Na
manhã desta quinta-feira, 11 de outubro, o papa Bento XVI presidiu a
missa de abertura do Ano da Fé. Cinquenta anos depois da abertura do
Concílio Vaticano II, a praça de São Pedro recebeu milhares de fiéis do
mundo todo.
A celebração também recordou que há 50
anos começava o Concílio Vaticano II. “Eu já estava no seminário na
época. E hoje eu estava na mesma Praça São Pedro, no Vaticano, com uma
multidão, sob um sol de lascar, para a celebrar a data e o início do Ano
da Fé”, testemunhou padre Maurício Brandolize, brasileiro que atua em
Goiás e que participou da cerimônia.
Bento XVI presidu a Missa com um total
de 400 concelebrantes: 80 cardeais, 14 padres conciliares, 8 patriarcas
de Igrejas orientais, 191 arcebispos e bispos sinodais e 104 Presidentes
de Conferências Episcopais de todo o mundo. Estavam também presentes na
Praça São Pedro Bartolomeu I, Patriarca Ecumênico de Constantinopla, e o
Primaz da Comunhão Anglicana, Rowan Williams.
O Papa iniciou sua homilia explicando
que a celebração desta manhã foi enriquecida com alguns sinais
específicos: a procissão inicial, recordando a memorável entrada solene
dos padres conciliares na Basílica de São Pedro; a entronização do
Evangeliário, cópia do utilizado durante o Concílio; e a entrega, no
final da celebração, das sete mensagens finais do Concílio e do
Catecismo da Igreja Católica.
Bento XVI disse que o Ano da fé tem uma
relação coerente com todo o caminho da Igreja ao longo dos últimos 50
anos: desde o Concílio, passando pelo Magistério do Servo de Deus Paulo
VI, que proclamou um “Ano da Fé”, em 1967, até chegar ao o Grande
Jubileu do ano 2000, com o qual o Bem-Aventurado João Paulo II propôs
novamente a toda a humanidade Jesus Cristo como único Salvador, ontem,
hoje e sempre.
Lembrando aquele dia, Bento XVI evocou o
Bem-Aventurado João XXIII no Discurso de Abertura do Concílio Vaticano
II, quando apresentou sua finalidade principal: “que o depósito sagrado
da doutrina cristã fosse guardado e ensinado de forma mais eficaz”. Papa
Ratzinger revelou aos presentes o que experimentou: “uma tensão
emocionante em relação à tarefa de fazer resplandecer a verdade e a
beleza da fé no nosso tempo, sem sacrificá-la frente às exigências do
presente, nem mantê-la presa ao passado”.
Para o Papa, o mais importante,
especialmente numa ocasião tão significativa como a atual, é reavivar na
Igreja “aquela mesma tensão positiva, aquele desejo ardente de anunciar
novamente Cristo ao homem contemporâneo, sempre apoiado na base
concreta e precisa, que são os documentos do Concílio Vaticano II”.
“A referência aos documentos protege dos
extremos tanto de nostalgias anacrônicas como de avanços excessivos,
permitindo captar a novidade na continuidade. O Concílio não excogitou
nada de novo em matéria de fé, nem quis substituir aquilo que existia
antes. Pelo contrário, preocupou-se em fazer com que a mesma fé continue
a ser vivida no presente, continue a ser uma fé viva em um mundo em
mudança”.
De fato – prosseguiu o Pontífice – “os
Padres conciliares quiseram abrir-se com confiança ao diálogo com o
mundo moderno justamente porque eles estavam seguros da sua fé, da rocha
firme em que se apoiavam. Contudo, nos anos seguintes, muitos acolheram
acriticamente a mentalidade dominante, questionando os próprios
fundamentos do ‘depositum fidei’ a qual infelizmente já não consideravam
como própria diante daquilo que tinham por verdade”.
Portanto, “se a Igreja hoje propõe um
novo Ano da Fé e a nova evangelização, não é para prestar honras, mas
porque é necessário, mais ainda do que há 50 anos!” – exclamou. “Nas
últimas décadas, observamos o avanço de uma “desertificação” espiritual,
mas, no entanto, é precisamente a partir da experiência deste vazio que
podemos redescobrir a alegria de crer, a sua importância vital para nós
homens e mulheres. E no deserto existe, sobretudo, necessidade de
pessoas de fé que, com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a
Terra Prometida, mantendo assim viva a esperança. A fé vivida abre o
coração à Graça de Deus, que liberta do pessimismo”.
Este, portanto – concluiu Bento XVI – é o
modo como podemos representar este ano da Fé: “uma peregrinação nos
desertos do mundo contemporâneo, em que se deve levar apenas o que é
essencial: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas
túnicas – como o Senhor exorta aos Apóstolos ao enviá-los em missão –
mas sim o Evangelho e a fé da Igreja, dos quais os documentos do
Concílio Vaticano II são uma expressão luminosa, assim como o Catecismo
da Igreja Católica, publicado há 20 anos”.
Por fim, o Papa recordou que no dia 11
de outubro de 1962, celebrava-se a festa de Santa Maria, Mãe de Deus.
“Que a Virgem Maria brilhe sempre qual estrela no caminho da nova
evangelização. Que Ela nos ajude a pôr em prática a exortação do
Apóstolo Paulo: ‘A palavra de Cristo, em toda a sua riqueza, habite em
vós. Ensinai e admoestai-vos uns aos outros, com toda a sabedoria… Tudo o
que fizerdes, em palavras ou obras, seja feito em nome do Senhor Jesus.
Por meio dele dai graças a Deus Pai’”.
POR: CNBB / RÁDIO VATICANO
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