelas Irmãs de Madre Teresa, que oferece 50 leitos para mulheres. Todos os trabalhos são financiados pela Esmolaria Apostólica, isto é, através das ofertas que provêm da distribuição dos pergaminhos com a Bênção do Papa e da generosidade dos fiéis. (BS/BF)
(from Vatican Radio)
Fonte: News.VA

Papa nos 50 anos do Sínodo: Igreja e Sínodo são sinônimos

2015-10-17 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV) – “Igreja e Sínodo são sinônimos”, porque “a Igreja não é outra coisa que o caminhar juntos” do Povo de Deus. Esta é uma das passagens do forte discurso do Papa Francisco pronunciado na manhã deste sábado na Sala Paulo VI, por ocasião do 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos por Paulo VI, em 15 de outubro de 1965. Em seu denso pronunciamento, o Santo Padre sublinhou que “em uma Igreja sinodal, também o exercício do primado petrino poderá receber maior luz” e desejou, referindo-se à Evangelii gaudium, uma “salutar descentralização”, já que o Papa não deve substituir os episcopados locais “no discernimento de todas as problemáticas” de seus territórios.O Pontífice desenvolveu o seu discurso concentrando-se sobre o significado de “ser uma Igreja a caminho” para o Bispo de Roma. Desde o Concílio Vaticano até o atual Sínodo sobre a família – ressaltou – “experimentamos de modo mais intenso a necessidade e a beleza de caminhar juntos”. E recordou que desde o início de seu Pontificado quis valorizar o Sínodo, que “constitui uma das heranças mais preciosas” do Concílio.
O caminho da sinodalidade é o que Deus pede à Igreja
Francisco então recordou que Paulo VI pretendia com o Sínodo “repropor a imagem do Concílio Ecumênico e refletir nele o Espírito e o método”. Então referiu-se às palavras de João Paulo II que pensava em uma melhoria do instrumento sinodal de forma que a “colegial responsabilidade pastoral” pudesse “exprimir-se no Sínodo ainda mais plenamente”:
“Devemos prosseguir por este caminho. O mundo em que vivemos, e que somos chamados a amar e servir também nas suas contradições, exige da Igreja o potenciamento das sinergias em todos os âmbitos da sua missão. Precisamente o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio. O que o Senhor nos pede, num certo sentido, está tudo contido na palavra “Sínodo”. Caminhar juntos – Leigos, Pastores, Bispo de Roma – é um conceito fácil de ser expresso em palavras, mas não tão fácil de ser colocado em prática”.
Confiar na “intuição” do Povo de Deus
O Papa então enfatizou a “intuição” que o Povo de Deus tem em “discernir os novos caminhos que o Senhor abre à Igreja”. O Povo de Deus – observou – é santo em razão da unção recebida de Deus que o torna “infalível no crer”. Foi esta convicção - explicou – a guiar-me quando desejei que o Povo de Deus fosse consultado na preparação do dúplice encontro sinodal sobre a família”:
“Certamente, uma consulta do gênero de nenhuma forma poderia bastar para escutar osensus fidei. Mas como teria sido possível falar da família sem interpelar as famílias, escutando as suas alegrias e as suas esperanças, as suas dores e as suas angústias? Por meio das respostas aos dois questionários enviados às Igrejas particulares, tivemos a possibilidade de escutar ao menos algumas delas sobre as questões que lhes dizem respeito de perto e sobre as quais têm tanto a dizer”.
Uma Igreja sinodal é uma Igreja de escuta
“Uma Igreja sinodal – prosseguiu o Papa – é uma Igreja de escuta, na consciência de que escutar ‘é mais do que ouvir’. É uma escuta recíproca em que cada um tem alguma coisa a aprender. Povo fiel, Colégio Episcopal, Bispo de Roma: um na escuta dos outros e todos na escuta do Espírito Santo”, para conhecer aquilo que ele “diz às Igrejas”. O Sínodo dos Bispos – prosseguiu o Papa – “é o ponto de convergência deste dinamismo de escuta conduzido em todos os níveis da vida da Igreja”. O caminho sinodal inicia “escutando o Povo” e “prossegue escutando os Pastores”.
“Por meio dos Padres sinodais, os Bispos agem como autênticos custódios, intérpretes e testemunhos da fé de toda a Igreja, que devem saber atentamente distinguir dos fluxos frequentemente mutáveis da opinião pública. Na vigília do Sínodo do ano passado eu afirmava: “Do Espírito Santo, peçamos para os Padres sinodais, antes de tudo, o dom da escuta: escuta de Deus, até ouvir com ele o grito do Povo; escuta do Povo, até a respirar a vontade a qual Deus nos chama”.
