O Evangelho de hoje abre a perspectiva
do relacionamento humano para além das fronteiras que os homens costumam
construir. Amar o inimigo é entrar em relação concreta com aquele que
também é amado por Deus, mas que se apresenta como problema para mim. Os
conflitos também são uma tarefa do amor. O v. 48 é a conclusão e a
chave para se compreender todo o conjunto formado por 5,17-47 : os
discípulos são convidados a um comportamento que os torne filhos
testemunhando a justiça do Pai. Jesus, hoje, nos exorta longamente para
que respondamos ao ódio com amor. Esse texto nos ajuda a compreender que
Mateus vê, no amor aos adversários, a característica específica dos
discípulos de Cristo.
As Palavras de Jesus indicam duas
maneiras de viver. A primeira é a dos que se comportam sem referência a
Deus e Sua Palavra. Esses agem em relação aos outros em função da
maneira como eles os tratam. Dividem o mundo em dois grupos: os amigos e
os que não o são, e fazem prova de bondade só em relação aos que são
bons para eles. A segunda forma de viver não põe em primeiro lugar um
grupo de homens, mas sim o próprio Deus. Ele, por Seu lado, não reage de
acordo com a maneira como O tratam; pelo contrário, “Ele é bom até para
os ingratos e os maus” (Lucas 6,35).
Jesus chama, assim, a atenção para a
característica essencial do nosso Deus, fonte transbordante de bondade.
Ele não se deixa condicionar pela maldade de quem está à Sua frente.
Diferente dos homens, o Senhor está sempre pronto a nos perdoar: “Os
meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos não são os meus
caminhos” (Isaías 55,7-8). O profeta Oséias, por seu lado, ouve o
Senhor lhe dizer: “Não desafogarei o furor da minha cólera, porque sou
Deus e não um homem (cf. Oséias 11,9).
A grande novidade do Evangelho não é
tanto o fato de Deus ser fonte de bondade, mas de que os homens podem e
devem agir à imagem do seu Criador: “Sede misericordiosos, como o vosso
Pai é misericordioso!” (Lucas 6,36). Pela vinda de Seu Filho até nós,
esta Fonte de bondade está agora acessível. Tornamo-nos, por nosso lado,
“filhos do Altíssimo” (Lucas 6,35), seres capazes de responder ao mal
com o bem, ao ódio com amor. Vivendo uma compaixão universal, perdoando
aos que nos fazem mal, damos testemunho de que o Deus de misericórdia
está no coração de um mundo marcado pela recusa do outro, pelo desprezo
em relação àquele que é diferente. Peçamos ao Senhor, que nos ensine a
amar perfeitamente como nos amou, sem fazer acepção de pessoas,que
amemos sem fazer distinção. Louvor e Glória ao Senhor!
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