Frequentemente os membros da Igreja Católica são acusados de adorar
imagens. Os acusadores afirmam que a bíblia proibiu fazer imagens. De
fato Deus não proibiu fazer imagens, mas sim ídolos. Há uma grande
diferença entre imagens e ídolos. Uma imagem é a representação de um ser
em seu aspecto físico como, por exemplo, uma fotografia, uma estátua,
uma pintura, um monumento etc. Enquanto um ídolo é um falso deus,
inventado pela fantasia humana como, por exemplo, a lua, um animal, o
mar, esculturas etc. Adorar é o ato de considerar Deus como o único
Criador e Senhor do mundo. Os católicos podem adorar somente a Deus e
mais ninguém, porque acreditamos que Deus é o Criador e Senhor do mundo.
Porém, adorar e venerar são coisas bem diferentes. Venerar para os
Católicos é imitar, honrar, louvar, mas não adorar. Os católicos veneram
a Virgem Maria e os santos considerados como modelos na fé e na
caridade e suas virtudes merecem ser imitados por nós. Sabemos que
nenhum cristão é tão ingênuo a ponto de confundir uma imagem de gesso,
madeira, metal etc. com a divindade. Menos ainda uma obra de arte, uma
pintura. Para os católicos os santos não são Deus, mas pessoas que
viveram profundamente a vontade de Deus no seu tempo e em suas vidas.
No Livro de Êxodo encontramos o seguinte texto: “Eu sou Javé teu
Deus. Não tenha você outros deuses diante de mim. Não faça para você
imagem, qualquer representação do que existe no céu, na terra ou nas
águas que estão debaixo da terra. Não te prostre diante desses deuses,
não lhes sirva, porque eu, Javé seu Deus, sou um Deus ciumento” (Ex 20,
1-5). O mesmo Deus, no mesmo livro do Êxodo, manda Moisés fazer dois
querubins de ouro, e colocá-los por cima da Arca da Aliança: “Nas duas
extremidades do propiciatório, faça dois querubins de ouro martelado, um
em cada lado, na extremidade do propiciatório. Terão as azas estendidas
para cima, cobrindo o propiciatório. Estarão frente a frente um do
outro, com os rostos voltados para o centro do propiciatório” (Ex 25,
18-20). Também, “Faça uma serpente flamejante e coloque-a no alto de um
mastro. Quem for mordido e olhar para ela, ficará curado. Moisés fez,
então, uma serpente de bronze e a colocou no alto do mastro. Quando
alguém era picado por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e
ficava curado (Num 21, 8-9). Mandou, ainda, Salomão enfeitar o templo de
Jerusalém com imagens de querubins, palmas, flores, bois e leões (1
Reis 6, 23-35 e 7,29) etc. Deus proibiu a fabricação de imagens de
ídolos (falsos deuses) para serem colocados no lugar do Deus verdadeiro,
que é o Deus único e verdadeiro. Deus comunicou essa mensagem ao seu
povo porque o povo hebreu naquela época estava cercado de povos que
adoravam ídolos ou falsos deuses e Ele não queria que seu povo seguisse
seus maus exemplos.
Realmente Deus na Bíblia mandou fazer imagens! Obviamente quando as
imagens não são para serem adoradas em lugar de Deus. Vejam os seguintes
textos bíblicos: “Os dois querubins mediam cinco meros de altura cada
um. Os querubins foram colocados no meio da sala, no interior do
Templo” (1 Reis 6, 26-27). “Salomão mandou esculpir figuras de
querubins, palmeiras e flores ao redor de todas as paredes do Templo”
1Rs 6, 29). Há várias outras citações possíveis neste sentido como, por
exemplo, Sb 16, 5-8; Ez 41, 18; 1Rs 7, 29 etc. Através desses textos
da sagrada Bíblia é claro que Deus além de não proibir fazer imagens
ordenou sua fabricação. Essas imagens não foram ídolos. Não foram falsos
deuses exigindo adoração. É vital entender que as imagens usadas pela
Igreja Católica também não são ídolos. Os católicos não adoram imagens,
somente adoram Deus. É óbvio que esculturas de madeira, fotografias,
imagens de aço, pinturas, estátuas e monumentos etc. que eles usam não
são ídolos e não são adorados. As imagens da Virgem Maria, mãe de Jesus,
e dos santos são iguais, por exemplo, aos monumentos construídos em
memória aos heróis nacionais, ou fotografias de membros de uma família.
Recordam as pessoas ou eventos representados, suas virtudes e boas
qualidades, mas obviamente não são adoradas. Católicos usam imagens de
Maria e dos santos para recordar suas santas vidas, suas virtudes, suas
boas qualidades, seus exemplos de vida etc.
Em nossas orações à Maria e aos santos freqüentemente usamos
expressões como: “ajoelhar-se” ou “prostrar-se”. Expressões como essas
não significam adoração, mas sim veneração, respeito, admiração,
homenagem ou simplesmente saudações. Podemos verificar isso em textos
bíblicos como os seguintes: “Moisés saiu para receber o sogro,
inclinou-se diante dele e o abraçou” ( Ex 18, 7); “Que os povos o
sirvam e as nações se prostrem diante de você” (Gn 27, 29;. “Betsabeia
inclinou-se e prostrou-se diante o rei” (1Rs 1,16) etc. Católicos
acreditam que Maria e os santos estão no céu e portanto amigos especiais
de Deus e como tais podem interceder ou pedir a Deus em nosso favor.
Como Maria pediu a Jesus para ajudar os noivos em Caná, e atendendo seu
pedido Ele realizou seu primeiro milagre, nós acreditamos que no céu ela
pode continuar fazendo a mesma coisa em nosso favor (Jo 2, 1-12). O
Catecismo da Igreja Católica, falando sobre Maria afirma: “Assunta aos
céus, não abandonou este múnus salvífico, mas por sua múltipla
intercessão prossegue em granjear-nos os dons da salvação eterna” (CIC
696). Em Atos 3,8 Pedro em nome de Jesus curou um aleijado deixando o
mesmo andar. Acreditamos que hoje São Pedro pode continuar a fazer a
mesma coisa intercedendo por nós.
Gostaria de terminar este breve artigo citando novamente o Catecismo
da Igreja Católica: “As testemunhas que nos precederam no Reino (Hb
12,1), especialmente as que a Igreja reconhece como “santos”, participam
da tradição viva da oração, pelo exemplo modelar de sua vida, pela
transmissão de seus escritos e pela sua oração hoje. Contemplam a Deus,
louvam-no e não deixam de velar por aqueles que deixaram na terra.
Entrando “na alegria” do Mestre, eles foram “postos a frente de muito”
(Mt 25, 21). A sua intercessão é o mais alto serviço que prestam ao
plano de Deus. Podemos e devemos pedir-lhes que intercedam por nós e
pelo mundo inteiro” (CIC 2683). Portanto, Católicos não adoram imagens,
adoram Jesus o único intercessor entre nós e o Pai. Veneramos, imitamos,
honramos e louvamos a Virgem Maria, Mãe de Jesus, e os santos porque
são nossos modelos na fé e na prática de caridade. Acreditamos que eles
podem interceder por nós junto a Deus.
(Citações bíblicas da Nova Bíblia Pastoral, com o Nihil Obstat de Dom
Sérgio da Rocha, Arcibispo de Brasília, e o Imprimater de Dom Raymond
Card. Damasceno Assis, Presidente da CNBB).Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald
Redentorista
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