Igreja e Sínodo são sinônimos, caminhar juntos ao rebanho de Deus
Por fim, afirmou, “o caminho sinodal culmina na escuta do Bispo de Roma, chamado a pronunciar-se como “Pastor e Doutor de todos os cristãos”: não a partir das suas convicções pessoais, mas como suprema testemunha” da fé de toda a Igreja. O fato de que o Sínodo “aja sempre cum Petro et sub Petro – portanto, não somente cum Petro, mas também sub Petro – disse ainda – não é uma limitação da liberdade, mas uma garantia de unidade”.
“A sinodalidade, como dimensão constitutiva da Igreja, nos oferece o contexto interpretativo mais adequado para compreender o próprio ministério hierárquico. Se entendemos que, como disse São João Crisóstomo, “Igreja e Sínodo são sinônimos” – porque a Igreja não é outra coisa senão ‘o caminhar juntos’ do Rebanho de Deus nos caminhos da história de encontro a Cristo Senhor – entendemos também que dentro dela ninguém pode ser “elevado” acima dos outros. Pelo contrário, na Igreja é necessário que alguém “se abaixe” para colocar-se a serviço dos irmãos ao longo do caminho”.
Francisco então reiterou que Jesus constituiu a “Igreja colocando no seu vértice o Colégio apostólico no qual o Apóstolo Pedro é a rocha”. Mas nesta Igreja – afirmou – “como em uma pirâmide ao contrário, o vértice se encontra abaixo da base. Por isto, aqueles que exercem a autoridade se chamam ministros: porque segundo o significado original da palavra, são os menores entre todos”. E – afirmou – “em um horizonte similar, o próprio Sucessor de Pedro não é outro senão “o servo dos Servos de Deus”. “Não esqueçamos nunca – advertiu – que para os discípulos de Jesus, ontem hoje e sempre, a única autoridade é a autoridade do serviço, o único poder é o poder da cruz”.
Necessário proceder em uma saudável “descentralização”
Em uma Igreja sinodal – prosseguiu o Santo Padre – o Sínodo dos Bispos é somente “a mais evidente manifestação de um dinamismo de comunhão que inspira todas as decisões eclesiais”. O primeiro nível de exercício da sinodalidade – continuou – realiza-se nas Igrejas particulares, naqueles organismos de comunhão que devem permanecer “ligados com a base e partem das pessoas, dos problemas de cada dia”. O segundo nível se manifesta em particular nas Conferências Episcopais:
“Em uma Igreja sinodal, como já afirmei, não é oportuno que o Papa substitua os Episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que se prospectam em seus territórios. Neste sentido, advirto para a necessidade de proceder em uma salutar descentralização”.
Primado petrino recebe maior luz de uma Igreja sinodal
O último nível – sublinhou  - é o da Igreja universal e o Sínodo dos Bispos, “representando o episcopado católico, torna-se expressão da colegialidade episcopal dentro de uma Igreja inteiramente sinodal”. O empenho em “edificar uma Igreja sinodal”, “missão à qual todos somos chamados” – constatou – “é repleta de implicações ecumênicas”. Francisco, então, referiu-se a João Paulo II quando colocava a urgência de uma “conversão do papado”:
“Estou convencido que, em uma Igreja sinodal, também o exercício do primado petrino poderá receber maior luz. O Papa não está sozinho, acima da igreja; mas dentro dela como batizado entre os batizados e dentro do Colégio Episcopal como Bispo entre os Bispos, chamado ao mesmo tempo – como Sucessor do apóstolo Pedro – a guiar a Igreja de Roma que preside no amor todas as Igrejas”.
Igreja sinodal ajudará também a sociedade civil a construir fraternidade
O nosso olhar – concluiu o Santo Padre – “se alarga também para a humanidade”. Uma Igreja sinodal “é como um estandarte entre as nações em um mundo que – mesmo invocando participação, solidariedade e transparência na administração da coisa pública – entrega frequentemente o destino de inteiras populações nas mãos ávidas de restritos grupos de poder”:
“Como Igreja que ‘caminha junto’ aos homens, partícipe das dificuldades da história, cultivamos o sonho de que a redescoberta da dignidade inviolável dos povos e da função do serviço da autoridade poderão ajudar também a sociedade civil a edificar-se na justiça e na fraternidade, gerando um mundo mais bonito e mais digno para as gerações que virão depois de nós”. (AG/JE)

