Padre Geovane Saraiva*
A redenção do gênero humano tem seu eixo
no mistério da encarnação do Filho de Deus, quando Maria pronunciou o
indispensável sim, exatamente nas palavras, segundo o prólogo do
Evangelho de São João, o verbo se fez carne e veio se estabelecer entre
seres humanos. Na exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, o Papa
Bento XVI disse que o cristianismo nasce não de “uma palavra escrita e
muda, mas do verbo encarnado e vivo”.
No mês de setembro, por ser o mês da
Bíblia, somos chamado a dar mais atenção à Palavra de Deus, na escuta,
na contemplação e na vivência da mesma, para que através dela possamos
ficar mais perto de atingir a maturidade cristã. Não basta só conhecer e
ter uma compreensão clara mensagem divina; é imprescindível encarná-la
na vida, tendo como fim a conversão do coração, vendo no mundo pessoas
novas, outros Cristos.
Como é importante a vida de São
Jerônimo, que consagrou toda sua vida ao estudo da Sagrada Escritura e é
considerado o melhor exegeta de todos os tempos. A Igreja Católica o
reconheceu como um homem eleito por Deus para explicar e fazer entender
melhor a Palavra de Deus. É exegeta e doutor, como ninguém na Sagrada
Escritura!
Nasceu na Dalmácia , hoje Iugoslávia, no
ano de 340 e morreu em Belém em 420. Para estudar teve que se
transferir para Roma, onde procurou os melhores especialistas em
retórica e passou uma juventude com bastante liberdade, recebendo o
batismo pelas mãos do Papa Libério, aos 25 anos.
Foi para o Ocidente e retirou-se com
alguns amigos, formando uma pequena comunidade religiosa, tendo como
principal objetivo estudar a Sagrada Escritura e obras de teologia.
Depois de experimentar o rigor da vida monacal, esteve por vários anos
no deserto da Síria, no rigor do jejum e da penitência, que quase o leva
ao limite da morte.
São Jerônimo estudou hebraico e
aperfeiçoou seus conhecimentos do grego para poder compreender melhor a
Palavra de Deus nas línguas originais. Em Roma recebeu a missão do Papa
Dâmaso para escrever a Bíblia em latim, graças ao conhecimento que tinha
do grego e do hebraico. O Papa queria uma tradução mais fiel, em tudo
aos textos originais, traduzida e apresentada em latim, que pudesse
servir de texto uniforme na liturgia, evitando uma vez por todas,
confusão.
São Jerônimo, fiel servo de Deus,
iniciou seu trabalho em Roma e continuou por toda a sua vida. Tudo pela
Sagrada Escritura! A tradução da Bíblia em latim chamou-se “vulgata”,
sendo usada largamente nos séculos posteriores, tornando-se oficial até o
Concílio de Trento.
Uma frase de São Jerônimo: “Ignorar as
Escrituras é ignorar o próprio Cristo”. Daí um amor tão profundo pela
Palavra de Deus, alimentando-se de tal modo, que nela encontrou a fonte
da vida.
“Toda a escritura é inspirada por Deus e
útil, a fim de ensinar, corrigir e educar na justiça” (2Tm 3,16). Que
este mês de setembro, mês da Bíblia, coloque na nossa mente e no nosso
coração o ardente desejo de buscar e buscar na Bíblia o sentido da nossa
vida.
* Pe. Geovane Saraiva, padre da
Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia de Letras dos
Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza. Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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