terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A vida na família

Dom José Gislon
Bispo de Erexim (RS)



Estimados Diocesanos! Há poucos dias, celebramos a festa do Natal. Nela, o centro das celebrações era uma criança, que veio ao mundo em condições sociais muito frágeis, mesmo para os padrões da época. Mas, para aquela criança, não faltou uma família que a acolhesse. No despojamento e na simplicidade da gruta, estava presente a riqueza do amor e do calor humano de uma família, Maria e José, a Sagrada Família de Nazaré.
Neste ano que está para terminar, tivemos, na Igreja, a graça do Sínodo sobre a vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. Ele nos ajudou a ver os desafios para a família no nosso tempo, e podemos perceber o quanto se faz necessário um acompanhamento misericordioso para todas as famílias, mas principalmente para aquelas que vivem situações difíceis de instabilidade e insegurança social. Tais situações podem ser agravadas pelo desemprego, pelas injustiças sociais, pela violência doméstica que atinge em primeira mão as crianças e as mulheres.
A instituição família tem um papel fundamental e intransferível na sociedade. Mesmo marcada e fragilizada pelo forte individualismo do presente, ela tem a bonita e divina missão de acolher e cuidar da vida e não deixar os indivíduos isolados. Independente da sua realidade social, a família tem o poder de transmitir valores e oferece possibilidade de desenvolvimento à pessoa humana. 
A nobreza natural do amor humano, tão deturpado hoje por se reduzir tudo a serviço do egoísmo, não é destruída, mas regenerada na dimensão do amor divino, vivido no matrimônio e na família, como sinal sacramental do amor esponsal de Deus. No mundo hodierno é difícil também manter-se a fidelidade à dignidade natural da família, seguindo a ótica do individualismo. No entanto, tudo poderá ser mais simples na vida familiar se estiverem sempre presentes as três palavras lembradas pelo Papa Francisco, como “palavras chaves” para se viver em paz e na alegria em família: “com licença, obrigado, desculpa”. Quando em uma família se é capaz de respeitar o espaço do outro e se é capaz de pedir “licença”; quando em uma família não se é egoísta e se aprende a dizer “obrigado”; e quando em uma família um se dá conta de que fez alguma coisa errada e tem a humildade de saber pedir “desculpas”, então na família vai existir a paz e a alegria. A alegria de estar juntos, de sentir a ternura e o amor de um pai e de uma mãe num simples abraço, que traz para o coração a dimensão do amor e da misericórdia do Pai.
Tende todos um bom domingo.
Fonte: CNBB

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