(from Vatican Radio)
Fonte: News,VA

Mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial das Missões 2015

16 / Out / 2015 12:56
Neste domingo, 18 de outubro, a Igreja celebra o Dia Mundial das Missões. Em todas as celebrações acontece a Coleta missionária. Entre os vários subsídios da Campanha Missionária encontra-se a mensagem do papa Francisco para o 89º Dia Mundial das Missões. “A missão não é proselitismo, nem mera estratégia; a missão faz parte da gramática da fé, é algo de imprescindível para quem se coloca à escuta da voz do Espírito...”, diz o papa em um trecho da mensagem. Eis o texto, na íntegra.
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2015

(18 de Outubro de 2015)
Queridos irmãos e irmãs

O Dia Mundial das Missões 2015 se realiza no contexto do Ano da Vida Consagrada e recebe um estímulo para a oração e a reflexão. Na verdade, se todo batizado é chamado a testemunhar o Senhor Jesus proclamando a fé recebida como um presente, isso vale, de modo particular, para a pessoa consagrada, pois entre vida consagrada e missão existe uma ligação forte. O seguimento a Jesus, que determinou o surgimento da vida consagrada na Igreja, responde ao chamado a tomar a cruz e segui-Lo, a imitar a sua dedicação ao Pai e seus gestos de serviço e amor, e a perder a vida para reencontrá-la. Como a existência de Cristo tem um caráter missionário, os homens e mulheres que o seguem mais de perto assumem plenamente esse mesmo caráter.

A dimensão missionária, que pertence à própria natureza da Igreja, é intrínseca a todas as formas de vida consagrada, e não pode ser negligenciada sem deixar um vazio que desfigura o carisma. A missão não é proselitismo ou mera estratégia; a missão faz parte da “gramática” da fé, é algo imprescindível para quem escuta a voz do Espírito que sussurra “vem” e “vai”. Quem segue Cristo se torna missionário e sabe que Jesus «caminha com ele, fala com ele e respira com ele. Sente Jesus vivo junto com ele no compromisso missionário» (EG, 266).

A missão é ter paixão por Jesus Cristo e ao mesmo tempo paixão pelas pessoas. Quando nos colocamos em oração diante de Jesus crucificado, reconhecemos a grandeza do seu amor que nos dá dignidade e nos sustenta; e no mesmo momento percebemos que aquele amor que parte de seu coração transpassado se estende a todo o povo de Deus e a toda a humanidade; e assim sentimos também que Ele quer servir-se de nós para chegar cada vez mais perto de seu povo amado (cf. ibid., 268) e de todos aqueles que o procuram de coração sincero. No mandamento de Jesus: “ide”, existem cenários e sempre novos desafios para a missão evangelizadora da Igreja. Nela, todos são chamados a anunciar o Evangelho por meio do seu testemunho de vida; e os consagrados, especialmente, são convidados a ouvir a voz do Espírito que os chama para ir rumo às grandes periferias da missão, entre as pessoas que ainda não receberam o Evangelho.

O quinquagésimo aniversário do Decreto conciliar Ad gentes nos convida a reler e a meditar esse documento que despertou um forte impulso missionário nos Institutos de vida consagrada. Nas comunidades contemplativas, retomou luz e eloquência à figura de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, como inspiradora da ligação íntima da vida contemplativa com a missão. Para muitas congregações religiosas de vida ativa, o anseio missionário que surgiu do Concílio Vaticano II se concretizou com uma abertura extraordinária para a missão ad gentes, muitas vezes acompanhada pelo acolhimento a irmãos e irmãs provenientes de terras e culturas encontradas na evangelização, de modo que hoje se pode falar de uma interculturalidade difundida na vida consagrada. Por esse motivo, é urgente repropor o ideal da missão em seu centro: Jesus Cristo, e em sua exigência: o dom total de si ao anúncio do Evangelho. Não pode haver tratativa sobre isto: quem, pela graça de Deus, acolhe a missão, é chamado a viver de missão. Para essas pessoas, a proclamação de Cristo nas várias periferias do mundo se torna o modo de como viver o seguimento a Ele e a recompensa de muitas dificuldades e privações. Toda tendência que desvia dessa vocação, mesmo que acompanhada por motivos nobres relacionados com as muitas necessidades pastorais, eclesiais e humanitárias, não é coerente com o chamado pessoal do Senhor para servir o Evangelho. Nos Institutos missionários, os formadores são chamados tanto a indicar com clareza e honestidade essa perspectiva de vida e ação, quanto a influir no discernimento de vocações missionárias autênticas. Dirijo-me de modo especial aos jovens, que ainda são capazes de testemunhos corajosos e atitudes generosas e por vezes contracorrentes: não deixem que lhes roubem o sonho de uma missão verdadeira, de doar-se ao seguimento a Jesus que requer o dom total de si. No segredo de sua consciência, pergunte-se o motivo pelo qual escolheu a vida religiosa missionária e meça a disponibilidade em aceitá-la por aquilo que é: dom de amor a serviço do anúncio do Evangelho, lembrando que, antes de ser uma necessidade para aqueles que não o conhecem, o anúncio do Evangelho é uma necessidade para quem ama o Mestre.

