Durante
oito dias, de 26 de agosto a 4 de setembro, o sacerdote visitou os
missionários e missionárias, mantidos pelo Projeto Missionário Sul 1 –
Norte 1 na Amazônia.
Padre Nelson, quando começou a sua viagem? Quais as cidades da Amazônia o senhor visitou?
Comecei a
minha viagem no dia 26 de agosto. Cheguei a Tabatinga (AM) no dia 27 de
agosto onde visitei a Izalene Tiene e o padre Isaías Daniel. Partindo
para Tefé (AM) encontrei a Glória de Freitas e o padre Valdemar
Aparecido dos Reis. Depois de uma viagem de 8h30 de lancha, partindo de
Tefé para as cidades de Anori (AM) e Anamã, prelazia de Coari, me
encontrei com os padres Antonio França e Carlos Enrique dos Santos da
Silva. No dia 4 de setembro voltei para São Paulo.
Quais as maiores dificuldades encontradas naquela região?
A
questão indígena que passa pelo reconhecimento do direito a terra, pelo
resgate a identidade cultural e pelo serviço de saúde; o avanço rápido
das comunidades evangélicas nos rincões mais afastados; as migrações
frequentes que levam a perder as raízes culturais e a fragmentação de
valores; a exploração descontrolada da Amazônia e a cobiça de
organizações estrangeiras; o fenômeno da urbanização, gerando
desemprego, rincões de pobreza, sem infraestrutura de educação e saúde.
Quanto a presença da Igreja na região amazônica, os maiores desafios são
os poucos recursos financeiros para desenvolver suas atividades
evangelizadoras e o número insuficiente de missionários, padres
religiosos e leigos (as).
Fale-nos um pouco do Projeto Missionário? Quando nasceu?
Criado
há dezoito anos pelos bispos do estado de São Paulo, através do
presidente na época, dom Eduardo Koaik, o Projeto vem colaborando, com o
envio de missionários (as) que doam, pelo menos, três anos de sua vida
para a missão na Igreja da Amazônia. O compromisso do Projeto, que hoje
reúne oito missionários, é com a Igreja local, com a população
amazônica, que deve fazer parte de nossos cuidados pastorais. Assim
nasceu o Projeto Missionário cheio de entusiasmo e coragem.
Quais são as realidades onde mais aparecem os bons resultados do trabalho dos missionários mantidos pelo Projeto?
Com o
decorrer da minha viagem, me dei conta dos bons frutos do projeto para
com a Igreja da Amazônia: Começamos com o número de missionários e
missionárias que o projeto já enviou. Foram mais de 70 missionários
entre padres, religiosas e leigas. A Izalene coordena uma comissão para
trabalhar a Campanha da Fraternidade em Tabatinga (AM), e assessora a
organização e formação dos cristãos leigos e leigas na Diocese. O padre
Isaías é vigário paroquial em Tabatinga e está organizando o Serviço de
Animação Vocacional Diocesano.
A Glória
mora em Tefé e trabalha na Pastoral da Saúde; padre Antonio França atua
como pároco da Paróquia Imaculada Conceição de Anori na Prelazia de
Coari; padre Carlos Enrique é pároco do Santuário São Francisco de
Anamã; padre Valdemar mora em Tefé, e trabalha como Vigário Geral e no
Centro Vocacional da prelazia de Tefé e a Maria Soares de Camargo exerce
seu trabalho missionário na diocese de Boa Vista (RR), junto com o
bispo de Roraima, dom Roque Paloschi.
Além
disso, percebi o bom andamento do Projeto, sobretudo no trabalho
desenvolvido pelos nossos missionários, inseridos no meio do povo e da
cultura local e sua profunda comunhão e harmonia entre os missionários e
o bispo da região.
Sabemos
que o maior e mais importante problema da região é o da terra, mas
também existem outros problemas, como a questão indígena, desmatamento.
Como os missionários lidam com esses problemas no trabalho pastoral com
os amazonenses?
Com
certeza nossa presença na Amazônia visa o anúncio do Evangelho. Os
nossos missionários estão presentes no meio das comunidades ribeirinhas,
ajudando-os em suas dificuldades e sofrimentos do dia a dia e
conhecendo a realidade amazônica, através da formação social,
humanitária e religiosa, principalmente na animação pastoral e
evangelizadora.
Voltemos, então, a sua visita. De tudo o que o senhor visitou quais as experiências mais marcantes?
O estilo
de vida simples de nossos missionários: a humildade em ouvir, conhecer,
partilhar e amar o povo amazonense e a espiritualidade dos
missionários.
Quais os outros aspectos poderiam ainda ser mencionados da sua visita, nessa entrevista?
Recordo o
encontro que tive com os bispos das dioceses e prelazias que visitei.
Pude também acompanhar por um dia a viagem missionária de bispos de
diversas dioceses do Brasil à Amazônia. O convite foi feito pelo
arcebispo militar do Brasil, dom Osvino José Both, na Assembleia Geral
da CNBB. Outro aspecto que marcou, foi a passagem dos símbolos da
Jornada Mundial da Juventude (JMJ), à Paróquia São Raimundo Nonato, em
São Raimundo, em Manaus e também minha ida à Colômbia e Peru (tríplice
fronteira), onde visitei as comunidades de Islândia e Santa Rosa de
Lima.
Como resumiria a sua visita de oito dias0 à Amazônia?
Essa
viagem foi um momento de graças e bênçãos recebidas por Deus. Temos uma
missão muito importante para com a Igreja Amazônica: principalmente o
desafio que o Sínodo nos coloca: “Nova Evangelização para a transmissão
da fé cristã”, levar o Pão da Palavra, da Eucaristia, da justiça social e
reavivar o dom da fé com os nossos irmãos que ali vivem.
Qual mensagem poderia transmitir àqueles/as que desejam ser missionário/a?
A
evangelização na Amazônia é um desafio que nos encanta. Conheça o nosso
Projeto Missionário Sul 1 – Norte 1, enviando um e-mail
cnbbs1@cnbbsul1.org.br.
Lembro também a intenção missionária do mês de setembro “Ajuda às
Igrejas pobres”. Para que aumente nas comunidades cristãs a
disponibilidade de enviar missionários e missionárias: presbíteros,
religiosos (as) e leigos (as) como também recursos materiais, a fim de
ajudarem as Igrejas mais pobres. Termino minha entrevista, tendo a
consciência de que nosso projeto colaborará muito na evangelização das
prelazias e dioceses que compõem o Regional Norte 1; peço o apoio de
todos, principalmente na colaboração espiritual através das orações e na
divulgação do projeto Sul 1 – Norte 1.
Fonte: CNBB SUL 1/Renato Papis
Pe. Nelson é o primeiro da direita para a esquerda nas duas fotos
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