segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Reflexões sobre a missão da Igreja


04 / Nov / 2013 13:48
Padre Antônio Luís Fernandes, missionário do Projeto Igrejas-Irmãs entre o Regional Sul 1 (estado de São Paulo) e o Regional Norte 1 (Amazonas e Roraima), fala sobre a vida de fé e cultura indígena no Rio Negro (AM). Confira a reflexão do missionário realizada em sua recente passagem por Limeira (SP).
Tem algo muito estranho na concepção de missão que comumente usamos em nossos códigos de linguagem. Não só no substantivo, mas também e ouso dizer, principalmente, no sujeito da missão, aquele que vai para longe enviado como missionário.
É só falar na palavra que imediatamente nossa compreensão se dirige a pensar no outro que é ou pode ser missionário. Nunca a gente mesmo, sempre o outro.
Na verdade há de se explicitar:
A missão é algo que exige certo perfil mesmo e, nem todo mundo se dispõe para isso, o que é perfeitamente normal, sem nenhum emblema e nenhum constrangimento.
O que é redutor e cria uma série de limitantes é justamente o fato de pensarmos a missão apenas como o gesto de quem está lá, na fronteira, no campo da ação.
Missão é muito mais do que isso e, segundo os últimos ensinamentos da Igreja quer seja nos documentos oficiais (vide Documento de Aparecida) ou então, de forma mais efetivo nos pronunciamentos do papa Francisco, a ação missionária é algo que parte do ser da Igreja e envolve todo e qualquer batizado fazendo de cada membro, um elemento compositor do corpo missionário que o próprio Jesus assumiu e viveu.
Nesse sentido, a ação missionária passa por esses agentes que saem do seu local de vivência de fé e se dispõem para o serviço ad gentes. Mas também compreende os inúmeros trabalhos que podem dar legitimidade ao missionário e estrutura à ação evangelizadora.
Uma comunidade de batizados que se preocupa em conhecer os diferentes campos de missão, vai aprendendo a ser missionária.
Uma comunidade de batizados que se dispõe a acompanhar os seus missionários com oração, afeto e compreensão, vai se tornando missionária.
Uma comunidade de batizados que observa os limites estruturais das terras missionárias e consegue partilhar seus dons e bens, vai fazendo-se missionária.
Uma comunidade que pensa em ações concretas para realizar no seu seio para divulgar e animar novos missionários vai lapidando o seu ser missionário.
Assim sendo, a missão ganha uma espécie de rede. Aqui, quero usar a palavra rede em dois sentidos:
a) No sentido moderno e tecnológico: muitos vão se conectando com a ideia e fazendo acontecer o projeto;
b) No sentido de proteção: como quem sabe que o missionário vai saltar numa aventura exigente e complexa e por isso mesmo, se arma a rede que pode animá-lo para o salto e segura-lo em caso de queda;
c) No sentido simbólico que brota do próprio Evangelho: a rede que arrasta muitos peixes para a barca de Jesus.
Nos três casos, a comunidade apreende o sentido do seu batismo que, segundo a tônica dos Evangelhos, é uma dimensão inegociável da nossa adesão a Jesus e ao Reino. Mas também, ela se mostra atenta ao chamado para o testemunho da fé professada que se torna práxis de serviço e entrega.
Feliz do grupo de cristãos e cristãs que descobrem esse processo de aprofundamento do seguimento e mais feliz ainda por poder fazer isso enquanto se caminha na estrada de Jesus.
Por isso mesmo, gostaria de agradecer a esta comunidade paroquial que tão generosamente me acolheu nesses dias em que estive em S. Paulo e, abriu suas portas para não só me acolher como irmão que já esteve sentado à mesa eucarística junto dela, mas principalmente por me receber como quem partilha a experiência de sete meses em terras de missão e como quem solicita o apoio e a solidariedade para os trabalhos.
Enquanto estive com os padres representantes das dioceses do estado de SP, com amigos das paróquias de S. Paulo Apóstolo (Limeira), Bom Jesus (Leme), Bom Jesus (Americana), São Domingos (Americana) e S. Jorge (Nova Odessa) pude sentir o quanto que essas dimensões do nosso ser missionário aprofundou-se.
Atribuo isso aos meus amigos padres que generosamente disseram sim a esse projeto, é reflexão do CRP Regional Sul 1 que segue num constante aprender sobre o nosso ser presbítero, ao engajamento cada vez maior dos leigos e leigas não só nos trabalhos, mas também na direção da ação pastoral.
Sendo assim, gostaria de agradecer a vocês todos que nesse exato momento estão em rede comigo e com a minha missão.
Kuekatureté.
Padre Antônio Luis Fernandes é sacerdote da diocese de Limeira no Projeto Missionário entre os regionais Sul 1 - Norte 1 da CNBB. Publicado no Informativo do Regional Sul 1 da CNBB.
Fonte: POM

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