VATICANO, 23 Jan. 13 / 03:51 pm (ACI/EWTN Noticias).-
Em sua habitual catequese da audiência geral desta quarta-feira, o Papa Bento XVI
recordou que os cristãos não devem ter medo de acreditar em Deus e
assim ir "contra corrente" sem cair na tentação de "adequar-se" ao mundo
e às opiniões do momento.
Na sala Paulo VI e ante milhares de fiéis presentes, o Santo Padre
dedicou sua primeira catequese a refletir sobre o Credo, especificamente
a primeira afirmação desta oração: "Eu creio em Deus".
A exemplo de Abraão, o patriarca do Antigo Testamento, quando
afirmamos que cremos em Deus, dizemos: "'Confio em ti, confio-me a ti,
Senhor', mas não como a Qualquer um a quem recorrer somente nos momentos
de dificuldade ou a quem dedicar qualquer momento do dia ou da semana".
"Dizer ‘Eu creio em Deus’ significa fundar sobre Ele a minha vida, deixar que a sua Palavra a oriente a cada dia, nas escolhas concretas, sem medo de perder algo de mim mesmo".
Logo depois de explicar a importância do Batismo
para a fé, o Santo Padre diz que "Abraão, o crente, ensina-nos a fé; e,
como estrangeiro na terra, nos indica a verdadeira pátria. A fé nos
torna peregrinos na terra, inseridos no mundo e na história, mas em
caminho para a pátria celeste".
"Crer em Deus nos torna, portanto, portadores de valores que
frequentemente não coincidem com a moda e a opinião do momento, pede-nos
para adotar critérios e assumir comportamentos que não pertencem ao
modo comum de pensar. O cristão não deve ter temor de ir "contra a
corrente" para viver a própria fé, resistindo a tentação da
‘uniformidade’".
Bento XVI
recordou que "em tantas de nossas sociedades Deus se tornou o ‘grande
ausente’ e no seu lugar estão muitos ídolos, diversos ídolos e sobretudo
a posse e o ‘eu’ autônomo. E também os significativos e positivos
progressos da ciência e da técnica têm levado o homem à ilusão de
onipotência e de autossuficiência, e um crescente egocentrismo criou não
poucos desequilíbrios dentro dos relacionamentos interpessoais e dos
comportamentos sociais".
"No entanto, a sede de Deus não foi extinta e a mensagem evangélica
continua a ecoar através das palavras e obras de tantos homens e
mulheres de fé. Abraão, o pai dos crentes, continua a ser pai de muitos
filhos que aceitam caminhar sob seus passos e se colocam em caminho, em
obediência à vocação divina, confiando na presença benevolente do Senhor
e acolhendo a sua benção para fazer-se benção para todos".
O Papa disse também que "é o mundo abençoado da fé ao qual todos
somos chamados, para caminhar sem medo seguindo o Senhor Jesus Cristo. E
é um caminho às vezes difícil, que conhece também o julgamento e a
morte, mas que abre a vida, em uma transformação radical da realidade
que somente os olhos da fé são capazes de ver e desfrutar em plenitude".
Em sua catequese, o Papa fez uma detalhada explicação da fé de Abraão, que é modelo para os crentes.
?Eu creio em Deus, explicou, "é uma afirmação fundamental
aparentemente simples na sua essencialidade, mas que abre ao infinito
mundo do relacionamento com o Senhor e com o seu mistério. Crer em Deus
implica adesão a Ele, acolhimento da sua Palavra e obediência alegre à
sua revelação".
Bento XVI ressaltou que é na Bíblia onde podemos escutar a Deus porque ali a Palavra do Senhor se faz audível a todos.
"Muito belo, a este respeito, é o capítulo 11 da Carta aos Hebreus,
que escutamos há pouco. Aqui se fala da fé e se colocam à luz grandes
figuras bíblicas que a viveram, transformando-se modelo para todos os
crentes. Diz o texto no primeiro versículo: ‘A fé é fundamento da
esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê’".
"Os olhos da fé são, portanto, capazes de ver o invisível e o coração
do crente pode esperar além de toda a esperança, propriamente como
Abraão, do qual Paulo diz na Carta aos Romanos que ‘acreditou, esperando
contra toda a esperança’".
Recordando que Abraão não pôde viver na terra prometida, o Papa
ressaltou que esse lugar não lhe pertence ao patriarca: "ele é um
estrangeiro e como tal permanecerá para sempre, com tudo aquilo que isto
comporta: não ter ambição de propriedade, sentir sempre a própria
pobreza, ver tudo como presente. Esta é também a condição espiritual de
quem aceita seguir o Senhor, de quem decide partir acolhendo o seu
chamado, sob o sinal de sua invisível mas poderosa benção".
Bento XVI sublinhou deste modo que "Abraão é bendito porque, na fé,
sabe discernir a benção divina indo além das aparências, confiando na
presença de Deus também quando os seus caminhos lhe parecem
misteriosos".
Para concluir, o Papa ressaltou que "afirmar "Eu creio em Deus"
leva-nos, então, a partir, a sair continuamente de nós mesmos, como
Abraão, para levar na realidade cotidiana na qual vivemos a certeza? que
nos vem da fé: a certeza, isso é, da presença de Deus na história,
também hoje; uma presença que leva vida e salvação, e nos abre a um
futuro com Ele para uma plenitude de vida que não conhecerá nunca o pôr
do sol". Fonte: Acidigital
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