Sexta-Feira, 17 de Agosto de 2012
19ª Semana Comum
Na contramão está a direção certa! Irmãos e irmãs, casados ou não, o
Evangelho – como o Antigo Testamento – revela o Matrimônio como um bem
criado por Deus, mas sustentado somente pelo mesmo amor que o inspirou.
Jesus foi novamente experimentado por aqueles que não queriam viver
da experiência do amor que compromete o ser humano com a verdade amorosa
do amor verdadeiro. Mais do que um trocadilho, o Evangelho de fato nos
apresenta o quanto a vocação ao Matrimônio comporta um compromisso
indissolúvel com o cônjuge e perante Deus: “Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá a sua mulher, e os dois formarão uma só carne” (Mt 19, 5).
Interessante que o Matrimônio, como um dom de serviço, somente
alcança sua riqueza de significado original e eficácia na edificação da
sociedade se realmente obedecer o seu princípio com os ditames
estabelecidos por quem O criou, como recorda o Compêndio do Catecismo da
Igreja Católica, ao responder a pergunta: “Para que fins instituiu Deus
o Matrimônio?”
A resposta continua atual: “A união matrimonial do homem e da
mulher, fundada e dotada de leis próprias pelo Criador, está por sua
natureza ordenada à comunhão e ao bem dos cônjuges e à geração e bem dos
filhos. Segundo o desígnio originário de Deus, a união matrimonial é
indissolúvel, como afirma Jesus Cristo: ‘O que Deus uniu não o separe o
homem’ (Mc 10,9)” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica nº 338).
Ainda mais, para os cristãos, este dom é apresentado como um
enriquecimento alcançado pela centralidade em Cristo Jesus. Por isso, o
mesmo Compêndio assim afirma no nº 341: “Jesus Cristo não só
restabelece a ordem inicial querida por Deus, mas dá a graça para viver o
Matrimônio na nova dignidade de sacramento, que é sinal do seu amor
esponsal pela Igreja. ‘Vós maridos amai as vossas mulheres, como Cristo
amou a Igreja’ (Ef 5,25)”.
Assim como o próprio Cristo foi questionado por pessoas movidas por
um coração duro (cf. Mt 19,8), hoje e sempre os cristãos são
experimentados por ideologias e maus costumes, que procuram fundamentar
uniões entre as criaturas e os surgimentos de “novas famílias”, em
contraposição à Palavra de Deus e ao único Salvador do gênero humano, da
sociedade e do mundo. Vale sempre a pena recordar, nesta matéria, a
atualidade da letra do Concílio Vaticano II que, tomado por um espírito
de comunhão dialogal, procura dialogar com o mundo contemporâneo mas sem
ir contra a fidelidade a Deus.
Assim convoca, dia após dia, a Igreja e o mundo – inclusive os
homens de boa vontade – a não negociar e nem renunciar o que a Palavra
de Deus revela como necessário para o bem dos povos. Neste contexto, o
Matrimônio precisa de muita coragem vinda do Alto para não deixar de
seguir contra a correnteza em ritmo de uma “piracema”, que não desiste
da nascente das instituições Divinas: “(…) a dignidade desta
instituição não resplandece em toda a parte com igual brilho.
Encontra-se obscurecida pela poligamia, pela epidemia do divórcio, pelo
chamado amor livre e outras deformações. Além disso, o amor conjugal é
muitas vezes profanado pelo egoísmo, amor do prazer e por práticas
ilícitas contra a geração. E as atuais condições econômicas,
sócio-psicológicas e civis introduzem ainda na família não pequenas
perturbações. Finalmente, em certas partes do globo, verificam-se, com
inquietação, os problemas postos pelo aumento demográfico. Com tudo
isto, angustiam-se as consciências. Mas o vigor e a solidez da
instituição matrimonial e familiar também nisto se manifestam: as
profundas transformações da sociedade contemporânea, apesar das
dificuldades a que dão origem, muito frequentemente revelam de diversos
modos a verdadeira natureza de tal instituição” (Constituição pastoral Gaudium et Spes nº 47).
De fato, “tirar a poeira” que vai se acumulando pela rotina ou pelas
tentações do tempo presente e, mais do que isto, fazer brilhar o dom do
Matrimônio para a Igreja é e sempre será, antes de tudo, tarefa de quem
procura ouvir, meditar e orar diariamente com a Palavra de Deus, pois
estes haverão de encontrar no Espírito Santo a esperança que renova e
atualiza os dons da criação, sem contudo ferir a sua essência e missão.
Existem sim, muitos pecados que estão a serviço de uma desfiguração
da instituição matrimonial, mas felizmente, até na Escritura, a origem
destes males não precederam este dom (cf. Gn 2-3). Sinal de que
respeitando o primado da Graça, poderemos contribuir, cada um a seu
modo, para a conservação e propagação deste autêntico e sempre atual
patrimônio da humanidade. Dom e tarefa para todo o organismo civil e
religioso instituído pelo Criador, assumido e elevado por Cristo, no
poder do mesmo Espírito Santo, que nos pode salvar de “micro organismos”
permissivos à vontade de Deus para o Matrimônio.
Se parece ser a meta de muitas ideologias – e pessoas que as servem
apaixonadamente – a desconstrução das tradições e sacramentos embasados
na Palavra de Deus, procuremos unir esforços para preservar o corpo
social da “falência múltipla” dos “órgãos” que constroem o sadio
convívio humano. Para tal, continuemos intercedendo, semana após semana,
por uma eficaz e eficiente Pastoral Familiar. Sem contudo, nos
desviarmos dos apelos pessoais do Espírito Santo, em prol desta causa,
que precisa ser abraçada com grande paixão.Louvor e Glória ao Senhor!
Padre Fernando Santamaria- Comunidade Canção Nova
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