O papa
Bento XVI se encontrou nesta manhã, 10, na Praça São Pedro, com os
peregrinos de diversas partes do mundo, vindos para a Audiência Geral
das quartas-feiras. Dirigindo-se aos presentes, em sua catequese, o
pontífice colocou sua atenção sobre o cinquentenário do Concílio
Vaticano II. Eis um resumo da alocução do papa:
"Estamos
na vigília do dia no qual celebraremos os cinquenta anos da abertura do
Concílio Ecumênico Vaticano II e o início do Ano da Fé. Com esta
Catequese quero começar a refletir – com alguns breves pensamentos –
sobre o grande evento da Igreja que foi o Concílio, evento do qual fui
testemunha pessoal. Isso, por assim dizer, nos parece como um grande
afresco, pintado em sua grande multiplicidade e variedade de elementos,
sob a condução do Espírito Santo. E como diante de um grande quadro,
daquele momento de graça continuamos ainda hoje a perceber a
extraordinária riqueza, a redescobrir passagens especiais, fragmentos,
entalhes.
Para mim foi uma experiência única: depois de todo o fervor e entusiasmo da preparação, pude ver uma Igreja viva – quase três mil Padres Conciliares de todas as partes do mundo reunidos sob a condução do Sucessor do Apóstolo Pedro – que se coloca na escola do Espírito Santo, o verdadeiro motor do Concílio. Raras vezes na história se pode, como então, quase “tocar” concretamente a universalidade da Igreja em um momento de grande realização de sua missão de levar o Evangelho em todo tempo e até os confins da terra.
O Papa João XXIII desejava que a Igreja refletisse sobre a fé e sobre a verdade que a guiam. Mas para essa séria e aprofundada reflexão sobre a fé, deveria ser delineada de um modo novo a relação entre a Igreja e a era moderna, entre o Cristianismo e certos elementos essenciais do pensamento moderno, não para se amoldar a eles, mas para apresentar a este nosso mundo, que tende a se afastar de Deus, o ensinamento do Evangelho em toda sua grandeza e em toda sua pureza (cfr Discurso à Cúria Romana por ocasião dos cumprimentos natalinos, 22 de dezembro de 2005).
Penso também que devemos aprender a lição mais simples e mais fundamental do Concílio: o Cristianismo em sua essência consiste na fé em Deus, que é Amor trinitário, e no encontro pessoal e comunitário com Cristo, que orienta e conduz a vida. Tudo o mais é conseqüência.
O Concílio nos recorda que a Igreja, em todos os seus componentes, tem o mandato de transmitir a palavra de amor do Deus que salva, para que seja ouvida e acolhida a chamada divina que contêm em si nossa felicidade eterna.
Olhando nessa perspectiva a riqueza contida nos documentos do Vaticano II, quero apenas nomear as quatro Constituições, quase os quatro pontos cardeais da bússola que nos orienta. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia “Sacrosanctum Concilium” que indica como na Igreja desde o início adora Deus, como é a centralidade do mistério da presença de Cristo. E a Igreja, corpo de Cristo e povo peregrino no tempo, tem como realização fundamental glorificar Deus, como exprime a Constituição Dogmática “Lumen Gentium”. O terceiro documento que desejo citar é a Constituição sobre a divina Revelação “Dei Verbum”: A Palavra viva de Deus convoca a Igreja e a vivifica ao longo de todo seu caminho na história. O modo no qual a Igreja leva ao mundo inteiro a luz que recebeu de Deus para que seja glorificado, é o tema de fundo da Constiuição Pastoral “Gaudium et Spes”.
O Concílio Vaticano II é para nós um forte apelo para redescobrir cada dia a beleza de nossa fé, conhecê-la profundamente para uma relação mais intensa com o Senhor, a viver até o fundo nossa vocação cristã. A Virgem Maria, Mãe de Cristo e de toda a Igreja, nos ajude a realizar e a cumprir o que os Padres Conciliares, animados pelo Espírito Santo, guardavam no coração: o desejo que todos possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus como caminho, verdade e vida".
Depois de proferir esta catequeese em italiano, Bento XVI fez resumos em várias línguas, inclusive em português. Eis o que disse:
"Amanhã, estaremos celebrando os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e o início do Ano da Fé. Hoje, queria refletir sobre a importância que este Concílio teve na vida da Igreja, um evento do qual fui uma testemunha direta. Foi uma oportunidade de ver uma Igreja viva: quase três mil Padres conciliares vindos de todas as partes do mundo, reunidos sob a guia do Sucessor do Apóstolo Pedro; era possível quase tocar de modo concreto a universalidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, ao contrário dos Concílios precedentes, não foi convocado para definir elementos fundamentais da fé, corrigindo erros doutrinais ou disciplinares, mas tinha como objetivo delinear de um modo novo a relação da Igreja com a idade moderna: não para conformar-se a ela, mas para apresentar a este mundo, que tende a afastar-se de Deus, a beleza da fé em toda a sua grandeza e pureza, para que todos os homens possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus, como caminho, verdade e vida.
Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os diversos grupos de brasileiros, com votos de que esta peregrinação vos sirva de estímulo para aprender a redescobrir a cada dia a beleza da fé, para que tenhais uma união sempre mais intensa com Cristo, vivendo plenamente a vossa vocação cristã. Que Deus vos abençoe! Obrigado".
No final do encontro, o Papa concedeu a todos a sua bênção apostólica.
Fonte: Rádio Vaticano
Para mim foi uma experiência única: depois de todo o fervor e entusiasmo da preparação, pude ver uma Igreja viva – quase três mil Padres Conciliares de todas as partes do mundo reunidos sob a condução do Sucessor do Apóstolo Pedro – que se coloca na escola do Espírito Santo, o verdadeiro motor do Concílio. Raras vezes na história se pode, como então, quase “tocar” concretamente a universalidade da Igreja em um momento de grande realização de sua missão de levar o Evangelho em todo tempo e até os confins da terra.
O Papa João XXIII desejava que a Igreja refletisse sobre a fé e sobre a verdade que a guiam. Mas para essa séria e aprofundada reflexão sobre a fé, deveria ser delineada de um modo novo a relação entre a Igreja e a era moderna, entre o Cristianismo e certos elementos essenciais do pensamento moderno, não para se amoldar a eles, mas para apresentar a este nosso mundo, que tende a se afastar de Deus, o ensinamento do Evangelho em toda sua grandeza e em toda sua pureza (cfr Discurso à Cúria Romana por ocasião dos cumprimentos natalinos, 22 de dezembro de 2005).
Penso também que devemos aprender a lição mais simples e mais fundamental do Concílio: o Cristianismo em sua essência consiste na fé em Deus, que é Amor trinitário, e no encontro pessoal e comunitário com Cristo, que orienta e conduz a vida. Tudo o mais é conseqüência.
O Concílio nos recorda que a Igreja, em todos os seus componentes, tem o mandato de transmitir a palavra de amor do Deus que salva, para que seja ouvida e acolhida a chamada divina que contêm em si nossa felicidade eterna.
Olhando nessa perspectiva a riqueza contida nos documentos do Vaticano II, quero apenas nomear as quatro Constituições, quase os quatro pontos cardeais da bússola que nos orienta. A Constituição sobre a Sagrada Liturgia “Sacrosanctum Concilium” que indica como na Igreja desde o início adora Deus, como é a centralidade do mistério da presença de Cristo. E a Igreja, corpo de Cristo e povo peregrino no tempo, tem como realização fundamental glorificar Deus, como exprime a Constituição Dogmática “Lumen Gentium”. O terceiro documento que desejo citar é a Constituição sobre a divina Revelação “Dei Verbum”: A Palavra viva de Deus convoca a Igreja e a vivifica ao longo de todo seu caminho na história. O modo no qual a Igreja leva ao mundo inteiro a luz que recebeu de Deus para que seja glorificado, é o tema de fundo da Constiuição Pastoral “Gaudium et Spes”.
O Concílio Vaticano II é para nós um forte apelo para redescobrir cada dia a beleza de nossa fé, conhecê-la profundamente para uma relação mais intensa com o Senhor, a viver até o fundo nossa vocação cristã. A Virgem Maria, Mãe de Cristo e de toda a Igreja, nos ajude a realizar e a cumprir o que os Padres Conciliares, animados pelo Espírito Santo, guardavam no coração: o desejo que todos possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus como caminho, verdade e vida".
Depois de proferir esta catequeese em italiano, Bento XVI fez resumos em várias línguas, inclusive em português. Eis o que disse:
"Amanhã, estaremos celebrando os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e o início do Ano da Fé. Hoje, queria refletir sobre a importância que este Concílio teve na vida da Igreja, um evento do qual fui uma testemunha direta. Foi uma oportunidade de ver uma Igreja viva: quase três mil Padres conciliares vindos de todas as partes do mundo, reunidos sob a guia do Sucessor do Apóstolo Pedro; era possível quase tocar de modo concreto a universalidade da Igreja. O Concílio Vaticano II, ao contrário dos Concílios precedentes, não foi convocado para definir elementos fundamentais da fé, corrigindo erros doutrinais ou disciplinares, mas tinha como objetivo delinear de um modo novo a relação da Igreja com a idade moderna: não para conformar-se a ela, mas para apresentar a este mundo, que tende a afastar-se de Deus, a beleza da fé em toda a sua grandeza e pureza, para que todos os homens possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus, como caminho, verdade e vida.
Saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente os diversos grupos de brasileiros, com votos de que esta peregrinação vos sirva de estímulo para aprender a redescobrir a cada dia a beleza da fé, para que tenhais uma união sempre mais intensa com Cristo, vivendo plenamente a vossa vocação cristã. Que Deus vos abençoe! Obrigado".
No final do encontro, o Papa concedeu a todos a sua bênção apostólica.
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