Hoje, a missão enfrenta o desafio de respeitar a necessidade de todos os povos poderem recomeçar de suas raízes e salvaguardar os valores de suas respectivas culturas. Trata-se de conhecer e respeitar as outras tradições e sistemas filosóficos e reconhecer, em cada povo e cultura, o direito de fazer-se ajudar por sua tradição na inteligência do mistério de Deus e no acolhimento ao Evangelho de Jesus, que é luz para as culturas e sua força transformadora.

Dentro dessa dinâmica complexa nos perguntamos: “Quem são os destinatários privilegiados do anúncio evangélico?” A resposta é clara e a encontramos no próprio Evangelho: os pobres, os pequenos e os enfermos, aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não podem te retribuir (cf. Lc 14,13-14). A evangelização dirigida preferencialmente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer: «Existe um vínculo inseparável entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos nunca sozinhos» (EG, 48). Isso deve ser claro, especialmente para as pessoas que abraçam a vida consagrada missionária: com o voto de pobreza se escolhe seguir Cristo nessa sua preferência, não ideologicamente, mas como Ele, identificando-se com os pobres, vivendo como eles na precariedade da existência cotidiana e na renúncia de todo o poder para se tornar irmãos e irmãs dos últimos, levando-lhes o testemunho da alegria do Evangelho e a expressão da caridade de Deus.

Para viver o testemunho cristão e os sinais do amor do Pai entre os pequenos e os pobres, os consagrados são chamados a promover, no serviço da missão, a presença dos fiéis leigos. O Concílio Ecumênico Vaticano II afirmou: «Os leigos colaboram na obra de evangelização da Igreja, participando como testemunhas e como instrumentos vivos da sua missão salvífica» (AG, 41). É necessário que os consagrados missionários se abram sempre mais corajosamente para aqueles que estão dispostos a colaborar com eles, mesmo que por um tempo limitado, por uma experiência a campo. São irmãos e irmãs que desejam partilhar a vocação missionária inerente ao Batismo. As casas e estruturas das missões são lugares naturais para o seu acolhimento e apoio humano, espiritual e apostólico.

As Instituições e Obras missionárias da Igreja estão totalmente a serviço daqueles que não conhecem o Evangelho de Jesus. Para realizar de maneira eficaz esse objetivo, elas precisam dos carismas e do compromisso missionário dos consagrados, mas também os consagrados precisam de uma estrutura de serviço, expressão da solicitude do Bispo de Roma para garantir a koinonia, de modo que a colaboração e a sinergia sejam partes integrantes do testemunho missionário. Jesus colocou a unidade dos discípulos como uma condição para que o mundo creia (cf. Jo 17, 21). Essa convergência não equivale a uma submissão jurídico-organizacional a organismos institucionais ou a uma mortificação da fantasia do Espírito que inspira a diversidade, mas significa dar mais eficácia à mensagem do Evangelho e promover a unidade de propósitos que é também fruto do Espírito.

A Obra Missionária do Sucessor de Pedro tem um horizonte apostólico universal. Por isso precisa também dos muitos carismas da vida consagrada, para se dirigir ao vasto horizonte da evangelização e ser capaz de garantir uma presença adequada nas fronteiras e territórios alcançados.

Queridos irmãos e irmãs, a paixão do missionário é o Evangelho. São Paulo afirmou: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!» (1 Cor 9,16). O Evangelho é fonte de alegria, libertação e salvação para todos os homens. A Igreja é consciente desse dom, por isso não se cansa de proclamar incessantemente a todos «o que era desde o princípio, o que ouvimos e o que vimos com os nossos olhos» (1 Jo 1,1). A missão dos servidores da Palavra - bispos, sacerdotes, religiosos e leigos - é colocar todos, sem exceção, em relação pessoal com Cristo. No imenso campo da ação missionária da Igreja, todo batizado é chamado a viver bem o seu compromisso, segundo a sua situação pessoal. Os consagrados e consagradas podem dar uma resposta generosa a essa vocação universal a partir de uma intensa vida de oração e união com o Senhor e com o seu sacrifício redentor.

