Toda civilização precisa figuras
exemplares e de referenciais, que mostrem concretamente ao mundo, os
grandes sonhos e utopias, numa palavra, mostrem os valores últimos, no
sentido de sustentar as motivações dos seres humanos, na sua relação e
ação com seus semelhantes, com a natureza e o meio ambiente.
Hartmut Koschyk, Vice-ministro da
Economia Alemã, em visita à Basílica de São Francisco de Assis – Itália,
pronunciou as seguintes palavras: “Seria melhor uma Europa mais
franciscana”. Segundo aparece no sitehttp://www.sanfrancesco.org , o
Vice-ministro alemão teria afirmado que “o pensamento franciscano é
caracterizado pela fraternidade, bondade e solidariedade, virtudes que
podem contribuir para uma nova ordem ética e econômica”.
A vida do pobrezinho de Assis não
significou um abandono do mundo, do seu mundo de então, nas relações
entre as pessoas, ao contrário, podemos ver na sua radical opção de
vida, de um modo claro e explícito, uma dura crítica às forças
dominantes do tempo por ele vivido, apontando para uma nova sociedade,
baseada na solidariedade, com oportunidade para todos.
Francisco de Assis, na sua “loucura” por
Deus e suas criaturas, iniciava uma nova forma de convívio humano,
fazendo entender que qualquer privilégio em relação aos bens deste
mundo, que são dons de Deus, só se justifica, quando o destino é o de
favorecer os empobrecidos, indefesos e fracos.
O dia mundial do meio ambiente,
comemorado neste dia 05 de junho, no mundo inteiro, nos faz pensar em um
Francisco de Assis, que “chamava irmãos e irmãs as criaturas, mesmo as
últimas, sabendo com clareza que todas e todos procediam de uma mesma e
única fonte” – Deus. Daí na sua primeira ralação com a natureza, ser não
de domínio e posse, mas de fraterno e terno convívio.
Que Deus nos dê a graça de sempre e cada
vez mais compreender a vida humana na face da terra, aqui posta em
questão no seu sentido último, a partir de Francisco de Assis, a nos
dizer que temos que ter força, no sentido colocar nossos valores e
projeto de vida como um todo, acima dos nossos interesses, num grande
mutirão de solidariedade em favor do planeta.
Portanto, diante do clamor e de gemido
da natureza, á beira do abismo, a humanidade é chamada e não tem
alternativa para evitar sua própria autodestruição, a não ser fazer sua
parte, tendo na mente, nos olhos e no coração, a vida do planeta como
algo sagrado, inspirados nos sonhos e na força desta figura humana, que
abraçou o projeto de Deus com uma comovedora ternura, tornando-se
fascinado por Deus e por suas criaturas e foi exatamente este fascínio
que o tornou extremamente humano.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza,
Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará
(ALMECE) e da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza – AMLEF.
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