Confio a Maria, Mãe da Igreja e modelo de missionariedade, todos aqueles que, ad gentes ou no próprio território, em todos os estados de vida, colaboram com o anúncio do Evangelho e, de coração, concedo a cada um a Bênção Apostólica.

Vaticano, 24 de Maio – Solenidade de Pentecostes – de 2015.

Papa Francisco
Fonte: POM

CNBB celebra 63 anos de missão do episcopado no Brasil

15 / Out / 2015 17:23
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) comemorou nesta quarta-feira (14), seus 63 anos. Atualmente, a entidade conta com 275 circunscrições eclesiásticas, 310 bispos na ativa e 141 bispos eméritos. São 18 secretariados regionais, acrescidos das Edições CNBB, todos, em última instância, sob a responsabilidade da Presidência, na sede nacional.
Há 283 colaboradores, entre contratados, autônomos e religiosos, em 20 unidades no Brasil. A atual presidência, para o quadriênio 2015-2019, é composta pelo arcebispo de Brasília e presidente da Conferência, dom Sergio da Rocha; o arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente, dom Murilo Krieger; e o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral, dom Leonardo Steiner.
“Que cada vez mais a Igreja no Brasil seja valorizada e reconhecida pelo próprio serviço que a CNBB vem prestando. É claro que temos muito a crescer, mas não podemos deixar de agradecer a Deus pelos frutos inúmeros que já temos na história da Conferência dos Bispos”, expressa dom Sergio da Rocha, em mensagem por ocasião do aniversário da entidade.
Dom Sergio agradece, também, os serviços prestados pelos colaboradores.  “Nós olhamos com esperança para o futuro da Igreja no Brasil, pois sabemos que nossa caminhada está nas mãos de Deus. A CNBB conta com o empenho de muitas pessoas que têm contribuído com a história da entidade nos regionais, dioceses e centenas de comunidades".
Celebração
Pela manhã foi celebrada uma missa, presidida por dom Leonardo Steiner,  na sede da Conferência. Participaram assessores, colaboradores e jovens assistidos pelo projeto "Correndo Atrás de um Sonho", apoiado pela CNBB e que promove o atletismo em comunidades carentes.
Na homilia, dom Leonardo recordou o protagonismo de dom Hélder Câmara, idealizador da Conferência brasileira. “Ele preocupado com as distâncias e diferenças, procurou criar uma Conferência Episcopal para gerar a unidade, sem desigualdades. E, ao longo desses anos, a CNBB não se preocupou consigo mesma, mas sempre em defesa dos povos mais sofridos. Os bispos sempre se preocuparam com as grandes questões, não com as pequenas”, disse dom Leonardo.
O bispo recordou, ainda, que no período da ditadura militar a Igreja esteve presente por meio da atuação dos bispos, padres e religiosos, que deram a própria vida em defesa das pessoas perseguidas pelo regime. “No tempo mais difícil da história do Brasil, foram tantos leigos com a CNBB que lutaram em favor da dignidade da população e da democracia. A Conferência sempre procurou posicionar-se pelo anúncio do Evangelho, pois a causa maior é a defesa da dignidade de cada homem e mulher, todos filhos e filhas de Deus”, pontuou dom Leonardo.
Ao final, o secretário geral agradeceu a atuação dos colaboradores que desempenham atividades na sede e nos 18 regionais e organismos. “Vocês são mais que funcionários, são servidores da Igreja no mundo. Esta casa não tem razão maior de existir se não for para ajudar aos outros”, disse.
Protagonismo de dom Hélder
A assembleia de fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ocorreu em 14 de outubro de 1952, no Rio de Janeiro. Nesse período, a Igreja no Brasil tinha 20 províncias eclesiásticas, com seus respectivos arcebispos e 115 dioceses e prelazias.
“Em um país de dimensões continentais, impunha-se uma organização que ajudasse os bispos a equacionar, com segurança, os problemas locais, regionais e nacionais, em face dos quais a Igreja não poderia ficar indiferente”, dizia dom Hélder Câmara, primeiro secretário geral da CNBB, hoje, em processo de beatificação.
Até 1962, a CNBB, sediada no Rio de Janeiro, era constituída por um só bloco, coordenada pelo presidente e um secretário-geral.  Em Assembleia Geral, realizada no mesmo ano, em busca de maior colegialidade entre os bispos e visando efetivar um planejamento de pastoral de conjunto, a CNBB decidiu criar os secretariados que, inicialmente eram sete regionais.
A inauguração da sede oficial, na capital do país, ocorreu no dia 15 de novembro de 1977 e teve a presença de 75 bispos, sacerdotes, religiosas e leigos.  A data coincidiu com o Jubileu de Prata da CNBB.  Anos depois, a Conferência recebeu a visita do papa João Paulo II, hoje, santo.
A sede da CNBB é o lugar central do serviço episcopal e a referência nacional da Conferência dos Bispos do Brasil. Recebe diversas reuniões dos organismos, pastorais, movimentos e comissões, sede dos escritórios do secretariado geral, dos arquivos que guardam a memória e a documentação da entidade. É também espaço de acolhida das visitas, de trabalho dos colaboradores e de residência para bispos, padres e religiosas e religiosos.
Fonte :CNBB com imagens do CDI.
Fonte: POM

Servir é missão do cristão

A vida é missão. A Igreja peregrina é missionária por sua natureza e deve estar sempre em movimento, em saída. Presente em todo o mundo, a Igreja dialoga com as culturas, as religiões e os pobres, assim como proclama e testemunha profeticamente o Evangelho, seguindo sempre o mandato do Senhor: "Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia a toda humanidade" (Mc 16,15)
No mês de outubro, Mês das Missões, somos convidados a intensificar as iniciativas e ações missionárias. O tema da Campanha Missionária 2015 nos faz recordar as ações de Jesus: “Missão é servir”. Isso é reforçado pelo lema: "Quem quiser ser o primeiro seja o servo de todos" (Mc. 10,44). Com isso a Campanha nos motiva a continuar a própria ação de Jesus, o enviado do Pai que entrega sua vida no serviço.

Hoje, mais do que nunca, a missão precisa ser pensada e realizada no espírito e na prática do diálogo. Deus está presente antes de nossa chegada em qualquer realidade. Por isso o missionário é um colaborador na Missão de Deus. Nós somos instrumentos e nossos dons e capacidades devem ser colocadas a serviço de quem mais precisa.
Na ação missionária existe uma troca mútua de presentes entre os missionários e as pessoas com quem eles trabalham. Missão não é apenas fazer coisas para as pessoas. É, em primeiro lugar, uma questão de ser com as pessoas, e também ouvi-las e compartilhar com elas. Os cristãos em missão inspiram, desafiam, encorajam e iluminam. Em diversos contextos os missionários e missionárias são profetas e guias de trilhas na jornada da vida.

Lembramos que missão é doação. A generosidade muda tudo em alegria, o egoísmo muda tudo em tristeza. A solidariedade com os necessitados e carentes é o primeiro passo para iniciar nova vida, e sem desprendimento não há verdadeira conversão.

Devemos motivar as pessoas para o sacrifício, a doação e a oferta. Quantos nos agradecem por darmos oportunidade de oferecerem seus frutos e compartilhar com aqueles que têm maior necessidade. Quando os cristãos são conscientizados do valor das atividades missionárias, colaboram com gosto. Este gesto de dar, de oferecer algo de si, traz uma imensa alegria e conforto. Por isso, somos responsáveis por esta motivação. Os dons crescem e se multiplicam quando são partilhados com os outros, mas quando os seguramos só para nós mesmos eles enfraquecem e perdem valor. Aquele que não sabe doar daquilo que é e tem torna-se miserável.

A alegria de servir faz a pessoa ser mais feliz e realizada. Em nossa caminhada encontramos muitos missionários sejam leigos, consagrados, pessoas simples que servem e amam os pobres, fazendo de suas vidas uma missão, um louvor ao Senhor da vida. O testemunho de pessoas que se entregam, se gastam e se doam em favor de outros, marca a vida. Os bons exemplos de doação em favor dos pequenos devem ser nossas referências. Um cristão só é feliz se souber servir.

Neste final de semana, dias 17 e 18 de outubro, será realizada a Coleta do Dia Mundial das Missões. As ofertas devem ser integralmente enviadas às Pontifícias Obras Missionárias (POM) que as repassam ao Fundo Universal de Solidariedade para apoiar projetos em todo o mundo. Sejamos generosos na cooperação com a missão de Deus em todo o mundo.

* Padre Camilo Pauletti, é diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM).
Fonte: POM